Stiles havia estacionado o jipe perto do colégio, ele procurava por sua namorada na cidade quando seu carro começou a parar aos poucos com a fumaça subindo pelo capô.

Com a fita e uma chave de fenda  mãos, o garoto levantou o capô do carro, tossindo ao sentir a fumaça batendo contra seu rosto. Passou a fita onde estava quebrado, com certeza se leve. Só percebeu que Donovan estava atrás de si quando sentiu uma mão e várias mordidas em seu ombro.

Donovan atacava Stiles, com uma mão o mordendo e a outra dando um mata leão no mesmo. O Stilinski tentava com dificuldade alcançar a chave de fenda em seu jipe, foi necessário dar uma cabeçada em Donovan para que conseguisse pegar a chave de fenda, a batendo contra o rosto do garoto.

O filho do xerife correu para dentro da escola o mais rápido que conseguiu, parando em frente a uma escada nos corredores. Ao ouvir a porta se abrindo, correu até a biblioteca e usou seu cartão para entrar na mesma, jogando a chave de fenda e se escondendo atrás de uma prateleira.

Não percebeu quando derrubou seu celular no meio da biblioteca. Respirava cansado, era como se o ataque de Peter na escola estivesse acontecendo novamente, mas Stiles estava sozinho daquela vez. Sem Angel, sem Scott, sem Mya ou qualquer outra pessoa. Segurou um pouco a respiração quando ouviu a porta se abrindo novamente.

Sentiu o ar saindo de seus pulmões quando seu celular começou a tocar, quase suspirou quando percebeu que não estava em seu bolso.

— Você deixou cair o telefone. – Donovan falou, tentando atrais Stiles até ele, pegando seu telefone. – É a Angel. Lexie foi esfaqueada. Devo mandar uma mensagem de volta para ela? – Stiles olhou para a parede ao ouvir a menção a Angel e o que aconteceu com Lexie. Tentou se convencer de que era uma mentira para o tirar de seu esconderijo. – Você realmente não sabe quem eu sou, não é, Stiles? Talvez você tenha ouvido falar do meu pai. Seu pai te contou sobre ele? O Xerife Stilinski já lhe contou sobre o tempo em que ainda era deputado? E como seu parceiro foi pego em um tiroteio? Ele te contou que uma bala atravessou a vértebra T-9 do meu pai? Que atravessou a medula espinhal? Sabe o que isso significa? Que tudo dá cintura para baixo parou de funcionar. E não apenas as pernas. Aposto que ele te contou sobre isso. Ele contou que estava sentado em um carro pedindo reforços enquanto meu pai ia sozinho? Ele lhe disse que estava com muito medo, muito medroso
para ir atrás dele? e contou, ou cadelinhas assustadas não contam a seus filhotinhos sobre seus fracassos?
Sobre como eles colocaram o parceiro em uma cadeira de rodas pelo resto da vida?

O suor escorria pela testa de Stiles, enquanto Donovan subia as escadas da biblioteca. Stiles se afastou um pouco de seu esconderijo, tentando o encontrar, quando foi puxado contra uma prateleira.

As mordidas que recebia pelas mãos com bocas eram dolorosas o suficiente para fazer o Stilinski gemer de dor. Ao conseguir se soltar de Donovan, Stiles correu até uma outra prateleira, começando a subir nela.

—Não se preocupe, Stiles. Não vou te matar... – Donovan falou o seguindo, suas presas apareceram e seu tom de voz se alterou – Vou comer suas pernas.

O garoto tentou subir atrás de Stiles, segurando sua perna e o impedindo de subir mais. O garoto era puxado para baixo enquanto era mordido, estava desesperado. Ao ver um gancho um tanto solto, Stiles tentou o agarrar mesmo com dor, o tirou com um tanto de dificuldade. Vários metais da prateleira foram soltos, caindo em direção aos garotos. Stiles gelou ao perceber que não estava mais sendo puxado por Donovan.

Virou seu olhar, os metais que caíram atingiram Donovan no meio da barriga. Sangue e um líquido prateado eram vistos. Stiles desceu em um pulo, tentando ajudar o rapaz, mas já era tarde demais.

Correu até um telefone, discando o número da emergência. As coisas pareciam distante para Stiles, como se ele não estivesse ali naquele momento.

— 9-1-1, qual é a sua emergência? – A voz feminina falou, Stiles não respondeu – 9-1-1, informe sua emergência.

Stiles respirou pesadamente, mas não respondeu.

— Você ligou para a polícia, esta linha é apenas para emergências.
Se você não tiver uma emergência, desligue. – A mulher virou a falar, sem ter respostas

— Quer que eu mande um carro? Qual é o endereço? – Um homem perguntou

— É a escola. Alto de Beacon Hills. – A mulher falou

— Vamos ver se temos uma viatura na área. – O homem respondeu e a mulher desligou.

Stiles colocou o telefone de volta em seu lugar, olhando para sua mão cheia de sangue. Não iria conseguir lidar com aquilo, não naquele momento.

Talvez Dark Angel estivesse certa, era o que aparentava. Stiles Stilinski não passava de um assassino, afinal de contas.

Ele já imaginava a cara de decepção e desprezo que Scott e Angel ficariam ao vê-lo. Já imaginava como seria a reação de seu pai ao perceber que seu único filho era um assassino. Ele causara a morte de sua mãe, a de Allison e depois a de Donovan.

Stiles não queria imaginar quem seria o próximo.

Iria sair de dentro da biblioteca, quando seu celular tocou novamente. Ele estava no bolso de Donovan. Pegar seu celular foi uma tarefa difícil, considerando que estava com um cadáver. Angel ligava novamente para ele. Desligou seu celular, saindo da biblioteca e correndo para seu jipe.

Stiles fechou o capô do jipe azul e entrou nele rapidamente, ligando os faróis e dando ré. Ao ouvir a viatura chegando, Stiles desligou o carro e os faróis. Esperando eles entrarem.

Digitou um "Encontro vocês depois, o jipe quebrou, vou conserta-lo", fechando os olhos amedrontado. Não era mentira, mas não queria falar para sua namorada que havia matado Donovan. Stiles ofegante e batia sua mão contra o volante, nervoso. Ligou o rádio da polícia ao ver o policial sair da escola normalmente, ouvindo a conversa entre o policial e a mulher que o atendeu.

— Central. Eu sou 10-97 e não há ninguém aqui. – O oficial falou, fazendo Stiles franzir o cenho confuso – É um 653.

— Entendido, é um trote. Retorne à patrulha. – Respondeu a mulher

— O que? – Se perguntou Stiles

Assim que a viatura saiu da escola, Stiles desceu do jipe, correndo para dentro da biblioteca. A surpresa tomou conta de si quando percebeu que o corpo não estava mais lá e tudo estava limpo.

Andou até a prateleira onde tentou subir, vendo apenas uma gota de sangue de Donovan respingada ali. Passou a mão, vendo o sangue em seu dedo. Era o último resquício que um homicídio havia ocorrido ali, porque nada mostrava além daquilo apontava algum crime.

— Achou doloroso, Stiles? – Ouviu uma voz masculina de repente, olhando em volta nervoso. Da última vez que ouviu pessoas que não estavam ali falando, as coisas não acabaram bem. – Se tornar um assassino... Ou melhor, assumir ser um assassino. – Um homem de cabelos grisalhos saiu das sombras de repente, o avô da Angel – Percebeu que minha neta estava certa quando falou que você é um assassino?

Stiles deu alguns passos para trás.

— Sebastian... – Murmurou o Stilinski

O homem deu um sorriso ladino.

— Em carne e osso. Como se sente, assumindo que é um assassino cruel? – Sebastian perguntou – Não tente negar, nós dois vimos o que aconteceu aqui. O que você fez com Donovan. Como acha que Angel irá reagir?

— Ela vai entender. – Stiles fala como se estivesse confiante

— Eu não teria tanta certeza disso. – Sebastian falou, seus olhos brilharam em um tom verde brilhante, fazendo os olhos de Stiles brilharem da mesma cor sem o garoto perceber. – Se lembra do que ela falou? “Você matou a Allison e não sente a mínimo culpa por isso.” você sabe que ela estava sendo sincera, que a minha magia do a encorajou a dizer que você é um assassino de sangue frio e não estou falando como um Kanima e sim como uma má pessoa. Acha mesmo que minha neta irá querer continuar a namorar alguém como você? Que se finge de bonzinho, mas mata sem dó? Primeiro Cláudia, depois Allison, quem mais? Ah, Annie, claro. Agora Donovan. Quem garante que ela não será a próxima?

— Eu nunca faria isso com ela. – Stiles afirmou, se afastando aos poucos com a mão em seu celular.

Uma aura verde tomou conta do aparelho o jogando para longe, Sebastian negou com a cabeça.

— Não te se enganar, Stiles. Você sabe que não a merece e cedo ou tarde ela vai perceber isso também. Você vai quebrar o coração dela. – Sebastian falou, os olhos do garoto parando de brilhar com sua magia.

Estalou seus dedos fazendo Stiles cair lar trás, perdendo a consciência momentaneamente. Ao voltar a si, percebeu que Sebastian já não estava mais ali.

O Stilinski pensou por alguns minutos dentro de seu próprio Jipe. Ele estava certo. Ele não merecia a Angel, não passava de uma pessoa cruel. Ela iria perceber isso logo.

Ao ligar o jipe em direção ao hospital, ele decidiu-se que acabaria com aquilo antes de seu sofrimento piorar. Só precisava tomar um banho para se limpar antes, agradeceu a todos os deuses que conhecia por seu pai estar de plantão naquele dia.

(...)

Scott dormia sentado em uma cadeira do hospital, Angelina encarava o balcão de atendimento mordiscando uma de suas unhas enquanto batia um pé no chão repetidamente.

A mãe e o padrasto de Elizabeth foram chamados no hospital, mas não apareceram em momento nenhum, o que a deixou responsável "legalmente" pela menina. Uma responsabilidade além de afetiva, já que a garota era sua beta.

Mal podia acreditar que mesmo com uma filha incrível, mesmo teimosa, como Lexie, sua mãe não aproveitava seu tempo para ficar com ela. Pior do que ter os dois pais mortos (Angel tentava ignorar que Peter e Astrid, dois sociopatas, eram seus pais) era ter pais que não davam a mínima para ela. Depois que a ruiva saísse do hospital, a Knight iria atrás da família da Russel, para "pedir" que a garota fosse morar com ela.

Se não aceitasse, Angel enfeitiçaria a mulher e seu marido para liberarem.

— Dorme um pouco. – Melissa falou, se abaixando perto de Angel com um copo de água para a garota.

— Não consigo. – Angel disse

— Eu sei que está nervosa, mas Elizabeth ficará bem. Estão conseguindo fazer a cirurgia e sem suspeitar daquilo... – Melissa se referiu ao lado sobrenatural da garota – Sei que não posso pedir que fique calma, afinal ela é sua beta e pelo que me contaram, como uma filha para você.

— "A ligação entre um beta e seu alfa é como a de um pai com um filho." Foi o que me falaram. – Angel diz

— Ela ficará bem Angel, mesmo você não acreditando nisso. – Melissa fala, ela deu um beijo nos cabelos de Angel e se levantou – Tenta descansar um pouco.

Angel assentiu, vendo a mais velha sair para fazer seu trabalho. Ela bebeu a água que a McCall lhe entregara e se levantou para jogar o copo de plástico fora, quando Stiles entrou no hospital.

— Angel, a Lexie tá bem? – Stiles perguntou

— Tá fazendo uma cirurgia... – Angel responde – Uma quimera acertou sua barriga com uma estaca de gelo. Mas ela está... Viva. – Stiles assentiu um tanto quieto, Angel franziu o cenho. – Você está bem?

— Não sei se é o melhor momento para a gente conversar. – Stiles responde

— Aconteceu alguma coisa? – Angel perguntou, sem obter resposta – Seja lá o que for, me fale, vamos resolver aqui.

— Você já tá com a cabeça cheia por causa da Lexie, amanhã conversamos direito. – Stiles fala, dando meia volta para sair do hospital novamente.

Angel deu alguns passos a frente, um tanto confusa.

— Stiles, vamos conversar agora. – Angel pede – O que está acontecendo?

— Eu quero terminar. – Stiles foi direto

Angel fez uma careta confusa com as palavras do rapaz, abrindo a boca para falar alguma coisa quando ele se virou para ela, mas nada saia. Não fazia sentido, foi uma coisa repentina. Eles estavam indo bem, haviam voltado a pouco tempo.

Angel fechou os olhos, negando com a cabeça conseguindo formular uma frase.

— O que? Por que? – Angel perguntou

— Você estava certa, quando terminou comigo ano passado. Quando falou que cansou, das mentiras, dos segredos, de tudo... – Stiles responde – Não damos certo juntos. Somos a mistura do caos.

— Pensa com calma, isso não é verdade. – Angel fala

— Não? Tudo começou a piorar depois que assumimos nossos sentimentos, literalmente tudo! Jennifer tentou matar meu pai, eu tentei matar você, você tentou me matar, agora tem as quimeras e o seu avô. – Stiles fala, Angel estranhou o tom de voz do garoto. Não parecia ele falando. Mal conseguia imaginar que ele realmente pensasse aquilo – Não damos certo juntos.

— Eu sei que foram anos difíceis, Stiles, mas passamos por tudo isso juntos. Mesmo quando terminei com você, você não me deixou passar por tudo sozinha. – Angel fala a vontade de chorar invadia seu peito, Stiles realmente achava que o relacionamento deles fez tudo dar errado em sua vida? – Esse é um dos motivos pelo qual eu te amo.

Os dois ficaram em silêncio por alguns segundos, Stiles parecia segurar o choro tanto quanto ela enquanto tomava coragem de falar alguma coisa.

Ele fechou os olhos e suspirou, falando assim que os abriu novamente.

— Mas eu não te amo, não mais. – Ele falou

O Stilinski não conseguiu olhar a Knight nos olhos quando disse aquilo, saindo do hospital praticamente no mesmo momento. Angel encarou a porta por onde ele saiu, a boca entreaberta tentando manter a respiração estável enquanto algumas lágrimas desciam pelo seu rosto.

Sentiu uma mão tocar seu rosto e seus cabelos, recebendo um abraço de Scott, que acordara quando Stiles chegou mas não falou absolutamente nada.

Angel apoiou a cabeça no ombro do McCall, se permitindo chorar.