Capítulo vinte e um
Um mês se passou depois da reunião de volta às aulas no internato. E, durante esse um mês, muita coisa aconteceu. A começar por Chiara e Lucca que não se falavam desde a festa. Chiara o evitava a todo custo — fosse na fila da cantina, no intervalo, ou até mesmo na sala de aula; a garota não queria contato com ele, não olhava para Lucca e, sempre que ele tentava se aproximar para conversar, era barrado por Sabrina e Dylan. Já Giordano passou o mês inteiro contra a sua vontade ao lado de Ash — ele até tentava fugir dela, mas não durava tanto tempo, já que a garota sempre o encontrava e continuava com as suas chantagens apenas para que ele andasse ao seu lado e todos pensassem que eles eram um casal. Lucca não queria ser o par de Ash, não queria que fosse considerado o "casal do momento", eles nem eram um casal. Ele estava saturado daquilo tudo, mas não podia sujar o nome da sua família, magoar a sua mãe... Por mais que ele quisesse muito pedir perdão a Chiara e explicar tudo, ele não podia.
Depois da festa, o relacionamento de Sabrina e Cameron não estava um dos melhores também. Ela ainda estava sentida por ter visto o loiro beijando uma menina e, para evitar sentir o que ela andava sentindo por ele, decidiu se afastar. De Luca não entendia o porquê do afastamento da garota e sempre que tentava puxar assunto ela respondia de maneira curta e grossa, ou até mesmo o dava um fora. Já Mia e Dylan não se falavam nem para trocar farpas desde então. Eles não sabiam como agir depois do beijo, Mia havia acabado de voltar a falar com Ivy e não queria perder sua amizade novamente, por isso, ambos decidiram esquecer um ao outro. Claro que isso não aconteceu, os dois continuavam pensando no outro e, dessa vez, com mais frequência, — até os sonhos se intensificaram — porém eles preferiram fingir para si mesmos que esqueceriam os sentimentos que tinham. Mia pediu desculpas a Leo por não ter dado atenção suficiente durante a reunião e, ao contrário do que ela pensava, ele foi muito compreensivo e disse que ela não precisava se desculpar. Leo e Mia começaram a passar mais tempos juntos e até conhecer a família de Biachi ela conheceu, mesmo que fosse contra a sua vontade. Quem gostou mesmo dessa aproximação foi o sr. Moretti que dava bastante apoio aos dois e dizia que, se eles começassem a namorar, era o primeiro a aceitar. Já Dylan, mesmo que não quisesse, passava os tempos livres com Ivy a enchendo de esperanças falsas. Ela gostava dele, se perguntava quando ele a pediria em namoro ou quando ele a beijaria logo, porém Lombardi só estava ao seu lado porque não podia se aproximar de Mia. Ele não gostava de ser sufocado por Ivy, odiava aquilo — até seus amigos perceberam que ele estava mais na dele e sem ânimo, totalmente diferente do que era quando havia entrado no Elite. Matteo e Jin o aconselharam de todas as formas, até mesmo Sabrina, Chiara e Nina, mas Dylan não os escutou. Ele era cabeça dura e, ser sufocado por Ivy era um preço a se pagar para esquecer-se de Mia.
Sobre Jin, Dylan o havia ajudado a jogar futebol e, agora, ele não era mais tão introvertido como antes. Claro, as vezes ele ficava um pouco recluso e Matteo o ajudava a se enturmar, mas era coisa dele mesmo. Já Martina e Nina estavam mais próximas do que nunca. Elas viviam saindo juntas e sempre estavam uma ao lado da outra durante os intervalos e horas livres. A ruiva admitia que estava sim sentindo algo a mais pela filha do diretor, porém nunca tentava algo a mais por não saber se Martina sentia o mesmo — seria muito vergonhoso para ela se tentasse roubar um beijo da morena ou confessar seus sentimentos e a garota dizer que não gostava do mesmo que ela. Por enquanto Nina estava feliz com a sua amizade com Martina e, para ela, aquilo era o suficiente.
Aquela era a última aula de Sexta-feira e, quanto mais os alunos olhavam ansiosos para o relógio, mais parecia que a hora não passaria. Marzio não parava de falar enquanto escrevia no quadro e, naquele momento, a maioria dos alunos nem prestavam mais atenção no que ele dizia.
— Então, sendo p(x) igual a x²... – o sinal interrompeu o professor e todos os alunos começaram a se levantar apressados. — Ei, ei, ei! Eu disse que vocês estavam liberados? Podem se sentar, eu não terminei.
— Mas professor... O sinal acabou de tocar. – Noah disse meio acanhado.
— E? Sentem. – ninguém disse mais nada. Apenas sentaram-se novamente. — Bom, como vocês sabem, as primeiras provas do semestre estão chegando e, como alunos incompetentes que são, sei que ainda não aprenderam nada da matéria.
— E como vamos aprender se o senhor ensina de má vontade? – Sabrina perguntou num tom baixo e apenas Ivy que sentava à sua frente escutou e riu fraco.
— Então, estejam avisados que semana que vem começaremos a fazer simulados para a prova e que valem décimos. Se vocês não forem bem na prova, posso aumentar a nota de vocês com esses simulados. Estudem e bom fim de semana, agora podem ir. – sorriu cinicamente e todos os alunos começaram a se levantar.
— Que ódio desse professor! Como eu terei um bom fim de semana se vou ter que estudar algo que eu não sei para um simulado? – Matteo fez cara feia enquanto recolhia seu material.
— E essa semana eu estarei cheio de coisa pra fazer, não vou ter tempo pra estudar. Eu estou ferrado... – Jin cruzou os braços.
— E você Dylan? Vai conseguir estudar? – o ruivo olhou para o seu amigo que estava encostado em uma mesa olhando para o chão, parecendo imerso em seus pensamentos. — Dylan!
— Que? O que... Eu perdi? – seu corpo ficou rígido e ele coçou a cabeça olhando para os seus amigos. Matteo e Jin se entreolharam e suspiraram pesado antes de voltar a olhar para Lombardi.
— Queremos saber o que você vai fazer esse final de semana. O Marzio vai passar simulados para nós semana que vem. – Jin pegou seus pertences que havia deixado em cima da mesa de Matteo.
— Eu vou sair com a minha mãe. Ela está saindo com um cara e, ao que tudo indica, possa ser o meu novo padrasto. Vamos passar um lindo dia de iate na ilha de Tropea. – sorriu sem ânimo e com a voz carregada de cinismo.
— E você não está feliz por ela estar feliz? – Matteo franziu o cenho.
— Estou, é claro que estou. É que... Eu não acho que eu precise aprovar algum relacionamento dos meus pais. Eu sou só o filho. – deu de ombros. — E também... Tem umas coisas que eu descobri deles e agora eles vivem querendo me agradar. Esse passeio é mais uma dessas coisas, tanto que minha mãe disse que eu podia chamar alguém pra ir comigo.
— E quem você chamou? – Jin sorriu.
— Quem mais? – olhou para Ivy e os meninos olharam para a mesma direção que ele. — Eu não queria, eu juro que ia chamar vocês, mas, quando eu disse que minha mãe deixou eu levar alguém, ela já se animou toda. Fez planos para a gente, disse que seria perfeito, imaginou as fotos que faria lá... – Dylan suspirou pesado. — Eu fiquei mal de dizer que não ia a chamar, por isso deixei assim mesmo.
— Cara... Eu não te conheço mais. – Matteo negou com a cabeça. — Você não é mais o Dylan que eu conheci e isso me dá medo.
— Seja o que for, supera. Queremos o Dylan antigo que entrou naquele dormitório sendo sincero. Eu quero o amigo que me fez mudar. – Jin deu uma cutucada em Matteo e os dois saíram de sala sem dizer mais nada, deixando o menino sozinho.
Enquanto isso, nos armários femininos, Sabrina terminava de guardar seu material para arrumar as coisas que levaria para casa quando Cameron chegou em silêncio e ficou ao seu lado.
— Alguém te disse que você está linda hoje? – Sabrina revirou os olhos e fechou a porta do seu armário.
— Primeiro que: eu sempre estou linda e, segundo, dane-se a beleza. – fez careta sem olhar para o loiro. — Eu sou brilhante. Se quer me elogiar, elogie o meu cérebro. – olhou seriamente para Cameron.
— Sabrina, o que eu te fiz, hein? Achei que estávamos de boa, mas depois da festa você se afastou de mim. Se eu fiz algo eu preciso saber. Como vou me desculpar por algo que eu não sei? – jogou os braços no ar e os bateu em suas pernas.
— Você pode começar se desculpando por nascer. Mas aí você não deveria pedir desculpa apenas a mim, deveria pedir desculpa para o mundo inteiro. – saiu de perto dele, porém De Luca não se deu por vencido e correu para alcançá-la.
— Olha, eu não sei o que eu fiz, mas te peço desculpas de coração. – com sua destra segurou o braço de Sabrina enquanto colocou sua outra mão em seu coração. — Não precisa me desculpar agora, só me escuta um minuto.
— Ah, não vem que não tem. Eu não tô de bom humor. – tentou se afastar do menino, porém Cameron não permitiu.
— Você sempre está de mau humor, Sabrina. – revirou os olhos. — Eu queria te dizer que o Coppola's está fazendo uma semana de show de talentos, qualquer um pode colocar o nome na lista e se apresentar lá. Eu lembrei da conversa que tivemos sobre eu cantar e... Acho que você está certa. Acho que tá na hora de fazer as coisas pensando em mim e não no meu pai.
— Ah! – a menor arregalou levemente os olhos e cruzou os braços. — Eu... Fico feliz por isso. Bom era só isso? Eu preciso ir.
— Não, tem mais. – segurou no pulso de Osuna. — Eu queria te convidar pra me ver cantar... – naquela hora o loiro ruborizou. — Eu só fiz isso por você e seria legal se você estivesse lá.
Sabrina desviou o olhar e mordeu o lado interno de sua bochecha esquerda. Não que ela não quisesse vê-lo, ela queria, mas ainda não tinha esquecido da cena de Cameron com outra. Ela sabia que eles não tinham nada, — nem teriam — só que, no fundo, Osuna queria que eles tivessem. Era horrível admitir aquilo, ela sabia, porém era verdade. Sabrina não sabia quando começou a gostar daquele loiro padrão, ela só... Gostava.
— Eu não garanto que estarei lá, mas vou ver o que faço. – olhou para o seu pulso que o garoto ainda segurava e, ao perceber, Cameron riu sem graça e a soltou. — Agora licença, eu preciso ir. – saiu do local sem olhar para De Luca, deixando o menino sem jeito.
Do outro lado do colégio, Mia terminava de arrumar as coisas que levaria para o seu fim de semana com Leonardo quando Dylan entrou no quarto.
— Mia? Podemos conversar? – fechou a porta atrás de si e recebeu a atenção da loira que, ao ver quem era, quase derrubou o perfume que segurava.
— O que você faz aqui? Sabe que é proibido meninos no quarto feminino. – limpou a garganta e voltou a arrumar sua necessaire de higiene.
— Eu só preciso falar com você um minuto. Juro que não vou tomar muito do seu tempo. – colocou as mãos no bolso de sua calça e aproximou-se de Mia.
— Se for sobre o que aconteceu na festa, você sabe o que eu penso disso. A Ivy é a minha amiga e...
— Eu não vim falar disso. – ele a interrompeu rapidamente. — Bom, esse final de semana eu vou passar com a minha mãe na ilha de Tropea e ela disse que eu podia chamar um amigo pra não me sentir sozinho. Como você já deve saber, a Ivy vai comigo e eu pensei que você podia ir junto. Sabe, pra ela não se sentir sozinha... – a loira riu sem humor.
— Você sabe que ela não vai se sentir sozinha Dylan. – guardou sua necessaire em sua mochila. — Tudo o que a Ivy mais queria nesse mundo era passar um tempo inteiro com você.
— Eu sei. Na verdade ela se auto convidou e eu fiquei sem jeito de dizer que não. – Dylan passou a mão em sua nuca. — Essa viagem é para conhecer o namorado da minha mãe, eu não vou conseguir dar atenção a Ivy...
— Bom... De qualquer forma eu não posso ir. – Mia desviou o olhar. — Eu vou passar esse final de semana com a família do Leo e não faria sentido você me chamar também, não somos amigos. – terminou de arrumar suas coisas e fechou sua mochila.
— É... Não somos amigos. – Dylan repetiu mais para si mesmo do que para Mia. — Afinal, você me odeia e eu te odeio. E isso nunca vai mudar. – sorriu sem mostrar os dentes e Moretti o encarou.
Não, ela não o odiava. Muito menos ele. Por mais que quisessem, eles não conseguiam se odiar e, após o beijo, aquilo tornou tudo mais difícil ainda. Mia não queria gostar de Dylan, Dylan não queria gostar de Mia, porém o destino queria daquele jeito e eles não podiam fazer nada contra aquilo.
— Mia? Já está pronta? – Leo entrou no quarto quebrando aquele silêncio e Dylan afastou-se de Moretti.
— Já sim. – a loira olhou para Lombardi, mas logo levou seu olhar para o mais novo que estava parado na porta.
— Então vamos. Meus pais já chegaram. – o garoto olhou para Dylan e travou sua mandíbula.
Assim que Mia pediu desculpas a Leo e ele a perdoou, ele percebeu a forma que ela olhava para Dylan de longe. Quando a questionava sobre sua relação com ele, Mia apenas ria e dizia que o odiava; que apenas o suportava por causa de Ivy. Leonardo nunca se convenceu muito de sua resposta, ele sabia que aquele olhar não era de ódio, porém eles não tinham nada, estavam apenas se conhecendo, então ele não podia falar muita coisa — ele só sabia que não ia com a cara de Dylan e só esperava o momento certo para o confrontar.
Sem dizer nada, Mia pegou sua mochila em cima da sua cama e foi até Leo que ainda estava na porta. Ela olhou para Dylan e pensou em dizer algo, porém nada saiu. A loira apenas olhou para Bianchi, sorriu sem mostrar os dentes e saiu na frente. O garoto olhou para Lombardi que estava de cabeça baixa e nada disse também, apenas fechou a porta e foi atrás de Mia que nem o esperou.
O caminho até a casa de Lucca não foi uma das melhores para ele, porém era um alívio estar longe de Ash. Ele passou o caminho inteiro imerso em seus pensamentos enquanto escutava música — ele só soube que havia chegado quando seu chofer abriu a porta do carro para que ele saísse.
Dessa vez, ao entrar em casa, ele não pediu que preparassem comida para ele, muito menos ligou o som. Ele estava sem ânimo algum pra nada, tanto que nem percebeu que sua mãe estava na sala de jantar sentada sozinha na mesa.
— Lucca? – ela o chamou sem olhar para ele e o garoto assustou-se ao escutar sua voz.
— Mãe? Que susto. – riu fraco enquanto retirava seus fones. — Achei que a senhora não estivesse em casa. – aproximou-se de Jean e colocou suas coisas na cadeira ao lado da mais velha. — Como você está? Cadê o pai? – colocou sua destra no ombro de sua mãe e tentou dar um beijo em sua bochecha, porém ela esquivou-se.
— O seu pai saiu. – permaneceu séria olhando para a parede a sua frente. — Por que você não me contou que o seu pai trouxe uma qualquer pra essa casa? – ao escutar aquela pergunta, Giordano sentiu seu coração parar de bater e sua espinha gelou.
— Que? Do que a senhora está falando? – tentou manter a voz firme enquanto dava um passo para trás.
— Não minta para mim Lucca... Eu já sei de tudo. – olhou com desdém para o seu filho e levantou-se. — O seu pai me traiu, você sabia e não me disse nada! Por que você não me contou? Você quase arruinou essa família! – elevou o tom de voz enquanto Lucca tentava processar o que estava acontecendo.
— Como é? – franziu o cenho ao perceber o que sua mãe havia dito.
— Olha só, meu filho, não é de hoje que seu pai faz esse tipo de coisa e eu sempre tenho que resolver tudo... Se eu não resolver, sofremos chantagens dessas meninas que o seu pai pega em qualquer festa e eu não tenho cabeça pra isso. – começou a andar de um lado para outro.
— Eu não estou entendendo... Achei que ela já tinha contado para as amigas do trabalho dela. A Ash me contou.
— A Ash te contou? Será que nessa família só temos homens burros? – seu rosto ficou vermelho e sua veia do pescoço saltou. — Essa menina te enganou. Ela inventou uma história que provavelmente o seu pai faria e você caiu como um tolinho. Essa menina nem é famosa, imagine trabalhar com o pai da Ashley.
— Eu ainda não estou entendendo, mãe. O pai disse que eu não podia contar porque senão você ficaria chateada, sua carreira acabaria... Eu não contei pensando em você! – Lucca ficou com os olhos marejados e Jean riu sem humor.
— Não é a primeira vez que seu pai me trai. O estúpido sempre fica com garotas que querem ser modelos famosas e tem a cara de pau de me omitir isso. – a mais velha voltou para a mesa e pegou seu copo de uísque. — Elas sempre nos ameaçam, dizendo que vão contar tudo a imprensa e o preço do silêncio delas é sempre o mesmo. Eu tenho apenas que descobrir o caso antes delas virem até mim para que o preço não custe mais caro. O rosto numa capa de revista famosa e elas levam o segredo até o túmulo, mas por sua culpa a menina espanhola não aceita apenas isso. – olhou com fúria para o seu filho.
— Eu não sabia disso... – Lucca abaixou a cabeça.
— Claro que não sabia. Lucca, você acha que eu amo o seu pai? É óbvio que não. – negou com a cabeça. — A única coisa boa que ele me deu em anos foi você e mesmo assim ainda é difícil porque você se parece bastante com o maldito. – aproximou-se de Giordano e fez carinho em seu rosto. — As aparências são tudo meu querido. Assim como faz bem para mim ser casada com ele, é bom para ele ser casado comigo. Sempre te ensinamos isso, Lucca, o que importa se o seu casamento é uma merda ou se há infidelidade? O importante é estarmos no topo e todos acharem que somos felizes, isso faz bem para nós.
Lucca negou com a cabeça. Ele não concordava com o que sua mãe falava; não era para ser assim, não era para a família dele ser assim. O garoto cresceu achando que sua família era perfeita, tendo o relacionamento dos seus pais como uma meta a ser seguida, para, agora aos dezessete anos, ele descobrir que toda a sua vida foi uma completa mentira.
— Eu... Não sei se consigo viver assim. – Giordano abaixou a cabeça.
— Você consegue sim, pare de bobeira. Você é um Giordano, foi criado para ser como nós. – Jean obrigou Lucca a olhar para ela novamente. — O que seu pai te deu para comprar o seu silêncio? – o garoto olhou para a mesa e viu a chave de sua Lamborghini, Ele logo travou a mandíbula e Jean olhou para a mesma direção que ele.
— Ah. – riu fraco. — O seu silêncio custa um carro? Eu esperava mais de você filho.
— Eu não fiquei calado por causa do carro mãe, eu fiquei calado porque ele disse que você não ficaria feliz em saber da traição. Eu fiz isso porque me importo com você e não queria que se magoasse.
— Lucca, pare de dizer besteiras... – a mulher negou com a cabeça e foi até a mesa novamente. — Você é como o seu pai e isso nunca mudará. A mesma coisa que ele faz, você também faz... – colocou o copo que segurava em cima da mesa e pegou a chave do carro de Giordano. — Arrume suas malas. Você vai ficar uns dias na casa de praia em Sardenha até eu resolver as coisas com a modelo de quinta. Se quiser pode chamar seus amigos e aproveite para pensar como vai se livrar da Ashley.
— Mãe eu não quero ir pra Sardenha, eu quero ficar com você... – Lucca sentiu novamente seus olhos marejarem.
— Pensasse nisso antes de me esconder a traição. Aprenda Lucca, nós não somos chantageados por ninguém, nós pagamos o silêncio das pessoas. Como você acha que seria nossa vida se soubessem nossos podres? A vida não é um conto de fadas nem para os ricos, Lucca. – o garoto correu em sua direção para abraçá-la, porém Jean a empurrou. — Por favor, faça o que eu mandei. Eu não quero falar com você agora, meu filho, você é igual ao seu pai e isso eu não consigo suportar. – fez um leve carinho em seu rosto e saiu da sala.
Lucca ficou estático ali mesmo. Naquele momento, o fio de esperança que ele havia sobre a sua família, que aquilo era apenas uma fase ruim, foi desfeito. Logo ele que tinha sua família como exemplo havia acabado de se decepcionar. Ele não queria mais ser igual ao seu pai, não queria uma família como a dele e, se antes ele se orgulhava por ser um Giordano, agora ele se arrependia amargamente.
A casa de campo em Trento da família de Leo realmente era bem agradável, porém não era um lugar que Mia gostaria de estar. Desde que chegou lá foi bem recebida e, agora que estava na casa dos Bianchi, ela pôde os conhecer melhor. A irmã mais nova dele, Amélie, era um doce de pessoa. Toda vez ela dizia que Mia era linda e que queria ser igual a ela quando crescesse; Poliana, a irmã mais velha de Leo, disse que era um prazer conhecer uma "pretendente" de seu irmão pela primeira vez; já Sandra e Ettore, os genitores da família Bianchi, já criavam planos para um novo desfile de sua marca onde Mia e Leo seriam os protagonistas.
Já eram quase sete da noite e Mia havia acabado de ir para a área da piscina. Por estar frio, a loira estava usando um roupão por cima da sua blusa de gola alta preta e sua calça branca. Ela sentou-se na mesa que havia ao lado da churrasqueira e ficou olhando a água da piscina que se movimentava por conta do vento.
— O que faz aqui sozinha? – Moretti foi tirada de seus devaneios por Leo que sentou-se ao seu lado com duas xícaras de chocolate quente.
— Hã... Eu só vim tomar um pouco de ar fresco. – sorriu sem graça.
— Tem certeza? – o mais novo arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto colocava as xícaras na mesa.
— Na verdade eu estou pensando. – suspirou pesado. — Você já sentiu como se tivesse as melhores intenções, mas só cometesse um erro após o outro?
— Depende do que você está dizendo. – ele riu fraco e olhou em direção a piscina.
— Eu não sei. Ultimamente faço as coisas para não magoar ninguém a minha volta, mas... Parece que ainda magoo e, o pior de tudo, me magoo também. Eu não sei se o que estou fazendo é certo. – começou a brincar com os anéis que usava.
— Então pense em si própria. – Leo deu de ombros. — Às vezes pensar em si mesmo não é egoísmo, Mia. Desde que entrei no Elite ouço falar de você. A menina mais bonita e popular do internato, que só pensa nela mesma mas que todos babam ovo. Só que... Você não é assim. Se todos tivessem a oportunidade de conhecer a Mia que eu conheço, todos saberiam que você é a pessoa mais simpática e empática que conheço. – Moretti olhou para Bianchi e ele sorriu.
Mia olhou para suas mãos e as fechou. Será mesmo que ela deveria fazer o que queria e pensar mais nela? Desde que Dylan surgiu em sua vida ela tem se privado de tudo que mais teve vontade de fazer apenas para que Ivy não se magoasse. Foi o mesmo com Lucca e Cameron também. Antes de ser amiga deles, realmente ela teve vontade de ficar com eles, — antes de saber também como eles eram em relação a garotas — porém Ash vivia dizendo que queria ficar com um deles e Mia também se privou da sua vontade.
Moretti estava cansada de todos dizerem que ela só pensava nela, ela nunca pensou nela. Tudo o que ela sempre fazia era pensando nos outros, pensando na aprovação dos outros; ela nunca fez algo que realmente queria fazer.
— Leo... Por que você me convidou para a reunião? Por que me perdoou e continuou falando comigo? – Mia olhou novamente para o mais novo e ele riu.
— Porque sim Mia. Eu já te disse que você é uma pessoa incrível, o que mais você quer ouvir? – deu um gole em seu chocolate quente.
— A verdade. Eu quero ouvir a verdade. – naquela hora o corpo de Leonardo travou e ele não olhou para a menina.
— Eu... Sempre gostei de você. Sempre percebi que você era o tipo de garota difícil e eu gosto de desafios. – riu fraco. — Você é popular, bonita, o tipo de garota dos sonhos. Eu... Gosto de tudo em você.
— Sim, mas esse é o problema. Você gosta de mim e não é pelo que sou. Você gosta da ideia de me ter com você, já que ninguém nunca teve isso. Gosta do status que eu te dou e não liga se sou uma pessoa legal ou não. Leo, eu fui uma idiota com você na festa e mesmo assim você me perdoou, você sabia que eu não queria estar com você e, mesmo assim, aceitou porque gosta que as pessoas vejam que você está comigo. – Mia levantou-se. — Você gosta de mim, não ama e eu tô cansada disso. Eu quero alguém que me ame Leo, que me ame pelo que sou e não pelo que eu posso dar.
— Onde você vai? – o garoto levantou-se ao ver que ela entraria.
— Você disse que pensar em mim mesma as vezes não é egoísmo. Acho que tá na hora de seguir esse conselho. – seu coração batia acelerado quando ela entrou em casa e foi para o quarto de hóspedes.
Mia não sabia ao certo o que faria, mas estava certa do que faria. Poderia dar certo, poderia não dar. Mas Moretti queria tentar, estava cansada de se arrepender por não fazer mais nada a respeito do que sentia, ela queria tentar ser feliz ao menos uma vez na vida.
aaa gente, finalmente eu trouxe cap novo.
eu juro que queria ter postado antes, mas é que, na semana que eu postei o último cap foi o meu aniversário e eu não tive tempo pra escrever. dps eu viajei e na semana que voltei de viagem passei uns dias na casa da minha tiakkkk então só pude terminar tudo agora.
mas enfim, espero que ter recompensado a demora com esse cap e quero agradecer imensamente as 6k de leituras, eu sempre fico feliz com as metas alcançadas e isso me deixa extremamente feliz. obg por estarem acompanhando a fic e até o próximo cap (que eu juro não demorar a postar rs)
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