11. Erlebnis

Erlebnisse (n.) The experiences, positive or negative, that we feel most deeply, and through which we truly live; not mere experiences, but Experiences.

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— O que vocês estão fazendo?

O leviatã encarava a cena à sua frente completamente boquiaberto. Sem que mais um segundo se passasse, o casal rapidamente se afastou, desvencilhando-se um do outro.

Jimin levantou rapidamente, as bochechas coradas e os lábios inchados.

— Quer saber? Não vamos falar sobre isso agora, apenas troquem essas roupas e abram as cortinas, este lugar está fedendo. Eu só vim dizer que Seokjin e Hoseok acabaram de chegar, eu vou dizer que vocês precisam de mais alguns minutos para se arrumar. E pelo amor de Lilith, tenham certeza de estar apresentáveis antes de descerem ou eles irão perceber. — disse o demônio, pinçando o nariz com os dedos e saindo do cômodo.

    Jungkook sentou-se lentamente na cama, ainda acalmando a própria respiração enquanto tentava focar a visão em algo além do íncubo a sua frente. Jimin parecia tão desnorteado quanto ele, ajeitando as roupas nervosamente e passando a mão pelo cabelo loiro desgrenhado.

— É... acho que é hora de deixá-lo se arrumar, eu preciso e ir até meus aposentos... — O loiro limpou a garganta, alisando suas roupas. — Obrigado... — Ele disse, antes de dar uma última olhada em Jungkook e rapidamente sair do quarto.

    O garoto cambaleou até o banheiro, sentindo os músculos enfraquecidos e exauridos. Olhando-se no espelho, Jungkook percebeu pequenos roxos deixados por toda a extensão de seu tórax, marcas que serviriam para lembrá-lo posteriormente de que aquilo não havia sido um sonho ou um fruto de sua imaginação. O garoto suspirou, Como eu irei fazer para me livrar deste maldito cheiro?

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Depois do que pareceram horas, Jungkook finalmente reuniu coragem para descer as escadas, tendo passado décadas esfregando cada centímetro de sua pele no banho para que assim pudesse se livrar do odor impregnado em si.

— Por que você demorou tanto?? — Foi a primeira coisa que ouviu de Taehyung ao chegar na sala. Nos sofás, os 4 homens permaneciam sentados, bebericando seus chás de forma desconfortável. Todos os olhares voltarem-se para si, Jimin parecendo desconfortável ao travar olhares com o garoto e afrouxar sua gravata.

— Eu precisei tomar um banho, estava me sentindo meio... sujo. — Ele disse simplesmente, tentando não dar detalhes demais em sua mentira descarada e mal planejada.

— Hum, muito bem então. Estávamos contando aos nossos convidados sobre como sua melhora foi rápida de ontem para hoje, a receita de Hoseok foi muito satisfatória. — Taehyung afirmou, convidando Jungkook para se sentar ao seu lado.

— Jungkook-ssi, você realmente está bem? — Seokjin se pronunciou, ele não se referia apenas àquele incidente em particular e o humano sabia disso.

— Estou melhor do que nunca. — Outra mentira, mas ele não permitiria que Seokjin olhasse atrás de sua máscara. As tensões no ambiente eram totalmente palpáveis, Taehyung era o único que parecia confortável entre eles e tentava manter os assuntos vivos.

— Que bom, Jungkook, é um alívio para todos nós que você esteja a salvo. — disse o curandeiro, sorrindo para ele. — No entanto, este não é o único motivo que nos trouxe aqui hoje. — disse ele, colocando uma carta sobre a mesinha de centro.

— Desde que você nasceu, eu tenho entrado em contato com os mestres do mosteiro em que cresci. Além de mim e Seokjin, eles são os únicos que têm ciência do seu estado e me ajudaram a aperfeiçoar todas as minhas técnicas para te proteger. — Ontem, esta carta veio até mim, com o endereço de Montserrat. Eles querem te conhecer, Kookie, eles acham que podem ajudar a descobrir o que você é e a impedir a manifestação do que quer que esteja dentro de você

— Espere um pouco, você falava sobre mim com eles? — Jungkook tensionou por baixo da camiseta, encarando o ruivo.

— Sim ,quer dizer, eu e Seokjin precisávamos de uma ajuda mais... especializada, se assim posso dizer, e eles ficaram mais do que felizes em poder ajudar e acompanhar seu caso.

— Eu não sou a porra de um experimento científico. Mesmo agora, vocês ainda escondem coisas de mim e falam delas com o maior orgulho do mundo, sem nenhum remorso. —Taehyung colocou sua mão sobre a de Jungkook, enviando hormônios de tranquilização para acalmar o moreno.

— Jungkook, por favor, se acalme, pelo menos vamos deixá-lo terminar... — Esta era a última coisa que ele queria fazer, ficar ouvindo mais daquela palhaçada. Jungkook deu um longo suspiro, unindo todas as suas forças para não ter um surto nervoso.

— Onde exatamente fica isso? — Jimin se manifestou.

— O mosteiro fica a uns 50km de Barcelona, no topo da montanha sagrada. — O demônio arregalou os olhos.

— Vocês querem levar o garoto do outro lado do oceano e arriscar a vida dele de inúmeras formas apenas para ver um grupo de velhos mumificados?

— É o melhor que temos até agora! Todos nós sabemos que as coisas não irão ficar mais fáceis para Jungkook, e não há nenhum indício verdadeiro de que você conseguirá resolver isso sozinho. Apenas a sabedoria divina pode nos ajudar.

— Essa é a maior bobagem que eu já ouvi. Ele está sob meus cuidados, e é assim que será.

— Nós somos tão responsáveis por ele quanto você, Park. Aceitamos deixá-lo com você porque era a melhor opção que tínhamos no momento, mas essa carta muda tudo. — Seokjin se pronunciou.

— Ok, mas o que Jungkook tem a dizer sobre isso? — Taehyung cortou o diálogo, finalmente abrindo espaço para que o humano falasse.

— Obrigado, Tae. Antes de tudo, eu quero deixar bem claro que eu não pertenço a nenhum de vocês, eu não sou um objeto inanimado que vocês podem brincar e mexer como bem quiserem. Quem dará a última palavra sobre o meu futuro sou eu, e se vocês não respeitarem isso eu mesmo irei sumir e garantir que nenhum de vocês me veja novamente. Estamos entendidos? —Taehyung suspirou em orgulho pelo mais novo. A ameaça era ridícula, mas a imposição súbita do garoto foi suficiente para deixar ambos os lados assustados.

— Se Hoseok puder garantir que eles terão as respostas, sinceramente eu não vejo por quê ficar aqui perdendo tempo. Eu tenho consciência da minha própria condição e sei que todos os cuidados são um mero controle sintomático, eu não estou melhorando e em algum momento isso irá explodir. Se é para Barcelona que temos que ir, então vamos!

— E como vocês sugerem que façamos isso? — perguntou Jimin, se levantando e se encostando em uma pilastra de mármore.

— É nisso que precisamos da ajuda de vocês. O jeito mais rápido de chegar é avião, mas já sabemos que é inviável expor Jungkook a tantas pessoas...

— E se formos de navio? — O leviatã sugeriu. — O navio de Jimin está atracado a poucos metros daqui, e a saída é direta para o mar. — Taehyung virou para olhar o íncubo.

— Ok, mas mesmo que fôssemos de barco, você disse que a distância em terra é de 50km, como faremos para atravessar Jungkook até a montanha? — Jimin perguntou.

— Vamos teletransportá-lo. — Sugeriu Hoseok. — É o jeito mais rápido.

— Mas também o menos seguro. Usar teletransporte num país estrangeiro não só vai deixar um rastro enorme, como também vai colocar um grande alvo em nossas costas. — Precisamos arranjar meio de transporte que não exponha Jungkook e mascare seu cheiro.

— Eu tenho uma ideia, mas vocês não vão gostar... — Disse Taehyung olhando para Jimin, como se compartilhando o pensamento.

— A marca. —Taehyung pronunciou, sorrindo de lado.

— Uou, esperem um pouco, vocês não podem estar falando sério. — Seokjin se levantou, encarando os demônios.

— É o jeito mais rápido e seguro de camuflar o odor dele, e como o próprio Hoseok disse, as coisas não irão ficar mais fáceis para Jungkook. Se na noite do ataque do Assacu ele tivesse a marca, nada teria acontecido e ele ainda estaria seguro. — O leviatã argumentou.

— Se vai me proteger, então eu tô dentro. — Disse Jungkook.

— Não tão rápido. Essa marca não é apenas um feitiço simples, é um acordo feito entre humanos e demônios, um compromisso em vida. Depois que feito, raramente é retirado. — O humano se recostou na cadeira, arqueando uma sobrancelha para o demônio ao seu lado.

— E por que alguém faria isso? — Ele sibilou.

— Por muitos motivos. Bruxas o fazem para selar acordos com as entidades em troca de ajuda no seu ofício, pessoas comuns fazem para conseguir vantagens ou porque se apaixonam...

— Ele só esqueceu de te dizer que é ilegal. — Disse Seokjin. — Jungkook, você não pode permitir isso, se você deixar que ele coloque sua marca em você, ele não só terá total acesso ao seu corpo como também à sua mente, ele poderá te dominar em questão de segundos e você sequer irá perceber, não seja estúpido.

—Ei, Ei, olhe como você fala de seu Grão-Senhor. Jimin nunca faria nada que pudesse prejudicar o garoto, e fora isso, não é porque é ilegal que as pessoas não fazem. Você mesmo teve várias aventuras em sua juventude como recém-nascido, Seokjin, ou eu devo recordá-lo? — O Djinn o encarou de modo furioso, apertando os lábios numa linha fina.

— Foi o que eu pensei... Vamos ser pragmáticos, não estamos em posição de escolher muito, e os benefícios da ligação superam os malefícios. Jungkook irá ficar mais forte, habilidoso, vivaz, e as dores vão ser muito mais fracas. Vamos fazer hoje mesmo, onde estão minhas velas pretas? — Disse Taehyung, batendo as mãos em excitação. Ele adorava qualquer oportunidade que pudesse realizar um ritual demoníaco.

— O que você acha, Jungkook? — Jimin encarou-o.

— E-Eu não sei, isso é muito repentino, e eu não tenho certeza de que sei o peso disso. Você realmente vai ter acesso a tudo? Vai poder me controlar.

— Mais ou menos. Você tem o poder de manter suas barreiras psíquicas trancadas, nós podemos fazer um acordo a parte, se isso te deixar mais seguro. Mas eu te dou a minha palavra que nunca invadirei seus pensamentos a não ser que você peça por mim, por minha ajuda. — Jungkook olhou para os próprios pés, considerando a proposta.

— Tudo bem, como fazemos isso? — Os olhos de Jimin pareceram brilhar por um instante.

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Em  algum momento depois da meia-noite, Jimin e Jungkook se encontravam sozinhos no terraço, os outros preferindo fazer ajustes no barco para a viagem e deixar os dois a sós.

Os homens estavam completamente nus, senão por sua roupa íntima e um óleo perfumado que cobria toda a extensão de suas peles pálidas, refletindo a luz da lua. Jimin havia desenhado um pentagrama no chão, colocando uma vela negra em cada uma das pontas e deixando Jungkook no meio. O humano tentava proteger seu corpo com as mãos, envergonhado pela intimidade da situação.

— Vai ficar tudo bem, você confia em mim? — O loiro perguntou, olhando no fundo dos olhos de Jungkook. Ele acenou, tentando manter a calma.

— Vai doer um pouco, eu sinto muito. —Jimin orientou Jungkook a deixar sua mão levantada no ar, apoiando um cálice com vinho abaixo dela com uma mão e segurando um punhal com a outra.

— Está pronto? — Jungkook assentiu, fechando os olhos enquanto sentia a lâmina rasgar pela palma de sua mão e derramar o líquido dentro da taça. Assim que feito, Jimin fez o mesmo, fechando a mão em punho e derramando o conteúdo dentro do cálice.

Com a mão ainda ardendo, Jimin levou a taça até os dois, colocando-a entre eles e fazendo com que os dois a segurassem simultaneamente.

— Agora, eu irei fazer a marcação com o meu sangue na sua testa enquanto eu profiro o encantamento. Depois, você fará o mesmo. — Jungkook se deixou levar pelo jeito calmo e confiante com que o íncubo falava. Parecia tão natural, tão fácil, a lua sendo a única e melhor testemunha daquele momento.

— Phasmatos inta grum vin callus amalon callagius accodum. Cosom naben dox callagius amalon gaeda callagius. Ceremum descendium vinum. Phasmatos inta grum callus. Cosom naben dox. — Jimin pronunciava cada palavra com perfeição, deixando que seu dedo passeasse pela testa de Jungkook enquanto ele fazia o desenho. Uma espécie de H estilizado com uma faixa horizontal em cima. Quando Jimin terminou, ele sinalizou para Jungkook. Apesar de um pouco hesitante à primeira vista, Jimin encorajou-o com apenas um olhar, sorrindo enquanto ouvia o humano proferir as palavras corretamente. Assim que feito, cada um deu um gole no cálice, Jungkook fazendo uma cara esquisita pelo gosto amargo preenchendo sua boca.

— Onde você quer que eu faça? — Jimin perguntou, botando o cálice de lado.

— N-Na minha nuca, assim o cabelo poderá cobrir... — disse o moreno, virando de costas para o íncubo e inclinando a cabeça.

— Você irá sentir apenas um cheiro estranho e uma leve pressão, ok? A parte mais difícil já passou. — Jimin assegurou-o, massageando brevemente seu pescoço para dissipar um pouco de toda aquela tensão.

Jungkook fechou os olhos, sentindo o cheiro de sua pele sendo marcada com a unha de Jimin, um desenho que ele não conseguia decifrar, mas que agora o acompanharia pelo resto de sua vida.

Quando terminou, Jimin deu um beijo na pele sensível, fazendo um arrepio correr pela pele do garoto. — Sempre que você quiser, basta chamar meu nome em sua cabeça, e eu estarei lá.

— E agora? — Jungkook perguntou, já ficando rubro pela aproximação repentina.

— Você sabe como íncubos selam acordos? — Jimin perguntou. Jungkook engoliu a seco, negando com a cabeça.

O íncubo se aproximou lentamente, deixando que seus lábios tocassem os de Jungkook, a sensação era familiar, mas ainda sim completamente nova. O íncubo beijou-o como se tentasse respirar o ar de seus pulmões, como se sentisse cada sopro de vida vindo com a batida do coração do humano. Jungkook jurou sentir o céu e inferno em sua boca cada vez que a língua de Jimin entrelaçava-se à sua, agora sem medo de ser muito rápido ou bruto. Jungkook não sabe por quanto tempo eles ficaram ali, apenas se acariciando e sentindo o gosto um do outro, caindo vez mais no buraco negro que era Park Jimin.

Ele estava condenado.

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símbolo que o Jimin desenhou com sangue na testa do Jungkook:

A marca do acordo:

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Oioi gente, mais um capítulo de Elysium p vcs. Confesso que esse foi um dos melhores e mais difíceis de escrever.

Atrasei a postagem desse cap e provavelmente vou atrasar o próximo (k), mas tudo p garantir qualidade dos capítulos😉

Deixem seu ⭐️ se tiverem gostado, até a proxima

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