Sonho de uma vida
Acordar às cinco
Fazer o café para si
Banho frio, se aprontar
Enfrentar trânsito
De mil léguas
O motorista idiota xinga geral.
Trabalho. Trabalho. Trabalho.
Se afogar em café para disfarçar
O cansaço da noite mal dormida
Reunião. Bate-bocas vaidosas
Almoço roubado. Trinta reais o prato!
Lavar o rosto barbado no banheiro.
Olhar o espelho, não se reconhecer.
Ver os cabelos ralos caírem
Primeiros fios brancos, calvície
Olheiras profundas, dentes amarelos
"O que andei fazendo da vida
Para acabar sozinho, refém de boletos?"
Bater o ponto às sete
Correr ao carro
E se assustar com o assalto.
Sem nem hesitar, reagir.
Uma bala na cabeça não faz diferença
A quem em descrença vive morto.
Pobre Mateus, acordou chorando!
Pegou no sono no jardim de infância
Enquanto aprendia as vogais
Ra-re-ri-ro-ru
Ca-ce-ci-la-mi
ta-te-ti-quo-qu?
Então, a tia sorridente, contendo o barulho
Perguntou às crianças o que queriam ser
Quando tiverem barba, cinturinha, crescerem?
Médico! Youtuber! Astronauta! Inventor!
E quando chegou a vez de Mateus
Lhe pesaram as olheiras.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top