Capítulo 3
Quando se percebe o amor de Deus você só consegue pensar “Como fui capaz de mendigar tantos amores por aí!?” É difícil compreender quando se ouve alguém falar a respeito, mas quando sente, ah quando sente! É indescritível!
Só poderia cantar:
“With You I will go
You are my love
You are my fair one
Winter is past
And the springtime has come”
(Dance With me - Jesus Culture, na mídia)
Uma música que fez-me sentir amada e cuidada outra vez! A ouvi após uma noite de choro onde em soluços senti como se alguém acariciasse meus cabelos até eu dormir, então percebi que sim. Havia alguém ali, Deus! Porque apesar de uma longa noite, o dia nasceu perfeito! Um dia de esperança e de alívio no peito! Desde então a tenho levado comigo, a música, que em português esse trecho quer dizer:
“Com Você eu vou
Você é meu amor
Você é o meu justo
O Inverno passou
E a primavera chegou”
E sim, sempre que a escuto sinto como se minha alma dançasse com o Espírito Santo. Ele vem ao meu encontro nos campos verdes com flores delicadas e modestas do meu coração! A neve, tão fria, se foi. E agora somos apenas eu e Ele, em uma dança sem fim.
Já era quarta-feira, eu estava a caminho do trabalho com os fones no ouvido embalada por uma música que me fazia sorrir sentindo Deus pertinho. Sentia vontade de dançar e pular, será que seria muito ruim fazer isso dentro do metrô!? As pessoas me achariam louca!? Sim, provavelmente!
Assim que o trem saiu do túnel o espetáculo na selva de pedra fez-me sorrir outra vez. Os raios dourados do sol era refletido no rio abaixo, o céu era um azul de doer os olhos apesar da temperatura um pouco baixa aquela manhã. “Obrigada, por esse dia tão lindo”, agradeci à Deus.
Aquela quarta-feira não seria fácil, mas com certeza não seria impossível! Era um daqueles dias que antecediam o fechamento mensal financeiro, eu teria que conferir notas e valores para a prestação de contas. O Setor era separado em células - Propaganda, Pesquisa e Eventos - eu não era de nenhuma delas, trabalhava junto a coordenadora; todas as células concentravam em mim todas as notas fiscais para prestação de contas e pagamentos, eu tinha um trabalho e tanto! Ainda mais sobre a liberação de algumas coisas sistêmicas já que minha chefe, Carol, estava de licença maternidade.
Ou seja, passaria a manhã e início de tarde conferindo, acertando, e finalizando tudo para naquela mesma tarde entregar tudo no financeiro. Às dezesseis horas estava na mesa de Anderson entregando todas as notas fiscais e pastas de documentos com todas as prestações de contas, confesso que era a melhor hora do dia, porque depois disso eu poderia respirar aliviada! Até aproveitaria para colocar uma boa música em meu celular e levar os fones ao ouvido enquanto respondia os e-mails, que não eram poucos.
Mas, antes disso tudo vinham os desafios, e esse em específico não era nada profissional!
- Achei que não viria! - Anderson sorriu - Senta aqui! - ele levantou-se puxando uma cadeira de outra mesa.
- Não é necessário, vim apenas trazer as notas fiscais! Assina aqui pra mim!? - falei fitando o caderno de protocolos.
- Assino onde você quiser! - Anderson piscou e sentou-se outra vez, então logo começou à conferir as notas, depois de um breve silêncio sua voz soou outra vez:
- O que vai fazer hoje a noite!? - ele perguntou sem olhar para mim, enquanto assinava o caderno de protocolos.
- Estarei no aconchego do lar! - sorri.
- Tem espaço pra mais um nesse aconchego!? - ele me encarou sorrindo e eu, com certeza, fiquei vermelha - Achei que iria para faculdade.
- Tem um ano que me formei.
- Em quê se formou!?
- Gestão Financeira! - me segurei para não revirar os olhos - Você já me fez essa pergunta umas vinte vezes!
- Que exagero! - Anderson levantou-se e deu a volta na mesa para se aproximar de mim, todos do setor financeiro nos olhava de soslaio - Com certeza não foi tudo isso!
- Um pouco de exagero sim! - peguei o caderno se protocolos de cima da mesa - Obrigada! - falei já me afastando.
- Porque sempre foge!? - Anderson se colocou em minha frente - Desse jeito vou achar que tem medo de mim.
Ah sim, muito medo! Muito mesmo! Olha, confiar já era difícil, confiar nele era muito mais! Não que eu pensasse que ele fosse me matar ou me forçar a fazer alguma coisa… ok, às vezes eu pensava em algo parecido sim! Mas, não era essa questão. Para quê daria espaço para aquele homem entrar em minha vida se ele logo se retiraria!? Eu faria um enorme esforço para confiar nele, na amizade, no caráter e depois de todo esforço, após ver que eu não sou o tipo de garota com quem ele está acostumado a lidar, ele me deixaria e todo esforço seria jogado no lixo!
No entanto, era o que eu precisava! Eu só tinha que mostrar o tipo de garota que eu era e ele logo sairia da minha cola, sim! Esse era o objetivo!
- Não é isso…
- Então, que tal tomarmos algo hoje assim que sairmos daqui!? - Anderson quase sussurrou ao final da frase e carregou ainda mais a forma arrastada de falar, mordi os lábios para não rir, aquilo era demais para mim.
- Eu não bebo!
- Não precisa ser alcoólico!
- Onde vamos? - era hora de acabar com aquele joguinho, e esperava que Deus me ajudasse. “Seja o que Deus quiser”, pensei.
- Vai aceitar!? - ele arregalou um pouco os olhos.
- Se for aqui perto, sim!
- Ok, a um quarteirão daqui tem um lugar ótimo, fazem uns hambúrgueres artesanais divinos! - Anderson de repente se mostrou mais empolgado do quê eu esperava.
- Me espera na recepção, eu sempre me atraso um pouco. - falei caminhando para o hall do elevador.
- Esperarei! - ele piscou mais uma vez.
Meu horário de saída era às dezessete, e quando faltava meia hora, Arthur, o gerente entrou na sala dele todo apressado. Em seguida me chamou, entrei na sala com meu famoso caderno de anotações pronta para escrever as solicitações que ele geralmente fazia nos finais de tarde para serem executadas na manhã seguinte. Ele deu uma boa olhada ao redor e nas minhas mãos e só então perguntou:
- Onde estão as flores!?
- As flores… - anotei meio distraída- As flores!? - só então lembrei, havia esquecido das flores que Arthur sempre solicitava às quarta-feiras.
- Você esqueceu! - ele alterou a voz e fechou a cara - Algo tão simples e você deixou passar.
- Perdão! Vou solicitar agora mesmo! Ainda dá tempo.
- É o mínimo que pode fazer! Saio às dezoito hoje é importante que elas estejam aqui antes!
- Ok. - saí apressada da sala, era só ligar para a floricultura e pedir as tulipas amarelas de sempre.
- Desculpe, mas acabaram, chega amanhã uma nova leva. - a moça falou do outro lado da linha. - Temos as vermelhas ainda, estão lindas!
Ele nunca aceitaria as vermelhas, já havia sugerido um dia e a resposta foi “Amarelas!”, a palavra saiu de um modo tão severo que eu teria me sentido bem melhor se ele tivesse me xingado. Claro que dentro da empresa ele não poderia fazer isso.
Entrei no elevador apavorada com a possibilidade de não conseguir as tulipas amarelas, liguei para Marina, ela saia às dezesseis horas do trabalho, poderia me ajudar.
- Fala, gatinha! - Marina praticamente gritou, seu celular estava no viva voz.
- Preciso de sua ajuda! Preciso que me leve a alguma floricultura que tenha tulipas amarelas, e que não sejam caras!
- O quê!?
- Longa história, te explico depois! - o elevador abriu as portas para o térreo, dei de cara com Anderson mas não o cumprimentei ainda assim ele me seguiu ao invés de entrar no elevador - Por hora, só preciso que me ajude.
- Tive uma reunião externa hoje, estou quase chegando em casa…
- Ah meu Deus!
- O que aconteceu!? - Anderson perguntou me seguindo até a rua.
- Calma, aqui perto tem uma floricultura! - Marina falou séria - Estou indo pra lá agora mesmo, te ligo assim que chegar lá.
- Será que você chega aqui em uma hora!? - o relógio do meu pulso marcava 16:50, ela nunca chegaria - Preciso disso até às dezoito.
- Uma coisa de cada vez! Vamos conseguir. - Marina desligou e eu tive a impressão que uma veia em minha cabeça iria estourar de tanto pulsar.
A floricultura onde costumava comprar as tulipas ficava menos de dez minutos de onde estávamos, Arthur sempre pedia para colocar na conta da empresa que depois descontavam de seu salário, eu não sabia se essa parte era verdade,mas sempre fazia o que ele pedia. À procura de outra floricultura eu teria que pagar as flores, não tive coragem de falar para Arthur que haviam acabado e nem mesmo solicitado alguns reais para comprá-las em outro lugar, ainda mais depois de toda aquela confusão ser culpa minha.
“Meu Deus, ajuda a Marina encontrar essas flores! Me perdoe por ter sido tão desligada! Mas, meu emprego está em jogo! Meu chefe já não se mostra muito satisfeito com meu jeito de ser...me ajuda!” - Praticamente implorei, em uma oração interna.
- Você não está me ouvindo… - Anderson falou irritado - O que está acontecendo, Agatha!?
- O Arthur vai me matar! - o encarei quase me descabelando - Esqueci das flores, e quando liguei na floricultura a mulher disse que acabaram… não tem mais as amarelas!!!
- Então, vamos em outras! Vou pegar meu carro no estacionamento!
- Você faria isso!?
- Claro! - ele sorriu - Me espere aqui!
Entrei no carro ainda agitava, Marina não me atendia, o celular tocava até cair na caixa postal. Se eu não conseguisse encontrar as tulipas amarelas, seria um desastre de funcionária.
- Porque tulipas amarelas!? Porque!? - indaguei em voz alta enquanto ajeitava o cinto de segurança.
- Porque a ma..
- Marina! - praticamente gritei interrompendo Anderson quando meu celular vibrou em minha mão - Fala.
- Não tinha reparado o quanto tulipas amarelas são lindas!
- Você conseguiu!?
- Mas, é claro!
- Será que consegue me encontrar no meio do caminho!?
- Não, isso não vai dar!
- COMO ASSIM!?
- Calma, Agathinha! Calma! O guri mega fofo da floricultura “Lírio dos Vales” vai levar pra você! Ele é uma graça disse que não faz entregas nesse horário, mas depois de eu ter insistido muuuito, ele abriu uma exceção, deixou a vózinha dele lá e está indo ao seu encontro de moto agora mesmo.
- Espero que dê tempo - falei ainda preocupada enquanto encarava Anderson.
- Ele disse que leva no máximo quarenta minutos. - Marina sorriu do outro lado - Ah, e já estão pagas!
- Te devo essa!
- Com certeza!
- Quer que eu te leve para procurar em algum outro lugar!? - Anderson insistiu. - Por segurança.
- Sim!
Rodamos por quase vinte minutos e encontrei tulipas lindas, mas não as amarelas, aliás as tulipas não eram muitas! Por Deus! Quem comprava tantas tulipas daquela forma!? E como poderiam estar tão em falta!?
Meu celular começou a tocar, desta vez um número desconhecido brilhava na tela, temi ser Arthur do outro lado da linha, faltava vinte minutos para ele ir embora. Quando saí da empresa ele havia ido para uma reunião na presidência, será que já havia voltado!? Respirei fundo antes de aceitar a ligação e levei o celular ao ouvido receosa, esperando minha demissão por telefone.
- Alô!?
- Senhorita, Agatha!?
- Sim!?
∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆∆
Se gostou desse capítulo, não esqueça de votar!!!
Comentários e sugestões são extremamente importantes!!! Conte-me o que está achando ;D
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top