Capítulo trinta e um

Ainda deitados na cama, Dylan e Mia brincavam se escondendo um do outro entre as cobertas. Dylan enchia a loira de beijos no pescoço e cócegas na barriga a fazendo perder o fôlego de tanto rir. Por vezes, os dois apenas ficavam se encarando sem dizer uma palavra, com as mãos entrelaçadas apenas sentindo o Sol bater em seus rostos.

— Acho que vou ficar com você pelo resto da vida. – Dylan murmurou olhando fixamente nos olhos de Mia que estava em cima dele.

— Pelo resto da vida? – riu enquanto o moreno jogava seu cabelo que havia caído em seu rosto para trás.

— Sim. – fez carinho no rosto de Moretti com seu dedo polegar. — Até eu morrer. – os dois riram e se beijaram.

Lombardi passou as mãos pelas costas de Mia que estavam cobertas pelo edredom enquanto ela arranhava delicadamente o peito desnudo do menino, vez ou outra brincando com os dedos nas tatuagens minimalistas que haviam espalhadas pelo corpo do menino.

Os beijos foram interrompidos por leves batidas na porta seguidas da voz de Domenico perguntando se Mia já estava acordada. A loira rapidamente saiu de cima de Dylan e vestiu a primeira blusa que havia visto no chão — que era do seu namorado — e o moreno começou a se vestir rapidamente.

— Mia? Você vai se atrasar, já acordou? – Domenico perguntou ao abrir a porta e deu de cara com Dylan que terminava de fechar o zíper de sua calça do uniforme enquanto Mia ainda usava sua blusa. Ele não disse nada, apenas deu dois passos para trás e fechou a porta. Mia ficou vermelha na hora e cobriu seu rosto enquanto ria e Dylan começou a vestir sua camisa do uniforme rindo tanto quanto sua namorada.

— O seu pai já não gosta de mim. Ele vai me odiar agora. – disse em meio a risadas olhando para Mia que colocava a saia de seu uniforme.

— Eu acho meio difícil ele não te odiar ainda. – a loira de franja brincou fechando os botões da sua camisa que havia acabado de colocar.

— Muito obrigado. Isso me tranquiliza demais. – Dylan ficou de boca aberta e a menor riu antes de lhe dar um selinho.

— Só não esbarra com ele quando for descer. Me espera no carro e comemos em algum lugar antes de ir à escola. – ajeitou a gravata que estava de qualquer jeito no pescoço do moreno e beijou sua bochecha.

— Já sei que, da próxima vez, terei que arrumar um novo jeito de entrar no seu quarto. Certeza que seu pai vai colocar grade nas janelas quando eu for embora. – os dois riram e o mais velho pegou as duas mochilas que estavam ao lado da penteadeira antes de sair do quarto.

Após terminar de se arrumar, Mia desceu e foi até a sala de jantar, onde viu seu pai tomando seu café enquanto via as últimas notícias em seu Ipad. Ela suspirou profundamente e se aproximou para pegar uma maçã da fruteira.

— Podia ter me dito que o garoto dormiu aqui. – Domenico disse antes de dar um gole em seu café e a loira o encarou.

— Ele veio depois da meia-noite. Não achei que estivesse acordado, já que não teve nada aqui em casa. – voltou seu olhar para a fruteira e pegou mais uma maçã.

Domenico nunca foi de fazer festas para comemorar o Ano-novo; geralmente ele viajava com Mia, porém dessa vez não teve viagem. Ele estava irritado com o que sua filha havia feito e, por isso, não quis nem fazer um jantar. Mia passou a virada no quarto, apenas se arrumou para tirar uma foto na sacada de seu quarto e, após fazer sua sessão de fotos e decidir qual foto postar, a loira retirou sua maquiagem e colocou seu pijama. Pouco tempo depois, Dylan mandou mensagem e, quando ela olhou para a sua sacada, viu o menino parado em frente a porta de vidro.

Ela não conseguia acreditar que ele estava ali, ou como ele entrou, já que os muros que rodeavam sua casa eram enormes, mas Mia estava feliz. Os dois ficaram deitados conversando sobre várias coisas e assistindo filmes até o dia amanhecer.

— Vocês... Fizeram algo? – Mia quase riu, porém se conteve. A loira o encarou e ele permanecia olhando para o seu Ipad, porém o seu tom o acusou. Afinal, era a primeira vez que sua filha namorava e Domenico se preocupava com ela, mesmo que nunca houvesse demonstrado aquilo.

Vê-la com Dylan pela manhã o fez perceber que Mia não era mais a menininha que ele deixava aos cuidados de babás e de Harold; a pequena que quando perguntava sobre sua mãe sempre ganhava uma boneca nova para esquecer aquele assunto, ou era colocada em um novo desfile onde ela só devia se preocupar em ganhar. Mia agora era uma adolescente, quase uma mulher. Ele não podia mais comprar coisas fúteis para que ela se esquecesse de assuntos importantes, muito menos a obrigar a focar em outras coisas. Ela agora tinha opiniões formadas, pensava por si só e sabia o que queria. Ele não podia obrigá-la a ser modelo, não era o que ela queria ser; muito menos obrigá-la a ficar com Leonardo Bianchi, não era ele quem ela amava. Domenico não podia mandar no coração de sua filha e só estava percebendo naquele momento o quanto Mia realmente amava Dylan, assim como ele amava sua falecida esposa.

— Agora o senhor está interessado no meu relacionamento? – perguntou num tom cínico.

— Mia... – Domenico bloqueou seu Ipad e o colocou em cima da mesa, logo olhando para a loira. — Eu sou o seu pai, é claro que eu quero saber sobre seu relacionamento.

— Não foi o que me pareceu anteontem.

— Olha filha, me perdoe. Eu fui muito duro com você, eu assumo, mas...

— O problema não foi o senhor ter sido duro comigo, papai. – Mia o interrompeu. — O problema foi que o senhor sempre foi assim. Nunca me deu a devida atenção, eu sempre implorei as suas migalhas e o mínimo que o senhor devia fazer como pai. Eu só fazia tudo o que o senhor mandava porque percebia que só assim teria um pouco da sua atenção, mas chega uma hora que cansa. Agora que eu comecei a deixar de fazer as coisas que o senhor quer, você quer ser duro comigo e isso é tão idiota porque você nem me conhece, como quer me impor algo? O Harold e a Aída são nossos empregados, mas os considero mais família do que o senhor que é meu pai de sangue.

— Mia...

— Não, eu te entendo. O senhor não sabe ser pai. Não sabe como ser um pai sem uma mãe e me trata como se eu fosse a culpada pela morte da mamãe e, desculpa por ter sido. – seus olhos marejaram. — Eu... Preciso ir. O Dylan está me esperando no carro. – limpou a garganta e limpou seu rosto, mesmo que nenhuma lágrima houvesse caído.

Mia foi até a entrada da sala de jantar, porém parou de andar e voltou a olhar para Domenico que tentava absorver tudo o que havia escutado de sua filha. Ele não sabia como Mia se sentia até então, não sabia que ela se sentia culpada pela morte de sua mãe. Ele nunca a culpou por aquilo.

— Respondendo a sua pergunta... – chamou a sua atenção e ele a encarou. — Eu não sou mais virgem, papai. Feliz Ano-novo. – disse antes de ir embora, fazendo com que seu pai se sentasse novamente. Dessa vez, sem palavras com a notícia dada.

Cameron havia chegado mais cedo na escola e, por conta disso, resolveu andar um pouco pelo internato até que a hora para a primeira aula chegasse. Ao ir para a recepção, acabou vendo Maite terminando de assinar uns papéis e um suspiro de alívio escapou de sua boca. Ele não conseguia falar com Sabrina desde o último dia de aula antes do recesso. O loiro achou que Maite pudesse dar alguma notícia para ele, já que eles já se falaram algumas vezes quando a buscava em sua casa para alguns encontros.

— Maite, que bom que você está aqui. – Cameron sorriu e Maite o encarou de cima em baixo. — A Sabrina está bem? Não consigo falar com ela de jeito nenhum.

— Ah é? Bom, não posso te dar essa informação. – passou entre ele esbarrando em seu ombro.

— Por que não? Eu preciso falar urgentemente com ela. – o garoto se aproximou da mais velha. — Por favor, só me diga se ela tá bem. Ela não vai vir hoje?

— Não se preocupe, não creio que seja preciso falar com ela. – sorriu com cinismo. — Até porque ela quer distância de você.

— Maite, por favor, eu posso explicar o que aconteceu. Mas por favor, não me deixe sem respostas. – suplicou de mãos juntas e a mais velha deu um tapa em seu rosto.

— Não é a mim que você deve explicações. – Maite fechou seus punhos e Cameron permaneceu olhando para o lado, com a mão onde o tapa foi dado. — Não precisava ter feito isso com a minha filha. Quem você pensa que é? – seu tom carregava nojo e, sem mais uma resposta vinda de De Luca, a morena foi embora, deixando o loiro irritado consigo mesmo e com bastante dor.

Enquanto isso, do outro lado do internato, Matteo conversava animado sobre como foi sua festa de Ano-novo para Dylan e Mia. O ruivo havia vindo direto de Pádua, cidade onde seus tios moravam, e contava como foi dormir em uma cama elástica no terraço do prédio dos seus tios, mesmo que fizesse - 2º C.

— E o que vocês fizeram ontem? – Matteo perguntou ficando ao lado de Dylan.

— Nada demais. O meu pai e eu preferimos ficar em casa e ficamos vendo filme. – Dylan deu de ombros. — Eu resolvi ver se era verdade aquele lance de assistir Vingadores: Ultimato em uma hora e, quando desse meia-noite, o Tony estalava os dedos. O meu pai topou e... Passamos a virada assim.

— E acontece de verdade?

— Sim. – o moreno abriu um enorme sorriso e o ruivo riu. — É muito foda!

— E você Mia? O que fez? – olhou para a loira que balançava a mão que segurava de seu namorado.

— Bom... Meu pai estava ocupado demais resolvendo assuntos do trabalho em pleno Ano-novo, então eu jantei sozinha. Depois do jantar eu subi, tirei algumas fotos e fiquei assistindo séries. – deu de ombros.

— Pessoal, já que somos amigos, eu tenho liberdade pra dizer qualquer coisa, então... – Matteo fez uma careta. — Que virada de ano mais deprimente a de vocês! Eu achei que vocês ricos fizessem altas festas no final de ano, mas eu me diverti mais que vocês.

— Puxa! Foi mal estragar seu estereótipo que você tinha sobre nós. – Dylan disse num tom irônico enquanto revirava os olhos, fazendo que Moretti risse.

— Ah pessoal! Sabe o que me deu vontade de comer? – Mia mudou de assunto bastante animada. — Um hambúrguer com Coca e batata frita. Podíamos ir na lanchonete que tem aqui perto depois da aula. O que acham?

— Ao Hill's? Lá vende um hambúrguer com cheddar de outro mundo. – Lombardi passou a ponta da língua em seus lábios. — Eu topo. E você Matteo? – os dois olharam para o ruivo, porém só agora perceberam que ele havia parado de andar e estava paralisado, de boca aberta.

— Matteo! Estamos falando com você! – Mia exclamou cutucando seu ombro e, só assim, ele voltou a si.

— O que deu em você? – Dylan riu colocando sua mão no ombro de seu amigo.

— Eu tô vendo um anjo na minha frente. – ele não piscava e Dylan olhou para a mesma direção que ele, vendo uma loira desfilar pelo corredor, chamando a atenção de todos que estavam ali pela sua beleza. Era como uma modelo fora da passarela, seus olhos azuis eram penetrantes e ela tinha um perfeito catwalk; uma perfeita modelo fora da passarela.

— Limpa a baba aí, meu filho. – Dylan brincou fechando a boca de Matteo com seu dedo indicador e o ruivo se recompôs.

— Ela é muito bonita mesmo. – Mia a olhou de cima a baixo. — Enfim, eu vou ver se encontro a Ash por aí. Até daqui a pouquinho, meninos. – deu um selinho em Dylan antes de ir em direção aos dormitórios para deixar sua mochila.

Assim que a loira se aproximou de Dylan e Matteo, o ruivo rapidamente tentou manter a melhor pose enquanto Lombardi achava graça daquela situação. A menina os encarou e, ao olhar para Dylan, foi como se tudo à sua volta tivesse parado. Aquele era o primeiro menino bonito que realmente chamou sua atenção naquele internato.

— Oi, meninos. – acenou com a mão e Matteo fez o mesmo.

— Oi, você é nova por aqui, não é? – perguntou afobado e Dylan teve que colocar sua mão em sua frente para que ele se controlasse.

— Sim. Eu me chamo Fiona, prazer. Mas pode me chamar de Flor. – sorriu olhando para o moreno que a encarava com um sorriso simpático. — Sou filha da modelo Yolanda Vitale.

— Bem que eu te achei parecida com alguém. Você é a cara da sua mãe.

— Vivem me dizendo isso. – Fiona riu.

— Espera. – Dylan franziu o cenho como se lembrasse de algo. — O seu pai não é o Angelo Zurzolo? Aquele ator famoso?

— É ele mesmo. – a garota o encarou fixamente nos olhos e sorriu.

— Eu admiro muito ele. Ele é um bom ator. – Lombardi colocou as mãos nos bolsos de sua calça. — Eu me chamo Dylan. Dylan Lombardi e esse é o meu amigo Matteo. – apontou com a cabeça para o ruivo ao seu lado e Fiona o encarou sorridente.

— Meu sobrenome é Petrini. Eu... Sou bolsista. – a loira esboçou um "ah" sem som, porém logo voltou seu olhar para Dylan.

— Eu já ouvi falar da sua mãe. Ela é advogada, não é? Bianca... – levantou seu dedo indicador e semicerrou seus olhos, como se tentasse buscar algo em sua mente.

— Ferretti.

— Isso! Bianca Ferretti! – exclamou com um enorme sorriso e ele sorriu de canto, arqueando levemente suas sobrancelhas. — Você é igual a sua mãe. Sempre me perguntei o porquê dos seus pais terem se separado, eles pareciam ser um casal perfeito...

— Nenhum casal é perfeito. Assim como os meus, tenho certeza que os seus também brigam de vez em quando. – passou os dedos levemente em seu nariz. — A diferença é que o amor deles deixou de existir e foi necessário uma separação. – contraiu a mandíbula.

— Eu sinto muito por isso. Eu... Não quis tocar nesse assunto. – Fiona negou com a cabeça enquanto colocava sua destra no ombro do maior.

— Tá tudo bem. O divórcio deles nunca me afetou. – Dylan deu de ombros.

— De qualquer forma, saiba que pode contar comigo para o que precisar. Qualquer coisa mesmo. – o encarou de cima em baixo e o garoto apenas permaneceu neutro. Ao perceber que ele não retribuiria sua paquera, a loira deu um pigarro seguido de um passo para trás. — Bom... Eu ainda preciso conhecer o meu dormitório antes da aula começar. Nos esbarramos outra hora, meninos. – deu uma leve piscadela para os dois e se retirou do local.

— Eu fico impressionado como sou invisível pra essas pessoas. – Matteo cruzou os braços indignado.

— Ela é bonita, mas é como todas as meninas daqui. Não tem personalidade, é rasa. Em dois minutos de conversa e eu não tenho mais nenhuma vontade de falar com ela de novo. – Dylan olhou para seu amigo que riu.

— Cara, ela claramente estava dando em cima de você. Você não percebeu?

— Percebi e por isso não dei abertura. – deu de ombros.

— Por que não falou que namora? Sabe que se a Mia descobrir ela vai surtar, não é? – arqueou uma de suas sobrancelhas.

— Eu não preciso falar que namoro pra uma menina perceber que não estou interessado nela, minhas atitudes mostram isso. E a Mia confia em mim e confia nela mesma. – deu um passo para frente. — Acha mesmo que Mia Moretti vai surtar por causa de uma menina que acabou de chegar no Elite? Essa não é a minha namorada. – riu e Matteo fez o mesmo concordando.

— Você acha que é tranquilo usar biquíni na frente de todo mundo? Eu tô bem mesmo? – Ivy perguntou olhando para Jin que tentava segurar a risada. — Digo, vai ser um almoço com muita gente importante. Eu não quero fazer feio na frente dos seus pais e dos amigos deles, eles são políticos e...

— Ivy, por favor! – Jin colocou sua mão na coxa da garota que agora tinha seu cabelo naturalmente castanho e riu. — Você é linda. – Ivy abriu um enorme sorriso enquanto ele a ainda a encarava fixamente nos olhos. — Vai ser um churrasco e podemos entrar na piscina a hora que quisermos. Ou você prefere ficar na mesa escutando eles falando sobre o que fazem no gabinete? – os dois riram.

Após Ivy saber que Dylan e Mia gostavam um do outro e que não tinha chances com Lombardi, a garota ficou arrasada. Foi uma surpresa e tanta Jin estar ao seu lado, a dando apoio e ajudando-a superar sua paixão não correspondida. Os dois estavam muito próximos e até reuniram as famílias para passarem a virada juntos.

— Alguém já disse que vocês dois são fofos juntos? – os dois olharam para frente e viram Lucca e Chiara de mãos dadas, sorrindo para os dois.

— Hã... Obrigada Lucca, mas nós somos apenas amigos. – Ivy riu sem graça enquanto se levantava.

— Eu sei muito bem reconhecer quando uma pessoa tá gostando de alguém. Vocês não me enganam. – Lucca disse e Chiara soltou sua mão para tampar o rosto.

— Chiara, o que você fez com ele, hein? Eu quero meu amigo de volta e não o "guru do amor". – a morena brincou, fazendo os três rirem.

— Ah, mas eu tenho que admitir que ele está bem melhor assim. – olhou para o seu namorado e ajeitou seu blazer. — Eu amo o que ele se tornou. – sorriu e deu dois selinhos no maior.

— Gente, vocês me perdoem, mas eu ainda tenho traumas com os casais recém-formados no Elite. Se me dão licença, eu vou pegar o meu material, o sinal para a primeira aula vai bater daqui a pouco. – Ivy chamou a atenção dos dois que apenas riram ao se abraçarem. A garota subiu e Jin pediu licença, avisando que iria atrás de seus amigos.

— E eu vou guardar minha mochila no quarto e ver se a Nina ou a Sabrina já chegaram. – Castello olhou para Lucca.

— Eu vou ver se encontro o Cameron. Ele disse que precisava me contar uma coisa, mas não consegui falar com ele durante o recesso. – deu um beijo demorado em Chiara e, após o ato, ela se desvencilhou dele. — Já estou com saudades! – exclamou enquanto Chiara subia, fazendo com que ela risse ao olhar para trás e ver o garoto mandar beijo para ela.

Enquanto isso, no dormitório feminino Mia acabava de guardar suas coisas em seus devidos lugares quando Ash entrou no quarto. Moretti ficou de boca aberta ao ver sua amiga; em apenas quatro dias de recesso ela havia mudado pra melhor. Ash não tinha mais o cabelo curto, usava um aplique que batia abaixo de seus seios e havia feito uma harmonização facial, por isso, seu rosto estava um pouco inchado.

— Nossa! – Mia exclamou arregalando levemente os olhos. — Mudou a aparência junto com o ano? Você sabe que não precisava fazer procedimento estético algum, não é? Você já era linda.

— Sei, mas não me arrependo. Me sinto ótima assim. – a loira deu de ombros.

— O que houve? – Moretti riu sentando-se em sua cama. — Você parece meio séria.

— Ai Mia, eu andei pensando um pouco só. – cruzou os braços e a encarou. — Se você, como num passe de mágica, se tornou a menina mais fofa e de coração puro do Elite, eu acho que talvez eu também deva mudar da água pro vinho em segundos. O que acha?

— Eu não mudei num passe de mágica, Ash. – balançou a cabeça em negação desfazendo seu sorriso. — Eu só parei de ter medo de ser quem realmente sou. Achei que como minha melhor amiga você fosse me entender.

— Ai, para de falar, para! – exclamou fazendo cara feia. — Eu cansei de fingir ser sua amiga, Mia, cansei de ser sua sombra. Você já me saturou e eu cansei faz tempo. Eu precisava falar isso logo, 'tava me engasgando já.

— Amiga, acorda. Por que está dizendo isso? – Moretti se levantou e aproximou-se de Ash.

— Porque é a verdade! – bateu suas mãos em seu corpo e se afastou de Mia. — Eu cansei de ser sua cadelinha, correndo atrás de você e seguindo os passos da "doce Mia Moretti". Você me cansa e eu cansei de todos babando o seu ovo.

— Ninguém baba o meu ovo, Ashley. Eu consegui esse status aqui porque mereci, você sabe que não foi do nada. Eu achei que fosse minha melhor amiga...

— Por que eu seria melhor amiga de uma menina mimada e fútil como você? – riu com escárnio. — Eu acho que o Elite é grande demais e pode ter mais de uma Moretti por aí. Eu vou amar disputar esse lugar com você.

— Você não precisa fazer isso. – Mia riu sem humor. — Nós podemos conversar melhor, desabafa comigo. Podemos resolver isso e...

— Não Mia, eu não quero conversar com você. – Ashley negou com a cabeça.

— Você está querendo criar uma rivalidade sem necessidade.

— Sério? Pois eu acho que essa rivalidade será necessária. – a encarou de nariz empinado. — Eu vou amar ver você caindo do seu pedestal, Mia. E sabe o que eu vou adorar mais ainda? Ver você perdendo pra mim.

— O que mudou nesse recesso? – Moretti perguntou assim que a loira colocou a mão na maçaneta da porta.

— Eu também parei de ter medo. Medo de falar a verdade. – abriu a porta. — Eu acho que nunca fui sua amiga de verdade. Obrigada por ter me dado status nesse internato. – disse antes de sair do quarto.

— Sabrina! Finalmente te encontrei! – Chiara exclamou animada ao entrar na biblioteca e a garota a encarou. — Uau! Você está... Muito linda. – sorriu e Sabrina fez o mesmo. Osuna não tinha mais o piercing bridge, apenas o de septo e seu cabelo agora não tinha mais sua franja tingida de verde, mas sim metade de seu cabelo estava castanho enquanto a outra metade estava loiro.

— Valeu. Acho que mudar sempre faz bem, não é? – sorriu colocando o livro A Divina Comédia que segurava em cima de uma mesa enquanto sua amiga se aproximava para lhe dar um abraço.

— Como você está? A Nina me contou sobre... O Cameron. – Castello pareceu meio receosa em falar sobre aquele assunto, porém Sabrina fez um sinal com a cabeça para que ela pudesse continuar falando. — Eu não sabia sobre vocês dois e nem que ele fosse capaz de fazer isso com você. Se quiser, podemos sair esse fim de semana, você talvez precise distrair um pouco a mente.

— Eu tô bem, fica tranquila. – sorriu e passou as mãos nos braços de sua amiga. — Eu prefiro ficar em casa, tomar sorvete e escrever sobre como o amor não é nada além de um mito. – Chiara ficou séria e a garota de cabelo colorido riu. — É brincadeira, sua boba.

Sabrina apoiou suas costas na mesa atrás de si e cruzou novamente os braços, passando a ponta da língua entre seus lábios pintados de um batom extremamente vermelho que chamava atenção, já que ela era branca demais. A garota ainda estava sim magoada com a situação de Cameron, mas já chorou por dias seguidos e foi demais para ela expor seus sentimentos para sua mãe e Filippo, porém a ajudou a ficar bem – afinal, sem sua mãe e seu assistente a mimando, imaginando formas de matar Cameron e distraindo sua mente, ela ainda estaria arrasada.

— Eu resolvi que vou trabalhar depois das aulas para passar o tempo. – encarou Chiara. — O Evolution precisava de um bartender e eu sei fazer ótimas bebidas. Minha mãe falou com o Nate e ele adorou a ideia, agora eu sou funcionária de lá durante a noite. Ela veio comigo hoje e assinou minhas permissões de saída para o trabalho. – suspirou. — Vai ser bom ganhar o meu próprio dinheiro e... Sair um pouco dessa escola.

— Você está certa amiga. Se quiser posso te fazer companhia em alguns dias no trabalho. Posso fazer seu dever enquanto você atende os clientes. – a morena de olhos azuis brincou e Osuna riu.

— Sabrina? Que bom que te encontrei! – o peito de Sabrina doeu ao escutar aquela voz que ela tanto evitava ouvir. Ao olhar para frente, viu Cameron se aproximar e Chiara ficou sem saber o que fazer ao perceber o desconforto que sua melhor amiga estava sentindo. — Nós precisamos conversar, por favor.

— Nós não temos mais nada pra conversar. – Sabrina contraiu a sua mandíbula e o encarou friamente.

— Eu... Vou deixar vocês a sós. – Chiara disse e fez um sinal com a cabeça, logo saindo da biblioteca. Ela sabia que não devia fazer aquilo, mas não queria ficar entre os dois. Querendo ou não, eles precisavam ter aquela conversa.

— Eu vi a sua mãe hoje na recepção. Eu perguntei de você pra ela e levei um tapa. – riu fraco olhando para o chão e colocou suas mãos nos bolsos de sua calça.

— É uma pena que eu não tenha visto isso. – a garota de cabelo colorido riu sem humor e foi até o lado da mesa que havia deixado seu livro.

— Sabrina, você precisa saber que eu não quis te magoar. – o loiro disse e a garota começou a folhear o livro, torcendo para que lágrimas não se formassem em seus olhos. — No começo eu me aproximei sim de você por causa de uma aposta, mas eu não continuei por causa dela. Eu realmente comecei a gostar de você, você precisa acreditar em mim.

— Não Cameron, não dá mais! – jogou com força o livro em cima da mesa e algumas pessoas pediram por silêncio. — Você conheceu o meu coração, você o sentiu. – seu tom de voz era baixo, mas a raiva era evidente. — O quanto você se divertiu me enganando daquele jeito como uma idiota? – as veias de seu pescoço se tornaram evidentes e sua voz falhou.

— Eu... Sinto muito. – o loiro de olhos azuis negou com a cabeça com o sentimento de culpa a flor da pele. Ele não queria ver Sabrina daquele jeito, ele realmente não queria magoá-la daquela forma.

— Não, você não sente. Porque, assim como o seu pai, você foi criado para fazer as merdas sem pensar nas consequências. – se aproximou de Cameron e o encarou friamente em seus olhos. — O problema é que, dessa vez, nem o seu pai pode consertar o estrago que você causou. – engoliu o nó em sua garganta e De Luca fez o mesmo.

— Sabrina...

— Vai embora. – ordenou entre dentes. — E não olha para trás. – negou com a cabeça e, por mais que Cameron quisesse falar algo, da sua boca não saiu nada. Ele apenas abaixou a cabeça e saiu, assim como Sabrina mandou.

— Seu ex? – Osuna olhou para trás e se assustou ao ver um garoto sentado em cima da mesa.

— É da sua conta?

— Não, mas foi meio difícil não escutar a discussão de vocês. Da próxima vez que quiser brigar, acho que deveria procurar outro lugar que não seja a biblioteca. – cruzou os braços e a garota riu, fazendo com que ele abrisse um sorriso de canto. — Eu sei que ex's podem ser estressantes. Meu último término também não foi uma maravilha.

— Bom... Digamos que eu sou emocionalmente danificada. – sorriu pegando o seu livro de cima da mesa e o garoto riu colocando as costas de seus dedos esquerdos em seus lábios, olhando fixamente para Sabrina.

— E eu sou um imã de problemas. – cruzou seu braço esquerdo e colocou o outro por cima, o esticando para baixo. — É uma droga, eu sei. Podemos ficar aqui horas falando quem teve o pior relacionamento, só que eu tenho certeza que você vai perder.

— Não conte com isso. – sorriu.

— Eu me chamo Jackson. – esticou a mão para Osuna ao sair de cima da mesa.

— Sabrina. – o cumprimentou com um aperto de mão.

—Olha, falando sério agora, se te serve de conforto, ele é um babaca. – fez uma careta. — Todos os garotos são e eu falo isso com propriedade. Não fica mal não, isso vai passar. – o sinal para o primeiro tempo tocou e Jackson olhou para o teto. — Bom, eu preciso ir. É o meu primeiro dia e eu não quero chegar atrasado. Ser o aluno novo e ainda por cima o atrasado não é algo legal. – começou a andar de costas para a porta e Sabrina riu. — Te vejo por aí, danificada. E, por favor, que não seja brigando de novo numa biblioteca. – deu uma piscadela antes de se virar e sair do local, passando entre os alunos que faziam o mesmo.

aaa gente, só passando aqui para agradecer as 15k de leituras. o meu coração aquece demais quando eu vejo que a fic cresce cada vez mais e eu fico muito feliz em saber que vocês gostam da história.

muito obg por acompanharem a fic, isso me incentiva demais a continuar escrevendo. até o próximo cap 💖💖

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