Capítulo vinte e três
— Esse foi o melhor final de semana da minha vida! A mãe do Dylan é um amor de pessoa e eu mal posso esperar pra conhecer o pai dele. – Ivy continuava a falar bastante eufórica.
— Que bom pra você. O Lucca não recebe minhas mensagens de jeito algum, ele simplesmente sumiu. E íamos sair juntos esse final de semana. Ele vai me pagar por isso. – Ash cruzou os braços bastante irritada.
— E você Mia? Como foi com o Leo? – Ivy segurou no braço da loira que, até então, estava avoada na conversa.
— Hã... Foi legal. Eu ainda não tinha conhecido a irmã mais velha dele e ela é muito legal. – sorriu forçado enquanto desci as escadas.
A verdade é que, depois de ter conversado com Leo na piscina, Mia foi direto para o quarto e mandou mensagem para o seu pai. Disse que estava passando mal e deu a mesma desculpa para os pais de Leo. O garoto sabia que era mentira, mas tinha esperanças de que — assim como depois da festa — ela pediria desculpas novamente e tudo voltaria ao normal.
No meio do caminho, Mia decidiu mandar de vez uma mensagem para Dylan; ela não sabia se era o certo, mas não queria mais se martirizar com seus pensamentos e, com o pior de todos, "e se?". Na conversa, os dois decidiram dar uma pequena trégua em suas brigas e decidiram que precisavam conversar sobre tudo. Só não decidiram quando.
— E o Leo? Queremos saber se você ficou logo com ele. – Ash colocou o peso das mãos nos ombros de Mia que terminava de descer as escadas.
— Não Ash, eu não fiquei. – a loira retirou as mãos da sua amiga de seus ombros. — Ele é mais novo que eu e estamos nos conhecendo ainda.
— Ai Mia... – Ivy revirou os olhos. — Se o meu sapato não fosse tão caro, eu jogava na sua cara. Olha só, o Leo é um cara legal e um ano de diferença não significa nada. E outra, vocês podem se conhecer enquanto se beijam sem problema algum. – deu de ombros.
— É? Então por que você ainda não beijou o Dylan? Ele percebeu que você não é a menina dos sonhos dele? – Ash riu e Mia e Ivy pararam de andar.
— Ashley... – Ivy fechou os punhos.
— O que foi? Você não pode fazer nada além de aceitar. – Farine deu de ombros. — O Dylan não quer você e todo mundo sabe disso, menos você. – Ivy não disse nada, apenas fechou a cara e foi para a sala de aula sem esperar suas amigas. Ash riu e olhou para Mia que meneava com a cabeça.
— Ai amiga, agora você vacilou. – foi a única coisa que Mia disse antes de ir atrás de Ivy, deixando Ashley para trás que sequer ligava para os dramas da sua amiga.
Já em frente a porta da sala de aula, Cameron conversava com Noah, Basile e Diego quando Sabrina veio na mesma direção, reclamando por estar de saia pela primeira vez desde que entrou no internato. Ao ver que Osuna se aproximava, os meninos riram e Cameron se colocou no meio do corredor para atrapalhar o caminho da garota, que o encarou de cima em baixo.
— Qual é o problema? – colocou as mãos na cintura.
— Noah, algum problema com a Sabrina? – o loiro olhou para o seu amigo que estava ao seu lado.
— Não. – riu.
— Basile e Diego? – olhou para os outros dois que estavam escorados na parede.
— Não. – Diego deu de ombros.
— Nenhum. – Basile olhou para Sabrina que continuava de cara fechada.
— Viu? Tudo tranquilo. – Cameron voltou a olhar para Sabrina.
— Perfeito, então por que não sai da frente? – a garota cruzou os braços.
— Porque eu não quero. – olhou para Sabrina de cima em baixo e sorriu de canto, fazendo com que ela sorrisse.
— Qual é o problema? Não achou o suficiente o que aconteceu no final de semana e quer que eu beije você de novo? – foi provocativa e De Luca coçou o nariz para disfarçar.
— Você beijou a Sabrina? – Noah franziu o cenho enquanto Basile e Diego ficaram boquiabertos com a novidade.
— Fica quieto, seu idiota. – Sabrina deu um tapa no braço de Noah, mas logo voltou a olhar para Cameron.
— Noah, nada a ver. – o loiro nego rindo e olhou para Osuna. — Eu gosto de mulher e não de capetas, sabe? – seus amigos riram e Sabrina fez o mesmo, só que debochadamente.
— Você bem que gostaria de fazer um pacto se o "capeta" fosse eu, meu amor. – De Luca revirou os olhos. — Mas esquece porque eu sou mulher demais pra você. – encarou fixamente o garoto a sua frente que permanecia com a mesma cara de deboche. — O que? Quer que eu beije você outra vez? – aproximou-se mais do rosto de Cameron que se esforçou para não olhar para a boca da menina.
— Atenção, eu vou fazer a chamada e eu não vou me responsabilizar para quem levar falta. – Marzio chamou a atenção dos alunos que estavam no corredor ao aparecer na porta e logo o sinal tocou. — Vamos, entrando. – Basile e Diego reclamaram, mas logo entraram na sala, onde logo Noah foi atrás.
— Entra logo. – Cameron falou para Noah que ainda o encarava parado na porta.
— Adeus fofinho. – Sabrina mandou beijo para Noah que fingiu pegar o beijo no ar e o jogou fora antes de entrar na sala.
— Vamos. – Marzio chamou pela última vez.
— Precisava ter pegado tão pesado assim? – De Luca abaixou o tom e Sabrina sorriu.
— Deixa de ser chato. Já sabe onde me encontrar mais tarde. – apertou a gravata do garoto antes de entrar na sala e ele desapertou, balançando a cabeça em negação com um sorriso no rosto, entrando logo atrás dela antes que o professor fechasse a porta.
— E então turma? Tá todo mundo curtindo as peças de Shakespeare? – Dante perguntou sentando-se em sua mesa.
— Eu estou amando, professor. – Mia respondeu com um enorme sorriso no rosto.
— É, mas é difícil pra caramba né. – Dylan cruzou os braços. — Porque a linguagem que ele usava é muito complicada. – fez uma careta.
— Eu não entendo porque estamos lendo obras tão antigas. – Nina apoiou seu rosto em sua mão.
— É verdade professor. O mundo já tá muito diferente. – Matteo falou enquanto brincava com o lápis que segurava e Dante riu.
— Será mesmo que é tão diferente assim? – Dante se levantou e aproximou-se da mesa de Mia. — Vocês sabiam que Shakespeare definiu o homem moderno e que muito dos valores, das paixões, do nosso comportamento atual foram sintetizados nas obras dele?
— Mas como isso professor? – Chiara perguntou ao levantar a mão.
— Nosso amigo William entendia como ninguém as paixões humanas, não é? – os alunos riram com a sua resposta.
— Ah, vai me dizer então que o cara era romântico? – Cameron aproximou seu corpo mais da mesa.
— Não, eu tô falando de todo tipo de paixão. Na ambição de Ricardo III, na transformação de Henrique V, nas dúvidas existenciais de Hamlet... Mas sim, ele falava também como ninguém de amor e das confusões que esse amor causa. – olhou fixamente para o loiro que prestava bastante atenção na aula.
— Por isso que nas comédias dele tem tanta gente com papéis trocados? – Jin levantou a mão.
— Exatamente! – Dante apontou para o garoto. — Porque, curiosamente, é justamente na troca de papéis, quando saímos do conforto de quem somos e viramos o outro, é que entendemos esse outro e o valor do que é diferente.
— Eu não entendi professor. – Martina fez uma careta confusa. — O que isso tem a ver com o amor?
— Eu já falei da Viola de Noite de Reis. Isso também acontece em Sonho de uma Noite de Verão e também em A Comédia dos Erros, enfim...
— Só que o diferente é ruim. – Ash pareceu desinteressada do assunto. — É tipo juntar pobre com rico. Não funciona. – deu de ombros e Dante desviou o olhar.
— Ela tem razão, professor. Gente com cérebro e gente sem não funciona mesmo. – Sabrina disse e todos riram.
— Ou gente verdadeira com gente falsa. – Ivy olhou em direção a Ashley e logo todos começaram a falar ao mesmo tempo, fazendo com o que o professor risse da situação.
— Pessoal, pessoal, calma aí! – Dante teve que elevar a voz para que todos se calassem. — Uma pergunta: quem acha que quando é diferente demais não funciona? – a grande maioria levantou a mão. — Certo. E alguém aqui sabe qual é a raça de cachorros mais resistente?
Novamente todos começaram a discutir ao mesmo tempo e a sala se tornou um caos. O homem riu novamente enquanto via os alunos apontarem um para os outros, dizendo que não concordavam com a opinião de cada um.
— Não! Vocês estão errados! – Approbato elevou o tom de voz e levantou as mãos para receber novamente a atenção dos alunos. — Tá todo mundo errado! A raça que é mais resistente é... O vira-lata. – naquela hora todos riram.
— Ah tá bom. Valeu, valeu. – Diego disse em meio às risadas.
— Mas como assim o vira-lata? – Dylan teve que perguntar alto por conta das risadas.
— Porque um vira-lata, justamente por já ser uma mistura de raças, ele pega o melhor de cada um. Quanto maior a mistura, mais forte é o gene.
— Qual foi professor, eu pensei que a aula fosse de Ética e não de Biologia. – Cameron franziu o cenho confuso.
— Tá bom, vamos voltar pra Ética então. – Dante concordou com a cabeça. — Existe um nome específico pra mistura de coisas diferentes. Alguém sabe? – a turma se manteve em silêncio. — Ela se chama criatividade. Ser criativo é pegar duas coisas que, aparentemente, não tem nada a ver e juntá-las para uma coisa nova. Igual com igual, mais do mesmo. – deu de ombros. — E diferente com diferente? Alguém sabe? É novo, é original, criativo...
— Mas ainda não me convenceu. – Noah balançou a cabeça em negação.
— Quem aqui gosta de rock'n roll? – o homem se animou e algumas pessoas levantaram a mão. — Alguém sabe como o rock surgiu?
— Eu sei! – Jin exclamou animado. — Ela tem influência dos estilos musicais norte-americanos, como o country, blues, R&B e até mesmo o gospel.
— Exato! – Dante exclamou animado. — Uma mistura de coisas diferentes, que gerou algo novo.
— Tá, mas... O que isso tem a ver com o amor? – Mia perguntou.
— Pega duas pessoas iguais, que pensam do mesmo jeito, que gostam das mesmas coisas. – olhou para a turma toda. — Pode parecer confortável e legal no começo, mas depois... Começa a enjoar. – fez uma careta. — Você não cresce, não se desenvolve... É sempre mais do mesmo. Agora, pega duas pessoas apaixonadas que não tem nada a ver, nada, absolutamente, nada a ver uma com a outra. E aí?
— Tipo... O menino popular e a garota tímida? – Ivy levantou a mão.
— Isso. – riu. — Pega esse exemplo genérico e pensa o que pode surgir daí.
— Muito drama e confusão. – Cameron riu e todos riram também.
— Também, mas pode sair muito mais. Pode surgir algo novo. – todos ficaram sérios novamente para prestar atenção no professor. — Troca de valores, crescimento, aprendizado e...
— Muito drama e confusão. – dessa foi vez foi Dylan que falou, fazendo com que a turma risse novamente. — Óbvio.
— Sim, sim, mas não é muito mais interessante assim do que viver na mesmice? – olhou para os alunos que permaneciam calados. Antes que ele pudesse dizer algo a mais, o sinal para o intervalo tocou, porém todos permaneceram sentados. — Podem ir. Não vou tomar o tempo do intervalo de vocês. – sorriu.
— Não vai ter dever? Você não vai terminar o assunto de hoje? – Martina parecia curiosa e Dante riu.
— Acabamos a aula de hoje Martina e eu prefiro que tomem as suas próprias conclusões da pergunta feita. É para isso que a aula de Ética serve. – pegou seu caderno em cima da mesa e deu uma piscadela, antes de sair da sala, onde logo todos começaram a fazer o mesmo.
— Cameron, você tem alguma notícia do Lucca? Ele não responde minhas mensagens desde sexta-feira. – Ash ficou na frente do corredor, impedindo que o loiro pudesse ir até a porta.
— Não. Eu também não falo com ele desde sexta. – revirou os olhos. — Olha Ash, relaxa, tá legal? Ele deve ter viajado com o pai dele. Vocês não tem nada, então para com isso.
— O Lucca não é você, Cameron. Temos algo sim, todos sabem disso. – cruzou os braços e o encarou de cima em baixo. — Ai como os homens são burros. Cam, alguma vez algum garoto teve que decidir algo? Eu decido e pronto, tá bom?
— Então você acabou de criar o relacionamento solo. Parabéns, Ashley. – sorriu com cinismo e esbarrou na loira para que ela o desse passagem.
— Você é um idiota, sabia? Um idiota! – bateu o pé.
— Ai, pode opinar no que quiser. Eu não tô nem aí! – deu dedo do meio antes de sair da sala, fazendo com que a garota bufasse.
— Qual você prefere Mia? Essa ou essa? – Ivy começou a andar na frente de Mia para que ela decidisse qual foto postar no Instagram.
— Acho que a segunda. – Mia escolheu a foto de corpo todo onde Ivy estava de frente para o sol, segurando uma garrafa de cerveja, que foi tirada no iate do namorado de Bianca.
— Tem certeza? Eu estou de biquíni e...
— E o que tem Ivy? O seu corpo é bonito, se você quer mostrá-lo, faça. – Moretti deu de ombros e sentou-se na mesa para comer seu sanduíche natural.
— O que deu em você? – Ivy riu fraco ao sentar-se de frente para ela. — Você nunca disse isso. Sempre disse que tem que pensar bem antes de postar uma foto porque as pessoas podem falar dela e agora você tá dizendo que se eu gostei devo postar?
— Ivy, eu tô cansada de pensar assim. Se você gosta de algo, você deve fazer sem pensar no que os outros vão pensar. Você é linda e não precisa da aprovação de ninguém. – deu um gole em seu suco.
— É... Mia? – as duas meninas olharam para o lado assim que Leo se aproximou. — Podemos conversar a sós por um minuto? – a loira assentiu com a cabeça e limpou sua boca com o guardanapo, logo se levantando.
Leo foi até um lado afastado de onde estavam e Mia parou a sua frente, esperando que ele começasse a falar. Diferente do que ele havia esperado, Moretti não o mandou mensagem se desculpando pela conversa que tiveram em Trento, por isso, ele decidiu conversar com ela; ele não queria que aquilo acabasse daquele jeito, Leonardo ainda queria ser o par de Mia no Elite, o primeiro par.
— Você tá bem? Não conversamos desde quando você foi embora... – colocou as mãos dentro do bolso de sua calça.
— Tô sim. Eu só precisava ficar um pouco sozinha pra pensar em tudo. – sorriu sem mostrar os dentes e cruzou os braços.
— E aí?
— Tem muita coisa na minha cabeça agora. Só estou tentando descobrir a coisa certa a fazer. – olhou em direção a Ivy que mexia em seu celular e suspirou.
— Mas isso não é motivo pra nos afastarmos, não é? – passou a mão no braço da mais velha. — Podemos continuar nos conhecendo, não precisamos nos afastar. – Mia riu sem humor.
— Mesmo com a nossa conversa você continua tentando insistir em algo apenas por status, Leo. Eu achei que você fosse diferente. – negou com a cabeça.
— Mia...
— Tá tudo bem. Porque as mentiras são ditas para tornar a vida mais fácil, para evitar ferir, sofrimentos... E não se machucar. – travou a mandíbula. — Eu fico com você, se é o que você tanto quer. Eu já estou acostumada a mentir.
— É sério isso mesmo? – Bianchi ficou surpreso com a resposta da garota.
— Eu só preciso saber a minha decisão decisiva, mas saiba que, quando isso acontecer, Leo e Mia nunca mais existirão. Se é que um dia existiu. – foi a última coisa que Mia disse antes de voltar até Ivy.
Naquele mesmo tempo, Sabrina acabava de chegar na área da piscina fechada, com bastante cuidado para não ser vista pelos outros alunos. Assim que fechou a porta do local, foi levantada por trás e um grito escapou de sua boca. Ao ser colocada novamente no chão, olhou rapidamente para trás e seu corpo relaxou ao ver que era Cameron.
— Seu idiota! Que susto você me deu. – deu um tapa no braço do loiro que riu.
— Senti falta dessa sua boca, sabia? – puxou Sabrina para mais perto de si e ela revirou os olhos rindo, antes que ele tomasse seus lábios em um beijo. — Por que pegou tão pesado hoje mais cedo? – deu um selinho na menor.
— Por que ninguém pode saber que nós nos resolvemos. Sabrina e Cameron ainda se odeiam, até sabermos se isso dará certo ou não. – foi até uma cadeira de sol que havia ao lado da piscina e sentou-se.
— Falando que nos beijamos no final de semana? Uau Sabrina, como você é esperta. – De Luca sentou-se na cadeira ao lado.
— Eles não vão acreditar nisso, confia em mim. Você sabe que os seus amigos não tem muitos neurônios. – ficou em posição de índio e ajeitou sua saia.
— Por que está de saia? Por acaso quer ficar mais bonita pra mim? – deu um leve toque no joelho de Osuna e ela revirou os olhos.
— Quando você fica assim eu não te suporto, sabia? – franziu o cenho e Cameron riu.
— É? Que bom, porque eu também não te suporto. – ficou na ponta da cadeira para se aproximar de Sabrina e ela não se conteve. Acabou rindo e o loiro a puxou para um beijo.
— Sabe o que é estranho? – ela perguntou ainda com o rosto próximo ao dele. — Antes eu não suportava estar no mesmo ambiente que você, mas agora eu gosto de estar com você. Não sei porquê. Eu só gosto. – olhou fixamente os olhos azuis de Cameron.
— Eu sei porque. – intercalou sua visão de sua boca para seus olhos enquanto fazia carinho no rosto da garota de cabelo colorido. — Coisas fáceis não valem a pena. – Sabrina sorriu e novamente o beijou.
Cameron nunca imaginou que um dia beijaria Sabrina, — muito menos que um dia ansiaria pelo momento em que faria isso novamente — mas ali estava ele. Totalmente rendido pela garota que ele mais odiava no mundo inteiro. Sua mente agora estava fora do controle e somente Sabrina a ocupava. Ele contou os minutos para o intervalo somente para vê-la e a ter só para ele, mesmo por poucos minutos; De Luca sonhava acordado com aquela garota e, aos poucos, o loiro não se importava mais de estar nas mãos de Sabrina, muito pelo contrário, ele estava até gostando daquilo. Cameron estava começando a ficar perdidamente apaixonado por Sabrina.
— Bom... Eu gostaria muito de ficar mais um pouco, mas preciso ir. A Chiara e a Nina devem estar me procurando. – Sabrina levantou-se segurando as mãos de Cameron para que ele se levantasse também.
— Eu queria que você ficasse mais. – fez bico enquanto balançava suas mãos e Osuna riu.
— Agora só amanhã. Mas sonhe comigo, viu? Eu ficarei lisonjeada em aparecer nos sonhos de Cameron De Luca. – brincou apertando as bochechas do loiro para lhe dar um selinho.
— Você só tem que tomar cuidado. – Cameron soltou suas mãos. — Vai se apaixonar por mim. – sorriu e a menor riu.
— Não vou me apaixonar por você. – negou com a cabeça, antes de ir embora do local.
O último tempo de aula já havia dado início e, por ser Educação Física, não havia um aluno parado. Enquanto os meninos jogavam futebol, Mia com seu grupo de dança faziam alongamentos e uma minoria das meninas jogavam vôlei logo mais a frente.
— Chiara, você não está preocupada do Lucca não ter aparecido hoje na escola? – Martina perguntou ao jogar a bola.
— Não. Nós nunca tivemos nada e não nos falamos mais. Eu não me importo com ele. – rebateu com força a bola para o time adversário e Nina se jogou no chão numa tentativa de pegá-la.
— Eu sei. É que, mesmo ele não sendo o meu amigo, eu ainda acho estranho ele ficar com a Ash, sumir das redes sociais por três dias e ainda por cima faltar aula. O Lucca não é de fazer isso. – a morena pegou a bola do chão.
— Tina, estamos falando do Lucca. – Nina colocou as mãos na cintura e suspirou cansada. — Ele deve estar viajando com o pai dele.
— Sim, ele pode. Mas não acha que, se fosse esse o caso, ele postaria mil stories com os amigos do pai dele?
— Ai gente. Parem de falar do Lucca, pelo amor. – Sabrina chamou a atenção das duas. — Vamos esquecer desse assunto. Esse garoto não merece ser mencionado por nós. – segurou o braço de Chiara e a puxou para fora da rodinha de vôlei, onde logo Martina e Nina foram logo atrás. — Dylan! Vem cá! – chamou seu amigo que estava jogando futebol.
Ao escutar Sabrina o chamando, o garoto parou no meio da quadra para olhar para a menina que balançava suas mãos junto com a mão que segurava de Chiara e ele sorriu. Retirou o colete que usava e chamou Jin para ficar no seu lugar, que logo se animou ao entrar no jogo — desde que aprendera a jogar, Jin ainda não havia tido a oportunidade de jogar com seus colegas de turma e aquela era a primeira vez. Ele estava nervoso, mas também estava ansioso.
— O que foi? – perguntou ao se aproximar das meninas.
— Vamos dançar? Eu preciso fazer uma princesinha aqui ocupar a cabeça com alguma coisa por causa dessas duas feias aqui atrás. – colocou a cabeça de Chiara em seu ombro e fingiu estar de mal com Nina e Martina que riram.
— Eu não sou bom com dança, mas... Eu acho que posso tentar. – Dylan passou a mão na nuca e os dois riram.
Sabrina colocou a música no notebook que estava num banco ao lado da caixa de som e que não estava sendo usada por Mia naquele momento, e escolheu a música Conga da Gloria Estefan para tocar. Suas amigas, Sabrina e Dylan logo se aproximaram dela e a garota estendeu a mão para Dylan que a segurou e, pela música ter uma pegada latina, começaram a dançar salsa. Martina e Nina se animaram para dançar e Matteo logo surgiu entre o grupo que se divertia para dançar com Chiara. E, aos poucos, até o jogo de futebol havia sido interrompido para verem aquela cena, assim como o ensaio de Mia.
— Eu não acredito nisso! – Ivy cruzou os braços e olhou fixamente para Dylan e Sabrina que se divertiam ao dançarem juntos.
— No que amiga? – Mia olhou para a mesma direção que sua amiga, porém, ao contrário de Ivy, ela não via nada demais.
— A dissimulada, idiota da Sabrina! Ela está se esfregando em cima do meu Dylan! – respondeu sem conter a raiva e Mia franziu o cenho ao ver Dylan rir ao girar Sabrina.
— Ah, ela nem é tão idiota, vai. Eu até gosto dela. – Moretti deu de ombros e recebeu um olhar de reprovação da sua amiga. — Digo... – pigarreou. — Eu não vejo nada demais no que eles estão fazendo.
— Como não, Mia? – bateu as mãos em suas pernas, sentindo o ódio a consumir cada vez mais que continuava olhando o garoto que ela gostava dançando com outra. — Essa garota é uma oferecida. Uma puta oferecida.
— Ai amiga, você só fala besteira. – Moretti negou com a cabeça. — Eles são amigos. Você também não pode querer que ele se afaste das amigas dele.
Ivy olhou novamente para Sabrina e Dylan e, bem na hora, viu que os dois dançavam com os rostos próximos uns aos outros e seus olhos se encheram de lágrimas. Sem dizer mais nada, a loira saiu correndo dali e Mia não soube o que fazer; Ivy estava exagerando, ela sabia que Sabrina e Dylan eram melhores amigos. Não tinha o porquê daquele ciúme todo — sem contar também que ela nem tinha nada com Lombardi.
— Vem dançar Mia. – Cameron puxou a loira para dançar e, ela só percebeu o que havia acontecido, quando se viu ao lado de Chiara que tentava ensinar Matteo a dançar.
— Eu... Já danço com você. Só um minuto, Cam. – deixou o loiro dançando sozinho e foi até Sabrina e Dylan. — Parabéns Dylan. – puxou o garoto que estava abraçado a Osuna.
— O que eu fiz? – o garoto perguntou assustado com o ato repentino.
— Magoou a Ivy. Por sua causa, ela saiu da aula chorando. – Sabrina riu ao escutar aquilo e Dylan também.
— Como é? Mia, eu não fiz nada. Eu não estou entendendo. – negou com a cabeça.
— Ela ficou chateada pelo modo que você e a Sabrina estavam dançando. Eu sei que são amigos, mas você precisa resolver isso. Ela é a minha melhor amiga e eu não gosto de vê-la chorando pelos cantos por causa de um garoto, ainda mais quando ele é você. – ao escutar aquilo, o garoto parou de rir e engoliu em seco. Ele sabia que o dia de esclarecer as coisas com Ivy chegaria, mas ele não sabia que seria agora.
— Amiga, você tá bem? – Mia perguntou assim que entrou no quarto. Assim que acabou a aula, ela foi correndo até o dormitório para ver se Ivy estava bem, mas ao encontrá-la debaixo das cobertas, ela soube na hora a resposta.
— Eu pareço estar bem pra você? Sai daqui, Mia, eu quero ficar sozinha. – fungou.
— Ivy... – ela não pôde terminar sua frase, já que Dylan abriu a porta e olhou para ela que, rapidamente, abaixou a cabeça.
— Dylan, não é uma boa hora. Aqui também é o dormitório feminino, você não pode ficar aqui e... – Mia começou a falar, porém o garoto pediu silêncio enquanto sentava-se ao lado de Ivy que já estava sentada em sua cama.
— Dylan? Vai embora. Se o Fred vir você aqui... – a loira foi interrompida por Dylan que colocou uma de suas mãos em seu rosto e a encarou fixamente nos olhos.
— Ivy, numa boa, não tem motivo pra você chorar. – Mia não soube o que fazer ao ver o garoto tão próximo assim de sua amiga, sendo carinhoso com ela.
Agora Moretti entendia o porquê Ivy gostava de Dylan. O modo que ele a tratava, a forma como ele agia... Mia achava Ivy uma garota de sorte por tê-lo ao seu lado.
— Você diz isso porque não é você que é inseguro. – Lombardi riu fraco.
— Todo mundo tem inseguranças, Ivy. Até eu tenho.
— Eu não acredito nisso.
— Olha só, pode parecer bobo, mas antigamente eu tinha muita insegurança com o meu sorriso.
— O seu sorriso? – Ivy riu fraco ao secar suas lágrimas. — Mas ele é tão bonito.
— Sim, hoje eu sei disso, mas antes eu não sabia. Eu tenho insegurança até hoje porque meus dentes do meio são um pouco separados e isso me deixa um pouco desconfortável. – sorriu para mostrar sua pequena falha e a loira sorriu. — O que eu quero dizer é que todos nós temos inseguranças. Mas não podemos deixar que ela nos abalem. Seja qual for ela.
Mia abaixou a cabeça e coçou a nuca. Mesmo que Dylan tivesse levantado o astral de sua melhor amiga, ela ainda se sentia mal por vê-los daquele jeito. Ela queria que fosse ela no lugar de Ivy, mas não era e Mia tinha que entender aquilo.
— Tá legal. Você tem razão. – Ivy riu e Dylan fez o mesmo.
— Tá vendo? Assim você fica muito mais bonita. – passou a mão no cabelo da menina e Mia sorriu de canto ao ver Ivy novamente feliz.
— Senhorita Ashley Farine? – leves batidas na porta foram escutadas. Era Fred.
— Não. Não, não. – Ivy retirou o lençol que a cobria e Dylan levantou-se num pulo.
— É. Agora eu acho que estou fodido. – cobriu a boca com as mãos.
— Se esconde embaixo da minha cama. Rápido. – Mia puxou Dylan pelo braço, escutando novamente a voz de Fred perguntando se podia entrar.
Num rápido deslize pelo chão, Dylan jogou-se debaixo da cama e Mia sentou-se em cima dela rapidamente enquanto Ivy abriu a porta antes que Fred entrasse.
— Por que demoraram tanto? – Fred encarou desconfiado para as duas.
— Desculpa Fred, é que eu acabei de chegar da aula da Lucia. Sabe que eu treino demais com as meninas e depois dessas aulas eu prefiro descansar e me desligo do mundo. – sorriu, torcendo para que o mais velho acreditasse em sua mentira.
— Sério? Porque eu jurava que escutei uma voz masculina. – começou a andar pelo quarto.
— Que? – Ivy riu ao olhar para Mia que também riu. — Ah! Realmente, você escutou mesmo. Mas não era ninguém aqui no quarto. Eu estava vendo um vídeo do Lorenzo Fragola. É que eu amo ele de montão, sabe como é né?
— Vocês adolescentes... – o homem balançou a cabeça negativamente. — Enfim, a Ashley está no quarto? – parou no meio do quarto. — Estão ligando pra ela na recepção.
— Ela ficou lá embaixo quando a aula acabou. Deve estar na área de lazer. – Mia respondeu.
— Meninas, eu não tenho tempo pra ficar caçando a amiga de vocês. Podem mandar uma mensagem pra ela e avisar que estou aqui a esperando? – cruzou os braços e Ivy e Mia se olharam.
— Eu... Vou com você até a área de lazer! – Ivy ajeitou o casaco que usava na cintura. — Assim eu te ajudo a procurar a Ash e vai ser mais fácil.
— Isso! E eu fico aqui caso ela apareça antes de vocês a encontrarem e dou o recado. – Mia levantou-se e Fred a encarou pensativo.
— Tudo bem. Vamos então. – o inspetor se deu por vencido e foi em direção a porta, logo a abriu, esperando que Ivy saísse primeiro para que ele fechasse a porta. — Vocês estão muito estranhas. – Ivy olhou para Moretti, que apenas fez um sinal para que ela fosse logo.
— Que nada Fred, estamos normais. – Mia riu enquanto sua amiga saia do quarto. — Te amamos. – fez um coração com as mãos e Fred apenas negou com a cabeça sorrindo.
Ao sair do quarto, ele fechou a porta atrás de si e Mia foi até ela, conferindo se estava mesmo fechada, dando a deixa para que Dylan saísse debaixo da cama.
— Bom... A Ivy e o Fred já foram. – riu sem graça olhando para Dylan que se levantava.
— É... Obrigado por... – foi interrompido pela loira.
— Não, não fiz por você. Fiz pela... – as palavras pareciam não querer sair da sua boca à medida que Lombardi se aproximava mais e mais dela.
— Tá, pela Ivy. Eu sei. – desviou o olhar para o chão e um silêncio constrangedor se formou entre eles. — Tudo bem, mas... Obrigado do mesmo jeito. – voltou a olhar para Mia e sorriu agradecido.
— Tudo bem. – agora foi a vez da garota desviar o olhar e, sem um aviso prévio, Dylan lhe deu um beijo na bochecha.
— É bom estarmos nessa trégua. – foi a última coisa que Lombardi disse antes de sair do quarto e, ao ter a certeza que Dylan não podia mais a escutar, Mia deu um gritinho contente por ter recebido aquele beijo na bochecha. Realmente, ela esperava que aquela trégua fosse uma boa.
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