Pelas matas sagradas

Viveu um homem de cara pintada

Cabelos e barba crescidos

Tez bronzeada

Não trazia nada, a não ser

Sua gaita mágica.

Presente dos espíritos, diziam.

Era um tal de Wings,

Primeiro nome esquecido pelo tempo.

Só se sabe que era capaz

De extrair amor de tudo:

Da chuva, das praias, das centopeias

De pardais, saguis, siris.

Fazia as cores falarem

Dançarem livres pelas vigas

Ultrapassando os metais dos encouraçados

Que desembarcavam pela costa.

Isso mesmo, a ilha se desvirginava

E logo vieram as queimas

Uma caçada por Wings,

Demonizado, acusado dos piores crimes

Atrocidades de guerra mesmo.

A verdade? Tinham achado ouro lá

E não havia espaço para distrações no trabalho.

Ainda assim, Wings jamais foi capturado.

Dizem os colonos que veem seu vulto

Quando a Lua fica mais clara

Quando sentem os homens

Saudades insuportáveis do amor.