Capítulo Dezenove

Levi Prescott:

A figura encapuzada deu alguns passos adiante, revelando uma mulher de cabelos dourados que caíam em cascata pelos ombros. Seus olhos, penetrantes e intensos, analisaram cada pessoa na sala. Mesmo que ela não pudesse realmente vê-los, transmitia uma sensação de poder contido. Vestida em um manto misterioso, ela emanava uma aura de sabedoria e mistério.

Meu coração saltou no lugar quando Lilal se recostou ao meu lado, colocando ainda a mão sobre minha cabeça. Estava claro que ela estava feliz.

- Filhote, ou seria melhor, Levi, sinto muito por ter sumido novamente quando você quebrou parte do selo, mas quero que saiba que vou te ajudar nisso tudo. Quando fui àquela casa à sua procura, seus pais e sogros me contaram sobre isso, e resolvi vir - ela declarou, sua voz ecoando com uma melodia tranquilizadora. - Posso oferecer minha ajuda e orientação para desvendar como quebrar esse selo de uma vez. Claro que você aceitará minha ajuda, Levi.

A sala silenciou por um momento, absorvendo a surpreendente entrada de Lilal. Natsuls, mesmo com sua expressão inicial de desconfiança, pareceu ponderar sobre a proposta da recém-chegada.

- Por que devemos confiar em você? - questionou Natsuls, sua voz mantendo um tom desconfiado.

Lilal sorriu de maneira serena, como se antecipasse à desconfiança.

- A confiança se conquista com ação. Eu estou aqui para ajudar Levi, para garantir quebrar o selo e te salvar, meu irmão. Não há razão para mentir - ela respondeu, mantendo seu olhar firme. - Sei que estive muito tempo longe, mas querendo ou não, este lugar ainda é meu lar... como ainda você é meu irmão, querendo ou não.

Enquanto a atmosfera na sala permanecia tensa, eu sentia uma faísca de esperança se acender. Lilal, com sua presença imponente, era diferente de Natsuls, que tinha uma aura assassina e sanguinária que poderia se soltar a qualquer momento. Ouvindo um risinho, olhei para o batente da porta, vendo Lanore em sua forma de raposa com Thackery ao lado, Diel logo atrás e, por último, Ciel que estava comendo uma maçã.

Lanore, com suas orelhas curvadas para frente e um brilho travesso nos olhos, correu para dentro da sala e pulou no meu colo.

- Tio Levi! Estava tudo tão chato sem você! - ela exclamou, esfregando o focinho contra o meu rosto.

Thackery seguiu-a com passos mais serenos, expressando sua alegria com um olhar afetuoso. Diel entrou com um sorriso trêmulo, enquanto Ciel, sempre com sua expressão tranquila, observava a cena com interesse.

- Parece que chegamos na hora certa - comentou Thackery, se reencontrando sobre a cadeira de Spike. - Então, quem é essa? - perguntou referindo-se a Lilal.

Antes que eu pudesse responder, Lilal se aproximou deles, cumprimentando cada um com um sorriso caloroso.

- Sou Lilal, a irmã mais velha de Natsuls e de Levi. Estou aqui para ajudar a resolver alguns assuntos complicados - ela explicou, transmitindo uma calma reconfortante.

Eu olhei ao redor da sala, antes do meu olhar parar em cima do mapa e vendo que mais uma parte havia sido consumida e em pouco tempo iria se aproximar da gente. Sabia que Kagome estaria vindo logo atrás e precisávamos nos apressar o mais rápido possível.

- Lilal, me ajude - falei, e minha irmã se virou para minha direção com um sorriso acolhedor.

- Era isso que eu queria ouvir - ela disse.

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Lilal me arrastou para fora da sala, deixando os outros na reunião. Ela me levou até uma parte do jardim e fez com que eu ficasse em pé à sua frente. Com calma, ela suspirou.

Lilal observou-me por um momento, como se estivesse analisando algo profundo. Seus olhos dourados refletiam uma mistura de determinação e preocupação.

- Levi, sei que a situação é complicada e quebrar esse selo não será fácil. No entanto, estou aqui para ajudar, não apenas como sua irmã, mas também como alguém que se importa com o equilíbrio deste lugar - ela começou, escolhendo suas palavras com cuidado. - Eu me escondi tanto tempo por vergonha e medo; às vezes, me pergunto o que teria acontecido se tivesse ficado aqui mesmo sem poder ver - suas mãos foram até os olhos, balançou a cabeça. - Não ligo para o que aconteceu comigo, mas quero que saiba que nunca vou me perdoar por ter sido uma covarde.

Senti uma mistura de emoções ao ouvir suas palavras. A presença dela era reconfortante, mas também sabia que o desafio à frente era grande. Por um segundo, ainda tinha raiva de tudo que aconteceu com ela indo embora, ficando só eu para lidar com os pensamentos loucos de Natsuls. Mas também sentia pena, afinal, ela foi ferida para proteger nossa casa de uma disputa causada pelo ego do nosso irmão, que destruiu a felicidade da nossa irmã até que ela se rendeu à escuridão.

- Lilal, eu... - tentei falar, mas ela ergueu a mão suavemente.

- Não precisa dizer nada. Vamos trabalhar juntos para quebrar esse selo estúpido. Sei que temos pouco tempo, mas a união de nossos dons pode ser a chave para quebrar o selo - ela afirmou, olhando firmemente para mim.

Ela estalou os dedos, e um enorme círculo surgiu acima de nós. Então, começou a descer rapidamente. Quando tocou minha pele, saltei como se uma enorme corrente elétrica percorresse todo o meu corpo. Meus músculos transformaram-se em geleia, e eu congelei no lugar.

Pela primeira vez na vida, não conseguia respirar. Cada nervo queimava e ficava dolorido. Eu estava me dissolvendo por completo pela energia.

Via os rostos da minha família, mas eles desapareciam assim que surgiam. Então, a energia parou e saiu do meu corpo. À minha frente, um cadeado meio danificado surgiu acima da minha cabeça.

- Este é o cadeado que envolve a sua alma - Lilal disse, estalando os dedos novamente. Ao lado do cadeado, surgiu uma pequena luz laranja que se fundiu com ele, mas uma parte vazava. - Sua alma está tentando passar pelas partes quebradas.

A luz laranja escapou pelas rachaduras do cadeado, e eu me senti um pouco revigorado.

- Sem conhecer o feitiço, só há uma maneira - Lilal disse, pegando minhas mãos. - Terei que extrair o selo com tudo que eu tenho.

Lilal fechou os olhos e concentrou-se intensamente. Uma corrente de energia começou a fluir através de suas mãos para as minhas. Senti uma mistura de calor e formigamento, enquanto ela trabalhava para desfazer os selos que aprisionavam minha alma.

O cadeado brilhava intensamente, e a luz laranja pulsava em sintonia com o esforço de Lilal. Cada fragmento que escapava das rachaduras era como um suspiro de alívio para minha essência aprisionada.

- Aguente firme. Isso pode ser um pouco desconfortável - ela sussurrou, os olhos ainda fechados, perdida na magia que tecia.

O processo parecia uma eternidade, mas gradualmente, as rachaduras no cadeado aumentaram. Uma sensação de liberdade começou a se infiltrar, e a luz laranja finalmente envolveu a totalidade do cadeado, unindo-se como uma corrente harmoniosa.

Lilal retirou as mãos, e o cadeado, agora brilhando intensamente, flutuou acima da minha cabeça e se desfez como areia ao vento. Era como se um peso tivesse sido removido, e minha alma resplandeceu com uma nova vitalidade. Então, fiquei imóvel, sentindo uma enorme onda de energia invadir meu corpo. Engoli em seco, e o mundo girou ao meu redor, como se estivesse se rearranjando em resposta à liberação da minha essência aprisionada.

Desabei no chão, e Lilal se aproximou, estendendo a mão.

- Você está bem? - Ela perguntou.

- Estou bem, mas vou dizer que foi horrível - falei, e ela soltou uma risada.

- Falei que seria desconfortável - Lilal disse e sorriu enquanto pegava minha mão para me levantar. - Quer tentar ver se tudo voltou?

Ela apontou, e vindo na nossa direção estavam Tamara e Ciel, olhando tudo curiosos. Suspirei e olhei para Ciel, concentrando-me.

- Ciel, qual é a sua justiça? - perguntei.

Ele me olhou confuso.

- Ser um grande espírito guardião e fazer um bom trabalho - ele respondeu, expressando a justiça que sempre soube que carregava no coração.

- Então eu cancelo essa justiça do seu coração - falei, e ele me olhou confuso, mas nada aconteceu.

Olhei para Ciel, e ele apenas me encarou.

- Não me sinto diferente - Ciel disse, como se estivesse se desculpando.

- Você não tem que se desculpar. O selo acabou de ser rompido, e os poderes devem voltar gradualmente para se recuperar totalmente - falei, mas uma ponta de tristeza se infiltrou em minhas palavras. Eu esperava que funcionasse mais rapidamente.

Percebendo minha decepção, Lilal colocou uma mão reconfortante em meu ombro.

- A recuperação leva tempo, mas tenha paciência. O importante é que o caminho está aberto para a restauração completa - ela disse, transmitindo uma tranquilidade que acalmou minha inquietação.

Olhei para Ciel novamente, forçando um sorriso.

- Vai dar certo, só precisamos aguardar.

Tamara e Ciel se aproximaram, demonstrando curiosidade e apoio. O ambiente estava impregnado de uma sensação de renovação, e, mesmo que a jornada fosse desafiadora, sentia-me fortalecido pela superação daquela barreira que prendia minha essência.

Agradeci a Lilal com um olhar, mas não podia esperar muito tempo, afinal não tínhamos isso ao nosso favor.

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Gostaram?

Até a próxima 😘

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