5.14- Blue eyes

Maratona especial fim de ano:
[1 — 5]

Ao abrir seus olhos, Angel sentiu sua cabeça latejar. A luz que entrava por seus olhos praticamente a cegava, levantou uma mão colocando-a em frente a seu rosto, antes de abrir seus olhos completamente. Percebeu o medidor de saturação em seus dedos, em seu nariz estava a máscara por onde entrara seu oxigênio e seu braço estava com o acesso de soro.

Olhou em volta um tanto confusa. Tentava se lembrar das últimas coisas que aconteceram antes de ir parar ali, sua cabeça estava meio desorganizada, mas logo notou o que acontecera. Seu avô tentou lhe matar, mas não conseguiu.

A porta do quarto em que estava se abriu, Scott entrou no local, seguido de Elizabeth, Mya e, em seguida, Stiles.

— Angel! – Scott exclamou animado ao ver a garota acordada

— Aí meu Deus. – Mya falou aliviada

— Caramba, você espera eu levar uma facada para quase morrer? Como eu te salvo assim? Sério, da próxima vez que você vier parar nesse hospital vai ser por minha culpa. – Lexie falou indo até a garota – Ficou com inveja da minha situação e quis ficar igual?

Angel franziu o cenho, fazendo Stiles ficar confuso.

— Angel você está bem? – Ele perguntou

— Quem são vocês? – Ela perguntou como resposta, Stiles sentiu seu estômago embolar. Elizabeth fez uma careta, olhando para Scott no mesmo momento, ele parecia assustado quando deu de ombros

— Ah não... – Mya falou desesperada, fazendo uma careta confusa ao ver Angel começar a rir

— Eu tô brincando. – Angel fala com um tanto de fraqueza em sua voz

— Filha da puta. – Lexie xingou

— Não duvido que Astrid seja mesmo. – Angel concorda

Stiles balançou a cabeça, Angelina estava bem.

— Você não pode ficar desacordada por três dias e voltar fazendo piadas assim. – Mya diz revoltada – Isso é demais, até mesmo para mim!

O sorriso no rosto de Angel sumiu instantâneamente, olhou para Mya como se esperasse que ela fosse rir e explicar que era uma piada. Quando percebeu que ela permanecia irritada, transferiu seu olhar para Elizabeth e Scott e, em seguida, para seu ex namorado.

Todos tinham a mesma expressão no rosto.

— Três dias? – Angel perguntou confusa

— Sim, você ficou desacordada por três dias. Sério, eu achei que a única vez que você fosse nos dar um susto assim ia ser quando a gata psicopata da Jennifer jogou visco em você, mas ver você apagada depois de enfrentar seu avô, foi mil vezes pior. – Mya fala

— Eu não diria que enfrentei ele. Ele que me enfrentou, nem chance de revidar eu tive. – Angel resmungou, sentia seu corpo dolorido

— Por que não me contou que ele estava mexendo com sua cabeça? – Scott perguntou

— Você já estava ocupado demais, a escola, os médicos do medo, as Quimeras... Não achei que era necessário te contar. – Angel respondeu

— Mas era, da última vez que um de nós teve uma alucinação, eu fui possuido por um espírito japonês. – Stiles fala

— E aquele papo sobre confiança? Sobre não esconder coisas um dos outros? – Scott perguntou se lembrando da promessa que fizeram depois que Angel descobriu sobre Peter. Stiles sentiu seu peito apertar, ele quebrara a promessa quando matou Donovan e não contou a ninguém. – Achei que iríamos compartilhar todos os segredos...

— Eu não queria que se preocupassem atoa! – Angel respondeu com raiva, seus olhos brilharam no mesmo momento fazendo os quatro a olharem surpresos. – Eu sabia que Sebastian chegaria em mim em algum momento, não achei que seria tão rápido, mas eu sabia. Deucalion me avisou algumas vezes, com tantas coisas para resolver, não queria preocupar nenhum de vocês com mais isso. Mya era a única que sabia, porque eu estava colocando ela em perigo também. Então, por favor, podem parar de me dar bronca sobre isso agora? Eu sei que eu deveria ter contado, mas não quero ser um problema na vida de vocês!

Um silêncio permaneceu sobre o quarto, Angel parou de falar ofegante. Viu Lexie se aproximar de si, percebendo os olhares sobre ela.

— Angel... – Sua beta a chamou com seus olhos brilhando em amarelo, Lexie a analisou – Seu olhos estão azuis. Você não é mais alfa?

A garota tentou se levantar ao ouvir o que sua beta dissera, desistindo com a dificuldade de sair dos aparelhos conectados em si. Angel estendeu a mão, esperando que seu celular, que estava na mesinha perto de si, fosse levitar até sua mão. Stiles a olhou preocupado quando ela fechou sua mão e seus olhos, parecendo estar prestes a chorar.

O garoto entrou na câmera de seu próprio celular e o entregou para Angel. A garota não agradeceu, tinha certeza que se começasse a falar sua voz ficaria trêmula e falaria tudo aos prantos.

Ao ver seus olhos brilhando em azul, percebeu o que ela se tornara. O quão medíocre ela era. Tudo o que ela mais temia alguns anos atrás, era o que aparecia quando se olhava no espelho. Ela se tornou uma alfa tão ruim quanto Peter.

Mesmo que Deucalion falasse o contrário, era a verdade. O ditado "Tal pai, tal filha" nunca fizeram tão sentido.

— Olhos azuis não são uma coisa tão ruim... – Stiles falou

— São olhos de assassinos que mataram pessoas inocentes. – Angel rebateu

— É a cor dos olhos da Malia. – Argumentou Stiles –  Os de Derek também eram da mesma cor. Acha mesmo que é tão ruim? Você só tá vendo o copo meio vazio.

— Tem razão, Derek matou o amor de sua vida para protegê-la e Malia perdeu o controle na lua cheia e matou sua família, mas com certeza eu não sou ruim por matar uma quimera. – Angel ironizou irritada

Stiles se calou. Angelina seria a pessoa com mais probabilidade de o entender sobre Donovan, já que fizera o mesmo com Cassandra, mas ela tinha a mesma opinião de Scott. Eram pessoas inocentes, não tinham culpa. Eles eram o vilões, não as Quimeras.

— Ela tentou me matar e a você também, se essas cores idiotas não sabem reconhecer o que significa "auto-defesa", você não deveria se preocupar com elas. – Lexie diz – Sério, olhos amarelos, azuis, vermelhos... Quem liga para qual cor vai ficar? Você é uma boa pessoa e não é a cor de seus olhos que vai mudar isso.

— É, não é porque seus olhos estão azuis que deixou de ser nossa alfa. – Mya fala

— Sei o que está pensando, Angel, você não é igual o Peter. – Scott diz

Angel sorriu sem mostrar os dentes com o apoio de seus amigos. Sabia que queriam ajudar, mas sabia que estavam errados.

Seu olhar se encontrou com o olhar de Stiles, ele parecia vazio até uma luz verde passar rapidamente por eles. Angel piscou, percebendo que ambos os olhos do Stilinski estavam castanhos, como eram normalmente.

Todos eles estavam errados sobre ela.

Aproveitando as horas que precisaria passar internada no hospital antes que os médicos fazer a reavaliação nela, Angel mandou mensagem para Mason, pedindo para o mesmo pegar uma coisa na veterinária.

Mason chegou com uma vasilha com tampa em mãos, considerando o que continha dentro, parecia uma urna para cinzas.

— Por que queria esse pó? – Mason perguntou um tanto empolgado, mesmo estando receoso – São as cinzas de alguém?

— Claro que não. – Angel respondeu rindo de leve – Preciso que espalhe esse pó na porta do meu quarto e naquela janela ali. – Apontou – Se chama tramazeira, isso não deixa a entrada ou a saída de seres sobrenaturais de um determinado lugar.

— Saquei, você não quer ser atacada estando debilitada. – Mason disse empolgado, enquanto ia fazer o que Angelina pediu

— Sim e não. – Angel fala – Por mais que tenha chances do meu avô, tentar me... – Passou o dedo em seu próprio pescoço – Quero testar uma pessoa.

— Tá desconfiando que alguém seja sobrenatural? – Mason perguntou animado – Espera, você pode falar comigo sobre isso? Eu faço parte do time agora?

— Você tá no bando. – Angel deu de ombros, fazendo com que ele se segurasse para não pular empolgado – É quase o contrário, quero provar que uma pessoa é um falso lobisomem. Uma quimera, criada para fingir ser sobrenatural mas não passa de uma farsa.

Mason terminou de jogar a tramazeira por ali, se virando após ficar um minuto em silêncio.

— Intenso. – Ele falou

Angel riu com a reação do garoto, ele bateu as mãos uma contra a outra, levando ambas a cintura com um sorriso orgulhoso. Tinha concluído a sua primeira missão como integrante do bando. Após tentar camuflar a tramazeira no chão, Mason a atravessou e correu para a escola para ninguém desconfiar.

Não demorou muito para que a Hale ficasse entediada, o que a fez pegar uma das cópias do livro dos médicos do medo e começar a ler, em busca de alguma memória perdida ou coisa assim.

Foi quando Henry, seu "irmão" mais velho (agora sabia que era primo), apareceu, atravessando a tramazeira como se não fosse nada e parando em frente a Angel.

— O que? – Ela perguntou confusa

— Fiquei sabendo que você foi atacada pelo Sebastian, só me falaram agora. – Henry responde um tanto ofegante – Ele tentou te matar...

— Nenhuma novidade. – Angel deu de ombros, tentando não deixar que ele visse a tramazeira no chão – Veio dar uma de irmão mais velho?

— Sei que te machuquei para caramba, mas fiquei preocupado. Aquele velho é um sociopata. – Henry diz

— Sério? Meu pai é igual. – Angel rebate ironicamente

— Peter não chega aos pés de Sebastian. Já o enfrentou? – Henry perguntou

— Sim. – Angel respondeu

— Imagino que ele tentou pegar sua magia. – Henry fala

— Ele pegou. – Angel diz

O rosto do garoto a sua frente pareceu congelar, até ele arregalar os olhos a encarando.

— Tá brincando?

— Não.

— Fudeu.

— Por...?

— Angel, o Sebastian está com as duas magias mais poderosas do planeta. Ele é como um Voldemort, mas com potencial. Ele quer aniquilar todos aqueles que não são bruxos ou que tenham chance de o impedir de chegar aonde ele quer. – Henry fala

— E onde ele quer chegar? – Angel perguntou

— Quer se vingar, pela Adhara, nossa avó. – Ele respondeu

A preocupação tomou conta da ex-hibrida. Balançou a cabeça tentando não pensar nisso naquele momento.

— Então... Você e a Malia...? – Perguntou Angelina tentando trocar o assunto

— Não... Não dariamos certo. – Henry responde

— Por que? – Ela sabia o porquê, mas queria ouvir tudo dele, odiava boatos, principalmente quando eram falsos.

Henry suspirou, se sentando em uma cadeira vazia. Angelina se levantou um pouco, precisava estar pronta para qualquer ataque repentino que seu primo pudesse fazer.

Ou havia algo errado em Henry ou Mason não colocou a tramazeira de forma correta.

— Tudo o que eu fiz ao longo da minha vida foram coisas ruins, mesmo sem querer. Eu sou de uma das maiores famílias de bruxos, sem dúvidas a mais poderosa, isso com certeza sempre esteve na minha cabeça. Mas isso não resultou em ações ruins só para outras pessoas.  – Henry diz nervoso – Minha vida inteira eu fingi ser uma pessoa que eu não era. Quando eu fugi quando éramos pequenos... Era medo de você se tornar como eu. Atuando ser aqui que não é. Sempre quis ser aqueles garotos Bad boys de filmes clichês, que encontram seu amor e mudam... Mas quase não existem garotos assim, principalmente quando se é gay... Comecei a namorar Malia tentando não demonstrar quem eu sou de verdade, mas uma hora a verdade chega a todos. Malia nunca gostou de mim, o que é um alívio, mas me senti mal por usá-la para fingir ser hetero.

— Caralho... – Angel diz após alguns segundos – Fico feliz por sair do armário para mim, mas ainda não te perdoei por fingir um suicídio.

— Eu entendo. – Henry deu de ombros – Sou um babaca.

Um barulho na porta chamou a atenção de ambos. Theodore Raeken estava ali com algumas flores em mãos.

— Theo? – Angel perguntou fingindo estar confusa, embora soubesse que ele viria.

Elizabeth a avisou.

— Estão ocupados? Posso voltar outra hora. – Ele diz

— Não, fica a vontade. – Angel fala com um sorriso no rosto, se levantou pra ter uma visão melhor de Theo para caso ele conseguisse entrar.

Soube que estava certa sobre suas suspeitas, quando o garoto passou pela tramazeira com as flores em mãos e um sorriso falso. Ela analisou o corpo dele de cima abaixo, enquanto ele andava em sua direção. Fez o máximo de esforço possível para não demonstrar que sabia que Theo era uma quimera.

O olhar de Angel não passou despercebido pelo Raeken.

— Me falaram que você acordou, então achei melhor vir falar com você. Rosas ainda são suas favoritas? – Perguntou Theo deixando o buquê na mão da menina

— São. – Angel respondeu – Eu vi você com as flores e me perguntei se eu já tinha morrido e não havia percebido.

Theo riu e ela o acompanhou. Henry encarava Theodore com uma expressão indecifrável no rosto.

— Então esse é seu ex babaca? – Henry perguntou

Theo fez uma careta, mirando Henry em seguida.

— Henry, não é? – Theo perguntou, o Knight assentiu – O irmão que fingiu um suicidio... Acho que não sou o único babaca aqui.

— Oh! Estou cercada por dois idiotas! – Angel exclamou em tom de piada, os dois riram. As duas pessoas que acabaram com o resto de sanidade mental que ela tinha na adolescência estavam rindo com ela em seu quarto de hospital. Dois "sobrenaturais" que atravessaram a tramazeira. – Sério, vão começar uma disputa de quem me machucou mais?

— Desculpa. – Os dois pediram ao mesmo tempo

— Como você tá? – Theo perguntou

— Bem, eu acho. Com muita dor de cabeça, nada demais. – Angel respondeu – Melissa me falou que você ajudou ela a me "trazer de volta".

— Ah... Ela contou... – Theo pareceu desconfortável ao falar

— É, obrigada por isso... Acho que desconfiei de você atoa. – Angel diz – Eu percebi aquele dia na floresta, mas... Nunca te tratei bem de verdade.

— Eu entendo. – Theo fala – Eu fui um completo idiota com você.

— É, mas nossa alcatéia dá segundas chances. – Angel diz – Então... Scott me chamou para ir na casa dele assim que eu receber alta, vamos fazer um clube do livro e ler sobre os médicos do medo. Tá afim de ir junto?

— Claro. – Theo falou com um sorriso – Vou adorar.

— Mas sem compromisso com a alcatéia ainda. Tem gente que ainda não confia em você. – Angel esclarece

— Vou mostrar que todos podem confiar em mim. – Theo fala, ele olhou o relógio – Preciso ir, tenho uma aula daqui dez minutos.

— Tudo bem. Te vejo na casa do Scott. – Angel diz

Theo logo foi embora, Henry saindo em seguida também. Angel suspirou aliviada. Se o Raeken queria continuar com a atuação, ele poderia continuar o tempo que quisesse. Angel também atuaria.

Afinal, devemos manter nossos amigos por perto e os inimigos mais perto ainda.

Ela sabia que ele estava mentindo sobre tudo, que Theo não era um lobisomem de verdade e sim uma quimera. Mas ela iria precisar provar aquilo de alguma forma. Uma dúvida surgiu na sua cabeça de repente, Henry nasceu com magia assim como ela mas atravessou a tramazeira sem dificuldades.

Ao se levantar, Angelina andou até a porta tentando a atravessar. A tramazeira realmente funcionava, ela não conseguiu sair do local.

Como Henry conseguira passar?

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