3. Sweven

Sweven: a vision seen in sleep; a dream
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Então é assim que eu morro...

Jungkook apertou os olhos, a respiração acelerada ao mesmo tempo que fazia suas últimas súplicas silenciosas a qualquer divindade que pudesse ouví-lo. Ele não imploraria pela misericórdia do homem, mas isso não significava que ele recusaria uma ajuda dos céus.

...

De repente, uma agitação começou ao seu redor, sons de socos e movimentos que a cabeça de Jungkook não conseguia processar. A criatura parecia se engasgar enquanto lutava com algo. Este segundo ser era tão silencioso como o vento, os únicos sinais de sua presença eram os gemidos e os barulhos provocados pela criatura ao atingir paredes e objetos do lugar.

...?

O garoto tentou abrir os olhos e levantar a cabeça para olhar, mas seu pescoço ardeu em protesto, seus músculos recusando o peso de seu próprio corpo. Ele estava muito fraco.

Um estalo interrompeu os pensamentos de Jungkook ao mesmo tempo em que ouviu um corpo caindo próximo ao seu.

J-Jungkook... Eu estou aqui. Afirmou uma voz abafada.

A voz estranhamente familiar foi a última coisa necessária para que Jungkook se entregasse completamente ao sono pesado que o tentava.

........

Escuridão.

Onde ele estava?

C̴͇͓̫͙̲̤͍͖͕̀͋̏͗͛̍̎̇̈̓̄̌͑O҈̝̮̩͕̰̯͖͈̘̦͙̂͆̋̾̃̍͌̑ͅR҉̠͔͇̤̮̮̪̰̱̥͉͕̑̃͗̑͆̀̆̏̚R̵̠̜̰̱̤̜̦̣̮̦͂̆̔́̌̈́͑͋͌̽̃͐A̵͕̩͈̭̪̳̘̞̤̱̽̾̾̄́̃̉̐͗͊̀͆̔̇̽

Jungkook obedeceu.

Não havia nada ao seu redor, o chão em que pisava parecia estar completamente molhado, a única coisa refletida sendo seu próprio reflexo.O garoto corria o mais rápido que podia para se afastar da fonte daquela voz, mas não havia diferença entre o lugar que estava 10 minutos atrás e agora. Tudo era exatamente igual. Escuro.

E҉͍̭̮̿̅͒͜͡Ȗ̸̧̙̞̱͑͋͡ I҈̡̟͔͎̳̏͐̕Ṛ̸̨͕̤̇̊̎̚͠Ȩ̷̟̖̝͕͈͗͑͝I̴̧̤̮̎̔̉͠ T̶̢͎͎̮͇̅̿̃̍̂̕E̴͉̲̳̠͑̽̌̈͋͢͞ͅ P̴̨̥̠͎̲̪̓̒̾̊̾̕Ȇ̵̢͚̙͕͙͑̆̂̒͡G̸͔̙̘͔̊̔͆́͋͜͞A̵̛̞͈͇̗̐͒͆̾͢R̸̛̟̈́̆͜ͅ

O garoto corria pelo interminável limbo, a umidade do lugar condensava em sua testa quente, o suor descendo por sua nuca e esfriando, fazendo com que seu corpo inteiro tremesse. Como ele foi parar ali?


V̸̯͖͎͔͙̤͈̟̮̟͍͔͓̟̦̮̓̽̒̉͌̈O̴̘͈̳̳̙̭̙͖̠̠̍̓̎̌̉̽͋̇Ć̸̣͙̠̦̮̖̥͖̞̫͚͙̘͓̌̔̄͂̆̈́̓ͅÊ̸͖̗̭̝̖̿͆͋̏̏̽ A҈͇̝̫̤̓̑̌̓̂̋͑̋́̆C̶̪͉͎̮̱͙̩̪̙͈̙̃̓͂͋Ḥ̵͔͚͚̟̟̬̳̳̽̈́͌̓ͅÓ̶̱̖̲̞̟̥̱̫̝̥͍̣̞̠̓̊̉͛̿̊̒̏̂̓̋̈̉ͅͅU҈̱͚̲̖̝̰̩͓̒̅̎͗͂̽͐͛̆ Q̴͉͖̘̫̟͎̳͈͓̬̣͕̞́͗́́͌͆̋͑̅͌̐ͅͅỦ̴̲̜̠̬̦̜̲̰̤̲͇̝̩͙͍͉̋͒͆̑͑͌̓̏͌̌Ḛ̵̘̘̜̳͉̠̬̪͇̘͂̔̽̄͂͛̚ T̵̝̜̙͍͕̝̬̜͇͇̮͖͛͂͂̐̀͒̔͂̓̀ͅE̶̳̱̪̣̠̋̀̅̿̇̌́̑͒̈́̚ͅṘ̶͚̱͈͎̜̤̠̳̊͆̎͆̚Î̴̳̞͎̜͔̰̪̩͔͖͈͇̫͓̜̒̅̄́ͅA̷̖̯̫͔͖͙͙͚͍͇͎̯̩͈̓̓̇̏̐̽͛͑̃̓͋͒ F̴̠̫̰̜̯̫̤̰̮̝̞̗̙͉̩̓̌̃́̂͆̃̃̄͆̐̔Í̶͙̫̟̖͇͖͔̤̬̦͍̪̩̰́͛̄̏̆̀̋̒̚M̵̖̩̤̠̗̬̭̣͎̠̦̠̫̝̂͂͊̎͂̄͂̎̅̂͒̍̆̍?̴͉͓̪̰̭̖͚̯̟̫̫̀̒̄̔


N̷͕̫̖͕͍̖̯̞̪͊̀̀͂͐̈́͗̋Ó̶̝̘̥̟͉̦̠̟̥̐̎̃͑͂̋͂̑̓͐̒̇̉̌͒S҉̳̜̜͉̥̯̲̟̅́̏̉͋͋̔̐͑̆̈̋̔̄͛̚ Ë̴̲̞͎̮̤̩̯̣͙̤̣́̋͆͆̐̔̀̀̈́̉̈́̃̈̊͌̚S̸̭̙͖͈͓̤͓͔̤̩̲͉͈͛͛̉̓̇͆̌͛́̊͋̾̉T̷̮̙̦̘͉̜͎͚͓͇̜̓͆͆̄̀͋̈́̊̌͆̃́̈̏̌̿Ḁ̵͙̭͖͙͖̯̘͙̳̲͔̮̞̤͇̊͂͒̅̌̓͊̇̈́̚M̷̙͎̟͎͖̤̜̲̖͔̐̍̏́̃͗͛͋̐͌̀̎̓̓̔O҉̜̜̖̖͇̜̪͚͈̩̙͂̔̿̍̎́̌̚S̷̥̪̫̪͚̮̟̥͉̯͗͐́̋́̓́̇̈͑͌ A҈͉͇͈̞͎͓̝̫̬̪̋̒́̈́̋̉́̎̄̚ͅP̵̞̳̰̰͕͔͚̩̯̲̲͉͍͖̮̿͆͑͂̐̐̎̃̀̃ͅE̸̦͚̲̣̟͙̘̠̳͎̖̮͉͋̂̈̔͋͑̊͒̆̿͐̐̿̚̚N̶̟̲̮͈͎̥̫̥̑̉̾̿̋́̌̈́̓̈́̾͗Ȧ̷̠̗̙͙͓̞͉̗͓̣͇̙̊̾̂͗̈̅͆̇S҈͔̗͙̝̲̫̦̦̫͙̮̌̒̇͗̒͊͌̈̚ C̵̖̠͖͇͓͚̞͇̮͆̽͂̑̓̆̋̈́͋͋̍̚Ō̷̗͙̟͈̯̖̬̗̭̥̮̲̖̠̫̃́̂̊͑͑̎̐͌͒̓ͅM̸͕̣̲̭̩̲͓͉͚̭͎̱̗̜̐̐̌̾́͛̐̔ͅͅĖ̴͇̟̭͖̪̪̣̳͇̳͗̿̌̑̂͑͛̍́̂̚ͅÇ̵̜̮͇͇̘͈̖̗͉̟̱̭̖̱̫͊̎͗̔̈̔̍̉A̷̮̣̜͍͕̖̗̮͇̖̬̠̦̾̋͒̉̄̄̏̑͋͌̑́̽̆̚ͅN҉̮̜͈̟̝͕͔̖͒̒̀͒̿̉̍͆͗͆͂̅͒̉̃D̷̙̱͈͓̙͉̝̯̤̠͇͈̣̿͐̋̓͒͑̈́͑͊̀͋͋͌̃ͅO̷̝̟̙͉̝̠̘̩̥̫̙̜̱̖͖͐̆̿͒̈̒̌̊̊́̅̃͐̇ͅ


Mesmo em constante movimento, ele conseguia sentir a presença logo atrás de si, em sua frente, em cima dele, em todo o lugar. Jungkook lutava para não ser preso pelas garras invisíveis que ameaçavam asfixiá-lo se chegassem um milímetro mais perto. Ele estava tão cansado disso tudo.

E҉̫̝̝̈́͜͞U̵̗̐͜͠ Ţ̷̥̱҇̽̈́̈́E̴̢̟̗̰̎̇͞N̷͙̫͒̒̀̕͜ͅH̶̢̛̟̬͙̉̈́O҉̙̅͐̕͜ S̵̡̮͙̐͡Ě̶̜̣̝͜͠D̷̨̖͂́͞Ẻ̵̮̫͢͠ͅ

M̴̨̖̣̄̕E҈̢̱̫͉̓͝ A̸̜̦̎͜͡L҉̛̳̥͊̆̐͢I҉̨̛̤̔ͅM̴̨̛̲̗͌̾͐E҉̥͌͜͞Ǹ̸̛̖͢T҉̨̛̩̪̈́͂́Ę̸̖̱̎̌͞

Ele não aguentava mais. Não havia para onde correr. Não havia onde se esconder. Era uma tortura interminável.

Ele tentou ignorar o sufoco e agonia que o cercavam, mas era demais. Era... insuportável. O menino caiu com as mãos à sua frente. Ele encarou seu próprio reflexo.

— O que você quer de mim??? — Uma neblina cercava-o completamente. Jungkook tremia para segurar o peso de seu próprio corpo. Garras invisíveis percorreram sua coluna desde o ponto mais alto até seu pescoço, prendendo-o.


Ş̶̧̢̨ͤ̀́҉̣Ȩͥ̉͗̉̓ͬͫ͜͏͏̵̛͕͖̼̟̲͘͠U̵̡̍̆͑͂̋ͭͧͥ͟҉̴̶̷̼̣̩͉͖̺̦̟͈͞ ̵̵̨͑ͯ̄̑̎͗ͫ̐́͜͞͠͏͚̩̹̣͔̞̞̟͓͇͚̟͓͖S̵̡͚̘͕̻͍̲̦͓͎̟͇͔͙͓̙̣̖̥͐ͣͦͪ͐ͤ̇͒́͜͢͡͠͞Ȁ̴̵̸̡̛̟̳̝̫͈̮̬͓̥̗͙̩̹̻̻͈͖͔̪̞̦̏ͨͣ̽̕͘͝ͅN̶̢̛̛̥͎͔͓̱̼̰̱̬̠͉͍̼̗̠̯̞̠̟̯̟̆̄̔̐ͮ́͢͞͡ͅGͭ͊ͮ̉ͨ͐̌̀͢҉̶͏̴̡̼̥͚̱̖̝̘͔͇̺͇͎͓̲̦̖̠̘́͘Ų̸̥̠̯͇̘̼͈̙͇͍̟͎̫̜͊̿͆͐̊ͯ̅ͫ͘̕͢͜͡͝Ę̶̸̨̢͇̞͕̠̻͖̖̼ͮͦ̆ͨͫ̅ͤ̈͢͝͠ͅ

ͦ̔̐̃͂͑ͫ͞͏̷̷̨̡̻̲͙̹̺͠͠


Um rasgo cruzou suas costas. Jungkook desmaiou.

.........

— JUNGKOOK, ACORDE! — Jin gritava em desespero.

— JUNGKOOK, POR FAVOR! — Ele não sentia seu próprio corpo, ele parecia estar tão longe de si...

Jungkook não percebeu estar se debatendo nos braços do mais velho, debruçado sobre si. Sua boca escorria uma espuma branca enquanto suas mãos se curvavam estranhamente. Jin apertava-o em seus braços, sua cabeça encostada no peito do garoto enquanto ele chorava.

— Eu estou aqui... por favor... volte...

Os soluços de Jin iam diminuindo à medida em que o corpo do menino se acalmava , sua voz ainda grave e rouca.

O mais novo foi abrindo os olhos lentamente, seu corpo ainda dava leves espasmos enquanto sua cabeça tentava achar um caminho até a lucidez plena.

— H-Hyung está aqui. Me desculpe. Me desculpe, Jeongguk, fique comigo, por favor não morra. — Seokjin apertou-o mais forte, suas lágrimas corriam por seu rosto até encontrarem o torso do mais novo.

Quando conseguiu abrir os olhos por inteiro, o garoto imediatamente entrou em alerta e se agarrou nos braços que contornavam seu tronco, correndo os olhos no ambiente à sua volta.

— Shh-shh, está tudo bem, calma, você está em casa. Foi apenas um pesadelo. Você está seguro. — Os olhos do mais velho estavam totalmente vermelhos. O menino passou mais alguns segundos avaliando seu quarto, incerto sobre a realidade.

— E-eu... — Jungkook tentou falar, mas sua língua se embolou e o menino começou a tossir. Jin estendeu o braço até a cabeceira de cama, entregando um copo de água até ele.

— Eu sinto muito, Jeongguk, isso foi minha culpa... E-eu estou tão aliviado que você está bem. E-eu sinto muito não ter chegado à tempo. Não era para isso ter acontecido...

—C-como... você sabia que eu estava lá? O que... aconteceu com... aquilo?

— É... difícil de explicar, foi como... um instinto paternal, é isso. — O mais velho fez uma pausa. —Quanto à criatura que você viu...aquilo... aquilo era... isso não importa agora, o que importa é que você está seguro.

— Hyung... por quê? Por que você escondeu isso de mim? — A cabeça do moreno estava encostada sob a cabeceira, as mechas caindo sobre seus olhos redondos. Seu rosto era um misto de dor e raiva.

— Eu achei que assim você estaria mais seguro, que te alimentando apenas com a luz eu o manteria a salvo das sombras, eu estava errado. Eu sei que lhe devo muitas respostas e eu sinto muito por isso, eu juro que vou respondê-las no seu devido tempo.

Jungkook acenou com a cabeça, ainda digerindo as informações. Como Jin sabia sobre a existência desses seres? 'Instinto paternal' ? Por que tudo isso agora?

— No meu sonho... havia algo lá também. Não foi um...pesadelo, foi real. — Sua voz não passava de um sussurro.

— Eu imaginei... E-Eu chamei Hoseok durante o caminho, ele deve estar chegando. Precisamos dele para fechar o canal o mais rápido possível.

— Canal? — Jungkook sentou-se devidamente.

— Essa mordida no seu ombro. Eles conseguem te rastrear por ela. Seu odor fica mais perceptível e deixa um rastro atrás de você. Felizmente as proteções da casa foram renovadas recentemente, então temos algum tempo até que eles tentem invadir. —É o quê???

— É muita coisa, eu sei. Descanse um pouco enquanto Hoseok não chega, você passou por muita coisa e precisa poupar suas energias. Eu deixei um pouco de sopa, por favor tente comer... — A última coisa que ele conseguiria fazer naquele momento era comer, seu estômago estava totalmente revirado e sua cabeça estava a mil.

—Onde você vai?

— Eu preciso orar, e procurar um pouco mais de ervas para deixar sob as janelas. Precisamos fazer o possível para manter o mal afastado enquanto Hobi não chega. — Jin se levantou, alisando a roupa social amassada e com manchas de sangue, uma camisa de botões azul e uma calça preta. Mesmo que seu trabalho como investidor fosse basicamente home office, o homem fazia questão de estar bem trajado e arrumado. Jin construiu sua riqueza ainda muito cedo e, para garantir que Jungkook estivesse garantido até o final de sua vida, o homem triplicou sua fortuna investindo em diversos nichos diferentes, também doando uma boa parte mensalmente à instituições de caridade.

— Mas ele não vai estar correndo perigo vindo até aqui? — Seokjin piscou antes de abrir um sorriso. — Fique tranquilo, nada ousaria se meter com ele.

.......

Hoseok chegou apressadamente, batendo a porta atrás de si com um dos pés enquanto carregava suas malas de couro preto, totalmente cheias. Ele usava seus usuais trajes brancos. Uma bata de gola v junto à uma calça de moletom da mesma cor que se prendia aos seus quadris com uma corda amarrada ao redor, a ponta da calça dobrada mostrando seus tornozelos nus e contrastando com um chinelo de madeira.

— Como ele está? — O homem largou as malas no chão e arregaçou as mangas, deixando à mostra sua tatuagem que preenchia praticamente o braço inteiro. O desenho era uma composição de formas geométricas, todas entrelaçadas e orbitadas individualmente por uma série de linhas que as contornavam, formando outros desenhos em segundo plano.

— Ele está no quarto, acordou há uns 20 minutos, convulsionando. Eu reforcei os campos, mas creio que possa fazer melhor agora, com mais calma.

— Ok. Me traga uma bacia com água filtrada e sal grosso, fervida. Dentro da minha bolsa, tem um pouco de sálvia e arruda. Passeie pelos cômodos queimando as duas, uma após a outra, entonando aquele mantra que eu te ensinei. Coloque um incenso sob cada janela e deixe-as abertas. Isso vai ajudar a concentrar quaisquer energias ruins que tenham penetrado na casa e mandá-las embora, formando um campo de proteção ainda mais forte. Isso vai ser o suficiente para estabilizar as vibrações.

— Hoseok, eu estou muito assustado eu... — Jin estava parado atrás da ilha da cozinha, segurando a tigela em mãos, nervosamente.

— Agora não temos tempo para isso, eu vim ajudar e é isso que pretendo fazer. Eu sei que a situação não é das melhores, mas precisamos ser pragmáticos nesse momento. — Jin acenou com a cabeça, voltando rapidamente à sua tarefa.

Hoseok pegou a outra mala preta, ainda fechada, e se dirigiu ao quarto do menino.

Chegando lá, a primeira coisa que viu foi um Jungkook pálido, a pele quase azulada, envolto em cobertores. A mordida em seu ombro se destacava do resto, a pele em volta praticamente preta, envolvendo todos os tecidos adjacentes.

— Meu deus, Kook-ah, o que fizeram com você? — Hoseok largou a maleta em cima da escrivaninha. Chegando perto do menino e botando a mão sobre sua testa.

— Está tudo bem, foi só um arranhão. — O menino riu. Hoseok não perdeu tempo e foi até sua mala, tirando diversos pacotes de gaze, fios de sutura e substâncias que jungkook não conseguiu reconhecer.

— O que é tudo isso? Você é enfermeiro, por acaso?

— Preciso cuidar do seu corpo antes de cuidar do seu espírito, Kook. Eu vejo que Seokjin lavou a ferida e a cobriu, mas isso não será suficiente para fechá-la. Tudo bem? — O menino balançou a cabeça, já tirando sua blusa e revelando seu abdômen definido, preenchido por roxos e outras escoriações.

Jin foi rápido em trazer a vasilha, dando um olhar tranquilizador para Jungkook antes de sair. O homem bateu a porta e se retirou rapidamente. Ele se enjoava apenas com a visão de sangue e não era muito bom em mascarar suas reações, seus olhos expressivos sempre o entregavam.

As mãos de Hoseok eram calmas e precisas enquanto ele passava gazes com a água purificada por toda a extensão da ferida, proferindo palavras indistinguíveis. Jungkook usou toda sua força de vontade para não empurrar o mais velho quando sentiu a picada da agulha perfurando seus tecidos, fechando. O homem passou mais um pouco da água sobre os pontos e aplicou alguns produtos, ocluindo o curativo com mais gaze seca e finalizando o procedimento. Jungkook finalmente expirou o ar que não percebeu estar segurando até o momento.

Hoseok retirou os materiais e depois retornou até a cama, as mãos agora impecavelmente limpas. O homem  fechou os olhos e começou a proferir mais mantras enquanto desenhava formas invisíveis em torno do corpo de Jungkook, começando pela cabeça e indo até seus pés. Jungkook se manteve imóvel durante todo o processo e tentou proferir mentalmente algumas orações conhecidas, pensando que talvez isso ajudaria.

Quando terminou, Hoseok deu um beijo na testa do menino e voltou a cobri-lo. — Nada mais irá te perturbar. Você deve dormir agora para ajudar na cicatrização, de manhã eu voltarei para checar o curativo. Ok? — Jungkook confirmou e se afofou como pôde, seu tronco ainda dolorido e sensível. Hoseok retirou seus pertences e apagou as luzes antes de sair, deixando o menino sozinho

Dessa vez, para seu alívio, o menino teve um sono pesado e sem sonhos.

......

— Jin, está acontecendo. — Hoseok sentou-se num banquinho ao redor da ilha, enquanto Jin preparava um chá para os dois. Foi uma longa noite para ambos.

— Não, não está. Nós passamos a vida toda nos dedicando a isso, foi apenas um evento adverso. — O outro, usualmente calmo, deu um tapa na mesa, atraindo a atenção de Jin para si.

— Seokjin! Eu não vou permitir que você bote esse garoto em risco por sua negligência. Por deus, você sequer tem lido as notícias? — Seu tom era exasperado e firme. Jin se juntou ao ruivo, dividindo o chá entre as duas xícaras.

— Sim, eu tenho! Mas é loucura associarmos isso a Jungkook. Ele não apresentou nenhum sinal, nenhuma mudança de comportamento. Ele ainda é ele e tudo está sob controle. A cidade está cada dia mais violenta e povoada de demônios, eu devia saber que em algum momento as bestas poderiam chegar até ele...

— Jin, você está em negação. Nós não poderemos resolver o problema enquanto você não voltar a si e agir como adulto. Minhas proteções claramente não estão sendo suficientes para mascarar o cheiro dele e isso não vai parar. Nós estamos perdendo o controle, esse evento não foi uma coincidência qualquer, eles estão conseguindo chegar até Jungkook. — O homem juntou as mãos e baixou a cabeça, as sobrancelhas franzidas.

— Não há nada que você possa dar pra ele? Um remédio, um perfume, qualquer coisa que retarde isso?

— Não é assim que funciona! Apesar de você ainda não aceitar, Jungkook ficará cada vez mais forte, até que o cheiro dele fique pungente demais para ser mascarado e ignorado pelos demais. Quando esse momento chegar, não haverá como voltar atrás, será um caos completo e você sabe disso. — Jin engoliu a seco, encarando sua xícara.

De repente, Seokjin agarrou rapidamente a mão de Hoseok, sua íris ficando completamente branca. Hoseok assustou-se, mas logo se recompôs e colocou a outra mão por cima da do amigo, apertando-a em um gesto de apoio. Esse momento é sempre difícil para ele...

Alguns instantes depois, Jin chacoalhou a cabeça e retornou à consciência, os olhos arregalados para o amigo. — Eu sei onde temos que ir.

................

Oioi gente. A espera está acabando, no próximo capítulo o tão esperado encontro finalmente vai acontecer, espero q estejam ansiosos hehe.

Agora temos uma playlist! Link na minha bio.

Tatuagem do Hoseok:

Me sigam no twitter  @ pjmluvxx

CC: busanbixch

Ao3: Mochine

O próximo capítulo sai segunda-feira.

Não esqueçam de favoritar se tiveram gostado :)

[2275 palavras]

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