Capítulo vinte e cinco
— Eu não aguento mais estudar! – Matteo exclamou frustrado ao colocar a cabeça em cima de seus cadernos.
— Matteo, por favor... – Jin bufou ao ver o ruivo jogado em cima da mesa. — Você precisa focar. Por acaso quer tirar nota baixa nas primeiras provas?
— Nem posso sonhar com isso. Eu sou bolsista e não posso ficar abaixo da média... – levantou a cabeça e olhou para o moreno. — Mas é que já faz uma hora que estamos estudando! Por favor, vamos descansar.
— Matt, primeiro que nem deu uma hora ainda. E, segundo que, estudar realmente demora. Ou você acha que só pegar o caderno por cinco minutos é estudo?
— Oi, oi! – o garoto não teve tempo de uma resposta, já que Nina sentou-se ao lado de Jin.
— Nina! O que manda pra gente hoje? – Matteo rapidamente levantou a cabeça e olhou para a ruiva que mascava chiclete.
— Vim convidar vocês pra darem uma volta amanhã. – apoiou seu braço esquerdo nas costas da cadeira.
— Amanhã? Mas amanhã nem é sexta-feira. – Jin franziu o cenho confuso.
— Eu sei. Mas é que a Martina e eu estávamos conversando e pensamos que seria uma boa dar uma volta. As provas começam depois de semana que vem e precisamos esfriar um pouco a cabeça. – Nina chegou seu corpo para frente e colocou suas mãos em cima da mesa. — Achamos que seria uma boa irmos à Garda fazer um pequeno luau. O que acham?
— Luau? Nina, eu tenho que pedir permissão pra sair porque não tenho nenhuma essa semana e eu não acho que meu pai vá me dar uma autorização para ir à Garda. – Jin negou com a cabeça e a ruiva revirou os olhos.
— E quem disse que você vai pedir autorização? Será que nem quando fomos ao Evolution.
— Pior ainda. – olhou para ela. — Daquela vez não fomos pegos por pura sorte. Eu não vou tentar uma segunda.
— Jin Young, deixa de ser careta. – Matteo jogou sua borracha no asiático. — Vai ser legal, vamos. A ida e volta dura menos de duas horas, e outra, acho válido descansarmos um pouco antes de estudar pesado.
— Mas é que eu não quero sair com a turma toda...
— E quem disse que a turma toda vai? – Nina colocou um dos pés em cima da cadeira. — Eu tô chamando vocês porque vocês são legais, mas só iremos nós quatro.
— Olha o que eu trouxe! – Martina cantarolou ao se aproximar dos três. — Chá de hortelã, o seu preferido e, meninos, como eu não sei do que vocês gostam, eu trouxe chocolate quente com chantilly. – colocou a bandeja em cima da mesa e distribuiu as xícaras, logo sentando-se numa cadeira vazia.
— Puxa Tina, você é um amor. – Matteo abriu um enorme sorriso antes de dar um gole em seu chocolate.
— E aí? Vocês vão com a gente amanhã pra Garda? – a morena de olhos claros assoprou levemente seu chá, olhando para o ruivo que comia o chantilly com o dedo.
— Agora que a Nina falou que não vai a turma toda, eu acho que seria legal sair um pouco da escola. – Jin respondeu e os três o encararam surpresos. — Não me olhem assim. Desse jeito eu vou desistir de ir... – ruborizou e as meninas riram.
— Você é um fofo, sabia? – Nina o abraçou de lado.
— Ah, falando sobre amanhã... Eu também chamei o Noah... – Martina desviou o olhar e deu um gole em seu chá.
— Que? – a ruiva elevou um pouco o tom de voz e as pessoas a sua volta pediram silêncio. — Martina, por que o chamou? Eu pensei que seria algo somente entre amigos.
— Me desculpa, mas é que, quando eu soube que ele havia sido suspenso e perderia as provas, eu senti pena. Ele tá mal de verdade e o Noah é legal. – olhou para Scuzziatto que não estava nem um pouco convencida daquilo. — Por favor, dá uma chance.
— Eu sei que ele é legal, mas eu penso nos outros. Se o Noah for, o Lucca e o Cameron também vão.
— Eles não vão. O Noah não está falando com o Cameron e o Lucca, eu não sei. Acho que ele não iria.
— Bom... Nesse caso, vocês se importam então se eu chamar as meninas? – Nina pegou sua xícara para tomar um pouco do chá. — Eu não tinha chamado antes porque achei que seria algo só nosso, mas agora que você chamou o Noah...
— A Chiara e a Sabrina são legais. Eu não vejo problema algum se elas forem. – Matteo se manifestou, colocando os pés em cima da cadeira em que estava sentado.
— Eu... Também não vejo problema algum. – Jin pigarreou antes de dar um gole em seu chocolate quente, olhando fixamente para a mesa.
— Então tá. Será só nós sete e apenas. Não chamem mais ninguém. – Nina deu a última palavra e todos concordaram.
— Mia, meu amor! – a loira revirou os olhos assim que escutou aquela voz. Leo se aproximou com seus amigos e ela fechou o livro que lia assim que foi abraçada por trás pelo mais novo.
— O que você quer Leo? Eu estou ocupada estudando... – o encarou com um olhar cansativo.
Todos os intervalos Leo ia puxar assunto com Moretti e levava seus amigos junto para que eles tivessem a certeza de que não era mentira que Mia Moretti e ele "namoravam" — claro que Mia sequer o havia beijado, porém Bianchi aumentava um pouco a história para que fosse mais bajulado entre os alunos do Elite.
— Vim com os meus amigos ver como você estava e, aproveitando, te chamar pra sair depois de amanhã. – deu um beijo em sua bochecha e Mia fez o possível para não fazer uma expressão enojada.
— Eu não posso. Preciso estudar para as provas que vão começar e não tenho permissão pra sair essa semana. – abriu novamente seu livro. — Eu sinto muito mesmo.
— Na verdade, meu amor... – a loira sentiu que golfaria naquele momento. Ela odiava ser chamada o tempo todo daquele jeito por Leonardo; odiava quando ele a elogiava o tempo todo. Ela nunca curtiu ser bajulada o tempo todo e, assim como todos os outros meninos daquele internato, Leo a bajulava o tempo todo. — É uma festa beneficente. Eu preciso ir porque meu pai estará lá e você será o meu par.
— Por que não chama um dos seus amigos pra ser o seu par? – riu sem humor.
— Porque eles também irão pelos pais. – o sorriso do mais novo logo se desfez. — Mia... O meu pai já criou um vestido especialmente para você usar nessa festa. É uma nova linha e ele quer muito que você o estreie.
— Tá bem... Eu vou. – disse após um suspiro profundo e Leo sorriu.
— Eu sei que sim, meu amor. – fez carinho no cabelo da garota e beijou o topo de sua cabeça. — Agora eu preciso ir. Temos que nos arrumar para a aula de Educação Física.
Mia abriu seu livro e bufou irritada. Ela não gostava mais nem de ouvir a respiração de Leo; estava enjoada dele e não queria mais vê-lo. Ao se levantar da cadeira, sentiu seu celular vibrar em sua cintura e o pegou para ver o que era. Era Dylan avisando onde e que horas se encontrariam para o seu encontro. Ela ainda não acreditava que aquilo estava realmente acontecendo, porém estava eufórica e, de certa forma, bastante nervosa para aquele momento.
Enquanto isso, do outro lado do internato, Chiara passava apressada para guardar suas coisas em seu armário quando foi puxada para debaixo da escada. Ao ver quem era, sentiu seu coração palpitar forte e abraçou fortemente seus livros contra o seu peito.
— O... Que você quer? – olhou para o chão.
— Conversar. Ontem você não me deu a oportunidade e eu preciso falar com você, de verdade. – Lucca colocou as mãos no bolso de sua calça.
— Achei que já tinha dito o que queria.
— Não, eu não falei. – contraiu a mandíbula. — Eu preciso te explicar o porquê agi daquele jeito, preciso te falar o motivo de ter ficado com a Ash. Eu nunca quis aquilo e você precisa saber a verdade.
— Eu não preciso saber nada, foi a sua escolha. – a garota deu um passo para trás. — Você decidiu me dar um bolo, decidiu me dar um fora na frente da sala toda, decidiu levar a Ash para a festa e decidiu continuar com ela. Você mesmo disse que não era o meu príncipe e que contos de fadas não existem. – seus olhos começaram a marejar. — Acabou. Você já disse tudo o que queria falar.
— Não! Não é verdade. – Giordano aproximou-se de Chiara. — Nunca foi a minha intenção te magoar, Chiara. Você não foi igual as outras, você é especial pra mim. Tudo o que eu falei naquele dia na piscina foi verdade, eu nunca menti pra você. Acredita em mim, por favor...
— É difícil ter confiança em você depois do que você fez. – Chiara mordeu os lábios para evitar que lágrimas caíssem.
Ela ainda gostava sim de Lucca. Queria naquele momento o abraçar e beijar, poder senti-lo como antes, poder confiar nele novamente. Mas a confiança havia sido quebrada e aquilo era uma coisa muito difícil de se reconquistar. Como ela poderia voltar a ser o que era antes com Lucca se não havia mais confiança?
— Chiara, por favor, me dá mais uma chance. Eu só te peço isso. É a única coisa que eu preciso pra fazer você confiar em mim novamente.
— Lucca... Ninguém quer que a gente fique junto. – meneou a cabeça negativamente olhando para o chão.
— Isso pode até ser verdade. Mas o que você quer? – Castello levantou a cabeça e olhou fixamente em seus olhos.
— Eu quero... Eu... – novamente ela se sentiu perdida naquele par de olhos azuis, porém, antes que ela o respondesse, o sinal tocou e ela voltou a si. — Eu quero ir embora. – disse antes de sair correndo dali.
Lucca ficou parado, sentindo seu coração, aos poucos, parar de palpitar. Ele sentia vontade de chorar pela primeira vez por causa de uma garota e, assim que se certificou de que ninguém mais o veria ali, deixou as lágrimas que tanto segurava caírem. Não foram muitas, mas foram o suficiente para que ele se desse conta de que talvez ele estivesse apaixonado por Chiara.
Depois de um dia cansativo cheio de aulas e matérias, finalmente a tarde havia chegado. Sabrina, que foi uma das primeiras a sair da sala, já havia trocado seu uniforme pela sua calça quadriculada e uma camisa preta qualquer. Agora, ela ia até a piscina coberta, local de encontro fixo com Cameron.
E lá estava o loiro, sentado na borda da piscina olhando para água. Osuna sorriu e aproximou-se em silêncio dele, logo tapando seus olhos e puxando seu corpo para trás.
— Eu conheço esse perfume. – sorriu ainda com os olhos cobertos. — Será a minha bruxinha favorita?
— A única. – sorriu descobrindo os olhos do menino e o beijou.
— Porra... É muito chato te beijar apenas uma vez por dia. Se eu tivesse ansiedade eu morreria, sabia? – a olhou de baixo, já que estava deitado em seu corpo.
— Eu não posso fazer nada em relação a isso. – Sabrina riu fazendo cafuné no cabelo de Cameron.
— Não sei o porquê de não podermos assumir que estamos ficando. – suspirou. — Eu não me importaria de contar a todos sobre você. – começou a fazer carinho no braço direito da garota.
— Você gosta de mim? – a garota de cabelo colorido riu ao encará-lo.
— Hum... Defina "gostar". – os dois riram.
— Bom, de qualquer jeito, eu não acho que seja uma boa contar ainda. Vamos ver até onde vai o que nós temos. – o encarou fixamente nos olhos antes de lhe dar um selinho.
— Ah, talvez amanhã não poderemos nos ver. – o loiro disse após abrir os olhos. — O Lucca me chamou pra sair amanhã.
— Eu também vou sair com as meninas. Vamos ao lago de Garda.
— Sério? Eu vou pro mesmo lugar. – Cameron sentou-se direito ao lado da garota.
— Quem te chamou?
— O Lucca. Ele disse que o Noah chamou ele, mas que a Martina estaria lá e ele não se sentiria muito bem segurando vela.
— A Martina? Mas a Martina vai com a gente. – Sabrina fez uma careta confusa.
— A gente quem?
— A Nina, Chiara, Matteo, Jin e Dylan. – cruzou os braços. — E, calma aí, você disse Lucca? – finalmente a ficha de Osuna havia caído.
— Sim. Qual é o problema?
— Qual é o problema? Cameron, depois do que ele fez com a Chiara você ainda me pergunta isso? – levantou-se irritada. — Eu não vou deixar minha amiga ficar no mesmo lugar que aquele escroto. O Lucca nem deveria ter sido convidado.
— Sabrina, eu sei que o que ele fez foi errado, mas ele tá tentando se resolver com a Chiara. Amanhã pode ser uma ótima oportunidade pra isso. – a garota o encarou sem acreditar no que havia acabado de escutar.
— Eu não acredito que tô escutando isso... – negou com a cabeça. — Eu achei que você não passava pano 'pras atitudes ridículas que os seus amigos tinham. O que mudou agora?
— Agora eu sei os motivos dele e, de verdade, se eu estivesse no lugar dele, teria feito o mesmo.
— Sério? Você humilharia uma garota na frente de uma sala toda? Bom saber Cameron. O seu pai está de parabéns por ter ensinado tão bem ao filhinho dele valores tão patéticos. – a garota estava pronta para sair dali, quando Cameron interveio ao exclamar um "ele foi chantageado".
— Que droga! Por que toda vez eu tenho que te contar coisas dos meus amigos? – jogou os braços para o ar e Sabrina o encarou novamente, dessa vez confusa. — A Ash estava chantageando ele. Disse que contaria coisas pessoais da família dele se ele não fizesse o que ela mandasse. Você também não faria qualquer coisa pra proteger sua família? Porque eu faria.
— A Ash estava chantageando o Lucca? – Osuna ignorou por completo a pergunta de De Luca.
— Sim... E ele tinha que fazer aquilo com a Chiara porque a Ashley mandou. Sei que isso não justifica o que ele fez, mesmo assim foi errado e ponto. Mas ele desabafou comigo, Sabrina, e o Lucca nunca fez isso. – suspirou. — Ele tá realmente apaixonado pela Chiara e tá disposto a fazer qualquer coisa por ela. Eu não vou me meter nos sentimentos dele e você deveria fazer o mesmo e deixar os dois se resolverem.
— Eu... Preciso ir. – desnorteada. Era como Sabrina se sentia naquele momento.
— Ei! Você gosta de mim ainda? – a voz de Cameron ecoou no ambiente.
— Não! – a garota de cabelo colorido respondeu ao sair da piscina coberta, deixando, como todas as vezes, Cameron sozinho.
Naquele meio-tempo, Mia corria até o estacionamento para se encontrar com Dylan. Com sorte ninguém a viu e, assim que chegou no local marcado, viu o garoto já a esperando encostado em uma coluna.
— Oi... – a loira riu sem graça ao se aproximar dele e Dylan a encarou surpreso.
— Você veio. – sorriu.
— Não sabia que nosso encontro seria no estacionamento. – riu e Lombardi fez o mesmo olhando para o chão.
— Você tem que concordar que é um ótimo lugar pra esfriar a cabeça, não acha? – brincou e um pequeno silêncio se formou.
Não foi por bastante tempo, mas o suficiente para que Dylan reparasse na roupa que Mia vestia — que nada mais era uma calça jeans, uma blusa mindset verde-claro e um coturno. Já Moretti aproveitou para reparar o mesmo e sorriu ao perceber que ele usava o mesmo casaco moletom branco de sempre e uma calça jeans. Eram mínimos detalhes, mas que ambos faziam questão de notar porque, a cada dia que passava, eles percebiam que estavam completamente apaixonados.
— Então... Vamos? Não quero que nosso encontro seja na sala do diretor. – Dylan coçou a nuca e Mia riu, logo assentindo.
Se escondendo atrás dos carros para que a câmera de segurança não os flagrasse, finalmente os dois saíram do estacionamento e, após se esconderem novamente atrás dos arbustos e pilastras para não serem pegos pelos seguranças, finalmente saíram do internato. Dylan segurou no braço de Mia e a puxou para que corressem até o ponto de ônibus mais próximo, e deram sorte por ter um parado justamente na hora em que chegaram.
Os dois entraram no transporte rindo e logo se sentaram num banco vazio. Ainda em meio às risadas, os dois se olharam e se perderam em seus olhares.
— Onde o badboy me levará hoje? – mordeu os lábios ao sorrir e apoiou a cabeça no banco.
— Hum... – desviou o olhar pensativo. — É surpresa. – sorriu. Pegou o celular do bolso de sua calça junto com seus fones de ouvido e colocou um dos lados antes de dar play na música. — Quer escutar? – Mia pegou o outro lado do fone e olhou para a janela, sentindo-se subitamente feliz por estar ao lado de Dylan dividindo um fone de ouvido.
Dylan apoiou a cabeça no banco e colocou as mãos nos bolsos de seu moletom, também olhando para a paisagem na janela. A música que tocava o dava um sentimento de paz e a euforia por estar com Mia era tanta, que ele as vezes achava que aquele momento não passava de um sonho.
Ao soltar no centro de Verona, Dylan puxou Mia pela cidade movimentada e começaram a andar pela cidade, ainda dividindo o fone de ouvido. Por vezes eles puxavam assuntos aleatórios, mas o silêncio logo se tornava presente; porém não era algo ruim. Eles gostavam daquele silêncio e de andar pelas ruas escutando a mesma música.
Como duas crianças que não se preocupavam com nada, os dois começaram a correr pelas ruas de Verona, brincando vez ou outra um com o outro. Eles riam enquanto corriam esbarrando entre as pessoas que passavam, paravam em frente as vitrines das lojas de roupas, brincavam e faziam caretas ao se verem pelo reflexo e até mesmo se empurravam no meio-fio da calçada.
Dylan a todo momento pensava como poderia ignorar Mia se ele a amava. Já Mia não conseguia pensar em mais nada; ela só queria viver o momento e ter o máximo de recordações daquela noite, já que tinha certeza que quando voltassem ao Elite tudo voltaria ao que era antes.
Em um certo momento, para recuperar o fôlego, os dois entraram numa loja de conveniência e sentaram-se nos bancos que havia de frente para a vitrine. Começaram a observar as pessoas que passavam e criavam histórias fictícias para a vida delas, inventando até diálogos quando alguém passava falando ao telefone, ou acompanhado de outra pessoa. Eles riam alto no estabelecimento e, por vezes, até incomodavam os clientes. Ao descansarem o suficiente, saíram da lojinha, sem antes tirar uma foto na tevê que os mostrava e foram para uma sorveteria.
Agora, Mia e Dylan estavam sentados no gramado de um parque terminando de comer sorvete e rindo dos momentos constrangedores que passaram pelas ruas da grande Verona. Moretti só queria ficar ali, sentada com Dylan até o fim dos tempos sem se preocupar com mais nada. Ela não queria que aquela noite acabasse.
— Então... Por que está com a Ivy? – a pergunta que tanto tinha receio em perguntar surgiu em meio ao silêncio confortante.
— Eu não estou com ela. – Dylan comeu o último pedaço da casquinha. — Somos amigos e eu nunca sequer a beijei. – colocou os braços atrás de sua cabeça e deitou-se, observando as estrelas no céu.
— Mas ela sempre deu a entender que vocês ficavam... – a loira o encarou e ele riu fraco.
— Não é minha culpa que ela tenha criado coisas na cabeça dela. – continuou a olhar fixamente para o céu estrelado. — E você e o Leo? – Mia olhou para o lado e dobrou as pernas que antes estavam esticadas.
— O mesmo de você. Ele não é o meu tipo de garoto, mas o meu pai criou expectativas para nós e eu tinha que obedecer. – deitou-se ao seu lado e também olhou para o céu.
— Seu pai? – a encarou. — Eu sempre achei que Mia Moretti fosse dona de si mesma.
— Todos acham. – riu sem graça e colocou as mãos por cima de sua barriga, suspirando profundamente. — A verdade é que eu sempre fiz as coisas pensando nos outros. Se eu sou o que sou hoje não é porque eu quis. Você acha mesmo que eu queria que todos pensassem que eu sou uma menina mimada e esnobe? Eu não sou assim, mas ninguém se esforça pra saber a verdade.
— Você tem tantos amigos e caras aos seus pés... Eu duvido que ninguém te conheça de verdade. – ele continuava a encarar a garota que olhava para o céu.
— Você está enganado. Dylan, eu sempre faço as coisas pensando na aprovação dos outros. Meu pai me criou assim. "Seja perfeita", "seja a melhor", "não erre jamais". Eu achava que era o certo, até... Até agora. – até te conhecer, era o que ela queria dizer. — Eu não quero mais viver em função das pessoas. Eu só quero ser eu mesma, a verdadeira Mia Moretti. A Mia que ri, que chora, que não vive de aparências... A Mia amada pelo seu pai de verdade e que ajuda outras pessoas sendo terapeuta. – seus olhos se encheram de lágrimas.
Pela primeira vez na vida a garota estava sendo vulnerável, pela primeira vez estava se abrindo com alguém sobre o que sentia de verdade. Pela primeira vez Mia estava fazendo o que queria e, sem controlar o que sentia, deixou uma lágrima cair. Dylan ao ver que Mia estava chorando entrou em êxtase. Ele não sabia que Moretti era daquele jeito, ele realmente achava que ela era tudo aquilo que ela mesma havia dito no começo: mimada, esnobe, fútil. Mas ela não era.
Ele a viu chorar e ser honesta. Viu que Mia era humana e que também tinha suas vulnerabilidades. Lombardi se deu conta naquele momento que era ela a garota que ele realmente estava apaixonado e ele não se arrependia mais de sentir aquele sentimento, mesmo que não fosse recíproco.
— Eu tô te olhando e... Está tão frágil. – a loira o encarou ainda chorando. — Que tá me dando vontade de... Cuidar de você. – fechou os olhos e aproximou seu rosto do dela. Mia não teve receio, ou medo. Apenas deixou que aquele ato continuasse, até que sentisse a ponta de seus narizes colados.
— Eu queria que todos me conhecessem de verdade, como você está conhecendo agora. – fungou e virou-se de lado, colocando uma de suas mãos em cima do peitoral do garoto, que apenas permitiu aquela aproximação. — Eu não quero mais viver em função das outras pessoas, em função do meu pai. Quero me sentir bem acima de tudo. Estarei sendo egoísta se fizer isso? – abriu os olhos e Dylan fez o mesmo, olhando fixamente em seu par de olhos verdes.
— Não, Mia. Você nunca foi egoísta. – e ele sentia muito por somente ter percebido naquele momento. Ele queria a proteger, queria estar ao seu lado, a dar apoio. Por um momento ele queria que o mundo parasse e só existisse eles dois. Sem Leo, Ivy, ou qualquer outra pessoa. Apenas eles.
— Eu estou com o Leo porque quero fazer a Ivy feliz, Dylan. Ela gosta de você demais e eu não quero a magoar.
— E estou com ela porque não quero me magoar. Achei que gostasse do Leo.
— Não, eu não gosto. Eu gosto é de você. – olhou para a sua boca e ele fez o mesmo.
— Que bom. –voltou a olhar para seus olhos. — Porque eu também gosto. – eles não disseram mais nada, não foi preciso. O que sentiam já falava por si só e, sem mais uma palavra, se beijaram.
Mia estava decidida a não pensar mais em Ivy, primeiro queria pensar no seu bem-estar. Dylan estava decidido a não esconder mais seus sentimentos pela loira. E, pela primeira vez, aquele beijo eles tinham certeza que não seria esquecido jamais.
— Não sabia que gostava de mim. Achei que me odiasse. – Mia riu após o beijo e ele a puxou para mais junto de si.
— Fingir não te amar foi a coisa mais difícil que já fiz. – eles riram e voltaram a ficar em silêncio, observando novamente as estrelas.
— E então? O que vai ser de nós agora? – Mia perguntou ao subir o primeiro degrau da escada.
— Preciso achar um momento calmo pra contar a verdade a Ivy. Eu tenho que pensar com calma uma forma de não magoá-la. – Dylan parou em sua frente e ela segurou em sua mão. Com sorte, os dois chegaram depois do jantar e não havia mais ninguém pelos corredores do internato.
— E eu preciso dar um basta no meu relacionamento com o Leo. Deve haver outra menina que todos babem aqui no Elite pra ele ir atrás.
— Mia, você é a única que todos babam aqui. – o garoto revirou os olhos.
— É difícil ser eu. – ela brincou e ele riu, a puxando pela cintura. — Enquanto não resolvermos com os nossos "companheiros" não podemos ficar juntos. Eu não ligo pro Leo, mas a Ivy é a minha melhor amiga e eu não quero magoá-la. – fez carinho no rosto de Lombardi.
— Mas também não precisamos nos odiar como antes. – ele começou a apertar levemente a cintura de Mia.
— Não, mas também não podemos ficar grudados. As pessoas vão suspeitar. – sorriu.
— Vamos dar nosso jeito. – Dylan lhe deu um selinho. — Agora vai pro quarto antes que o Fred apareça.
— Eu te odeio Dylan Lombardi. Você foi o primeiro aluno do Elite que eu me interessei. – Mia colocou as mãos na nuca de Dylan e ele riu.
— Eu sabia que a popular da escola não resistiria aos meus charmes. – ele brincou e ela riu, antes de tomar seus lábios em um beijo.
O ato foi interrompido por passos e rapidamente eles se soltaram assustados. Dylan murmurou um "sobe" e Mia correu, parando no último degrau e mandando um beijo para o garoto que o fingiu pegar no ar. Assim que ela sumiu pelo corredor do andar de cima, Dylan também subiu correndo e se escondeu atrás da parede para que não fosse visto por Fred que havia acabado de chegar no pátio. Assim que ele seguiu seu caminho, Lombardi suspirou aliviado e saiu de seu esconderijo, logo indo para o seu dormitório com um grande sorriso no rosto.
aaaa gente eu tô muito feliz, finalmente chegamos a 9k de leituras e isso me deixa imensamente feliz porque elite é meu xodó e eu fico muito feliz de verdade por gostarem da história o tanto quanto eu gosto de escrever 💖💖
e aí o que acharam do final? finalmente mia e dylan estão juntos e eu juro que vou tentar não colocar mais nenhum empecilho na vida deles (já basta o leo e a ivykkk)
agr que estamos no cap 25 posso dizer que tenho planos até o cap 30, por isso, já aviso que os próximos caps sejam um pouco mais longos. porém, fiquem tranquilos, farei de tudo para que não se torne uma leitura maçante e, caso necessário, resumirei algumas coisas - claro que resumirei, mas vocês não perderam momento algum kkk. então nos vemos no próximo cap
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