Capítulo Dezoito

Levi Prescott:

Acho que Spike não esperava ver uma criança raposa que tinha muita energia. Acabou soltando uma risada quando Larone pulou de um lado para o outro, transformando-se em sua forma de raposa e humana.

Diel ficou ao meu lado, um pouco afastado, e me sentei junto a ele, observando os outros dois brincando. Ciel voou na direção de Tamara com uma expressão chamativa, e ambos começaram a conversar calmamente.

- Então, por que não quer se divertir um pouco mais com Lanore e Spike? - perguntei.

- Eu sou mundano em comparação ao que eles podem fazer - Diel disse enquanto Lanore pulava, seus pés tocavam a parede oposta, e Spike abria suas asas voando atrás dela. - Não posso fazer o que o seu namorado pode fazer. Esse é meu maior defeito.

- Ser mundano não é um defeito. Sabe, eu vivi vinte anos como mundano e fazia minhas escolhas com base nas capacidades que eu tinha - respondi.

Imagino como deve ter sido difícil para ele viver nesse lugar, sendo servo de uma raposa espiritual ou mesmo lidando com olhares de desgosto e julgamento dos outros. Mesmo que Natsuls seja quem meio que criou Diel, deve ter sido complicado enfrentar olhares negativos e julgadores apenas por existir.

Diel suspirou, revelando um misto de resignação e melancolia. Enquanto observávamos Lanore e Spike em suas acrobacias, ele continuou:

- Você não entende, Levi. É difícil quando todos ao seu redor têm habilidades extraordinárias, e você se sente limitado. Natsuls me deu a vida, mas também me deu a consciência das minhas limitações.

Refleti sobre suas palavras, compreendendo a complexidade de seus sentimentos. Queria mais que tudo dar um tapa no Natsuls ou um soco, ele realmente é péssimo com qualquer outra pessoa.

Mandei esse pensamento para longe e decidi compartilhar minha experiência para tentar aliviar seu fardo.

- Olhe, Diel, ser mundano não significa ser fraco. Pode ter suas próprias vantagens. Eu vivi duas décadas assim e aprendi a valorizar minhas próprias habilidades. Às vezes, ser comum é extraordinário. - Falei.

Ele pareceu absorver minhas palavras, mas seus olhos ainda denotavam uma tristeza profunda. Enquanto Lanore e Spike se divertiam, eu continuava conversando com Diel, buscando encontrar um equilíbrio entre a aceitação de suas limitações e a valorização de sua singularidade.

Instantes depois, a porta se abriu, revelando uma guardiã com olhos e cabelos em um tom de roxo tão profundo que pareciam mergulhados na escuridão. Ela me encarou por um momento antes de direcionar seu olhar para Diel.

- O mestre está chamando vocês para uma conversa com os generais - disse calmamente.

- Diga que já iremos - respondi tranquilamente na direção dela.

A guardiã assentiu e se retirou, deixando-nos a sós na sala. Diel olhou para mim com uma expressão de curiosidade misturada com apreensão.

- Não se preocupe, estaremos de volta em alguns instantes - falei ao mesmo tempo que Spike pousou ao meu lado, segurando Lanore, que estava emburrada.

- Quando isso acabar, vamos brincar bastante - Spike disse com um enorme sorriso para Lanore, colocando-a no chão. Ela virou o rosto para a direção oposta, ainda realmente emburrada, as bochechas tão grandes que dava vontade de tirar uma foto.

- A senhorita Lanore é adorável - ouvi Tamara dizer. Pude perceber que ela não queria dizer isso em voz alta, pois ficou envergonhada quando olhamos na direção dela.

- Já voltamos - falei, pegando a mão de Spike.

Caminhamos pelo corredor, seguindo a guardiã de cabelos roxos, até chegarmos a uma sala imponente onde os generais nos aguardavam. Fiquei tenso ao entrar na sala; sentia uma aura de raiva sendo emitida do outro lado com tanta força que me causou náuseas.

e estava sentado no centro, e os outros líderes observavam-nos com atenção. A atmosfera na sala estava carregada de seriedade.

Havia uma mesa longa que ocupava a maior parte do espaço, coberta por mapas em movimento. Notei uma energia sombria consumindo uma parte dos mapas, representando a floresta. Natsuls estava sentado no centro, olhando com um olho tremendo de raiva. Os outros líderes observavam-nos com atenção, e a atmosfera na sala estava carregada de seriedade.

Ao observar suas expressões, todas em uma forma híbrida de humano com características de raposas, desde as orelhas até os focinhos e as garras, percebi que cada olhar estava tão frio como imaginei que seria ao me verem. Essa era a primeira coisa que pensei que aconteceria comigo ao voltar: os olhares dos generais raposas que serviam meu irmão me julgando, por segundos desejando que eu fosse embora e não precisassem da ajuda de um "traidor". No entanto, foi Natsuls quem me trouxe a esse lugar, ele quem foi atrás de mim primeiro querendo que eu quebrasse seu selo de alma. Então que se dane os outros nessa sala.

Natsuls se levantou da mesa com uma expressão severa. Seus olhos brilharam com intensidade, refletindo a raiva contida que pulsava em sua aura.

- Você demorou, Levi. Espero que tenha uma boa razão para isso - ele falou, sua voz ecoando pela sala.

Spike e eu trocamos olhares, sentindo a tensão no ar. Tamara, que nos acompanhava, ficou em silêncio, absorvendo a atmosfera pesada da sala.

- Você quem me trouxe aqui, como você pediu. Estou aqui por causa do seu desespero. Não vejo motivo para tanta hostilidade - falei. - Me mandou esperar até que me chamasse; se quiser, posso ir embora agora mesmo.

Natsuls franziu o cenho, olhando para Spike com desconfiança. Os outros generais mantiveram seus olhares fixos em nós, como se estivessem prontos para agir a qualquer momento, encarando-nos com frieza, enquanto Spike desafiava alguém a se mover na nossa direção.

- Pode pensar o que quiser nessa situação, mas foi você quem realmente quis ir atrás do Levi, mesmo sabendo que ele estava vivendo uma vida fantástica ao lado de sua família durante vinte anos, e comigo nos últimos meses do que você deu desde antes dele se tornar mundanos - Spike disse. Natsuls ficou furioso, suas garras surgiram e ele quebrou a madeira da mesa.

- Ora seu... - Natsuls começou, mas um general levantou-se de seu assento.

- Meu rei, a situação na floresta das raposas está piorando a cada dia. Precisamos de uma solução rápida e não devemos discutir um assunto que não tem relevância - declarou um dos generais, sua voz grave ecoando na sala.

Natsuls assentiu, mas seu olhar permanecia fixo em mim. Eu sentia o peso da desconfiança e ressentimento.

- Levi, não se engane. Eu espero resultados, e espero que não nos traia novamente - ele advertiu, sua voz cortante.

A reunião continuou, concentrando-se em estratégias para enfrentar a ameaça sombria que se espalhava pela floresta. Estava consciente de que cada olhar, cada palavra, era uma oportunidade para reconquistar a confiança perdida.

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Enquanto os generais discutiam planos e estratégias, eu permanecia atento, buscando uma maneira de provar minha lealdade. Spike ao meu lado parecia igualmente comprometido, pronto para apoiar qualquer decisão que pudesse ajudar a resolver a crise na floresta das raposas.

Tamara, que estava observando silenciosamente, percebeu a tensão na sala e me lançou um olhar de compreensão. Eu não buscava apenas reconquistar a confiança de Natsuls e dos outros generais, mas sim entender o que eles esperavam de mim.

- Senhor - um general disse, olhando na minha direção. - Nós temos os olhos da justiça ao nosso lado, o que pode ser de grande ajuda.

Isso me fez rir.

- Então é por isso que foi atrás de mim para quebrar o seu selo o mais rápido possível - falei. - Queria que eu usasse meu poder contra seu inimigo.

- O que são os olhos da justiça? - Spike perguntou.

- Entre eu, Natsuls e as nossas irmãs, cada um recebeu um dom ao nascer - falei, olhando docemente para o meu namorado. - Kagome tem a habilidade de se reparar e, com isso, multiplicar seus poderes, assim como Natsuls. Lilal consegue curar qualquer pessoa, menos a si mesma. E por último, tem a mim, com os olhos da justiça e da verdade, podendo ver as mentiras de qualquer indivíduo que ousarem me encarar e também serve para cancelar a justiça que meu oponente possa levar em seu coração e fazendo com que faça o oposto.

Esses dons sempre estiveram comigo, mas só a parte de ver as mentiras dos outros ainda continua presente em mim até este instante. Parece como se uma parte estivesse danificada desde que me tornei alguém neste corpo, mas tenho certeza de que recuperar meus poderes por completo pode restaurar tudo. Na verdade, é mais uma suposição da minha parte. Nunca ouvi histórias semelhantes ao meu caso de alguém recuperando todos os seus poderes sendo um espírito.

- Eu não acho que posso usar grande parte do meu dom tão fácil - falei, mantendo-me firme, apesar da hostilidade no ambiente.

- O que quer dizer com isso? - Natsuls perguntou friamente.

- Parte da minha magia ainda está selada, então não posso prometer nada de que vou conseguir isso - falei, deixando uma sombra de incerteza pairar sobre a sala.

Enquanto as palavras ecoavam, a porta da sala se abriu abruptamente, revelando uma figura encapuzada que entrou com uma presença misteriosa.

- Garanto que posso ajudar - a figura disse, sua voz soando através do capuz com confiança intrigante.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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