Capítulo 15 - E na Lua Lilás


Quando a sua especialidade não é luta, você se pergunta porque está fazendo um treinamento, principalmente com uma pessoa como Jinx que não dá um segundo de descanso. O rosto de Romanus suava e se misturada com as finas gotas da chuva, o cansaço era terrível e estava começando a tirar sua concentração.

― Jin.... ― Quase que não conseguia falar o nome do mais velho enquanto se defendia da espada do outro com uma simples adaga. Seu braço estava dolorido por conta de seus treinos anteriores. ― Não podemos mesmo.... Parar? Estou cansando.

― Depois que você morrer você pode ficar cansado à vontade. ― A resposta foi simples.

― Eu posso me matar?

― Olha..... ― Jinx sorriu sarcasticamente. ― Se pedirem uma informação sua e não ver uma forma de sair da situação eu recomendo. ― Poderia continuar esse treinamento, mas sabe que Romanus ainda não tem o costume da rotina. O puxou bruscamente e a lâmina da espada encostou na lateral de sua cintura. ― Mais uma vez, você está morto. ― Sempre faz questão de dizer isso, e não é por prazer do medo que vê nos olhos de Romanus, mas é para que ele tenha consciência que fora de um treino isso pode acontecer. ― Você sempre acha que eu vou mesmo enfiar essa espada em você.

― Mas é claro! ― O moreno se exaltou e puxou seu braço para si. ― Acha que eu gosto disso? Você praticamente me obriga a treinar!

― Ei, calma aí.... ― Jinx acha tão irritante ter que lidar com a personalidade explosiva de Romanus, será que um tapa bastaria? É como um jogo de paciência. ― Estamos fazendo isso porque sua vida a partir de agora, ou melhor, desde que decidiu se juntar a nós não vamos ser sempre atrás de uma tela digitando o mais rápido que pode. ― É só começar essa conversa que Romanus bufa feito um touro. ― Também não vou te mandar direto pra briga, Romanus, o problema é quando a briga vem para você. ― O tom de Jinx era sério. ― Vai fazer o que quando um cara avançar com uma espada, jogar o seu notebook? ― Mais uma vez, apesar da reclamação, Jinx tem sempre razão e Romanus admite isso por seu olhar. ― Foi o que pensei. Ok, vamos parar por hoje. Mas por conta desse seu jeitinho de touro maltratado, amanhã trocamos a adaga por uma espada, quem sabe você se ajeita melhor.

― Acho que é melhor termos uma pausa amanhã.

― Continua reclamando que te faço levantar antes da manhã só pra sofrer com alguns exercícios.

― Tá bom, foi mal. ― Romanus suspirou e sentou-se em uma das cadeiras do quintal. Sempre treinam ali fora para não atingirem algo da casa. O quintal não é muito grande, mas é o melhor lugar que podem usar por agora. ― Posso fazer uma pergunta?

― Faça. ― O mais velho sentou-se ao lado de Romanus.

― Por acaso Adastrea teve de treinar também?

― Essa pergunta é séria? ― A voz saiu em tom de deboche, isso faz com que Romanus fique mais irritado. ― Ela é uma Patronis, sabe que pessoas da família dela nasceram para lutar.

― Sim, mas ela parece lutar um outro tipo de luta.

― Ela é boa. ― Jinx deu de ombros ao finalmente responder. ― Ela pode sobreviver sozinha. Os tempos não são os mesmos onde os Patronis deveriam crescer sabendo como se luta.

― Será que a irmã dela sabe lutar também?

― Bem, a julgar que agora ela é uma Conselheira, eu acho que não. Ravena tem pessoas para lutar por ela.

― Eu acho que não..... ― A voz de Adastrea fizeram os dois rapazes olharem para trás. ― Eu ouvi a pergunta e não resisti. ― Ela estava parada na porta que dava para a cozinha. ― Saiam logo da garoa, eu fiz café. ― Ela entrou para cozinha e seguidamente e sem dar nenhuma desculpa, Jinx e Romanus entraram para tomar a bebida quente. O costume com a garoa é tão grande que nenhum deles ficam doentes. ― A Ravena pode ser uma Conselheira, mas se ela respeita a história de nossa família, ela deve saber no mínimo como manejar uma espada para agir quando for necessário.

― Ela sabe que você está viva, Adastrea? ― Perguntou Romanus servindo uma xícara para si e outra para Jinx.

― Não. Acho que ela pensa que estou morta. É bastante complicado, sonho com o dia que poderei reencontrá-la novamente, mas tem muita coisa a se explicar.

― O que aconteceu em Solaris? Eu e você.... Somos da mesma cidade e pelo que me lembro bem, eles pegaram praticamente todas as crianças naquele dia. As que ficaram devem estar com as típicas manchas vermelhas.

― Quando começaram a pegar as crianças, eu vi que homens do Rei estavam espalhados, mas eu me lembro do meu pai dizendo que a maior parte deles estavam em volta da nossa casa, e não eram os simples soldados que estavam por lá levando as crianças embora. Eram de uma patente maior. Existe algo que meu pai sabia e eu era muito nova para entender, mas ele lutou como pode enquanto minha mãe escondia Ravena. Minha mãe pediu para que eu fosse para nossa passagem secreta debaixo da casa porque eu estava mais próxima desse local. Pelo que eu havia entendido, quando tudo se acalmasse Ravena viria atrás de mim. Eu não sei se minha mãe tentou lutar, mas acho que ela fez isso. ― A fala foi pausada para suspirar. ― Ravena foi pega por esses homens e eu ouvi os gritos delas, e a única coisa que ouvi da minha mãe foi de que seu eu voltasse para pegar Ravena tudo estaria perdido, eu deveria seguir meu caminho.

― Isso é horrível. ― Romanus sentiu uma sensação muito ruim ao mesmo tempo que um arrepio tomou conta de si por conta das palavras da mãe de Adastrea. ― Como veio parar aqui?

― Ela não veio parar exatamente aqui. ― A correção veio de Jinx. ― Ela foi parar em Romana. Os meus pais eram amigos do pai da Adastrea, Apollo Patronis. Apollo fazia parte da Emberica. Não, na verdade, ele nem chegou a ser um membro oficial, mas ele queria.

― Só não teve tempo. ― A Patronis adicionou tristemente. ― Fiquei dois dias na passagem porque ainda tive que me lembrar o trajeto correto até Romana. Os pais de Jinx me acolheram. Sou muito agradecida por eles me tratarem feito uma filha.

― O que acha que pode acontecer com você se algum oficial do Rei te achar? ― Ainda existem tantas perguntas que Romanus gostaria de perguntar.

― Não faço ideia. ― A loira deu de ombros. ― Mas eu dúvido que seja algo bom a julgar pelo que minha mãe disse e a forma que meu pai agiu quando estavam perto de casa. Eu sei que não temos mais a família que antigamente prometemos proteger, os Phoenice, mas ainda carregamos certa autoridade como qualquer casa Empírea. ― Adastrea se aproximou da porta e olhou para o céu. ― Temos muitos problemas agora, demais para ver uma solução. Mas não é impossível. A partir de amanhã começaremos tudo de verdade.

― Começaremos o quê? ― Novamente, a pergunta fora feita por Romanus.

― O renascimento da fênix. ― Jinx disse seriamente. ― A volta da Emberica.

   Romanus encarou as costas de Adastrea, ele não podia ver seu rosto que estava sombreado de preocupação. A lua lilás estava refletida em seus olhos que compartilhavam da mesma cor.

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