Capítulo quarenta e um
A manhã na casa dos De Luca amanheceu bastante agitada. Por ordens de Francesco, Ludovica acordou Cameron às nove da manhã e o levou até Milão para pegar a roupa que Cameron havia ganhado de presente da famosa estilista Donatella Macerata, feita especialmente para Cameron usar em sua festa, e agora os dois terminavam de fazer algumas compras na Gucci.
— E aí? Como é ter dezoito anos? – Ludovica perguntou ao olhar para o garoto que estava apoiado sobre a bancada.
— A mesma coisa de antes. Eu ainda não moro sozinho, então... – deu de ombros. — A única coisa boa disso tudo é que agora não vou mais precisar da assinatura do meu pai quando eu quiser ficar na cobertura do hotel. – os dois riram.
— Mas isso você já fazia. – olhou para a atendente que havia colocado as sacolas em cima da bancada e agradeceu sorrindo enquanto Cameron apenas acenou com a cabeça como forma de agradecimento. — De qualquer forma, a tão esperada festa será hoje. Espere só mais um pouco e você estará livre de tudo isso.
— Parece que o tempo não quer colaborar. – o loiro revirou os olhos assim que saiu da loja. — Agora eu tenho que voltar para Verona, almoçar com o Claudio e me encontrar com o meu pai. – suspirou cansado.
— Ei! Se anima. – a mais velha deu uma leve cotovelada em seu braço. — É o seu aniversário. – riu, fazendo Cameron revirar os olhos com um sorriso no rosto, antes de deixá-la entrar primeiro no carro.
Enquanto isso, em Vicenza, Chiara estava no Rowe Hospital — um hospital bastante renomado da comuna — visitando a sua mãe. Ela não pôde ficar muito tempo no quarto, já que Angela precisava descansar então, enquanto ela esperava Lucca que havia ido ao banheiro, resolveu conversar com o seu pai no corredor.
— De verdade, eu não sei como agradecer por tudo que os Giordano estão fazendo por nós. – Mattia olhou para Chiara. — É tanto dinheiro gasto com a gente que, nem se eu trabalhasse o ano todo sem uma folga, eu conseguiria pagar.
— Eu já falei que os pagaria de volta de alguma forma, mas eles foram bastante rígidos comigo ao falarem que não queriam nada de volta. – Chiara riu fraco ao menear com a cabeça. — O Fede disse que, a única que quer, é que você vá com ele um dia num churrasco com os amigos.
— Uau! – o mais velho apoiou sua cabeça na parede atrás de si e riu. — Quem diria que um dia eu seria convidado pra um churrasco com Fede Giordano e os seus amigos do futebol? – um enorme sorriso se fez presente em seu rosto. — Você ganhou na vida, minha filha.
— Ainda não papai. – a morena de olhos azuis riu fraco. — A Jean e o Fede são pais do Lucca e não meus. É ele que tem a vida ganha. – olhou para Mattia. — Eu não vou mentir, é muito bom que eles ajudem e deem presentes, mas... Eu prefiro fazer tudo isso sozinha.
— E eu concordo totalmente com você. – colocou sua mão na coxa da mais nova e sorriu orgulhoso. — Mas, por agora, vamos aceitar a ajuda dos Giordano. Teremos muito tempo para recompensá-los por isso. – a puxou para mais perto de si e beijou sua testa.
— Chiara, podemos ir? – Lucca perguntou assim que apareceu. Castello assentiu enquanto se levantava com seu pai e ele olhou para Mattia. — Nós... Ainda precisamos experimentar as roupas pra hoje a noite. – coçou a nuca.
— Hoje a noite? – Mattia franziu o cenho confuso.
— Hoje é o aniversário do Cameron, papai. Eu comentei com o senhor... – Chiara sorriu timidamente enquanto abraçava Lucca.
— Esse tal de Cameron não é filho do governador Francesco De Luca? – arregalou os olhos e os dois apenas assentiram com a cabeça. — Puxa! Eu ainda não me acostumei com o fato dos seus amigos serem pessoas famosas. – riu ainda desacreditado.
— Ah! Eu esqueci de comentar... – Giordano estendeu a palma de sua mão direita e esperou que ela segurasse sua mão. — O dono desse hospital é o Leonel Lombardi. Sabe aquele cirurgião famoso? – Mattia concordou com a cabeça. — Ele é pai do Dylan, o meu melhor amigo. – segurou a mão de Lucca.
— Me diz, tem alguém naquela escola que seja igual a você? – Castello cruzou os braços.
— Tem o Matteo. – Lucca respondeu. — Mas ele não é especial como a sua filha. – deu uma piscadela e os três riram antes de Chiara e Lucca se despedirem e irem embora.
Era quase seis da tarde e Mia estava tirando um cochilo quando Dylan entrou em seu quarto e pulou em cima de sua cama, fazendo com que a loira acordasse no susto.
— Meu Deus, Dylan! – bateu no braço do moreno que ria. — O que faz aqui?
— Como você preferiu ficar esse final de semana na escola, o seu pai pediu pra te trazer a roupa que você vai usar na festa do Cameron. – pegou a sacola da Versace e a entregou. — Mas é sério, por que quis ficar aqui? Se eu vi três pessoas por aqui foi muito.
— Porque a escola é mais próxima do hotel. – saiu debaixo das cobertas. — E não é tão ruim ficar aqui, tá? Ontem eu fiquei até de madrugada jogando jogo da Vida com uma garota do segundo ano e um menino do primeiro. E eu ganhei todas as rodadas. – sorriu e Dylan fez o mesmo antes de lhe dar um selinho.
— E sabe o que eu fiz ontem? Passei a madrugada inteirinha jogando Valorant com o Jin e o Matteo. Mas adivinha? O Jin teve que sair pra falar com a Ivy e eu tive que escutar o Matteo falando da Fiona... – revirou os olhos e Mia riu.
— Você acha que o Jin vai pedir a Ivy em namoro? – apoiou todo o seu peso em suas mãos que estavam apoiadas na cama e sorriu.
— Eu não sei, mas ele deveria. A Ivy teve muita coragem em dar o primeiro passo, o beijando na frente da escola inteira. – Dylan ajeitou a pulseira da Cartier que usava em seu pulso direito que Mia o havia dado de presente de Natal. — Mas sempre que eu comento isso ele muda de assunto.
— A Ivy também... – desviou o olhar e bufou. — Mas não vamos nos meter, a menos que eles peçam. – se levantou num pulo, fazendo com que Lombardi se assustasse. — Enfim, me ajuda com o cabelo? Eu estou pensando em fazer baby liss nas pontas.
— Eu não acredito que você vai me deixar fazer o seu cabelo! – o garoto exclamou surpreso e Mia riu.
— Deixa de ser idiota e vem. – estendeu a mão para ele e ele a segurou, logo se levantando para subirem as escadas.
Naquele mesmo tempo, Ivy e Jin estavam na casa de Bellucci fazendo os preparativos para mais tarde.
— Eu não gostei dessa roupa. – Jin se sentou na cama parecendo estressado. — Eu não vou à festa parecendo que vou trabalhar no gabinete com o meu pai! – ajeitou seu óculos que estava na ponta de seu nariz.
— Calma, a gente dá um jeito. – a morena riu fraco, pois estava usando uma máscara de argila. — Acho que o meu irmão deixou algumas roupas novas aqui. Eu posso pedir pra minha mãe.
— Ivy, eu não sei se é uma boa...
— Para! É sim. – o encarou largando as caixas de sapatos em cima de sua cama. — O Isaac não vai ligar se eu pegar algo emprestado. Ele nem tá aqui. – deu de ombros.
— Meninos? Posso entrar? – Carina perguntou ao dar leves batidas na porta e só abriu quando os dois responderam que sim. — A Carmen já passou o seu vestido. – a mulher de cabelo ondulado castanho na altura dos ombros sorriu ao mostrar a roupa devidamente dobrada no cabide. — E Jin, ela está apenas esperando você entregar a sua para ela também passar. – olhou para o garoto que ainda estava sentado na cama.
Carina gostava bastante de Jin. Ele foi o único garoto que fazia sua filha ter um brilho no olhar e ela ficava feliz em ver Ivy daquele jeito. Ivy e Jin não se desgrudavam mais e — apesar do senhor Bellucci ser bastante rígido com as coisas — ele não via maldade alguma em deixar Jin dormir no quarto de Ivy, o que só fazia com que eles ficassem mais próximos ainda.
— Ah, mãe, sobre isso... – Ivy ajeitou o seu roupão e a tiara que usava para o cabelo não grudar em sua máscara facial. — Será que eu posso pegar uma roupa no closet do Isaac pro Jin usar?
— Do... Isaac? – Carina desfez o sorriso e colocou o cabide em cima da cama, indo para o gaveteiro mexer nos perfumes e cremes que Ivy deixava ali em cima. — Eu não sei se o seu irmão vai gostar.
— Mãe, por favor. – a garota riu. — O Isaac nem liga. Se quiser eu mando mensagem pra ele.
— Mas, quando ele voltar, não vai ter roupa nova pra ele.
— Se ele quisesse mesmo as roupas ele teria levado. – cruzou os braços. — O Isaac nem vem pra casa no final do ano. Ele prefere ir pra casa da namorada. – revirou os olhos.
— Não é bem assim, Ivy. – Carina a encarou. — O Isaac só está... Confuso.
— Confuso? – a morena franziu o cenho e sentiu a argila endurecer em seu rosto. — Mãe, para de tratar o Isaac como uma criança! Ele está na reabilitação porque fez merda e não porque estava confuso. Ele evita a gente porque quer.
— Tudo bem. – Carina suspirou profundamente e virou-se para olhar para os dois adolescentes. — Pode pegar só... Por favor, não estraguem as roupas. – um sorriso melancólico se formou em seus lábios e ela saiu do quarto, os deixando a sós.
A verdade é que Isaac nunca teve uma relação muito boa com os pais. Filho do dono de uma empresa multimilionária de fabricação de armas para o exército italiano e uma atriz que se aposentou para cuidar dos filhos, Isaac sempre sentiu uma pressão enorme de como ser um bom irmão mais velho, o melhor aluno do colégio — diferente de Ivy, ele estudava numa escola particular em Roma — e, o mais importante, o que ele seria quando se formasse. Para escapar disso, ele acabou se envolvendo com bebidas e drogas e acabou se viciando. Isaac só percebeu que precisava de ajuda quando quase sofreu um terrível acidente ao bater com o carro quando dirigia sob efeito de entorpecentes. Como já era de maior, ele por si só se internou numa clínica de reabilitação e os Bellucci decidiram abafar o caso e dizer à mídia que ele apenas havia decidido se afastar um pouco e terminar os estudos na Alemanha.
Ele já estava na clínica há quase três anos e estava bem melhor, porém preferia não manter contato com seus pais. A única pessoa que ele priorizava manter contato era com Ivy; afinal, ele sabia dos seus problemas com a autoestima, confiança e bulimia, e Isaac não queria que o mesmo acontecesse com a sua irmã caçula, então, mesmo distante, sempre tentava estar presente na vida da garota.
— Eu sei que você já veio aqui outras vezes, mas foi a primeira vez que nos viu falando do meu irmão, né. – Ivy olhou para Jin que tentava assimilar ainda o que havia acabado de acontecer. — Ele está em Ravenna. Um dia eu te levo lá, ele vai adorar te conhecer. – sentou-se na cama e riu.
— Ivy...
— Sabe, quando o Isaac bateu o carro e recebemos a notícia, eu pensei que o pior tinha acontecido. – seu sorriso se desfez. — Eu percebi que naquela noite eu não tinha dito o quanto eu gostava dele e, por um momento, eu achei que nunca mais fosse poder dizer. Por isso, quando a gente gosta de alguém, tem que falar...
— Ivy, eu te amo.
— Por mais que você seja tímido, eu acho que... – Ivy parou de falar ao processar o que Jin havia acabado de dizer e o encarou surpresa. — O que você falou?
— Eu disse que te amo. – o garoto sorriu e se agachou, ficando com o rosto próximo ao da morena. — Não tem graça só você tomar atitude, eu também preciso. Por isso, eu quero saber se você aceita ser a minha namorada.
— Jin, eu... – a garota sorriu e o puxou pelo pescoço, logo o beijando, sem ao menos se importar com a máscara de argila em seu rosto.
Aquele dia finalmente havia chegado. O príncipe dos seus contos de fadas estava bem ali na sua frente e ela nunca deixaria aquela oportunidade passar. Jin estava ali. E Ivy o amava também.
Já eram sete da noite e Lucca e Chiara se arrumavam para a festa de Cameron. Chiara havia sido maquiada pelos maquiadores de Jean e agora terminava de ser vestida pelos seus estilistas — como aquela seria a primeira festa de grande importância que Castello participaria, Jean queria que ela estivesse impecável, afinal, ela seria o par de Lucca. Já Lucca terminava de se arrumar em seu quarto quando Fede entrou.
— Eu aposto que foi a sua mãe que escolheu essa roupa. – disse fechando a porta atrás de si. — Mas falta algo. – pegou em cima de sua escrivaninha uma correntinha de prata que estava junto com os outros colares e se aproximou do garoto para colocar nele.
— Valeu pai. – sorriu de canto o encarando pelo reflexo do espelho. Fede sorriu e deu leves tapinhas nos ombros de Lucca antes de ir até a sua cama.
O mais novo ajeitou a gola de sua camisa e parou por um segundo para ver se estava tudo nos conformes. Sua blusa social era uma cinza de cetim e estava com os quatro botões abertos, dando completa visão de seu peitoral; sua calça branca o deixava mais atraente e a corrente que seu pai havia colocado em seu pescoço dava mais charme ao seu look.
— Mas então, você e a garota... – Fede cruzou os braços e Lucca virou-se para ele com uma de suas sobrancelhas arqueadas. — Realmente é sério, não é? Vocês por acaso já...
— Pai, o que eu deixo de fazer ou não com a Chiara não é da sua conta. Só cabe a mim e a ela. – foi até o seu armário para pegar o seu perfume e escutou o seu pai rir.
— Então a resposta é não. Olha, me surpreende que você esteja há tantos meses sem transar, logo você que a cada fim de semana saía com uma garota. – o mais velho esticou as pernas enquanto olhava para o seu filho que passava perfume. — Parece que você realmente gosta dessa garota.
— Escuta papai. – Lucca o encarou friamente e contraiu a mandíbula. — Essa garota é o meu tudo. Ela foi a única que conseguiu me fazer sorrir quando eu estava num momento difícil; é a garota que consegue afastar minha escuridão com a sua luz e é a garota que eu prometi amar eternamente e dei meu coração. Então, por favor, não se refira a ela como um nada porque ela é tudo.
— Eu também pensava isso quando eu conheci a sua mãe. – Fede riu fraco ao se levantar. — Mas aí percebemos que nosso amor não era tão forte como pensávamos. – seu sorriso se desfez e ele encarou fixamente Lucca nos olhos. — Aproveitem a festa. – pesou a mão ao apoiar no ombro do garoto antes de sair do quarto e Lucca apenas ficou olhando para a porta que se fechava.
Fede podia comparar o quanto quisesse o seu relacionamento fracassado com o dele. Ele sabia que ele e Chiara eram diferentes e, o que aconteceu com os seus pais, jamais aconteceria com eles.
Nesse entretempo, Sabrina estava em casa assistindo A Hora do Pesadelo com Nina e Martina — que estava em ligação de vídeo, já que havia ido para Isola Rizza visitar a sua mãe.
— Porque o Jackson não está com a gente mesmo? – Nina olhou para Sabrina que comia pipoca deitada e prestava bastante atenção no filme.
— Ele teve que ir pra Austin resolver uns negócios de família. – respondeu de boca cheia. — Lá agora são umas dez e pouca. Se ele ainda não estiver dormindo, está na rua com o pai dele. – deu de ombros.
— Meninas, vocês nem vão acreditar! – Martina exclamou animada. — A festa do Cameron está sendo televisionada. – riu.
— Mentira! – Nina sentou-se num pulo e pegou o controle que estava em cima da barriga de Sabrina. A garota de cabelo colorido a xingou, porém continuou a comer sua pipoca enquanto Nina colocava no canal E!.
A festa em si não estava sendo transmitida, mas a entrada sim. A entrada do hotel estava cercada por balões azuis e prata e um enorme tapete vermelho estava estendido para que os convidados posassem. Os convidados que chegavam eram entrevistados e algumas cenas de Francesco e Ludovica apareciam falando com alguns convidados.
— Vocês não foram convidadas também? – Martina chamou a atenção das duas.
— Sim, mas a Sabrina não quer ir. – Nina suspirou revirando os olhos.
— Você acha mesmo que eu vou na festa desse garoto? Por favor. – Sabrina fez cara feia e as duas reviraram os olhos.
— Por favor, Sabrina. – Martina riu. — É só uma festa. Esquece por um momento que é do Cameron e aproveita. Todos os nossos amigos estarão lá.
— Eu já os vejo todos os dias. Obrigada. – sorriu sem mostrar os dentes.
— Nina... – a ruiva olhou para a tela do celular e assentiu com a cabeça ao entender o que Martina queria dizer apenas com o olhar. — Eu vou desligar. A minha mãe quer ajuda no jantar.
— Tudo bem. Tchau amor, se cuida. – Nina mandou beijos e Caruso fez o mesmo antes de encerrar a chamada.
Scuzziatto olhou para Sabrina que já havia trocado de canal e agora assistia Uma Família da Pesada e bufou.
— Tá legal. – se levantou num pulo e Sabrina a encarou confusa enquanto ela ia até o seu armário e o abria. — Você e eu vamos sim na festa do Cameron e eu não aceito um não como resposta. – pegou uma roupa no cabide e se virou para Osuna que estava sentada na cama.
— Acho que não vai rolar. – cruzou os braços e Nina fez uma cara feia. — O que? Não é um "não". – deu de ombros.
— Claro que vai rolar. – jogou o cabide em cima da cama. — E você será a mais gata da festa.
— Ai Nina, por favor. – Sabrina revirou os olhos. — Eu não tô afim. É a festa do Cameron e o Jackson nem tá aqui.
— E? – deu de ombros. — Eu não acredito que você prefere ficar aqui trancada do que ir numa festa que você nem vai ver o aniversariante, já que ele estará ocupado demais falando com os convidados mais importantes. – sentou-se ao seu lado. — Vai. Vamos dançar, beber, se divertir com os nossos amigos... Sabia que até o Jin vai?
— O que? – a garota de cabelo colorido riu desacreditada.
— Então levanta dessa cama porque hoje você sai e não volta tão cedo. – se levantou animada. — E aí? O que me diz? – estendeu a mão para ela e Sabrina apenas negou a cabeça com um sorriso no rosto.
Cameron estava com o seu pai e seus amigos numa roda conversando sobre as expectativas que eles tinham em Cameron assim que ele se formasse, quando ele parou de prestar atenção por um segundo e olhou à sua volta. Seus amigos dançavam e bebiam, todos juntos e felizes. O loiro queria estar com eles e não com o seu pai, sendo obrigado a falar sobre assuntos que ele não gostava. Ao olhar um pouco mais, viu os seus irmãos. Diferente dele que estava sendo obrigado a ficar ali, os seus irmãos se divertiam e ele nunca teve inveja deles como agora.
Cameron deu um gole em seu champanhe e olhou para a entrada. Seus olhos brilharam ao ver quem havia acabado de chegar. As duas garotas foram em direção ao seu grupo de amigos e ele seguiu cada passo com os olhos. Sabrina pegou a taça de champanhe que Dylan segurava enquanto era abraçada por Chiara. De Luca sorriu de canto ao ver que Osuna estava feliz ali, mesmo que ele soubesse que ela só estava assim porque ainda não o tinha visto.
— Pai, com licença. Eu vou falar um pouco com o restante dos convidados. – deu um gole em sua bebida e o seu pai assentiu com a cabeça antes que ele saísse dali. — Eu não imaginei que viria. – disse assim que se aproximou de Sabrina.
Ao olhar para ele, a garota sentiu um enorme frio na barriga. Era inevitável. Toda vez que ela via Cameron se sentia da mesma forma, porém o orgulho ferido falava mais alto e, por isso, ela não se entregava fácil.
— Eu sei. – sorriu de canto se desvencilhando de Chiara que logo se aproximou de Ivy para deixá-los a sós. — É que eu não gosto de fazer o que todos esperam. Por que devo satisfazer às expectativas alheias e não minhas? – deu de ombros e Cameron olhou para a sua boca que estava vermelha por conta do batom.
Sabrina estava extremamente bonita. Ela usava um top preto com um casaco de couro igualmente da mesma cor. Sua saia era curta na frente, mas longa atrás com uma enorme cauda e, pela primeira vez na vida, ele estava vendo a menor usar salto alto.
— Você tem razão. Eu acho que também preciso fazer isso. – tornou a olhar para os olhos de Sabrina e ela entreabriu a boca. Cameron sabia que havia estragado tudo com Osuna, mas ele ainda tinha um fio de esperança. — Quais são as suas expectativas em mim sobre hoje a noite?
— Que você fique bem longe de mim e me deixe aproveitar ela.
— Vamos ver se eu sou capaz de te deixar em paz. – riu a fazendo revirar os olhos. — Eu sei que, lá no fundo, eu ainda tenho o seu coração, Sabrina.
— Eu te tirei dele faz tempo, loirinho. – colocou sua mão no peito do garoto e o encarou fixamente nos olhos. — Eu agora estou com o Jackson e estou ótima com ele. É uma pena pra você que tenha me perdido porque eu sei que não perdi nada. – sorriu. — Feliz aniversário, Ken. – beijou a sua bochecha e ele sorriu.
— Obrigado pelo presente. – a garota o encarou antes de se aproximar de Nina e Noah. — A sua presença era tudo o que eu queria de aniversário. – estendeu sua taça para cima e Sabrina apenas se virou antes que o sorriso denunciasse que ela havia gostado do que ele havia dito. A indiferença que Sabrina tinha ao falar com Cameron era absurda. E era aquilo que acabava com ele.
O loiro deu um gole em sua bebida, a terminando na hora e percorreu o olhar pelo salão, onde parou em Francesco. O homem balançou a mão para que ele se aproximasse e, mesmo a contragosto, se aproximou.
— O que o senhor está assinando? – franziu o cenho ao ver seu pai rodeado de homens enquanto assinava um papel.
— Estou fazendo negócios. Em breve, teremos terras para construir casas. – olhou para o seu filho assim que terminou de assinar. — Claro, terei que abrir mão de algumas para dar aos necessitados, mas o resto será nosso. Poderemos construir mansões novas e cada um dos seus irmãos terá direito a quantas terras quiserem.
— Que terras o senhor conseguiu? Que eu saiba a maioria é do pai da Mia. – cruzou os braços.
— Ainda não são problemas seus. Eu te chamei aqui na verdade porque estamos combinando de semana que vem você ir conosco a Milão para conhecer um pouco do seu futuro trabalho. – colocou sua destra no ombro do garoto e Cameron olhou para os homens que sorriam para ele.
— Na verdade papai... Eu já sou de maior e acho que posso tomar minhas próprias decisões. – pigarreou ao olhar para o chão. — Eu não quero ir com vocês e, pra ser sincero, eu nem quero ser político assim que me formar. – olhou para Francesco e seu rosto endureceu.
— Como é? – Cameron fechou os olhos por um segundo, mas logo os abriu ao se dar conta que Francesco não o bateria ali na frente de todos.
— É sério. Eu nunca quis ser político e eu não vou aceitar que o senhor me controle mais como antes. – o mais velho colocou as mãos no rosto, tentando se controlar enquanto Cameron permaneceu firme em seu posicionamento. Ele não fugiria mais daquilo. A hora de confrontar o seu pai era agora.
— Vocês... Poderiam nos deixar a sós por um instante? – Francesco olhou para os seus amigos e sorriu de forma simpática. Eles apenas assentiram e não demorou para que deixassem os dois a sós. — Meu filho, você bebeu demais e está confuso sobre o que está falando. Por que não deixa um pouco a bebida de lado essa noite? – o puxou mais perto pelo pescoço.
— Não, eu não bebi e não estou confuso. – o loiro se desvencilhou de seu pai. — Pela primeira vez em toda a minha vida, eu sei o que eu quero fazer. E, pela primeira vez, eu vou fazer isso. – o rosto de Francesco estava enrijecido. — Eu não quero ser político. Eu quero ser músico, sempre quis. E eu serei, não importa o que o senhor diga.
— Sabe que dizendo uma besteira dessas está declarando guerra a mim, não é?
— Sei. – sorriu de canto. — E não era isso o que eu queria. Mas, se for preciso brigar com o senhor para conseguir o que eu quero, é isso o que eu vou fazer. – deu de ombros.
— Você vai se arrepender demais por isso, Cameron... – foi a única coisa que Francesco conseguiu dizer.
— Estaria me arrependendo se eu não fizesse isso. – o loiro negou com a cabeça. — Ânimo pai! É o meu aniversário! – sorriu ao ver que seu pai estava enfurecido com aquela conversa e saiu dali, indo direto até seus irmãos para contar a novidade.
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