Capítulo sessenta e nove

Duas semanas se passaram e, finalmente, a paz voltou a reinar no Elite. Jean e Fede foram a público com o advogado e, segundo o advogado, a afirmação do jornal era verdadeira, por isso, não podiam abrir nenhum processo contra a pessoa. Também não encontraram nada nos computadores do internato que poderiam usar para encontrar o autor do jornal.

Entretanto, Fede não saiu como errado. Por conta da exposição, ele foi atrás do médico que fez seus exames e, após uma nova bateria de exames, descobriu que seu exame antigo havia sido adulterado. Um colega de time havia pagado para que o médico trocasse seu exame com o de outro jogador e, infelizmente, Fede foi o escolhido para isso. O jogador foi expulso do time após esse ato gravíssimo e o médico foi processado.

Fede também foi a público falar sobre as traições e – para surpresa de Lucca, ele confirmou a traição. Claro, ele não falou das outras, era como se ele tivesse errado somente uma vez na vida, mas deixou claro que amava sua esposa e que aquilo não havia se repetido novamente. Mentira.

Após o pronunciamento, Lucca não foi mais motivo de zoações no colégio, mas ele pouco se importava. Estava feliz pelo seu pai não ter mentido sobre o exame, entretanto, frustrado por novamente seus pais colocarem a maior parte da sujeira debaixo do tapete. Luna recebeu uma intimação, ela estava proibida de citar qualquer coisa sobre, ou até mesmo mencionar o nome de qualquer Giordano. Claro que seus pais pagariam pelo silêncio definitivo da garota, isso faria com que nenhuma outra se atrevesse a abrir a boca também.

Lucca estava cansado. Assim que tudo se resolveu e todos pararam de pegar no seu pé, ele fez questão de mandar uma mensagem para os seus pais pedindo que os deixassem em paz por tempo indeterminado. O garoto estava totalmente decidido a não voltar para casa e Cameron e Noah já haviam dito que a casa deles estava de portas abertas pro que ele precisasse.

Desde então Lucca não tinha contato nenhum com seus pais, havia os bloqueado em todas as redes sociais e evitava usar seu cartão de crédito para que eles não soubessem para onde ele ia quando estava fora do Elite.

Após a poeira dar uma abaixada, Ivy e Mia finalmente retomaram os planejamentos para o baile de formatura. Desde o começo do ano elas estavam animadas por conseguirem fazer parte do comitê estudantil e fazer parte da elaboração da última festa para os alunos do terceiro ano.

Mia e Ivy estavam sentadas na sala de estudos, segurando pranchetas e bebendo chocolate quente, tentando anotar ideias para a última festa naquele internato.

— O que você acha desse tema aqui? – Ivy endireitou sua postura no sofá. — "A última valsa".

— Ai amiga... – Mia fez uma careta. — Isso é tão brega. Não vai rolar.

— É. Tem razão. – a morena mordeu a tampa da caneta que segurava, bastante pensativa. — Ah! O que acha de: "uma noite no fundo do mar"? – chamou a atenção novamente de sua melhor amiga.

— Não Ivy! Isso foi tema do ano passado. – Mia se esticou para pegar sua caneca de chocolate quente. — Não quero reciclar ideias, temos que fazer nosso melhor. – Ivy a encarou de um jeito estranho, o que a fez rir. — Ao nosso alcance, é claro. – as duas riram.

— Sabe o que eu estava pensando aqui? – Ivy deixou sua prancheta ao seu lado no sofá e ficou em posição de índio, colocando suas mãos em cima da sua perna. — Como as coisas seriam se nada do que aconteceu até agora tivesse acontecido?

— Como assim? – Mia sorriu confusa, colocando sua caneca de volta à mesa de centro e sua prancheta ao lado. Ajeitou-se na poltrona que estava sentada e ficou na mesma posição de Ivy.

— Você sabe... – a garota deu levemente de ombros. — Como seriam as coisas se, por exemplo, você tivesse acabado namorando o Cameron, ou se a Sabrina e o Dylan fossem um casal. Você nunca parou pra pensar nisso?

— Bom... – a loira olhou para o teto, pensativa.

Mia nunca se viu namorando o Cameron, apenas Dylan. Ela nunca sequer cogitou como seriam e, agora, Ivy havia a feito pensar. Com certeza eles não teriam mudado, seriam os mesmos insuportáveis de antes e não teriam conseguido passar pelos seus obstáculos. Já Sabrina e Dylan os odiariam e, possivelmente, se tornariam o casal mais descolado do Elite.

— Acho que não combina. – a garota disse por fim, dando de ombros. — Eu não falo isso porque o Dylan é meu namorado e o Cameron e a Sabrina são meus amigos, mas... Acho que tudo aconteceu da forma que deveria. O Cam precisava da Sabrina. Se eu o namorasse, nunca teria coragem de encorajá-lo a de fato seguir o sonho dele e bater de frente com o pai. Sendo assim, eu nunca teria tido coragem de bater de frente com o meu e continuaria fazendo de tudo pela aprovação dos outros e, talvez, minha relação com o meu pai nunca teria mudado.

— Você acha então que a chegada do Dylan e da Sabrina foi necessária pra mudança de vocês?

— Acho que não só pra gente como também pra todo mundo. Não acha? – Mia riu. — Acho que, sem eles, o Jin nunca teria tido coragem pra finalmente ser quem era e, talvez, sofreria bullying até agora. Você continuaria achando ser uma sombra minha e a Ash continuaria sendo a megera falsa com a gente, buscando ser "melhor que eu" e aceitando ficar com qualquer um daqui. O Lucca teria continuado sendo aquele garoto estúpido e a Martina e a Nina nunca teriam se aproximado e namorado. Sem contar que eu não faço ideia de como teriam sido as coisas se tivessem sido assim com a chegada da Lola, Jackson e Fiona. – fingiu ter ânsia ao pronunciar o nome de Fiona. — Ah! E como teria sido com a chegada do Nico também.

— É. – Ivy ficou pensativa. Pensou num mundo paralelo onde tudo que Mia dissera acontecia e não gostou nada do que viu. — Ainda bem que as coisas aconteceram exatamente desse jeito. Imagina, um mundo onde o Jin não seja o meu namorado? – indagou incrédula e Mia riu.

Enquanto Ivy se desesperava só com o fato de pensar numa falsa probabilidade de nunca ter namorado Jin, Mia sentiu um clarão em sua mente. Rapidamente ela pegou sua prancheta e anotou sua ideia antes que desaparecesse da sua mente.

— Tive uma ideia para o tema do baile! – exclamou animada chamando a atenção de sua amiga. — O tema vai ser... Você!

— Eu? Não entendi, Mia. – Ivy franziu o cenho confusa.

— Não é você, você. O tema vai ser nós. – a loira abriu um enorme sorriso. — Nossa conversa me fez lembrar da aula do Dante, a nossa primeira aula. Sobre quem nós realmente somos. Acho que um último baile memorável seria sobre nós mesmos. O que fizemos, o que abrimos mão, pra chegar até onde chegamos. Nós somos quem realmente somos agora, sem amarras, sem medos e isso é libertador. Acho que deveríamos comemorar isso. Um novo ciclo a partir do momento em que ganharmos nosso diploma.

— Mia... – os olhos de Ivy se encheram de lágrimas. — Eu amei essa ideia!

As duas abriram um enorme sorriso e Ivy saiu do sofá e pulou em cima de Mia, a abraçando fortemente e enchendo-a de beijos.

 — Ai, eu odeio medidas de centralidade e dispersão... – Matteo deslizou seu rosto que estava apoiado em sua mão, vendo Jin e Mia resolverem as questões no quadro.

— Não é uma matéria muito legal de se estudar, confesso, mas... Veja pelo lado bom Matteo, é a última matéria a ser estudada. Depois você se forma. – Austin abriu um enorme sorriso, apoiando suas costas na mesa.

Sem algum aviso prévio, Luigi entrou em sala de aula acompanhado de dois policiais, o que deixou todos assustados.

— Posso ajudar, diretor? – Austin perguntou ao se aproximar do homem.

— Jin e Mia, sentem-se, por favor. Preciso falar algo importante. – Luigi estava impassível, o que fez Austin engolir em seco e dar um passo para trás.

Os dois alunos correram para suas mesas e, assim que se sentaram, Luigi foi para o centro da sala enquanto os dois policiais permaneceram no mesmo lugar.

— Bom, se passou uma semana depois daquele terrível jornal de fofocas. Infelizmente não achamos o culpado por isso, mas foi tudo resolvido da melhor forma, como todos puderam ver. – soltou um pigarro ao ver Lucca no fundo da sala abaixar a cabeça. — De qualquer forma, não estou aqui para falar sobre esse trágico incidente. Achávamos que o autor tinha desistido dessa história toda, mas, essa manhã eu recebi uma cópia adiantada do que viria a ser o novo jornal.

Naquele momento todos começaram a cochichar sobre o que poderia ser dessa vez e a gravidade da situação, visto que Luigi estava acompanhado de dois oficiais.

— Ainda bem que me enviaram por e-mail antes de publicar. Conseguimos identificar a programação da impressora da biblioteca e paramos com a xerox desse infame jornal. – pronunciou com certo desprezo. — Dessa vez, o que foi citado é um crime grave e que preciso apurar com a polícia e, caso seja de fato verdade, as pessoas citadas serão gravemente punidas. Quero salientar, que jamais na história desse internato houve um caso parecido e eu estou extremamente desapontado com o que li. Um professor tendo um caso com uma aluna? Isso é inadmissível!

Imediatamente todos começaram a falar em voz alta, chocados com tal pronunciamento. O coração de Ash parou e ela encarou com os olhos arregalados para Austin, que parecia ter tido uma parada cardíaca ali mesmo. Seus olhos estavam arregalados, seu rosto pálido e ele começava a suar frio. Como assim descobriram sobre os dois?

— A aluna não foi revelada, então peço que, qualquer um, que saiba sobre esse assunto venha falar comigo na diretoria o quanto antes. Já você, senhor Foganoli, me acompanhe por favor. – fez um sinal com as mãos para que ele fosse na frente enquanto um dos policiais abria a porta.

Mia olhou para Ash, que estava com os olhos cheios d'água, se esforçando ao máximo para não deixá-las caírem. Austin deu uma última olhada para seus alunos e apenas murmurou sem som um "sinto muito" enquanto todos permaneciam chocados com tal revelação. Austin estava tendo um caso com uma aluna daquela turma.

— As aulas para essa turma estão canceladas por hoje. – foi a última coisa que o diretor disse antes de sair de sala com Austin e os policiais.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top