34.Indwell

Indwell: to exist as an inner activating spirit, force, or principle.
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Depois de se empanturrarem com todas as delícias imagináveis, os homens finalmente puderam tomar seus merecidos banhos. Porém, vendo a garoa fina e o clima agradável, Taehyung pontuou que seria um desperdício se eles não aproveitassem o momento para assistir um filme de terror juntos. No início ninguém pareceu se convencer da ideia, exaustos e querendo cair direto na cama, mas a empolgação de Jungkook foi tamanha que acabou convencendo o resto dos homens.

A "noite de assombração", como Taehyung fez questão de apelidar carinhosamente o evento, acontecia na sala do chalé, onde uma grande TV de tela plana pendia convenientemente logo acima de uma lareira a gás, cercada por diversos puffs, sofás, e até um tapete branco de pele animal de verdade. Todos fizeram suas partes para tornar o lugar ainda mais aconchegante, pegando travesseiros, cobertores, e até mesmo alguns doces que tinham ganhado de cortesia do hotel.

O sofá principal tinha três lugares. Seokjin, Taehyung e Hoseok se apertaram juntos ali, compartilhando uma mesma manta branca e felpuda. Já Jungkook e Jimin, se acomodaram cada um numa poltrona, situadas em lados opostos do sofá.

O filme em questão era sobre uma família estadunidense que sem querer acabou se mudando para uma cidade controlada por vampiros motoqueiros. Jungkook tinha achado o roteiro bem ridículo, o filme era antigo e provavelmente era daqueles tão ruins que acabava se tornando um filme de comédia trash, mas passados 40 minutos o garoto se viu roendo as unhas nervosamente e com o corpo inteiro tremendo, e não era de frio.

Sua boca estava tão seca que ele frequentemente tinha que lamber os lábios ou dar pequenas tossidas, mas nem esses inconvenientes conseguiram quebrar sua imersão.  Jungkook estava tão envolvido na trama que reagia quase que ao mesmo tempo que os personagens principais, era como se as coisas tivessem acontecendo com ele próprio, ou como se tivessem sintonizado-o com os atores.

Taehyung era de longe o que mais estava se divertindo, como esperado. Hoseok sempre caía nos momentos de jumpscare, até mesmo nos mais baratos, espalhando dezenas de seus skittles tropicais por todo o sofá e provocando longas gargalhadas no demônio ao seu lado. E até mesmo Jin, que jurava não ser muito de se afetar com filmes, acabava pulando junto pelos gritos que Hoseok dava.

Jimin já havia assistido vários filmes de terror, mas ele só gostava mesmo era dos clássicos, como O bebê de Rosemary e Drácula. Os filmes modernos tinham efeitos especiais demais para seu gosto, as maquiagens não lhe convenciam e os atores sempre deixavam a desejar em sua interpretação, principalmente quando se tratava do submundo. E apesar de nunca ter tido a honra de ver Lúcifer em pessoa, ele tinha certeza que sua aparência era infinitamente mais amedrontadora do que simplesmente chifrinhos e um rabinho pontudo.

O íncubo sentava confortavelmente com as pernas pendentes sobre o braço da poltrona, apoiando a cabeça em uma das mãos para não se deixar dormir de tédio. O filme até que não era tão ruim quanto ele pensava, mas a única coisa que realmente estava lhe mantendo acordado ali era observar Jungkook.

Jimin não tinha feito de propósito, ele não era nenhum esquisitão, só estava tentando prestar atenção na telinha. Mas quando ele se descuidou e deixou que os olhos passeassem livremente, eles simplesmente acabaram caindo em Jungkook, como se tivessem sido atraídos por um ímã, e depois ele não conseguiu prestar atenção em mais nada.

Ele estava tão pequeno, de algum modo, ele havia conseguido retrair todos os seus músculos e contornos esculpidos até que ficasse encolhidinho num cobertor felpudo azul marinho, apoiando o rosto sobre os joelhos como se quisesse ser abraçado. Jungkook mal piscava, os olhos gigantes vidrados na tela à sua frente. Jimin então se pegou dando um sorriso largo sem nem perceber, mas logo afastou os pensamentos e decidiu tentar se concentrar de volta no filme, ele estava dando demais na cara.

Ele sentiu aquele aperto em seu peito novamente, a mistura de angústia e remorso era a combinação que mais lhe cabia durante aqueles últimos dias. Suas mãos começaram a suar, ele sentiu a temperatura de seu corpo se elevando e um nó se formando na boca do estômago.

Sem cerimônia nenhuma, o íncubo se levantou rapidamente, atraindo a atenção de Taehyung imediatamente, ele apenas acenou a cabeça para tranquilizá-lo e correu para sair da sala, passando pela cozinha e indo direto para um lavabo, se trancando ali dentro. Ele mergulhou seu rosto na água gelada, fazendo seu máximo para tentar acalmar aquele sentimento inquietante (o qual ele já havia se acostumado) que teimava em tentar escapar de dentro de si. Jimin respirou fundo, uma, duas vezes, e logo conseguiu estabilizar o corpo. Ele se deixou relaxar por alguns minutos, ouvindo apenas o som compassado da água pingando da torneira.

Quando percebeu que a falta de sua presença já havia se dado por tempo demais, ele saiu.

Seus olhos travaram, Jungkook tinha acabado de chegar na cozinha. Jungkook tinha se assustado, ele passou seus olhos de cima para baixo no corpo de Jimin, como que o analisando, abriu a boca como se fosse dizer alguma coisa, mas então apertou os lábios e se virou, balançando a cabeça, e voltou a vasculhar os armários.

Aquele nó, que por um momento pareceu ter ido embora, voltou a enlaçar suas entranhas, lembrando Jimin de que ele ainda estava muito presente e que não iria embora até que Jimin tivesse Jungkook de volta em seus braços.

A garganta de Jimin estava seca pele sede, era como se a temperatura de seu corpo tivesse sozinha evaporado toda a água que tinha, seus olhos ardiam como nunca, muito provavelmente pela mesma coisa, e ele precisava desesperadamente de um copo de água.

Jimin deu passos lentos até a cozinha, forçando sua melhor cara de apatia ou desinteresse, torcendo para que aquele curto intervalo de tempo fosse suficiente para que Jungkook achasse o que queria e fosse embora, mas ele estava errado.

Tentando não alarmar o outro, ele deslizou pelo espaço entre as bancadas, abrindo um armário no alto e por pura sorte achando os copos de vidro logo de cara.

— Ah, eles estavam aí. — Jungkook rompeu o silêncio, sem fazer contato visual com ele.

Jimin o viu por cima de seu braço, e então puxou um copo para si e estendeu o outro para Jungkook, que agradeceu apenas com um breve aceno de cabeça.

Ali, os dois tornavam seus copos em silêncio, o único barulho de fundo eram os gritos vindos da televisão e a chuva que caía torrencialmente. Jungkook mantinha a cabeça baixa, um braço apertado na beirada da pia, o loiro buscava seu olhar, em vão, tentando reacender aquele fio que os conectava.

Jimin queria poder dizer alguma coisa, puxar qualquer assunto apenas para ouvir mais um pouco da voz de Jungkook, dizer a ele o quão arrependido estava por tudo que tinha feito, que era um completo idiota, que sentia falta do humano ao seu lado e que faria qualquer coisa para que ele o perdoasse, sim, talvez, com alguma sorte, Jungkook iria entender, eles podiam ir com mais calma dessa vez, ele adoraria cada parte de seu corpo e de sua alma até que não sentisse mais seus lábios, e Jungkook saberia que seu amor por ele era de verdade. 

Mas as palavras não vieram, e Jimin ficou apenas com um soluço entalado na garganta e um gosto amargo na boca. E antes que pudesse se dar conta, seu tempo tinha se esgotado, Jungkook colocou seu copo dentro da pia e foi embora.

**

Batidas fortes despertaram Jungkook, a madeira embaixo de si ecoava com todos os passos simultâneos dos homens, que entravam e saiam dos quartos para tomar banho e se aprontar numa pressa compartilhada.

Jungkook tinha teimado muito em conseguir dormir na noite passada, ele se prometeu que aquela seria a última vez que assistiria um filme de terror tão tarde e, limpando um fio de baba que escorria de sua boca, o garoto foi direto para o banheiro de sua suíte tomar banho.

Ele havia puxado para o fundo de sua memória todo e qualquer pensamento de Jimin. Ele tinha colocado duas, três pedras pesadas sobre seus sentimentos para impedir que eles viessem à superfície. Você não é fraco, ele se dizia, você é muito melhor do que isso.

Apesar de não estar em seus melhores dias, todos os acontecimentos infortúnios estavam sendo ignorados por seu otimismo com sucesso, aquele pesadelo estava prestes a acabar e isso era todo o combustível de que precisava para se manter de pé. O ar estava fresco, com o toque de alguma coisa que Jungkook não conseguia identificar.

Jungkook não tinha muita certeza de qual roupa seria adequada para visitar um mosteiro, só nesse momento ele pôde perceber que devia ter tido mais cuidado em arrumar sua mala. Depois de tirar praticamente todas as peças da mala e espalhá-las pelo quarto, o garoto quebrou a cabeça por algum tempo até conseguir decidir por um jeans cinza neutro, um moletom branco fino e uma jaqueta jeans azul-clara — nada muito espalhafatoso, mas também não muito desleixado que o deixasse com muito frio ou muito calor no decorrer do dia.

**

A montanha de Montserrat era de longe a maior atração turística da cidade. Mesmo na pista sem nada ao redor —  além de vegetação e hora ou outra alguma casinha isolada — o fluxo de carros indo e vindo era intenso, e era óbvio que todos estavam com o mesmo destino em mente.

De longe, ela já parecia assustadora, mas quanto mais o carro se aproximava, mais nervoso Jungkook parecia ficar com sua magnitude. As pessoas — eram centenas, talvez milhares — não passavam de pequenos pontinhos coloridos se movendo no fundo da paisagem. Elas chegavam até a montanha de carro, de trem, até a pé; não importava o meio, para muitos aquilo era um destino sagrado, o lugar em que, reza a lenda, havia sido enterrada a Nossa Senhora de Monte Serreado e que, tendo o mosteiro construído praticamente sobre suas cinzas, abençoava o lugar com prosperidade e fartura. Muitos ousavam dizer que ela fazia até pequenos milagres para aqueles que caíssem em suas graças.

— Uau, ela é enorme! — Taehyung suspirou. — Eu nem consigo ver o topo, será que o sinal de celular pega lá em cima?

— Provavelmente, não. Preocupações para depois, temos que ir literalmente agora ou ficaremos presos na fila. — Jin encarou o relógio. — Tem muitos turistas começando a chegar, não é bom que fiquemos expostos desse jeito, não acredito que perdemos hora.

— Mas o filme valeu a pena, não valeu? Eu sei que achei divertidíssimo. — Taehyung espreguiçou os braços, recebendo um olhar torto de Seokjin.

Se adiantando entre todos os homens ali, Hoseok já tinha ido e voltado do guichê de entradas, carregando consigo os bilhetes com um grande sorriso no rosto.

— Meu mestre deixou bilhetes reservados para nós, não é maravilhoso? — Ele estendeu os bilhetes. —  Ah, vamos poder subir sozinhos no teleférico, não vamos ter que nos preocupar mais em ter que dividir o cubículo com outras pessoas. Quer dizer, nós somos em cinco, de um jeito ou de outro, não iria caber muito mais pessoas mesmo. — Ele deu uma risadinha.

O grupo conseguiu rapidamente embarcar na carcaça de metal, e Jungkook começou a pensar novamente no quanto os monges que estava prestes a conhecer deviam saber de si, provavelmente, sua vida inteira, e ele mesmo não sabia nada deles. Jungkook nunca tinha visto, nem sequer falado com nenhum monge, suas melhores referências de qualquer coisa relacionada ao budismo eram o próprio Buddha e Kung Fu Panda, era ridículo o quão alheio ele era a esse mundo.

— Tudo bem. Eu sei que nenhum de nós tem a intenção de estragar isso aqui, mas algumas coisas precisam ficar claras para evitar vergonha e constrangimento, principalmente para mim. — Hoseok disse, sério, como se tivesse adivinhado exatamente o que se passava em sua cabeça.

Ali ele se sentia de volta ao seu "habitat" natural, devia conhecer cada pedaço da montanha como sua própria mão, e agora que voltaria a ver seus antigos mestres, ele devia estar mais ansioso do que nunca para se mostrar digno de orgulho para eles e causar uma boa impressão de seus amigos.

— Primeiro de tudo, vocês não devem tocar em nenhum monge, a não ser que eles toquem em vocês primeiro, nada de apertos de mão, abraços, ou qualquer coisa assim.

— Como a gente deveria cumprimentar eles, então? Quer dizer, eu particularmente planejava mandar um "e aí, velhote!" com um tapinha na bunda, mas agora você me pegou. — Taehyung fez uma careta divertida, observando a floresta do lado de fora.

— Você não presta. — Hoseok se conteve para não mostrar um dedo. — O mais adequado é dizer "namastê", você leva as mãos juntas para o espaço entre os olhos e depois se curva em direção ao coração do outro. — Hoseok demonstrou como se fazia. — Viram? É simples, não precisam ter vergonha e façam com o coração sincero. Ah, só mais uma coisa,  é considerado extremamente desrespeitoso chamá-los pelo nome, todo e qualquer monge deve ser chamado por "mestre".  Tudo bem? Sei que pode parecer informação demais. — Hoseok mordeu o lábio, tomara que eles lembrem de tudo isso.

— Calma, Hobi-ah, entendemos tudo, sério. — Jin apertou o ombro do amigo. — Se você estiver lá com a gente, vai dar tudo certo. — Ele sorriu.

— Sim, tá de boa, eu tava só zuando com você. — Taehyung comentou.

Jimin confirmou também. O íncubo se sentia nervoso em lugares sagrados, ele sabia que não iria queimar ou qualquer baboseira desse tipo, mas ele se sentia... observado?

— Então... essa é realmente a reta final,né?— Jungkook puxou o ar.

Ninguém respondeu, as palavras de Jungkook ficaram flutuando pelo ar no silêncio quase perturbador, mas ninguém tinha coragem de rompê-lo, a cada metro eles ficavam cada vez mais pertos do mosteiro, e a realidade os atingia com um chute no estômago que não era esperado.

— De um jeito de outro, essas mortes humanas precisam acabar, já está muito além do nosso controle. — Jimin pontuou, olhando para Jungkook. — Acho que vocês também concordam que a situação está insustentável do jeito que está.

Hoseok balançou a cabeça, concordando.

— Sempre concordamos, Ji, mas eu admito que vou sentir um pouco de falta disso aqui, sabe, todo mundo junto. — Taehyung enlaçou Jungkook num abraço apertado, que fez o garoto quase engasgar pelo contato súbito. — Eu relutei bastante quando Jimin quis trazer esse monstrinho pra nossa casa, mas agora eu queria que você pudesse ter ficado por mais tempo! Você vai voltar pra passar uns dias em casa, né, Kookie?

— Mas nem por cima do meu cadáver! — Seokjin esbravejou.

**

O topo da montanha era quente, e o ar, quase denso demais. O chão era coberto com paralelepípedos desnivelados e com pequenas manchinhas verdes de lodo, as pedras eram ásperas e quentes ao toque, Jungkook sentiu como se tivesse entrado numa sauna..

O mosteiro era, de longe, a construção que mais se destacava por ali. O lugar devia ter facilmente 5 metros de altura, e muitos outros de comprimento para assegurar sua imponência. Além dele, havia pequenas barraquinhas e outros estabelecimentos comerciais  que davam a volta no topo da montanha, as lojinhas de souvenir eram inúmeras, todas com seus devidos chaveirinhos da montanha que tilintavam uns com os outros à passagem do vento. Pequenos restaurantes se abarrotavam com filas extensas e intermináveis, o cheiro forte de temperos atingiu as narinas de Jungkook com tudo, e ele não deixou de soltar um gemido em apreciação.

— Fiquem juntos, é fácil se perder aqui. — Hoseok advertiu, indo em direção à uma entrada lateral do mosteiro, onde duas portas grandes de madeira maciça guardavam a parte oeste o fechada ao público.

Hoseok deu três batidas com uma aldrava dourada de leão, e não demorou até que a entrada se abrisse com um guincho agudo.

Um senhorzinho surgiu por trás da porta usando uma bata tradicional, ele tinha a boca curvada num sorriso gentil para Hoseok, seus olhos quase desapareceram debaixo das rugas de idade quando ele abaixou a cabeça numa reverência.

Hoseok espelhou o gesto ao mesmo tempo, era visível que eles já se conheciam há muito tempo.

— Namastê. — Ele disse, e Jungkook se apressou em copiar o gesto atrás dele.

— Eu vim pelo reverendo Wuhai, seria possível vê-lo? — O homem, sem proferir nenhuma palavra, assentiu, e deu passagem para Hoseok.

Jungkook passou logo atrás dele, mas quando Jimin foi fazer o mesmo, foi barrado por um cajado de madeira na altura de seus olhos.

— Que merda é essa? — Jimin falou, buscando Hoseok.

O senhor se virou para Hoseok e balançou a cabeça negativamente, e Hoseok soltou um "oh", como se tivesse se dado conta de algo.

— Ele não vai deixar vocês entrar porque, bem, vocês são demônios, e a energia de vocês vai poluir o templo.

— Espera aí, nós vamos ter que ficar pra fora?? — Seokjin franziu as sobrancelhas.

— Eu sinto muito, eu realmente não posso fazer nada. — Hoseok deu um sorriso triste.

— E o que raios a gente vai ficar fazendo, então?

— Deem um passeio por aí, tem várias coisas pra fazer na montanha. Infelizmente, eu não sei quanto tempo vai durar, talvez a gente fique minutos, ou horas, não tenho como saber.

Seokjin suspirou, claramente contrariado.

— Ok, ok, vamos fazer isso. Jungkook, fique seguro, está bem? E Hobi, por favor, não deixe que nada aconteça com ele.

O senhorzinho deu um grunhido.

— Sim, é claro, pode deixar, nós temos que ir agora. Vemos vocês depois-

Hoseok mal terminou de falar quando a porta se fechou com uma batida pesada que bloqueou todo o som externo. Jungkook suspirou fundo, ainda encarando o lugar, e então pôs-se a adentrar o lugar.

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Hey, gente. Curtiram o capítulo? Esse veio bem Atrasado, peço desculpas pela demora. Estou bem ocupadinha com coisas da facul e por isso as atts até o final desse ano não vão ser mais toda segunda-feira, não tem como eu manter a qualidade dos capítulos na frequência semanal com o tempo q eu to tendo.

Enfim, espero que tenham gostado. Não se esqueçam de votar e até a próxima🥰

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