8. Numinous
Numinous: An experience that makes you fearful yet fascinated, awe yet attracted- the powerful, personal feeling of being overwhelmed and inspired.
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Jungkook acordou em meio a dezenas de lençóis e travesseiros amontoadas à sua volta. Seus olhos mal conseguiam abrir, junto a uma dor de cabeça insuportável que parecia deixar sua cabeça em chamas.
Arrgh, onde eu estou?
Ainda meio inconsciente, o garoto tateou a cama no escuro, tentando achar seu celular, quando percebeu um copo de água e um comprimido deixados numa mesinha de cabeceira ao seu lado. Não demorou muito até que as memórias começassem a jorrar incessantemente por sua cabeça, fazendo-o lembrar de vários momentos vergonhosos que passara na noite anterior, inclusive ter vomitado nas roupas de ninguém menos do que o Grão Senhor dos demônios. Jungkook afundou seu rosto no travesseiro e começou a se debater, desejando cavar um buraco e sumir. Infelizmente, ele já havia tomado a decisão de ficar hospedado ali e não havia nada que ele pudesse fazer.
Onde eu estava com a cabeça? As coisas estão acontecendo rápido demais. E se eu tiver me jogado no covil de um maníaco? E se eles decidirem me matar agora?
Depois de alguns minutos de crise, Jungkook finalmente permitiu-se conhecer um pouco do quarto. De cima a baixo, tudo era em tons de branco e preto, à sua esquerda a porta, e de seu lado direito, uma parede feita inteiramente de vidro que dava vista ao andar abaixo dele. Havia um vasto quintal com fontes e espreguiçadeiras, diversas plantas silvestres, a borda do que parecia ser um lago artificial enorme, além da vasta floresta que cercava os arredores, com sinais de um mar no final do horizonte. Uau. É realmente um paraíso, pensou ele.
Em frente à cama, havia um espaço com uma escrivaninha moderna já com seu notebook e alguns materiais de papelaria, além de uma grande estante cheia de livros que a integrava. O quarto todo era decorado com obras de arte contemporâneas, todas na mesma paleta de cores. Será que são originais? Pelo o que Taehyung falou, não seria esquisito ele encher a casa com relíquias...
Chegando até a porta, ele notou haver mais portas em cada parede. Uma parecia levar ao banheiro, enquanto a outra revelou ser um enorme closet. Jungkook não se deu tempo para explorar, o banheiro era prioridade. Assim que entrou, o garoto teve o desprazer de ver seu reflexo no espelho. O cabelo ondulado completamente desgrenhado e os círculos fundos abaixo de seus olhos eram a maior bandeira de sua ressaca, e ele ainda estava morrendo de sede.
Eu nunca mais vou beber, isso é uma promessa! Mas... espera um pouco... Que roupas são essas??????
Jungkook estava vestido em um pijama azul de botões, nada parecido com o que ele usava na outra noite. Quem havia colocado aquelas roupas nele? Ele imediatamente puxou o cós do shorts e olhou dentro, sentindo um enorme alívio ao perceber que sua cueca do homem de ferro ainda estava lá. Ok, sem pânico. Tudo sob controle.
Depois de escovar os dentes e tentar domar os cachos sem sucesso, Jungkook decidiu que era hora de botar algumas roupas. Ele precisava achar os demônios se quisesse preencher as lacunas da noite anterior e, bem, ele estava faminto.
O closet era espetacular, para dizer o mínimo. Se ele já achava o que tinha em seu apartamento com Jin impecável, esse era ainda maior e mais luxuoso. Todas as roupas de suas marcas favoritas estavam ali, os rolex que ele tanto amava colocados delicadamente um ao lado do outro numa gaveta de vidro, os coturnos de todas as cores possíveis e até mesmo seus anéis e outros acessórios. Havia tanto suas roupas antigas como outras que pareciam ter acabado de serem compradas, como eles haviam trazido tudo?
Jungkook resolveu usar uma bermuda preta com uma blusa escura xadrez. Talvez um pouco casual demais, mas vestir algo confortável o faria se sentir melhor estando num ambiente completamente novo.
Seu quarto dava em um corredor com várias outras portas. As janelas eram todas do tamanho da parede e também davam vista para o gramado. Era um sonho arquitetônico, qualquer uma poderia ver. Apesar da casa se destacar em meio à natureza selvagem com seu tamanho, forma e cor chamativos, o ambiente era completamente harmonioso. Mesmo com o exterior quase inteiramente preto, a casa era iluminada praticamente apenas por luz natural vinda das janelas e das claraboias, que davam visão para a copa das enormes árvores que os cercavam e o céu azul completamente sem nuvens ou manchas da poluição da metrópole. Por um momento, Jungkook achou que poderia morrer ali mesmo.
Havia muito o que explorar, ele nem havia saído do lugar. Um som distante foi a primeira coisa a chamar sua atenção, vindo de sua direita. Jungkook se apressou para seguir o som, alguém com certeza estaria ali. Passando por desde murais de alto relevo feitos sobre as paredes até aquários verticais, Jungkook achou que nada mais poderia surpreende-lo, até chegar à origem do som. Era uma biblioteca toda em conceito aberto, com dois andares de altura cheia de livros, além de alguns puffs e sofás bem posicionados por toda a sala. Em um canto, Taehyung parecia concentrado tocando o piano, nenhuma nota mais rápida ou fora do tom. Une barque sur l'océan, Jungkook reconheceu.
Sem que ele percebesse, a música parou e Taehyung estava olhando para si, abrindo um sorriso. — Bom dia, flor do dia. Ninguém nunca te falou que é feio encarar?
— Hã-eu, me desculpe, eu não quis interromper, Laplante é um dos meus favoritos, você toca muito bem. — Taehyung deu um suspiro satisfeito.
— Então quer dizer que por baixo de toda essa máscara de bad boy tem um menino sensível que gosta de música clássica? — zombou.
— Não sou eu que passo meus domingos me contorcendo numa barra de metal. — Taehyung abriu um riso surpreso. — Você é inacreditável, Jeon Jungkook!
Jungkook se aproximou repousando a cabeça sobre a parte de cima do piano. Estar novamente em um ambiente cheio de livros como aquele era reconfortante. Só faziam alguns dias, mas o humano sabia que por um longo tempo, ele não poderia seuquer chegar perto da biblioteca em que trabalhava. Jungkook se perguntava o que Seokjin teria dito à bibliotecária para justificar seu sumiço...
— E então, como foi a primeira noite na nossa querida casa demoníaca? Conte-me tudo e não me poupe dos detalhes sórdidos, hein!
— Pra falar a verdade, eu não lembro de nada depois de vomitar em Jimin, tudo depois disso é um borrão... E falando nisso, vocês trocaram minha roupa? — Taehyung umedeceu os lábios com a língua, dando um sorriso de canto
— Jimin trocou. Ele não deixaria você encostar nos lençóis de algodão egípcio dele cheirando a azedo. — Jungkook fez uma cara aborrecida.
— Ah, qual é, não vai me dizer que você está chateado? Você ficou todo manhoso até enquanto estava dormindo... Na verdade, você amou ser tirado daquele moletom sujo nojento e colocado num pijama quentinho de seda, pare de reclamar!
— Não fale assim das minhas roupas! Mesmo assim, eu preferiria ter dormido no chão do que ter pessoas desconhecidas me tocando!
— Se você está tão bravo com isso, por que não fala pra ele? — Taehyung deu uma risadinha, olhando através do humano.
—Pois eu vou mesmo! E digo mai...
—Qual é o problema?
Jungkook arregalou os olhos. A voz familiar invadindo seu ouvidos. Ai, não...
O garoto virou-se lentamente, tendo a visão de um Park Jimin carrancudo e de braços cruzados na porta, uma camisa social branca com alguns botões abertos, revelando seu torso nu.
— E-eu, bem, e-eu queria... — Jungkook já não sabia dizer se gaguejava por ter sido pego em flagrante ou pela beleza desarmante do loiro, agora ainda mais nítida na luz do dia. — Eu queria dizer que eu não gostei de você ter tocado em mim sem a minha permissão, por mais sujo e nojento que eu estivesse, e e-eu não queria ser tocado!
— Não foi isso que você disse ontem à noite quando eu tirei suas roupas. "Jimin-ssi, ainda está tão quente aqui..." — Jimin o imitou, fazendo um biquinho. O rubor repentino no rosto do mais novo foi suficiente para que Jimin se desse por satisfeito em sua provocação.
— Agora se você quiser me acompanhar até lá embaixo... — Jimin deu as costas e saiu.
O moreno deu um suspiro. O bom de estar no fundo do poço é que não tem como piorar, pensou Jungkook.
— E eu vi a cueca! — Jimin gritou do corredor. Taehyung caiu na risada, segurando a barriga. Em meio às gargalhadas, o demônio tentou balbuciar algo como "boa sorte" ao garoto. Jungkook deu um olhar de reprovação e pôs-se a alcançar o loiro. Os dois seguiram por uma escada que levava até ao que parecia ser o segundo andar, Jungkook implorando mentalmente para que o íncubo não mencionasse mais nenhum detalhe vergonhoso, aquilo já era humilhação suficiente para sua juventude inteira.
— A casa tem 3 andares, esse é o segundo. Lá em cima ficam os quartos, meu escritório, a biblioteca pessoal de Taehyung e a academia. No final do corredor do seu quarto à esquerda tem uma saída para o terraço. Aqui no segundo é onde passamos o tempo juntos, temos as salas de espaço comum e a cozinha com saída para o quintal e todos os arredores da casa. No primeiro andar ficam a adega, a lavanderia e a despensa . — Jimin levou Jungkook até a cozinha e o fez sentar em um banquinho, já tirando algumas coisas da geladeira.
— Você é livre para circular pelos cômodos desde que permaneça na propriedade e não me perturbe enquanto estiver trabalhando. Você não está aqui como prisioneiro, mas precisamos que você fique onde podemos te vigiar, e a floresta é fácil de se perder. Tudo que você precisa está aqui dentro, mas caso você sinta falta de alguma coisa, peça à mim ou a Taehyung que iremos providenciar. É proibido revelar nossa localização, chamar quaisquer pessoas de fora, ou fazer pedidos de entrega sem a nossa autorização. Alguma pergunta?
Muitas, ele queria dizer. O garoto balançou a cabeça, tentava absorver toda aquela informação.
— Leite? — Jungkook estava tão imerso em seus próprios pensamentos que por alguns minutos até havia se esquecido da sede. — Ah, sim, por favor.
Jimin parecia serene, posicionando os alimentos sobre a bancada para que Jungkook pudesse escolher. Era um cenário estranhamente comum e doméstico comparado à loucura dos últimos dias, pareciam décadas desde que ele teve um café da manhã tão em paz.
— Nós ainda estamos em Seul? — Jungkook não reconhecia aquele lugar, parecia bom demais para ser verdade.
— Mais ou menos. Estamos alguns quilômetros perto da saída da cidade, é mais seguro. Eu e Taehyung somos donos de alguns imóveis no centro, mas aqui é o único lugar em que podemos ficar tranquilos e descansar, quase ninguém sabe da existência. — Eles estavam compartilhando algo incrivelmente pessoal com Jungkook, o garoto não pôde deixar de sentir-se especial por um momento.
— Vocês que construíram isso? Quer dizer, é sensacional, eu nunca tinha visto uma casa como essa.
— Na verdade, não. Ela foi um presente de um amigo, o arquiteto Young Jeong, conhece? —Jimin apoiava os dois braços sobre a bancada, encarando Jungkook enquanto este passava um pouco de geleia sobre algumas fatias de pão.
— Sim! O cara é uma lenda. Foi ele quem fez aquela fachada de madeira e vidro em Seul, certo? — O garoto respondeu animado, a boca já cheia com pedaços de pão.
— Esse mesmo. Ele estava me devendo um favor e achou que eu gostaria de um lugar mais privado dos olhares curiosos. Veio bem a calhar nesse momento... Ah, e antes que eu me esqueça, temos guardas em patrulha ao redor da casa, então não se assuste caso veja algum deles. Mesmo estando bem longe, ainda há o risco de seu cheiro acabar atraindo alguém, não podemos correr riscos.
Era um alívio saber que o lugar era tão seguro, mas ao mesmo tempo, Jungkook não podia dizer que não se sentia sentia um pouco sufocado por ter tantas pessoas vigiando-o 24h por dia, seria uma questão de adaptação...
— Como vocês tiveram tempo de comprar todas aquelas roupas e trazer meus pertences? — Essa era uma questão que o garoto não podia esquecer. Acordar em um lugar novo já era esquisito, mas ver todas as suas coisas ali fora assustador e fora do comum demais para se deixar passar batido.
— Eu mandei meu pessoal fazer a maior parte das compras logo ontem, a casa estava fechada e algumas coisas precisavam ser trocadas e estocadas... Fora isso, hoje, enquanto você estava dormindo, eu fui encontrar Seokjin. — Os olhos de Jungkook se arregalaram, de novo não...
— Ele está bem, prometo. Eu percebi que seria melhor para todos se entrássemos numa trégua, pelo menos por enquanto. A nossa prioridade agora é te manter são e salvo, não podemos deixar que questões pessoais afetem nossas decisões.
— Vocês parecem ter uma longa história juntos, como você consegue controlar suas emoções tão bem? Eu não consigo achar espaço para perdoá-lo, a ferida ainda é recente demais e eu não vejo como poder confiar nele de novo...
— Isso é algo que você vai ter que descobrir sozinho, com o tempo. Mas se é ajuda de alguma coisa, ele se importa com você. Seokjin ajudou a embalar seus pertences, até fez uma listinha das coisas que você não ficava sem comer e o roteiro de estudo religioso bobo de vocês. — Jimin torceu o nariz ao falar essas últimas palavras.
— Ele te contou alguma coisa?
— Se você está curioso, pergunte a ele. Ele só me contou o que julgou ser necessário, esse assunto não é meu. — Jungkook deu um grunhido, jogando a cabeça para trás. Este quebra-cabeças não terminava nunca. A história de Jugkook era um monte de peças soltas e muitas delas pareciam não se encaixar em nenhuma parte de desenho. Até onde ia a verdade?
— Termine de tomar seu café da manhã, você tem outras coisas para se preocupar. A qualquer momento, Yoongi estará chegando. Trate de ficar pronto.
— Vocês vão estar aqui? — Jungkook estava dividido entre ficar com medo dos dois demônios instáveis ou de um potencial cientista maluco com tendências narcóticas. Apesar disso, ele preferia que os dois estivessem junto a ele, caso o homem tentasse alguma coisa.
— Só Taehyung. Eu preciso voltar à cidade para resolver algumas questões do clube. A partir de agora, vamos passar bem menos tempo lá para diminuir as chances de alguém achar nossa localização, então vou ter que conversar com algumas pessoas e resolver algumas questões burocráticas.
— Até quando vamos ficar aqui?
Jimin suspirou.
— Eu não sei. Por mais que eu quisesse, isso não depende simplesmente de uma decisão minha. O que está dentro de você é algo que nenhum de nós poderia compreender, isso é inédito.
— Você tem medo de mim? Por não saber o que sou?"
— É claro que não. Se existe algo a temer nesse lugar, sou eu. — Jimin ergueu o braço, afastando uma mecha de Jungkook que caía em seus olhos. Jimin já havia percebido que esta era um jeito do menino tentar se esconder quando estava triste ou envergonhado, tudo que Jungkook queria era se sentir pequeno e sumir.
Ao sentir o calor da mão do loiro em seu rosto, Jungkook deu um soluço, ficando sem reação. Quando percebeu o que havia feito, Jimin arregalou os olhos e imediatamente retirou a mão.
— É.. b-bem, eu já vou indo então. Boa refeição. — O íncubo saiu apressado sem nem olhar para trás. O que acabou de acontecer?
O lugar onde Jimin havia tocado queimava, Jungkook tentou abafar o turbilhão de sentimentos que invadiam seu peito.
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Yoongi chegou um pouco depois das 14h, carregando seus materiais e orgulho em duas maletas prateadas. Taehyung foi mais do que rápido para atender a porta, gritando um 'eu atendo' no 3 andar e aparecendo na porta da frente em um piscar de olhos. Os três se acomodaram no sofá da sala de visitas, Yoongi abrindo as maletas na mesinha de centro e preparando os materiais.
— Eu preferiria fazer isso com a minha equipe, mas já que Park insistiu para que tudo fosse sigiloso, cá estou eu. Então só para relembrar, nós vamos tirar amostra de saliva, fio de cabelo, urina e sangue. Tudo bem? — Yoongi falava num tom tedioso, se paramentando habilmente.
— A parte de sangue e urina não é minha favorita, mas tudo bem. — Jungkook coçou a cabeça.
— É no sangue que vou ter acesso a seu material genético, antígenos, anticorpos, praticamente toda a base de defesa do seu organismo e o histórico de literalmente tudo que passou pelo seu corpo durante toda a sua vida. A urina vai me dizer seu estado fisiológico como um todo, quaisquer alterações hormonais e psicossomáticas vão ficar visíveis e podemos partir daí. Sabendo a origem dos sintomas, sabemos como começar a cuidar do problema.
Yoongi vomitava informações com a maior naturalidade, como se falasse de qualquer outro assunto banal.
— Uau... — Jungkook se virou para Taehyung. — Ele é...
— Incrível, eu sei. — Taehyung balançou a cabeça em concordância. Não eram exatamente as palavras em que Jungkook pensava, mas ele decidiu permanecer calado
— Então vamos começar. —
Apesar dos instrumentos esquisitos que Yoongi não parava de tirar de sua maleta, ele e Taehyung fizeram Jungkook sentir-se relativamente confortável durante todo o processo. O garoto nunca foi fã de agulhas, sempre fora do time que fazia exames de sangue deitado em uma maca e segurando a mão de seu tutor em apoio.
Enquanto Yoongi limpava sua pele e se preparava para a coleta dos exames, Taehyung decidiu ir até a cozinha preparar margaritas. Era óbvio que o leviatã gostava de qualquer desculpa para tomar drinques, mas dessa vez ele realmente havia se superado. "É para relaxar!" Foi o que ele disse após ser questionado por Yoongi.
No final da tarde, depois que tudo estava pronto, Yoongi declarou que estava partindo, não querendo abusar mais da hospitalidade dos homens e principalmente, dos guardas que o vigiavam pelas janelas.
— Fique um pouco, você quase nunca vem me ver. Jiminnie não vai se importar. — Taehyung praticamente implorava, tentando arrastá-lo de volta para dentro.
— Você sabe que não posso ficar. Esses exames precisam ser colocados na geladeira rápido, e eu vou passar a noite toda acordado fazendo os testes. Tem muito trabalho a ser feito, Tae.
— Está bem, mas deixe o celular por perto. Se você não atender, eu vou ficar preocupado. — Yoongi abriu a boca para responder, sendo interrompido quando Taehyung cruzou a distância entre eles e o beijou nos lábios, mantendo seus braços entrelaçados ao redor de seu pescoço.
Jungkook assistiu à cena completamente sem jeito, tentando se distrair com qualquer coisa que não fossem os sons nojentos saindo da boca dos dois. Quando Taehyung finalmente o soltou, Yoongi deu um sorriso tímido e se despediu de Jungkook.
Fechando a porta atrás de si, Taehyung sentia que poderia voar, tamanha sua felicidade.
— Vocês estão namorando agora? — Jungkook não podia calar sua boca depois da cena que presenciou.
— Sim, mas é um segredo. Não deixe Jiminnie saber disso. — Taehyung encostou o dedo indicador na frente de seus lábios.
— Eles não se dão bem?
— Jimin não confia em ninguém além de mim e sua própria sombra. Mas isso também tem muito a ver com o fato de que Yoongi é um humano que tem muitas ligações com o submundo. Mas como você pode ver, ele é um amorzinho, a cara carrancuda é só charme. — O demônio suspirou.
— Vocês são o grupo de pessoas mais esquisito que eu já conheci. — O humano soltou.
— E vai piorar, queridinho. Nós podíamos fazer um diário das nossas aventuras, não acha? "Dois demônios e um humano - A história não contada." Ia fazer muito sucesso
— É uma boa ideia. Você me ajudaria a escrever?
— Mas é claro, ou você acha que vou te deixar levar o crédito sozinho pela minha ideia genial? — Taehyung riu. — Agora vamos fazer umas pinãs coladas, estou morrendo de vontade.
— Você faz alguma coisa além de beber o dia inteiro? — Jungkook tinha aceitado uma margarita por educação, mas seu estômago revirava só de ver Taehyung virando taça após taça como se fosse água. Era impressionante como ele não parecia ser afetado pelo álcool mesmo depois de tantas doses.
— Eu fodo também.
— Ah... — Jungkook ficou sem reação.
Era uma provocação simples do leviatã. Desarmar Jungkook era fácil e muito divertido, ele ficava sem jeito até com as coisas mais bestas. O garoto pensou em dar meia-volta e voltar ao seu quarto, mas um braço forte impediu-o no meio do caminho até a escada.
— Onde você pensa que vai? Eu estava brincando. — Taehyung abriu um sorriso. Ao ver as bochechas coradas de Jungkook, o leviatã soube que tinha pegado ele direitinho.
— Ah, qual é? Não entendo o motivo de tanta vergonha, parece até que você nunca... —Jungkook virou a cabeça bruscamente, cortando o contato visual e pressionando os lábios numa linha fina.
— Lúcifer amado, é sério? Eu não estou te julgando nem nada, sem pressão. Mas justo você? Com esse corpão todo? — Jungkook soltou um grunhido frustrado.
— Eu não sou bom com pessoas, e nós não vamos falar sobre isso.
— Tá bom, mas pelo menos me tranquilize e diga que você já se aventurou um pouco. Pelo menos uns nudes, um ménage... — Os olhos do demônio brilhavam.
— Eu namorei algumas garotas. — Foi apenas uma, e ele mal conseguia pegar na mão dela sem parecer um idiota. Seokjin nunca soube.
— No jardim de infância não vale. — Taehyung zombou. Jungkook revirou os olhos, não querendo dar mais detalhes para ser zoado pelo outro. Quem diria que Jungkook algum dia estaria nessa situação, tendo literalmente um demônio julgando sua vida sexual? Poucos poderiam dizer o mesmo.
— Credo, você parece aqueles velhos fundamentalistas. Vai me falar agora que você acredita no antigo testamento, tá se guardando pro casamento?
— Eu não penso sobre isso a fundo! Além disso, eu tenho coisas melhores a fazer. — O demônio fez uma cara incrédula.
—Você tem 24 anos! Devia estar se acabando nas baladas, beijando todo mundo, usando drogas, pegando DSTs, acordando 5h da manhã num carro na frente de uma casa que não é sua sem nem fazer ideia de onde você tá e ter que ligar desesperado pro seu amigo porque você acha que engravidou alguém... — O leviatã deu um longo suspiro, tomando fôlego. — Carpe Diem, Jungkook!!! — Taehyung fez um gesto expansivo com os braços, ele falava d eum jeito quase teatral
— Você é doido. Fique longe de mim. — Jungkook fez um sinal de cruz com as mãos. Taehyung riu, bagunçando os cabelos do garoto.
— Não se preocupe, ainda tem muito tempo para eu poder te corromper. Agora tira essa bunda daí e me ajuda a achar o rum. — Jungkook se deixou levar e riu junto ao demônio. Era o começo de um novo capítulo na vida do garoto.
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Oioi gente, espero que tenham gostado desse capítulo. Esse de longe foi o que eu mais me diverti escrevendo e acho que vocês tb vão concordar. Desculpa pela demora de capitulo sz
Não esqueçam do 🌟 e feliz #1 hot100 pra gente 🥳
[3504 palavras]
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