Pontes da Manguetown

Lindo Capibaribe que admira à vista

Felicidade seria te nadar!

Fugir às pontes que um dia cairão

Na nossa humanidade presunçosa


Me vi em sonho

Numa imensa ponte em linha reta

Guiando turistas entre matas ciliares

Caminhando no centro, entre duas margens

Sem prédios. Sem pneus, poliéster, geladeiras

Pet, camisinhas, embalagens, sandálias jogadas

Coexistindo em nossa Manguetown


Sentia a paz na utopia da ponde de madeira.

Um mundo só de pássaros e céu azul.

Ansiava por ver a praia

Dessa Mauriceia imaginária!


Mas chegamos a uma avenida barulhenta à frente.

Tossimos assustados, traumatizados pela cidade

E corremos à esquerda malcheirosa 

Onde, passando por uma casa empobrecida

Com uma dona maltrapilha

Adentramos uma palafita,

A ponte central feita de lixo maciço!


Era horrível.

Como fedia e cedia a cada passo,

Suas bases sólidas indo até o fundo

Da água de chorume

Salpicada de detergente

Que as pessoas da comunidade se banhavam

Os animais caçavam

Urubus vigiavam


Finalmente, escapei ao inferno urbano

Acordando em minha cama

Entre buzinas do inferno real.

Infeliz Capibaribe,

Dilacerado e gasto feito objeto

Que importa sua história

Se é Doge da Veneza Brasileira

Se no delta cria o Atlântico?

Romântica visão de pernambucano

Saudosista, falsa, falsa...

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