Capítulo vinte e sete

Depois da noite frustrada, o grupo de adolescentes resolveu não comentar mais sobre aquela noite e seguiram o dia tranquilamente. Agora estava na hora das aulas extracurriculares e, debaixo da arquibancada da quadra onde os meninos de todo o Ensino Médio jogavam críquete, estava Mia.

— Surpresa! – o corpo de Mia estremeceu ao se assustar com a chegada repentina do garoto.

— Ai que susto, Dylan! – riu ao colocar a mão sobre seu peito. — Não chega assim do nada.

— Desculpa. – o garoto riu. — Eu me atrasei?

— Não. Eu cheguei aqui faz pouco tempo. – Mia sorriu enquanto era abraçada por Dylan. — Sobre a noite de ontem...

— Eu sei, eu sei. Eu pisei na bola. – Dylan olhou para baixo e colocou as mãos na cintura da loira. — Eu devia ter dito algo quando a Ivy disse que "temos uma química". Foi mal, mas eu não queria a constranger na frente de todos... – a encarou novamente e Mia sorriu enquanto negava com a cabeça e colocava suas mãos no rosto do maior.

— Não precisa se desculpar por isso. – Moretti riu o encarando fixamente nos olhos. — Eu entendo que aquela não tenha sido a hora certa. Eu também ainda não falei com o Leo, então acho que estamos quites. – mordeu os lábios ao ver o desapontamento estampado na cara do seu amado.

— Precisamos resolver isso logo. – Dylan engoliu a própria saliva. — Porque eu não quero que se torne rotina nos encontrarmos todos os dias debaixo da arquibancada durante as aulas extras. – fez uma careta e riu junto da loira.

— Eu vou tentar resolver o meu lado hoje, fique tranquilo. Até porque ficar embaixo da arquibancada não favorece a minha beleza. – brincou fazendo com que Lombardi risse antes de tomar seus lábios em um beijo.

Beijar Mia ainda era algo que Dylan não conseguia acreditar. Ele ainda achava que tudo aquilo estava sendo um sonho e que logo ele acordaria dele, e Mia achava o mesmo. Os mínimos momentos a sós com Dylan, as discretas olhadas, tudo para ela ainda não passava de um sonho. Ela não queria que aquele sonho acabasse, queria que tudo ficasse daquele jeito, mas ela sabia que tinha que contar a Ivy e dispensar Leo. Mesmo que soubessem que aquilo era o certo a se fazer, ambos tinham medo do que poderia acontecer quando Ivy soubesse da verdade. Mia não queria magoar a sua melhor amiga e Dylan não queria magoar a garota que estava com ele, de certa forma, desde que entrou naquele internato. Ivy era muito legal para ser magoada por duas pessoas que ela tanto considerava.

— Quando a Ash te fez aquela pergunta... – Dylan encarou Mia fixamente nos olhos após pararem de se beijar. — Por que disse a verdade?

— Porque era verdade ou desafio. – a loira riu sem graça. — E porque eu sei que a Ash fez aquela pergunta de propósito. Ela não sabe da gente, mas deve ter suas dúvidas. – o sorriso de Mia se desfez na hora. — Ela esperava que eu falasse o seu nome, ou do Cameron. Ela esperava que alguém saísse magoado daquela roda.

— Mia...

— Ninguém acha que eu posso ser legal, Dylan. – Mia cruzou os braços e olhou para cima, a fim de evitar que as lágrimas que se formavam em seus olhos caíssem. — Todo mundo sempre espera o pior de mim. Todos esperam que Mia Moretti passe por cima de qualquer coisa para conseguir o que quer, sem se importar com os sentimentos das pessoas. – fungou.

— Mas eu não sou todo mundo. – Lombardi continuava a encarando fixamente. — Eu sempre esperei o melhor de você.

E aquilo era verdade. Claro que, no começo, ele achava que Mia era o pior tipo de pessoa que existia naquele internato, mas pelo jeito que ela agia e era tratada. Entretanto, com o tempo, foi percebendo nos mínimos detalhes que Mia não era um monstro e, ao ter aquele primeiro encontro com ela, percebeu que ele tinha todos os motivos para gostar dela. Mesmo quando ele se negava a ter quaisquer sentimentos pela loira, mesmo quando ele não a conhecia realmente, Dylan esperava que ela não fosse aquilo que aparentava. Esperava que ela não fosse a menina fútil que só ligava para as aparências. E no final ele estava certo.

— Por que você é amiga da Ivy e da Ash? Não me parece que a amizade de vocês é perfeita.

— Nenhuma amizade é perfeita. – Mia riu desviando o olhar. — Mas a segurança e confiança que temos uma pela outra é o que nos mantém unidas. – voltou a olhar para o garoto. — Eu conheço a Ash desde que entrei aqui. Mesmo que o pai dela seja um estilista famoso, ela não tinha amigos e a Ivy, bom... Ela sempre foi uma garota insegura com tudo em relação a ela. Meu pai sempre disse que eu tinha que ser o destaque de tudo, o centro das atenções, então quando as conheci fui bastante seletiva. Mas eu sabia que elas não estariam comigo apenas por eu ser a "Mia Moretti". – sorriu ao se lembrar da primeira vez que falou com Ivy e Ash.

A garota fez questão de contar um pouco da sua relação com as meninas. Ela sabia que os de fora achavam a amizade do trio conturbada, ainda mais ultimamente com tantas brigas. Mas somente Mia sabia que a amizade delas era a mais pura e verdadeira, afinal, ela ajudou Ashley e Ivy em tudo. Ash não tinha amigos no começo e, graças a Moretti, a garota conseguiu se enturmar em vários grupos no internato e agora era considerada uma das meninas mais bonitas de todo o Elite — tanto que a maioria dos garotos, quando não davam em cima de Mia, iam atrás dela. E Ivy recebeu uma grande ajuda de Mia em relação a sua insegurança. Mia deu um banho de loja nas duas garotas, transformou Ivy no que ela era hoje e, — uma cópia sua, ela confessou — mudar o visual de Ivy na época fez muito bem a ela. No tempo, a garota tinha uns quilinhos a mais e, com muito exercício e uma alimentação bastante equilibrada, Ivy conseguiu chegar aos seus 52kg. Óbvio, durante esse processo ela passou por alguns distúrbios alimentares, porém foram superados graças a Mia que a deu bastante apoio. Moretti agora apenas trabalhava na questão de sua melhor amiga ser insegura em relação a garotos, mas aquilo era mais difícil do que ajudar Ivy com seus distúrbios.

— A cada momento com você eu passo a te conhecer mais e não me arrependo de gostar de você. – Dylan tinha um brilho no olhar por fascínio ao escutar a loira contar aquela história. Ele não se arrependia em momento algum de gostar de Mia e estava amando conhecer a Moretti que mais ninguém conhecia. — Eu odeio ser clichê, mas você é perfeita. – sorriu, fazendo com que a loira corasse.

— Eu só faço isso porque eu gosto delas. É o mínimo que posso fazer. – ela o abraçou para mais um beijo. — Você faz o mesmo pelos seus amigos. – manteve os lábios ainda colados aos do moreno e ele riu.

— Você ouviu? – sua voz saiu baixa e ele a encarou fixamente nos olhos, fazendo com que ela se assustasse. Aquele lugar era tão privado, ela não acreditava que alguém estava se aproximando dali.

— O que?

— Meu coração. É exatamente igual à primeira vez que nos vimos. – os ombros de Mia relaxaram ao escutar aquilo e borboletas se fizeram presente em seu estômago.

— Eu não quero que esse momento acabe nunca. – sorriu colocando as mãos no pescoço de Dylan, que colocava suas mãos em sua cintura para puxá-la para mais perto de si.

— Muito menos eu. – seu olhar intercalou de seus olhos para sua boca e novamente ele a beijou. Dylan não queria mais desperdiçar o tempo que eles perderam trocando farpas. E Mia muito menos.

Era quase hora do jantar e Lucca e Chiara estavam na sala de tevê assistindo ao jornal da noite. Depois do jogo, eles resolveram conversar um pouco mais afastados de todos e Chiara pôde ser sincera em tudo que sentia. Por fim, eles resolveram dar mais uma chance e, dessa vez, Lucca não deixaria que assuntos familiares comprometessem o relacionamento deles.

— É sério que você fazia isso em Palermo? – Lucca riu entrelaçando sua mão na de Chiara.

— Sim. Minha mãe ficava louca e sempre ia atrás do meu pai e eu. Mas acabava que ela também passava a noite com a gente na praia e era muito legal. – Chiara sorria ao lembrar dos momentos que passava com a sua família antes da descoberta da leucemia de sua mãe. — Você nunca fez isso com os seus pais? – olhou para cima mesmo com a cabeça apoiada no ombro do moreno.

— Não. – negou com a cabeça e olhou para suas pernas. — Meu pai é ocupado demais com os jogos e minha mãe tem vários desfiles e ensaios. É raro as vezes que saímos como uma família. Eu passo mais tempo com a minha mãe do que com o meu pai e, quando estou com meu pai, estou em alguma festa com os amigos dele. – riu sem humor. Depois que ele descobriu a verdade, ele se tocou que os Giordano estavam longe de ser uma família. Eles nunca foram uma.

— Bom... Se você quiser, podemos falar de outra coisa. O que acha? – Chiara colocou sua mão em cima da coxa do garoto, fazendo com que ele voltasse a si. Lucca a encarou e sorriu.

Ele gostava de saber que Chiara percebia quando ele não queria falar sobre sua família e não insistia em permanecer numa conversa em que ele não se sentia confortável em continuar. Chiara o entendia e ela foi a primeira pessoa que ele realmente se sentiu à vontade para ser totalmente aberto, sem nenhum receio.

— Depois... Que eu descobri toda a verdade da minha família, eu senti como se vivesse uma mentira. – comprimiu os lábios e permaneceu encarando Castello nos olhos. Ele precisava desabafar tudo o que estava sentindo, só assim ele se sentiria melhor. — Eu sempre fui um cara tão escroto... Queria ser igual ao meu pai e tinha fascínio em ver como o relacionamento dele com a minha mãe era perfeito. Eu queria ser como eles e sempre tirei proveito de ser filho de quem sou. Mas a verdade é que eu sou como o meu pai, mas eu não quero. – balançou a cabeça em negação. — Acha que eu consigo mudar?

— Você é Lucca Giordano. – Chiara se ajeitou no sofá para ficar de frente a ele. — Não há nada que você não possa fazer. – sorriu e Lucca fez o mesmo.

— Eu te amo muito, Chiara. – colocou suas mãos no rosto da garota e ela segurou em seus pulsos. — E fui um covarde por não dizer antes. – Chiara sorriu antes de tomar seus lábios em um beijo.

Ela não se arrependia de tentar uma segunda chance com Lucca, muito longe disso. Ambos estavam contentes por ter aquela chance e não queriam vacilar como da primeira vez. Tudo se resolvia à base da conversa e os dois estavam apaixonados. Aquele sentimento passava por cima de qualquer coisa.

— Você fala coisas tão românticas... – o beijo foi interrompido pela voz que eles tanto temiam. — Quem ouve nem pensa que você é um cafajeste. – Ash cruzou os braços os encarando com nojo. — Eu não disse Fred? Que eu saiba, é proibido namorar na escola. Ou eu estou enganada?

— Não Ash, você está certa. – Fred suspirou e cruzou os braços, parecendo desinteressado naquele assunto. — Pessoal...

— De-desculpa Fred. Cometemos um erro, mas não se repetirá. – Chiara rapidamente levantou-se.

— Fred, foi mal. Já tá quase na hora do jantar, não achei que faria mal ficarmos aqui juntos. A culpa foi toda minha. – Lucca também se desculpou e ficou ao lado de Chiara, fazendo com que Ash revirasse os olhos.

— Bom... O Lucca nunca ficou pelos cantos da escola com alguma garota. – não que você saiba, Lucca pensou. — E as aulas já acabaram. Eu não vejo problema de vocês namorarem um pouco antes de irem dormir.

— O que? – a voz de Ash saiu estridente. — Fred, namorar na escola é contra as regras. Eles deveriam ser punidos! – a loira se exaltou.

— Ashley, por favor. – o mais velho franziu o cenho e a encarou. — Se eu proíbo vocês de algo, é óbvio que vocês farão. Eu sei que vocês se beijam nessa escola, mas vocês não estão em horário de aula. Não posso impedir que eles namorem em horário livre. – Lucca e Chiara seguraram a risada.

É claro que eles não contariam que apenas estavam na sala de tevê porque não tinham mais motivos para ficarem escondidos. Porém era melhor que Fred não soubesse das escapadas depois do jantar, ou o fato de que Lucca ficou com a maioria das meninas daquele internato.

— Só não demorem. Daqui a pouco será a hora do jantar. – o inspetor disse antes de ir embora.

— Chateada por não ter conseguido se vingar de nós? – Lucca chamou a atenção de Farine que olhava indignada para a porta.

— Sinceramente? Vocês se merecem. – fez uma careta de nojo antes de sair da sala batendo os pés. Giordano e Castello se encararam e riram com aquilo.

— Será que ela não vai parar de pegar no nosso pé? – a morena de olhos azuis perguntou ainda rindo.

— Acho que depois dessa ela vai parar sim. A Ash não é mais um problema para nós. – virou-se para ela e segurou em suas mãos, as balançando de um lado para o outro. — Fica tranquila. – sorriu antes de beijá-la.

Naquele meio-tempo, Mia acabava de chegar no clube Torino — o clube onde apenas pessoas do alto escalão tinham a oportunidade de serem membros. Ao sair da limusine acompanhada de Leo e Ettore, sua visão foi ofuscada pelos diversos flashes das câmeras dos paparazzis que rodeavam o clube.

"Mia! Mia! Olha para cá!" era o que mais a loira escutava e ela começava a se sentir perdida sem saber para onde deveria olhar. Leo a puxou pelo braço para que eles entrassem logo no local e, ao entrar, ela suspirou aliviada. Moretti já estava acostumada com tudo aquilo, mas era cansativo.

— Mia, esse vestido combinou perfeitamente com você! Fico feliz que esteja estreando minha nova linha. – Ettore se aproximou da garota bastante entusiasmado.

— Eu que agradeço por ter me escolhido, senhor Bianchi. – sorriu agradecida.

— Graças a Mia, hoje mesmo depois do anúncio, a nova linha esgotará na hora. – Leo sorriu animado colocando sua destra na cintura de Moretti que permaneceu com o sorriso forçado no rosto com aquele ato.

Não que ela não estivesse feliz por estrear um novo modelo da marca de roupas de Ettore, ela até estava — o vestido era lindo. Sua parte de cima era um corpete, com mangas bufantes brancas transparentes e uma longa saia, do mesmo tecido que a manga. Já o terno de Leo era um modelo diferenciado, metade preto e metade branco; onde uma parte do blazer era branco, o mesmo lado de sua calça era preta e vice-versa. Ela só não queria estar ali para aumentar o ego de Leo. Ela estava cansada daquele relacionamento falso e precisava pôr um fim nisso.

— Eu vou ali conversar com os meus amigos. Fiquem à vontade e ,Mia, desfile bastante com o vestido. – Ettore deu uma piscadela e Mia riu. Assim que ele se retirou, a garota desfez seu sorriso e cruzou os braços.

— Leo... Precisamos conversar. – olhou para o mais novo que mexia no celular.

— Pode ser outra hora? Meus amigos acabaram de chegar. – perguntou sem dar a mínima atenção para a mais velha.

— Não Leo, na verdade eu...

— Vem, vamos lá falar com eles. – foi completamente ignorada pelo garoto que a puxou pelo braço em direção a uma rodinha de meninos. Mia respirou pesado e revirou os olhos. Pelo jeito acabar com tudo aquilo seria mais difícil do que ela pensava.

Já havia se passado uma hora desde que Mia havia chegado na festa beneficente e ela estava achando um completo saco. Até agora ela não havia tido a oportunidade de conversar com Leonardo, já que ele estava ocupado demais contando histórias fictícias que passou com Mia enquanto ela tinha que apenas concordar e sorrir e, quando não estava fazendo aquilo, posava para alguns fotógrafos do evento e fazia algumas entrevistas contando o quão estava lisonjeada por usar um novo modelo da marca Bless.

— Não é Mia? – Leo cutucou seu braço com o cotovelo, fazendo com que a loira saísse de seus devaneios.

— Hã? O que? – perguntou meio avoada olhando para os cinco garotos que a encaravam.

— Eu estava contando que planejamos passar um final de semana em Santa Mônica depois que as provas acabarem. Só eu e você, não é? – arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Na verdade... – ela se endireitou no banco que estava sentada e segurou a taça de champanhe que estava em cima da bancada do bar. — Nós nunca combinamos de ir para Santa Mônica juntos. – naquela hora os amigos de Bianchi riram e ele a repreendeu com o olhar.

— Claro que combinamos. Você deve ter se esquecido. – riu sem graça, tentando contornar a situação. — Você caladinha fica mais bonita, amor. – riu novamente e Mia o encarou perplexa enquanto seus amigos ainda riam.

Aquilo foi a gota d'água para ela. Moretti não aceitaria Leo falar daquele jeito com ela, não mesmo. Mia não tinha mais medo de agir como queria, ela não tinha mais vergonha e ela não ajudaria mais Leo naquela mentira. "Se comporte" ele sussurrou antes de brindar com seus amigos.

— Não me trate desse jeito. – franziu o cenho recebendo a atenção dos garotos que estavam em pé ao seu lado.

— Como é? – Leo riu confuso.

— Vocês são uns babacas, sabiam? É por isso que nenhuma garota quer vocês, porque vocês adoram tirar vantagens e desfilam por aí com as garotas "do momento" apenas para aumentar o ego de vocês.

— Ei Leo, controla a sua namorada aí. – um dos meninos franziu o cenho.

— É, você disse que ela sempre te obedece. Dá uma segurada nela, ela está passando dos limites. – o outro disse antes de dar um gole em seu champanhe.

— Amor você está passando dos limites... – Mia riu com escárnio.

— Então é isso o que você diz para os seus amigos? Como você é um otário. – revirou os olhos. — Eu tô cansada de você e, já que você não quer conversar comigo, eu vou falar na frente dos seus amiguinhos. – colocou a taça em cima da bancada e subiu em cima do banco. Ele achava que ela estava exagerando? Então Mia daria motivos para ele achar mesmo.

— Mia, para com isso... – Leonardo estava sério e tenso, segurava com força sua taça e, se fizesse mais força, era capaz de quebrá-la.

— O que está acontecendo aqui? – Ettore apareceu entre os amigos de Leo querendo explicações. Mia o encarou e apenas riu, antes de voltar seu olhar para Leonardo.

— Eu não ligo pra você, Leo, nunca gostei de estar perto dos seus amigos e eu odeio a forma que você me bajula apenas para ficar por cima deles. – olhava fixamente para o garoto a sua frente que tinha a veia de suas testa saltada. — Nunca tivemos nada e você sabe disso, eu só não sei porque eu deixei você criar essa historinha toda.

— Mia, desça daí, por favor. Podemos resolver isso particularmente. – Ettore estendeu sua mão para que a garota descesse assim que percebeu que ela estava começando a chamar atenção dos demais a sua volta.

— É. Já chega! Para com isso! – Bianchi exclamou aflito.

— Não, eu não vou parar. Se está incomodado, cubra os ouvidos porque eu já fiquei quieta tempo demais. Você já falou muito e agora é a minha vez de falar.

— Mia, se você fizer isso, esqueça a nossa parceria. Você não pode expor meu filho desse jeito! – Ettore se exaltou. — Se continuar com essa palhaçada, você não é digna de usar esse vestido.

— Você sabe como essa parceria é importante para a sua carreira, não é? – Leonardo arqueou uma de suas sobrancelhas. Ele sabia que Moretti daria para trás e desceria dali; sabia que ela se importava com o que o seu pai diria se soubesse daquele show.

— Eu não dou a mínima. Eu nunca quis ser modelo mesmo. – deu de ombros e subiu em cima da bancada. — Ei pessoal! Poderiam me dar um minuto da atenção de vocês, por favor? – chamou a atenção das pessoas e todos olharam para ela.

— Mia, desce daí. – Leo se desesperou com medo do que ela poderia fazer e deu sua taça para um de seus amigos segurarem para que ele a puxasse dali, porém a loira apenas deu um passo para o lado para que ele a soltasse.

— Primeiro de tudo eu queria agradecer a oportunidade de estar aqui essa noite, mesmo que tenha sido contra a minha vontade. Mas eu preciso ser sincera pela primeira vez na minha vida e eu estou cansada de guardar segredos. – seus olhos percorreram pelo enorme salão repleto de pessoas. — Então, como muitos sabem esse vestido que estou usando é a nova linha de roupas de um estilista que admiro bastante, o Ettore Bianchi. Eu fico muito feliz que ele tenha me chamado para ser modelo do seu novo vestido, mas ele mesmo me disse que se eu contasse a verdade eu não precisaria mais usá-lo. – olhou diretamente para os Bianchi que a encaravam constrangidos. — Então, que se foda. – deu de ombros rindo.

— Pessoal, por favor, me perdoem por isso. A namorada do meu filho bebeu demais e... – Ettore se colocou na frente de Mia e tentou apaziguar a situação.

— E eu prefiro contar a verdade! – a loira o cortou. — A verdade é que eu nunca estive com o Leonardo, era tudo mentira. Ele só se aproximou de mim para ser popular no Elite e eu tinha aceitado. Mas eu cansei e... Já estou apaixonada por outra pessoa. Eu não preciso mais me submeter a esse tipo de coisa.

— Se você não parar agora, esquece a carona para o internato. – o mais velho a ameaçou.

— Eu tentei te ajudar, Mia. Para de querer estragar a reputação da minha família. – Leo ordenou entre dentes.

— Você é um babaca, sabia? – jogou seu champanhe em Leo e todos se chocaram com aquele ato. — Eu não preciso de carona, muito menos desse vestido para ser o que eu quero. – ela rapidamente retirou a parte da saia, ficando apenas com o corpete, fazendo com que todos os fotógrafos tirassem foto daquela cena e as pessoas presentes ficassem surpresas. — E Leo. – se agachou para ficar cara a cara com o mais novo. — Eu não sou uma princesa que precisa ser resgatada e você também não é um príncipe. Eu não preciso de você.

— Você é muito mal agradecida. Depois de tudo que te fiz... – negou com a cabeça.

Eu que fiz tudo por você, você nunca me fez nada. Vai se foder. – empurrou o garoto para trás e saiu de cima da bancada.

— Você é muito mimada! – escutou Leo exclamar irritado enquanto passava entre as pessoas que ainda prestavam atenção na menina, agora seminua. Como resposta, ela apenas mostrou seu dedo do meio e saiu do local, não demorando a entrar na limusine que estava parada em frente ao local já sem paparazzis.

Ao entrar no carro, pediu para ser levada para casa, já que estava tarde demais para voltar ao internato e suspirou aliviada por ter acabado tudo com Leo. Agora ele não ficaria mais no pé dela e ela sentia como se tivesse tirado um peso das costas em acabar de vez com a pose de boa moça que seu pai sempre moldou para ela.

Uma semana havia se passado e, junto com o final dela, vieram as tão esperadas provas. Os alunos do Elites odiavam a semana de provas — sempre era uma atrás da outra e eles nunca tinham tempo para respirar. Aquele era o preço a se pagar para que o internato permanecesse na lista dos melhores.

— Meu Deus! Essa prova de Matemática não foi feita por uma pessoa de bem, eu tenho certeza. – Sabrina reclamou enquanto saia da sala de aula.

— Nem me fale. Eu estudei tanto e não caiu nada do que ele passou em sala. – Chiara cruzou os braços.

— Isso é errado, sabia? Ele não pode cobrar matéria que ele não passou. Vai nos prejudicar de propósito. – a garota de cabelo colorido cruzou os braços.

— O Marzio sempre fez isso. Ficaria surpreso se ele parasse. – Lucca apareceu repentinamente colocando o braço entre o pescoço de Chiara, a puxando para mais perto de si.

— E nunca reclamaram? – Chiara perguntou antes de dar um selinho no garoto.

— Claro que já. Mas o diretor sempre achou que os alunos falavam isso porque não estudavam. Não acho que ele vai acreditar logo na gente se formos reclamar também. – riu olhando para as pessoas que saiam da sala.

— Se eu tirar nota baixa por causa dele, o diretor vai me escutar sim. Nem que eu tenha que bater panela na sala dele. – Sabrina coçou o nariz ao ver que Chiara e Lucca nem prestavam mais atenção nela. Para não ficar segurando vela, decidiu deixar os dois a sós e foi para o pátio central.

Ela ainda não gostava de Lucca e já tinha deixado claro para sua amiga aquilo. Disse que não gostava dele desde o início e, depois do vacilo dele, passou a odiá-lo mais ainda. Porém não interferiria no relacionamento dos dois. Se Chiara estava feliz, era isso que importava para ela — mas também deixou claro que se ele a magoasse novamente, acabaria com a vida de Lucca.

Ao dar uma olhada pelo local enquanto se decidia para onde iria para aproveitar o intervalo, viu Martina subindo as escadas para ir aos armários e logo foi atrás. Desde o jogo de verdade ou desafio elas não se falavam muito, apenas um oi e pronto. Já com Nina, elas nem se olhavam mais. Nina e Martina não pareciam estar bem e Sabrina não queria que elas ficassem daquele jeito; ela precisava entender o que estava acontecendo entre as duas.

— Martina! Ei! – subiu as escadas pulando de um em um degrau.

— Sabrina? Oi... – a morena sorriu sem graça.

— Podemos conversar?

— Agora? Eu... Estou um pouco ocupada. – a verdade é que Martina estava evitando Sabrina, Chiara e Nina porque não sabia como se retratar depois da bola fora que havia dado no jogo.

— Eu sei que não está. É só um minuto e eu não vou brigar com você. Relaxa. – riu.

— E o que você quer saber? – questionou enquanto seguia para o seu armário.

— Saber o que rolou entre você e a Nina. Desculpa ser invasiva, mas é que eu não me conformo com o que aconteceu. – Osuna a seguiu. — Você e a Nina eram super chegadas e, de repente, aquilo aconteceu. Eu achei que você soubesse que a Nina era lésbica e não tivesse preconceito.

— Eu não tenho preconceito! – fechou a porta do seu armário bruscamente num ato de nervosismo. — Eu falei aquilo sem pensar, mas eu não sou preconceituosa, tá legal? – sua respiração ficou pesada.

— Então me explica, por favor. Por que eu acho que sou burra e não entendi. – Sabrina franziu o cenho e cruzou os braços. Martina suspirou pesado e desviou seu olhar do dela.

Ela não sabia explicar o que sentia. A verdade é que ela gostava de Nina, mas não apenas como uma amiga e era difícil ela digerir aquilo. Ela gostava de estar com Scuzziatto, gostava dos momentos que tinham a sós, gostava da sua amizade... Caruso gostava de tudo que se referia a Nina. Mas ela tinha medo. Gostar de outra garota era algo novo para ela, diferente e, de certa forma, assustador. Martina tinha medo de assumir que gostava de Nina para si mesma, tinha medo das consequências. Ela sequer sabia se Nina sentia o mesmo, não queria estragar a amizade que tinha com ela, aquilo era algo muito diferente para ela e não sabia como reagir a tudo aquilo.

— Eu... Não sei explicar. – negou com a cabeça. — Talvez eu goste dela, eu não sei. – murmurou inaudível.

— Como é? – Sabrina fez uma careta por não ter entendido.

— Eu acho que gosto dela. – murmurou, dessa vez, falando rapidamente.

— Eu ainda não entendi.

— Eu gosto da Nina! – Martina exclamou, desta vez, em alto e bom som, fazendo que Osuna risse.

— O que? Eu não acredito nisso. – a garota de cabelo colorido tentou controlar sua euforia em saber aquilo, porém estava difícil se controlar.

— Nem eu. Eu nunca senti nada parecido como eu sinto pela Nina. Ela me faz ter borboletas no estômago, Sabrina, e nenhum garoto nunca fez isso comigo. – arregalou levemente os olhos.

— Se você gosta dela, por que agiu daquela forma em Garda? – Sabrina indagou confusa.

— Porque eu não sabia como reagir, isso é algo novo pra mim. Eu não acho nojento, mas... Gostar de uma menina? Eu não sei como agir. Eu tenho medo dela não sentir o mesmo, tenho medo de que me tratem diferente.

— As pessoas não vão te tratar diferente apenas pela sua sexualidade e, se fizerem isso, elas são pessoas escrotas que nem merecem sua atenção. – fez uma careta enojada. — Eu sei que gostar de uma pessoa pode ser assustador, mas você precisa conversar com ela. Eu tenho certeza que a Nina não vai agir diferente com você, muito longe disso. – riu.

— Você... Acha? – Caruso mordeu os lábios apreensiva.

— Eu não acho. Eu tenho certeza. – riu ao ver o enorme sorriso que se formou no rosto de Martina.

— Quer saber, você está certa. Eu preciso conversar com a Nina e me desculpar com ela. Eu não me importo com o que os outros vão pensar se ela estiver comigo. – Sabrina sorriu ao escutar aquilo. — Obrigada Sabrina, de verdade. Você é uma ótima amiga. – abraçou a garota antes de sair correndo dali atrás de Nina.

Enquanto isso, apoiada na pilastra de braços cruzados e de cara emburrada, estava Ivy que observava Mia e Dylan conversando. Os dois marcavam um próximo encontro e se perguntavam qual seria o momento certo de contar tudo a Ivy, porém pela distância, Ivy não conseguia escutar a conversa e não era boa de leitura labial.

Era a quarta vez somente aquela semana que ela os pegou conversando e, às vezes durante a conversa, eles até riam. Ivy não conseguia entender aquela mudança repentina entre os dois e nem queria entender. Diferente das outras vezes que viu Dylan com outras garotas, ela não sentia raiva. Muito pelo contrário, a loira sabia que tinha algo de errado ali, talvez no fundo soubesse que eles se gostavam, mas não estava pronta para aceitar aquela verdade. Ivy ainda queria acreditar que Dylan gostava dela e que ele e Mia só haviam se acertado e agora eram amigos, apenas.

— Deixa eu adivinhar... – Ash se aproximou e ficou ao lado da loira. — Vigiando de novo o Dylan com a Mia?

— Que? Não, eu não tô fazendo isso. – negou e Ash riu.

— Você não me engana Ivy. O que você está pensando agora?

— Nada. Eu só... Acho estranho a Mia e o Dylan do nada conversarem como se fossem amigos. Será que ele está pedindo ajuda a ela para me pedir em namoro? – encarou sua amiga que a encarava com uma cara debochada.

— Ah claro! Ele deve está perguntando a ela qual é o seu restaurante favorito! – exclamou debochadamente e Ivy revirou os olhos ao ver que ela não estava a levando a sério. — Ivy, por favor né.

— Por favor digo eu. – voltou a encarar os dois que riam. — É tão difícil assim acreditar que um garoto vai me pedir em namoro?

— Não, não é. Mas é difícil acreditar que o Dylan vai te pedir em namoro. – Ivy bufou. — É sério. Não é possível que você seja tão ingênua ao ponto de não se tocar que o Dylan não gosta de você e que você tá se iludindo sozinha. – Ashley cruzou os braços. — Você não percebe que a verdade tá estampada na sua cara, ou você só se faz de sonsa mesmo? Acorda Ivy! – a loira de cabelo curto revirou os olhos.

— Meninas! Tudo bem? – Ivy rapidamente levantou a cabeça e abriu um sorriso forçado para Mia que se aproximava das duas. Seus olhos começaram a arder indicando que lágrimas se formavam em seus olhos e ela se esforçou para que elas não caíssem.

— Tudo! Tudo ótimo! – Ivy exclamou fingindo estar animada.

— Sério? – Mia riu não muito convencida. — Eu... Perdi alguma coisa? – olhou para Ash que a encarava com uma cara debochada.

— Nada demais. Eu só estava dizendo que a Ivy sinceramente precisa de ajuda. – sorriu cinicamente. — Mas de um psiquiatra. Você também não acha?

— Que? Mas por quê? – Moretti franziu o cenho confusa.

— Ah, não sei. – a loira deu de ombros. — Você não acha doentio essa fixação que ela tem pelo Dylan? Ela acha que ele está apaixonado por ela e que vão viver uma vida de conto de fadas. Você também não acha isso uma besteira?

— Eu... – Mia olhou para Ivy que estava de cabeça baixa.

— Aliás, o que você estava falando com o Dylan? – Ash chamou sua atenção.

— Que? Ah, nada demais. – Mia pigarreou e ela riu fraco. — Ele estava me perguntando sobre algumas coisas de Física.Eu só estava o ajudando. – sorriu amarelo.

— Nossa. Pra quem dizia odiar o Dylan e tentava até fazer a Ivy se separar dele, você mudou bastante, não é? – Ash indagou não convencida da resposta que recebera. — Digo, você nem gostava de olhar para a cara dele e de repente até ajudar com a próxima prova, você ajuda. O que mudou? – riu. Mia olhou para Ivy que desviou o olhar e suspirou. Ela odiava guardar segredos das suas melhores amigas, mas não podia contar a verdade ainda.

— Eu... Vou pro quarto. Preciso revisar a matéria de Física, já que a prova é depois do intervalo. – Ivy disse antes que Mia pudesse inventar uma desculpa.

— Você quer ajuda? – Moretti segurou no braço da garota que sequer ousou a encarar.

— Não precisa. Eu reviso a matéria sozinha. – a loira respondeu antes de sair dali correndo. Ash riu com aquela situação, recebendo a atenção de Mia que estava confusa.

— O que eu fiz dessa vez?

— Eu não sei. Me diz você. – Ash deu de ombros.

— Mas eu não fiz nada!

— Não? Vamos ver então quando o Dylan mandar a real para a Ivy e ela souber de quem ele gosta de verdade. Como sempre, você é uma ótima amiga em relação a garotos. – a encarou friamente antes de sair dali, esbarrando fortemente no ombro de Mia.

roupa da mia no evento:

aaaa gente, mil desculpas pela demora, geralmente eu demoro a postar pq sempre escrevo dois caps e tbm pq, por ter mais de 2k de palavras eu demoro mais a escrever. confesso que esse cap eu demorei muito mais pq eu tinha as ideias mas não conseguia escrevê-laskkkk

a princípio eu achei horrível o cap, mas conforme fui betando achei que estava apresentável (em relação ao próximo cap que está bem melhor rs)

enfim, eu to aqui pra agradecer de coração aos 11k de leituras. gente, vcs não tem ideia de como eu estou com esse marco, de verdade. a cada dia que passa elite cresce ainda mais e eu fico muito feliz com isso, de coração. eu só tenho a agradecer a vcs por acompanharem a fic e por gostarem dela, vcs são demais 💖💖

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