Dilatação

Sete círculos do inferno

No telão de temperaturas.

Me derreto dentro da camisa preta

E a vida parece tremer

Como naqueles filmes no deserto


Distâncias infinitas! Tudo

Anda tão dilatado

Num mormaço buliçoso

Que me dá preguiça de viver


Cada passo, cadafalso

Cada pessoa parece levar

Uma auréola bizantina de calor

Ao redor do rosto!

Santo é quem sobrevive

A um dia como esse.


Deus o livre

Se as fumaças nos atingissem

O Recife castigado por tubarões

Que nós mesmos expulsamos do habitat,

O Sertão das secas dramatizadas

Por novelas e romances,

A Caatinga, na verdade submissa

A tanta desertificação,

Os mares comendo Boa Viagem

Quem sabe Noronha


Se ainda houvesse a fuligem

Aqui seria inóspito!

Um ar pior que a Índia

Numa vida que já cai aos pedaços

É pôr mais terra no caixão

Ora Severino

Ora global

Cada um com sua cota de dor

Nesse calor de castigo divino

Na greve de São Pedro

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