Capítulo um

Era início de mais um ano letivo no internato Elite e, naquele momento, todos os alunos chegavam com seus pais para mais um começo de ano. Alguns animados, outros nem tanto mas era assim sempre e, nesse ano, alguns jovens estavam mais animados que nunca pois teriam novos alunos.

Mia Moretti acabava de chegar com seu governante na escola. Ela havia acabado de voltar de Dubai e, por isso, estava um pouco bronzeada — mas nem tanto, pois seu pai dizia que ela tinha que ter a pele branca, como a de uma boneca. Esse seria o seu último ano no internato e ela estava bem animada. Seu pai dissera que, assim que terminasse a escola, eles iriam para França, onde ela assinaria um contrato com uma agência bastante famosa e seria uma modelo de bastante influência. Na verdade, Mia sempre quis ser psicóloga; ela gostava de ajudar os outros nesse quesito mas deixou isso de mão quando seu pai disse que ela era muito linda para ficar sentada numa poltrona escutando os problemas dos outros.

— Mia, seu pai me deixou esse cheque pra te dar. Ele disse que ficou preso na Suíça e que não vai poder vir na reunião desse ano. – Harold pegou do bolso de seu terno um cheque de quase dez mil euros e entregou nas mãos da loira.

A garota de olhos verdes olhou para o cheque com desdém logo revirando os olhos.

— Por que não estou surpresa? – murmurou decepcionada.

Harold sentiu pena da garota, mas, antes que pudesse dizer algo para reconfortá-la, Ash e Ivy apareceram de surpresa atrás de Mia.

— Amiga! Nossas férias foram maravilhosas! – Ivy exclamou animada.

Mia a encarou e sorriu um pouco confusa. Ivy com certeza havia feito preenchimento labial esse ano e retocado o loiro de seu cabelo, pois ele estava um loiro esbranquiçado — diferente do ano passado que estava um loiro mais amarelado.

— Nós fomos para a casa de férias da família da Ivy na Alemanha e foi maravilhoso! Depois, Cameron nos chamou pra passar um tempo com ele e com os meninos na casa de praia dele em Miami que o pai dele deu. Você devia ter ido com a gente... – Ash fez bico segurando as mãos da sua melhor amiga.

Mia, Ivy e Ash era o trio inseparável da escola. Eram as loiras, de olhos claros e corpo inalcançável que todas gostariam de ser. Mia foi bastante seletiva ao escolher suas melhores amigas — tanto que ela quis que elas tivessem o mesmo número de letras para que seu nome ficasse em destaque.

— Eu também queria ir mas tive várias coisas pra fazer. – Mia olhou para Harold que apenas assentiu com a cabeça e resolveu dar uma volta pela escola. Ele sabia que aquilo era um sinal para que ele a deixasse a sós com suas amigas.

— O Cameron perguntava o tempo todo de você. Acho que ele ficava vendo as fotos que você postava no Insta. – Ivy sorriu e a loira encarou Ash que parecia meio cabisbaixa.

— Ash eu já disse: eu nunca tive e nunca vou ter nada com o Cameron. Ele é só meu amigo e não é meu tipo de garoto. – Mia chamou a atenção de sua amiga.

— Mia eu sei mas ele gosta de você e não namora comigo por causa disso! Pra ele, eu sou apenas a garota que sempre está do lado dele quando está bêbado. – a loira de cabelos curtos revirou os olhos.

— Falando no Diabo... – Ivy mordeu os lábios e suas amigas olharam para a mesma direção que ela.

Logo mais a frente vinha Cameron com seu pai e sua nova madrasta da vez. Como de costume, seu pai sempre acompanhado de diversos seguranças, falava com Cameron que olhava para cima como se não ligasse a mínima para o que o mais velho dizia.

— Cameron você está me ouvindo? – seu pai o parou abruptamente e ele balançou a cabeça negativamente voltando a si.

— Hã... Sim. – juntou as sobrancelhas e passou a mão sobre sua nuca.

— Esse ano é o seu último aqui no Elite. Você precisa tirar notas máximas e não vou aceitar uma abaixo de oito. – novamente o loiro revirou os olhos. — Quando sair daqui, vai trabalhar comigo no escritório para aprender a fazer suas campanhas.

Há anos o garoto era ensinado que, quando crescesse deveria ser governador; era uma hierarquia que ele devia cumprir e uma obrigação feita por seu pai. Mas, com o passar do tempo, Cameron foi ficando cansado de tudo isso; ele não aguentava mais seguir as ordens de seu pai, muito menos queria governar o país como ele. Ele não queria ser como o seu pai e aquilo ultimamente estava sendo bastante frustrante para ele.

— Pai... – o loiro pensou em dizer algo mas desistiu.

Afinal, Cameron sabia que se fosse discordar dele em algo, eles discutiriam e estava muito cedo para que eles discutissem ainda. A única coisa boa para Cameron em estudar num internato era que nos dias de semana ele não era obrigado a ver seu pai.

— Cameron! – o garoto de olhos azuis olhou para a loira que se aproximava dele logo atrás de seu pai.

Comemorou internamente por Ash vir com Mia e Ivy falar com ele e o tirar dali o mais rápido possível.

— Ash! Como passou as férias? – sorriu assim que seu pai deu passagem para que a garota se aproximasse.

Mia encarou o sr. De Luca e engoliu em seco logo desviando o olhar para o loiro a sua frente. Ela conhecia Cameron desde pequena, por causa disso, já conhecia Francesco há anos e sempre teve medo do seu jeito autoritário.

— Minhas férias foram perfeitas. – a garota de olhos mel tinha um sorriso largo preenchido nos lábios.

Ivy e Mia reviraram os olhos. Elas só não falavam nada por causa do sr. De Luca que, era claro, não sabia que as duas haviam passado as férias com Cameron e seus amigos.

O pai de Cameron não podia ao menos sonhar que seu filho caçula tinha um lance com Ashley Farine, filha do estilista mais conhecido do mundo todo: Vittorio Farine. Para Francesco, aquilo não era trabalho, era apenas um mundinho de fantasias.

— Bom, Cameron, eu preciso ver o diretor antes da reunião. – o mais velho de todos ali interrompeu o casal que conversava. — Nos vemos mais tarde e, Mia, mande lembranças ao seu pai. Quero marcar com ele novamente um jogo de golfe. – Mia sorriu sem mostrar os dentes e assentiu com a cabeça.

Assim que disse isso, Francesco foi embora junto com sua esposa e seus seguranças, deixando os quatro a sós e, óbvio, uma Ash bastante mal humorada.

— Eu não aguento mais ter que esconder dos outros, principalmente do seu pai, que não temos nada Cameron! – a loira cruzou os braços bufando. — Ele ao menos olha pra minha cara, mas, quando se trata da Mia, ele marca até um jogo de golfe com o pai dela.

— Ei, Ash, eu não tenho nada a ver com isso! Não é minha culpa que o meu pai com o dele são amigos. – Mia tentou se defender.

— Claro Mia. Sempre tão ingênua que não percebe que o sr. De Luca quer que você e o Cameron fiquem juntos, assim como a escola toda quer isso! – Mia tentou dizer algo mas não conseguiu.

Ash saiu dali, dando um esbarrão em seu ombro, deixando a loira confusa.

— Eu... Acho que vou falar com ela. – Ivy olhou para os dois loiros e correu na direção de Ash, na intenção de tentar alcançar sua amiga.

— Eu acho que isso é um sinal. – Cameron deu de ombros e Mia a encarou confusa. — Mia só você não percebeu o que todos já sabem. Seríamos o casal perfeito daqui do Elite, poderíamos ser considerados o melhor casal esse ano e meu pai gosta de você. Por que não dá essa chance?

— Cameron, se escuta por um momento, você está sendo um babaca como o seu pai. E outra, eu já disse que você não faz o meu tipo e a Ash é minha melhor amiga. Eu não magoaria ela. – a loira fez uma cara de nojo misturada com decepção e foi embora bastante irritada com seu amigo.

Cameron apenas encarou a loira ir embora pelo corredor, mordendo fortemente seus lábios, tentando não demonstrar o quão puto estava por, novamente, ter levado um fora de Mia Moretti.

Enquanto isso, na entrada do Elite, chegava Lucca Giordano com sua mãe, a modelo mais bem paga e mais bonita do mundo: Jean Duffy. Os dois desfilavam pelos corredores da escola, chamando bastante atenção — sua mãe dos garotos e ele das garotas, o que já era algo normal para ambos.

— Se eu soubesse que seria o centro das atenções, teria vindo com minha jaqueta nova da Cartier. – Lucca disse retirando seu óculos de sol.

— Da próxima vez, use a roupa que eu deixar em cima da sua cama. Minha assessora pesquisou bastante a última moda desse verão e você não pode fazer feio sendo meu filho. – Jean parou em sua frente e ajeitou a camisa de manga comprida que seu filho usava.

Se as pessoas que estavam ali presentes não soubessem que Jean era mãe de Lucca, com toda certeza achariam que eles eram um casal. Jean, aos seus 36 anos, ainda tinha a pele bastante jovem e um corpo de dar inveja. Seu longo e liso cabelo castanho dava um ar mais jovial a ela e ela era o perfil exato de como todas as mães de sua idade gostariam de ser.

— Desculpa mãe, a senhora sabe como isso importa pra mim também. Ah, meu pai voltará quando da Espanha? Ele disse que me levaria pra jogar com os amigos dele assim que as aulas começassem.

— Lucca, meu querido, eu não sei. Mas, enquanto isso, se preocupe com sua aparência e mantenha a postura. Vou ver se encontro o diretor e pergunto antes da reunião se o seu quarto continua o mesmo. Não quero que ninguém fique com a cama que pertenceu ao seu pai além de você. – a mais velha sorriu e deu um beijo no rosto do moreno, antes de sair de perto dele e ser seguida por quase todos os garotos que estavam ali.

Assim que ela sumiu de seu ponto de visão, Lucca correu para o corredor principal na intenção de encontrar Cameron. Esse ano ele tinha total certeza de que chegaria o máximo de garotas possíveis para que eles iniciassem suas apostas.

Naquele mesmo momento em que Lucca corria pela escola, passava Chiara acompanhada de seu pai para ir ao auditório onde seria a reunião, que aconteceria em alguns minutos.

— Chiara eu estou muito feliz que tenha conseguido entrar aqui. Se você não tivesse conseguido a bolsa, sem chance alguma eu teria pra pagar esse colégio mas... Tem certeza que ficará bem aqui? – seu pai perguntou lhe entregando sua mala.

Chiara era filha única dos Castello e, diferente da grande maioria dos estudantes do internato, seus pais não eram nenhuma pessoa de poder ou de influência e ela apenas havia conseguido entrar naquela escola porque havia conseguido uma bolsa de estudos ali. Para Chiara, aquilo era um sonho sendo realizado; ela sempre quis estudar numa escola como aquelas e, pela primeira vez, estava tendo a oportunidade.

— Sim papai, eu ficarei bem, não se preocupe. O senhor também já conversou com o diretor e sabe como funciona tudo aqui. Sabe que ficará tudo bem. – a morena sorriu e seu pai a abraçou fortemente.

— Eu sei minha filha é que... Eu vou sentir sua falta. – o mais velho se desgrudou da menina e passou as mãos no cabelo de sua filha. — Você é a única filha que tenho e era a única que me ajudava a cuidar da sua mãe mas, sei que quer estudar aqui por uma causa maior.

— Papai... – os olhos de Chiara se encheram de lágrimas.

Desde o começo do ano passado, Chiara havia descoberto que sua mãe estava com leucemia e, desde então, ela e seu pai haviam feito de tudo para pagar as consultas que ela precisava. Mas, a cada consulta que passava, sua mãe parecia ficar pior e, a morena havia decidido que entraria numa escola que a desse grandes oportunidades para que ela conseguisse ajudar sua mãe; e, aqui estava ela, no colégio mais renomado de Verona.

— Não chore minha filha, você tem que ser forte e ter foco no que veio fazer aqui. Eu sei que você será uma ótima aluna e, o mais importante, não se deixe levar por essas pessoas. Entendeu? – o sr. Castello beijou a topo da cabeça da menina. — Agora eu preciso ir, sua mãe tem uma consulta marcada pra agora e eu não posso me atrasar. Qualquer coisa me ligue.

Chiara se despediu pela última vez novamente antes do seu pai ir embora e, não demorou muito para ir ao auditório. Afinal, faltavam poucos minutos para a reunião começar.

— Eu ainda não acredito que você está me obrigando a estudar aqui! – Sabrina exclamou pela milésima vez bastante irritada.

— Minha filha eu já disse. Você foi expulsa de todas as escolas de Verona e essa é a única disponível. O que quer que eu faça? Te coloque numa escola fora do país? – sua mãe perguntou pela milésima vez também.

Sabrina Osuna era filha da cantora Maite Osuna e, por obrigação de sua mãe e por não se adaptar em nenhuma escola, foi matriculada no Elite. Sabrina não queria estar ali e fazia questão de deixar aquilo aparente; ela não gostava da ideia de ter que ficar uma semana inteira convivendo com 'riquinhos que se achavam e, como protesto, uma semana antes de ir para o Elite, havia colocado um piercing bridge e pintado apenas sua franja de verde. Mas de nada adiantou.

— Eu quero que você me deixe ficar sozinha em casa. Eu não ligo que você tenha que viajar para fazer shows, eu não me importo. Mas não, você tinha que me tirar o mínimo de liberdade que tinha me colocando nessa prisão que chamam de escola! – a garota balançou seu corpo, mexendo as correntinhas que estavam presas na sua saia quadriculada.

— Sabrina isso é para o seu bem. Você vai ver que aqui não é um lugar ruim. – a mulher de cabelos castanhos sorriu dando passagem para que sua filha entrasse no auditório.

— Que seja. – a garota de cabelo colorido revirou os olhos entrando no ambiente.

Já no local se encontravam todos os alunos e, não demorou muito para que o diretor, Luigi Caruso, subisse no palco junto de sua esposa e sua filha, Martina.

— Bom dia a todos os pais e alunos. Eu sou Luigi, o diretor de vocês e bom... Como todo ano estou aqui para mais uma reunião de começo de ano e, dessa vez, prometo não me prolongar muito e falar logo as coisas importantes que tenho a dizer. – sorriu ajeitando seu paletó e Martina revirou os olhos, não demorando a se sentar na cadeira que havia atrás dela.

Todo ano seu pai dizia a mesma coisa e ele sempre enrolava para dizer logo as coisas que deveria falar.

— Primeiro de tudo quero agradecer ao senhor governador De Luca que, mais um ano, compareceu a nossa reunião junto com sua adorável esposa. – sorriu novamente, mas não ousou dizer o nome da acompanhante de Francesco porque ele não tinha certeza se era a mesma do ano passado. — Bom, então vamos começar.

Naquele momento, todos os alunos antigos soltaram um "ah" frustrado. Eles já sabiam que dali eles não sairiam tão cedo.

— E, para finalizar, amanhã vocês conhecerão os alunos novos. Não se preocupem, como sempre, eles foram selecionados a dedo e tenho certeza de que todos se darão bem. – Martina encarou sua mãe que estava sentada ao seu lado e também estava entediada mas logo voltou a olhar para seu pai. — E, a pedido de alguns alunos, além das calças como uniforme, teremos também saias.

Naquele momento, todos os alunos se despertaram de seus sonos e gritaram animados. Mia olhou para Ivy e Ash que a encararam animadas; elas esperaram tanto tempo para que finalmente o diretor Luigi liberasse saia como parte do uniforme.

— As calças femininas, óbvio, não serão descartadas mas, quem quiser usar as saias poderão e quem quiser usar calça também. Além dessa mudança, como todos sabem, as Segundas-feiras usamos o uniforme cinza, Terça-feira até Quinta-feira usamos o azul e as Sextas-feiras é liberado o uso de qualquer roupa. Mas, graças ao incidente do ano passado com as toalhas de banho e sungas da aula de natação, foram proibidos o uso de qualquer roupa as Sextas-feiras e agora é obrigatório o uso do uniforme cinza.

Nessa hora, todos os alunos começaram a reclamar em um aglomerado que ninguém conseguia entender nada do que se falavam,

— Eu sei, eu sei, isso é chato. Mas agradeçam ao antigo segundo ano, principalmente a turma 206 onde temos os nossos queridos Lucca Giordano, Cameron De Luca e Noah Fiore que começaram tudo isso. – sorriu minimamente encarando o trio que estava logo no segundo banco do auditório ao lado de seus pais.

Os três apenas se entreolharam e riram. Eles estavam decepcionados por não poderem mais usar qualquer roupa na Sexta-feira mas não se arrependiam nem um pouco de ano passado terem usado apenas sungas e toalhas de banho para assistirem as aulas no último dia de aula.

— Agora peço que se retirem. Os pais podem ir a secretaria comprar os uniformes e os alunos têm o resto do dia livre para conhecer os quartos e entre outras coisas. Aos alunos mais antigos, fico feliz que estejam de volta e, aos novos, bem-vindos ao colégio Elite!

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