Capítulo Seis
Spike Ko-go:
Acordei em um sofá, com os olhos de um garotinho me observando calmamente. Ele sorriu e estendeu um pedaço de chocolate para mim.
— André, ele já acordou? — Uma voz perguntou, e da cozinha veio meu sogro, Jacob, que me olhou com um sorriso.
— Acabou de acordar — André disse com um sorriso, indo até Jacob e o abraçou pela cintura. — Mas antes de abrir os olhos, rasgou o sofá com as garras e fiz o meu melhor para defender meu chocolate.
Isso fez Jacob rir, criando uma atmosfera leve e descontraída na casa.
Me sentei, olhando para ambos com um pedido de desculpas em minha expressão, mas meu sogro apenas riu. Ele ajeitou a babá eletrônica na orelha para ouvir o bebê, que, se me lembro corretamente, dormiu bastante na maior parte do tempo, mas depois fica acordando e indo atrás do pai.
Ele ganhou o nome de batismo de Franklin, e posso dizer que ele possui uma magia poderosa que fez Gabriel ficar surpreso e Jacob ainda mais chocado com isso.
— Isso eu consigo arrumar depois — Jacob disse, tranquilizando-me. — Deu sorte que o Gabriel viu você a ponto de desmaiar no centro da cidade e ainda com aquele buraco.
Ele apontou para a cozinha, e notei o brilho surgindo daquele lugar; com certeza, meu sogro Gabriel estava conversando com a mãe dele. Me pergunto o que será que os mundanos estão dizendo que aconteceu no centro da cidade para explicar o enorme buraco ou o caos que se seguiu.
Eu sabia que existia alguma coisa sobre o mundo que fazia as pessoas que não são submundanos ou muito menos têm a capacidade de fazerem magia. Então, tudo que é diferente, os mundanos veem de outra forma do que realmente é.
Um exemplo é quando um lugar ou uma pessoa desaparece como se nunca tivessem existido, ou um prédio desmorona do nada, com as pessoas dizendo que estava em boas condições e era sempre regularizado, entre outras coisas. Isso é um fato que acontece por vezes por razões sobrenaturais ou mágicas.
— Já avisei o Levi que você está aqui em casa — Jacob disse, sentando ao meu lado no sofá, e André ficou ao lado, saboreando o pedaço de chocolate.
Ainda acho intrigante como Jacob e Gabriel abraçaram a causa de cuidar de André nesse tempo todo, a ponto de até esquecer que não são os pais desse garotinho. No entanto, o tratam como se fosse, o que acaba me fazendo perceber que André já pegou as manias deles com as coisas.
Mesmo sendo um lobo, ele está passando por treinamento constante com a líder dos Titãs e sendo o filho postiço ou adotivo de Jacob, que é mundano, e de Gabriel, um titã disfarçado. Não é a coisa mais chocante de se ver.
André pegou o controle e ligou a televisão, onde estava passando um telejornal que falava sobre o que aconteceu nessa tarde. Na legenda, tinha o nome: "Explosão de Gás e Desmoronamento no Centro da Cidade."
— O que aconteceu com você... quero dizer, de verdade — Jacob disse com calma, mas notei que ele estava um pouco confuso com suas palavras.
Até os mais fortes dos mundanos que sabem a verdade às vezes podem se confundir com o que a névoa mágica cria sobre eles.
— Foi uma luta com dois irmãos que são espíritos de raposas. Essa moça apareceu, causou um caos com o homem que meio que queria me esganar, e depois sumiram depois de se atacarem. Parece que esses dois têm alguma coisa complicada um com o outro — expliquei, sentindo o olhar de Jacob sobre mim, enquanto tentava escolher as palavras certas.
Diferente de André, que me olhou com olhinhos brilhantes, o que me surpreendeu ao ver as orelhinhas dele surgindo no topo da cabeça e se mexendo animadamente.
— Que legal — André disse, olhando para Jacob. — Também quero ver um espírito raposa também!
— Querido, depois vemos isso — Jacob disse com gentileza, bagunçando os cabelos de André por cima das orelhinhas de lobo, e depois se virou para minha direção. — E o buraco no centro da cidade? — ele perguntou, franzindo a testa.
Suspirei antes de responder.
— Foi antes da briga começar. Ela atacou por baixo o cara que estava quase me destruindo, chegou perto de esmagar meus órgãos. Foi um verdadeiro perigo. — Falei.
André, ainda absorvendo o chocolate, olhou para mim com uma expressão curiosa.
— Então, ela causou a explosão de gás e o desmoronamento no centro da cidade para atacar esse cara sem se importar com que estava ao redor? — Jacob perguntou, conectando os pontos.
Assenti, ainda sentindo os resquícios da batalha reverberando em minha mente, mas notei que tinha alguma coisa começando a sumir.
— Parece que ela tinha algum rancor profundo com ele. A briga deles quase arrastou toda a cidade para o caos e os túneis que tinha por baixo — Expliquei, observando a expressão de surpresa de Jacob.
André, mesmo sem entender completamente, parecia absorver a atmosfera tensa, seus olhinhos brilhantes piscavam curiosos.
— Isso é mais um daqueles problemas mágicos que vocês lidam, não é? — Jacob perguntou, assumindo uma expressão séria.
Concordei com a cabeça, sabendo que a explicação completa era complexa demais para ser entendida pelos mundanos.
— E quanto ao buraco? — Ele insistiu.
— Foi uma consequência do confronto, algo mágico que aconteceu enquanto eles lutavam. Não era algo planejado, ela só o encontro e atacou. — Respondi, tentando simplificar o inexplicável.
Jacob suspirou, parecendo entender que estava diante de mais um enigma do mundo mágico que permeava sua vida, mesmo que ele tentasse manter uma fachada de normalidade.
Não o culpo; afinal, seu filho mais novo é um mestiço de mundano com titã, casado com um lobo e têm uma filha. Seu marido tem a forma de um titã, e ambos tiveram um filho mais novo, além do André, que é um lobo. Claro que tinham que ver o Levi nos treinamentos com Lídia para suportar minha magia sobre seu corpo, caso queiram ter um filho comigo futuramente.
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A porta abriu com tudo, e Levi surgiu, olhando desesperadamente para minha direção. Ele se jogou no sofá, pegando meu rosto nas mãos.
— Me diga que nada de ruim aconteceu? Como você se deixou ser atingido? Deveria ter fugido de qualquer sinal de perigo — Levi disse rapidamente, ainda me examinando em busca de qualquer machucado.
— Eu estou bem — Falei, e Levi parou por alguns segundos, olhando para seu ombro. Notei que não havia nada lá, meu namorado balançou a cabeça por instantes. — Está tudo bem?
Ele rangeu os dentes por alguns segundos, mas tratou de disfarçar ao me encarar, mas isso me deixou confuso, assim como Jacob e André, que se aproximou do irmão mais velho.
— Levi, ele disse que viu dois espíritos de raposas — André disse animado, e as orelhas se mexeram alegremente em cima de sua cabeça.
Levi respirou fundo, parecendo absorver as informações.
— Espíritos de raposas? — Levi repetiu, olhando para André com uma expressão pensativa. — Isso é algo sério, André?
— Eram dois irmãos, segundo o Spike, pareciam brigar muito. E depois, desapareceram — André explicou, balançando a cabeça de um lado para o outro enquanto suas orelhinhas se agitavam.
— Ambos tinham olhos dourados — Falei.
Levi se endireitou, seu olhar se encontrando com o meu, e depois se virou para o ombro dele.
— Isso pode ser mais complicado do que eu pensava. — Levi disse como se estivesse falando com outra pessoa além da gente, sua expressão estava preocupada.
Antes que eu percebesse que ele estava controlando a sua raiva com algo, o outro pai dele saiu da cozinha.
— Impressionante como a minha mãe é desconfiada de tudo — Gabriel disse. — Ela vai ver se encontra alguma coisa sobre isso com os submundanos da cidade.
Notei que Levi engoliu em seco por alguns segundos.
— A vovó vai dar um jeito — Levi disse, mas seu pensamento pareceu se perder por um momento, o que me deixou intrigado.
— Levi, não se preocupe, estou bem — Falei com um sorriso, pegando suas mãos com um aperto firme.
— Eu sei que está, afinal, tenho o melhor namorado do mundo que tem uma força sobrehumana — Levi disse e sorriu. Então, ele olhou para algo além de mim.
— Pode até ter uma força sobrenatural, mas nem por isso devo ser imprudente, Levi — Comentei, percebendo seu olhar distante.
Levi assentiu, mas seus pensamentos pareciam distantes.
— Se precisar de ajuda com alguma coisa, estamos aqui para apoiar você — Jacob acrescentou, oferecendo um olhar solidário quando se levantou por um barulho da babá eletrônica e notei que André foi atrás e Gabriel foi junto.
— Valeu, Jacob. Agradeço poe ter vocês aqui — Respondi sinceramente, sentindo-me grato pela presença e apoio daquela peculiar, mas amorosa família.
Estava sendo uma loucura para mim, mas pelo menos terei minha família comigo em breve e tenho que contar sobre o Levi para eles nessa visita à minha casa. Isso deve me ajudar a esquecer o que aconteceu hoje, mas um sentimento estranho estava me controlando para agir com calma nos próximos passos. Simplesmente sorri para Levi, que me beijou em um selinho.
— Preciso da calmaria da minha família depois de hoje e ainda do carinho do meu namorado — Falei, sentindo um peso sendo aliviado ao expressar meus sentimentos.
— Vamos cuidar disso, amor — Levi sussurrou, segurando minha mão com carinho. — Eu te amo mais que tudo.
— Eu também te amo.
Assenti, agradecido por ter alguém tão especial ao meu lado. Com a família reunida e o apoio caloroso de Levi, sabia que poderia enfrentar qualquer desafio que o mundo mágico nos trouxesse.
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Gostaram?
Até a próxima 😘
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