Capítulo dezoito
— Meninos, vocês viram o Cameron? – Sabrina perguntou para Lucca e Noah que comiam seu jantar.
— Não. – Lucca deu de ombros misturando sua salada com um pouco do carpaccio que comia para colocar em sua boca.
— Lucca! – Noah exclamou de boca cheia e chutou a canela do menino que estava a sua frente fazendo com que ele levantasse a perna e batesse na mesa. — Ele tá no quarto, não quis descer pro jantar. Pode ir lá. – sorriu para a garota que olhou fixamente para Lucca.
— Dá próxima vez, seja educado. Eu não vou muito com a sua cara, não me faça odiá-lo. – Sabrina passou entre Giordano colocando sua mão pesada no ombro do menino que apenas deu um gole em seu suco de abacaxi.
— O que foi? – Lucca perguntou ao olhar para Noah que ainda o encarava.
— Por que disse que não sabia onde o Cameron estava? – o garoto de olhos verdes chutou novamente Giordano.
— Ai porra! – Lucca bateu novamente a perna na mesa. — Eu não sei. Me diz por que você falou onde ele estava. – passou a mão em sua canela. — Por acaso quer que eles fiquem a sós no quarto? Isso não vai dar bom Noah e você sabe muito bem.
— Você tá muito estranho Lucca. O que foi hein? – Fiore fez uma careta.
— Que? Eu não tô estranho. – negou com a cabeça voltando a comer sua comida. — Eu só tô... Pensativo. – olhou para Chiara que comia com Nina e Martina numa mesa mais afastada da dele. A garota tinha um enorme sorriso no rosto enquanto Martina contava algo que parecia ser engraçado, já que as três riam.
Ao passar os olhos pela cantina pôde ver Ivy, Mia e Ash jantando juntas. Diferente das outras meninas, o trio de Moretti não estava num clima muito bom. Mia cortava um pedaço de seu tomate e Ivy comia olhando para sua comida. Já Ashley olhava fixamente para Lucca enquanto comia sua salada e, ao perceber, voltou seu olhar para sua comida. Se ele pudesse ser cego somente para não ter mais que olhar para a cara de Farine, ele não pensaria duas vezes.
Sabrina parou na entrada do corredor dos dormitórios masculinos e fingiu mexer em seu celular quando dois garotos saíram dos seus quartos conversando. Ao passarem por ela, ela se certificou se o inspetor não estava por perto e correu para o corredor, procurando o quarto de Cameron. Ao achar a placa com seu nome e o de Noah e Lucca, entrou sem ao menos bater na porta e deu de cara com o loiro que estava sentado em sua cama tocando violão e cantando Love is a bitch.
Osuna ficou sem reação. Ela não sabia que ele gostava de cantar, muito menos de tocar algum instrumento. Sua voz também era muito bonita e, por ela, passaria horas o escutando cantar — o que era algo estranho, já que, até então, ela o odiava.
— 'Cause I can't stop thinkin' 'bout you... Sabrina? – Cameron se assustou ao vê-la ali e rapidamente parou de tocar.
— Que? – sua voz falhou.
— O que você faz aqui? – o loiro colocou seu violão em cima de sua cama e levantou-se logo pegando uma camisa para vestir.
— Ah! Isso, eu... – Sabrina passou a mão em sua nuca e torceu para não estar vermelha.
Por que por um momento ela realmente achou que Cameron estava cantando uma música pensando nela?
— Vim te chamar pra terminarmos o trabalho da Antonella.
— Ah é, eu esqueci. – sorriu sem graça. — Vou pegar o caderno aqui. – foi até a mesa de estudos que havia perto de sua cama e começou a procurar seu caderno entre os outros diversos cadernos e livros que haviam ali.
— Você canta muito bem. Não sabia que gostava de tocar violão. – Sabrina sentou-se na cama e começou a dedilhar as cordas do violão.
— É só um hobby. – Cameron riu fraco. — Mas nem que eu quisesse poderia ter a música como algo mais que um hobby. – sentou-se ao lado de Sabrina já com seu caderno e seu notebook.
— E por que não? Você seria um ótimo músico.
— Sabrina as coisas não funcionam como você acha. Eu sou filho do governador, não seria uma boa ser músico, eu tenho que seguir a hierarquia dos De Luca... – o loiro pareceu decepcionado ao falar aquilo.
— Mas Cameron, é a sua vida. Até quando você vai deixar que seu pai te diga o que fazer? Se você gosta de cantar e quer isso pra sua vida, faça. – Osuna deu de ombros. — Pode não ser relevante, mas você tem meu total apoio. – deu uma leve empurrada no ombro do menino e De Luca sorriu.
— Obrigado Sabrina. Isso é um pouco importante pra mim. – brincou com o lápis que segurava. — Meu pai nunca curtiu a ideia de ser músico. Ele odeia qualquer coisa que envolva "estrelismo", qualquer coisa que não envolva política. Eu fui criado assim, a ser um político como ele. No começo eu realmente achava que era pro meu bem, mas agora... Que se foda. Eu não quero ser como o meu pai, eu gosto de música, mas... Não posso seguir adiante com isso. – deu-se por vencido.
— Que? Olha Cameron, se você deixar de fazer o que gosta por causa do seu pai, você será um covarde. – a garota de cabelo colorido cruzou os braços. — O sonho de ser um político é do seu pai, não seu e ele tem que entender isso.
— Eu queria que fosse fácil como você diz, mas é complicado Sabrina. – o garoto olhou fixamente em seus olhos. — Enfim, vamos deixar isso pra lá. Cantar é apenas um hobby, não leva a sério o que eu faço. – meneou com a cabeça ao se ver perdido nos olhos castanhos de Osuna.
Sabrina nada mais disse, apenas esperou que Cameron colocasse a senha em seu notebook. Ela não sabia se era certo o que se passava em sua cabeça naquele momento, mas o que ela mais queria era escutá-lo novamente. A garota não sabia o que estava acontecendo com ela, não conseguia entender quando começou a achar Cameron... Interessante. Aquele sentimento dentro de si a assustava e ela não queria de forma alguma demonstrá-lo. Sabrina tinha medo de se magoar e não queria se magoar justo com De Luca, o garoto que ela mais odiou desde a primeira vez que o conheceu.
O horário do jantar já havia acabado e agora todos os alunos iam para seus devidos dormitórios, em exceção a Chiara e Lucca que haviam se escondido atrás das pilastras que havia pelo saguão e, assim que Fred subiu para os dormitórios, os dois correram para a piscina fechada.
Ao chegarem no local, os dois não conseguiram se conter e se beijaram como se fosse a última vez que poderiam fazer aquilo na vida; um beijo intenso e apaixonado. Lucca colocou as mãos no pescoço de Chiara e a menina colocou suas mãos nas suas, chegando para trás e apoiando seu corpo na parede sem parar o beijo.
Ela o queria mais que tudo; ele a queria mais que tudo. E aqueles momentos a sós com ele era como ir ao paraíso de elevador.
— Você é tão linda... – Lucca sussurrou durante o beijo chegando seu corpo para trás. Chiara sorriu e tomou novamente seus lábios em um beijo chegando para frente.
Começaram a andar sem parar de se beijar até que Chiara interrompeu o beijo para encará-lo. Lucca estava ofegante e, enquanto ela sorria para ele, ele intercalava seu olhar de seus olhos azuis para sua boca. Antes que ele pudesse a beijar novamente, Castello o empurrou fazendo com que ele perdesse o equilíbrio e caísse de roupa e tudo dentro da piscina.
Lucca jogou seu cabelo para o lado e Chiara abriu o casaco que usava, mostrando que estava usando um maiô por baixo de sua calça moletom e ele sorriu antes que ela tirasse sua roupa e entrasse na piscina.
Giordano aproximou-se dela e Chiara foi ao seu encontro para que ambos continuassem o que estavam fazendo na borda da piscina. Lucca colocou sua destra em sua nuca e aprofundou mais o beijo que não tinha pressa nenhuma em acabar.
— Você está diferente hoje Chiara. Não me deixou nem dar oi. – Lucca riu entre o beijo enquanto a garota subia em cima de seu colo fazendo com que ele colocasse as mãos em suas coxas.
— Já conversamos demais Lucca, eu não quero mais conversar. – Chiara lhe deu um selinho e colocou sua destra em seu pescoço.
— Quem é você e o que fez com a minha Chiara? – o garoto riu num tom de brincadeira.
— Eu quero que você me prove que realmente quer levar a sério isso tudo Lucca. Quero que me diga a verdade. – Castello olhou fixamente em seus olhos azuis e Lucca contraiu a mandíbula.
Lucca a queria mais que tudo naquele mundo — ele nunca desejou tanto uma garota como desejava Chiara. A achou atraente desde a primeira vez que a viu e, após conversar com ela, percebeu que Chiara era diferente de qualquer outra garota que já conheceu. Ele gostava dela, admitia aquilo. Por ela, Lucca faria qualquer coisa, mas Ash estava no meio o chantageando e poderia estragar a qualquer momento aquilo que eles tinham.
Se fosse em qualquer outro momento, Lucca não hesitaria em dar um fora em Chiara e sair daquela piscina, a deixando sozinha. Mas ele não queria fazer aquilo, não queria a magoar, não queria que ela se sentisse como todas as outras garotas que ele já havia descartado em sua vida; Chiara era especial para ele e ele queria a tratar de uma forma única.
— Chiara... Eu nunca senti o que eu estou sentindo por nenhuma outra garota antes. Isso que estamos vivendo é real e eu não quero acabar com isso nunca. – Giordano não conseguia parar de olhar para o par de olhos azuis da garota que estava em cima dele. Fez um carinho em seu rosto e engoliu o nó que queria se formar em sua garganta. — O que eu sinto por você é algo único. E, independente do que eu faça ou diga depois disso, confia em mim. Confia no que eu estou sendo agora com você porque eu nunca fui tão transparente como estou sendo agora.
— Lucca eu sou do tipo que se apega fácil, que se magoa fácil. Por favor, não faça isso comigo. – Chiara fechou os olhos e aproximou seu rosto do dele, colando suas testas.
— Não fala mais nada, só vamos aproveitar esse momento. – sua voz falhou, porém ele limpou a garganta e fechou os olhos.
Lucca só queria ficar ali, naquela piscina, com Chiara. Ele se perguntava o porquê não podia passar o resto dos seus dias ali, se o que ele mais queria era estar com ela. Aquilo o magoava e ele nunca ficou magoado com uma garota; nunca teve uma chuva de sentimentos apenas por uma pessoa. Céus! O que estava acontecendo com Lucca Giordano?
— Bom dia minha querida, hora de acordar e mostrar ao sol como se brilha de verdade! – Harold cantarolou enquanto abria as cortinas do quarto de Mia.
O sábado já havia chegado e, como de costume, Mia era acordada por Harold para não passar da hora do almoço dormindo. Seu pai sempre disse que meninas bonitas precisavam cumprir com os horários de dormir e acordar e Moretti nunca passou mais que o devido dormindo — que eram oito horas de sono, o seu sono da beleza.
— Que horas são? – a loira bocejou enquanto sentava-se na cama e colocava sua máscara de dormir em sua cabeça.
— Dez horas. Você pediu que eu a acordasse essa hora porque terá uma visita, lembra? – o homem a encarou sorridente e Mia arregalou os olhos.
— Droga! O Dylan! – levantou-se num pulo. — Eu marquei com ele dez e meia. Harold, prepare aquele café da manhã que eu tanto gosto e um lanchinho para minha visita. Nada caprichado porque ele não merece regalias. – vestiu seu robe de seda rosa e fui direto para o banheiro de sua suíte.
Eram quase dez e meia quando Mia terminou de fazer sua maquiagem. A garota usava uma blusa de manga longa e gola alta branca com uma saia de pregas listrada. Mia colocou sua tiara de pérolas e arrumou seu cabelo logo sorrindo para seu próprio reflexo.
Ao terminar de se arrumar, Mia saiu de seu quarto e foi até a sala de jantar onde deu de cara com Dylan que era servido por Aída. A loira sentiu seu coração palpitar e, antes de entrar por completo no ambiente, suspirou profundamente.
— O cosplay mal feito de bad boy dos anos 90's é pontual? Estou impressionada. – Mia sentou-se à sua frente e Dylan a encarou.
Ele estava encantado com sua beleza e, para disfarçar, pegou um guardanapo para fingir limpar sua boca. Já Mia olhou para a tigela de iogurte com banana e aveia que estava a sua frente para não ter que reparar na beleza de Lombardi. Para Moretti ele tinha um jeito diferente que o conseguia torná-lo atraente mesmo com uma blusa branca, uma camisa listrada aberta por cima e um cordão de ouro.
— Eu preciso ser. Não quero demorar mais que meia hora aqui na sua casa. – Dylan rebateu antes de agradecer a Aída por ter colocado um pouco de suco em seu copo.
— Trouxe suas coisas? – Mia olhou novamente para o menino antes de comer seu iogurte. Lombardi pegou de cima da mesa o caderno onde haviam anotado as coisas e o balançou como resposta. — Que bom. Vamos comer logo então para ensaiar a apresentação. – a loira voltou a comer seu café da manhã e Dylan fez o mesmo.
— Não é possível que você não consiga falar direito o nome das fronteiras de Turim! – Mia bateu as mãos em suas pernas e virou-se de costas para Dylan.
— Não, eu não consigo Mia! – o garoto de cabelo encaracolado jogou seu caderno em cima do sofá.
Eles já estavam há quase meia hora ensaiando e até agora nada saia como planejado. Dylan sempre travava no começo e se perdia em suas palavras. Mia já havia perdido a paciência com aquilo e, o que para ambos era um simples ensaio que eles terminariam em minutos para curtirem o final de semana, estava sendo um pesadelo e uma chuva de tensão para ambos.
— Eu não sei qual é a dificuldade, sinceramente. Você sempre fala demais pela escola, eu achei que fosse capaz de fazer uma simples apresentação.
— Só porque eu sou sociável não quer dizer que eu não seja tímido para algumas coisas. Será que o seu cérebro é tão pequeno assim pra você não entender isso? – talvez fosse, ele quis dizer. Já que ela ao menos se dava conta que ele estava caidinho por ela.
— Olha me dá isso aqui. – Mia pegou o caderno de cima do sofá. — Você copiou isso do Wikipédia. É só ler o que está escrito, seu idiota. – leu o que estava escrito.
— Mas não é isso que eu quero. Eu não quero ler, eu quero falar com as minhas próprias palavras. – Dylan revirou os olhos. — Mas a culpa não é minha que eu travo toda vez que lembro que a sala inteira verá minha apresentação.
— Olha... – Mia suspirou. — Vamos fazer uma dinâmica, como na aula do Dante, pode ser? – colocou o caderno em cima da mesinha de centro e se aproximou do menino. — Imagine que você está na sala de aula, durante a aula de História. – fechou os olhos e sorriu fazendo com que Dylan também fechasse e respirasse fundo. — Agora imagine que não tem ninguém ao seu redor, somente você. Agora faça o que tem vontade, faça o que sente dentro de você.
— Eu... Não consigo. – ainda de olhos fechados Dylan franziu o cenho.
— Você consegue, vai, só respira fundo. Por exemplo, o que você tem vontade de fazer agora? – Moretti abriu os olhos e Lombardi fez o mesmo.
O garoto encarou fixamente em seus olhos e Mia fez o mesmo. Estar ali próximo a Dylan fazia seu coração palpitar mais e mais e ela odiava aquilo.
Dylan respirou fundo. O que ele queria fazer agora? A única coisa que ele queria fazer naquele momento era beijar Mia, ter seus lábios rosados juntos aos seus.
Sem pensar duas vezes, Dylan aproximou-se mais de Moretti e, ao contrário do que ele pensava, ela não se afastou. Mia ainda não entendia ao certo o que estava acontecendo, ela estava perdida demais nos olhos castanhos do menino.
— Eu posso mesmo fazer o que eu quero? – sua voz saiu baixa enquanto ele se aproximava mais da loira.
— Pode. – Mia respondeu enquanto Dylan colocava as mãos em seus braços.
Os dois não disseram mais nada. Dylan não pensou duas vezes e tomou os lábios de Mia num beijo. De primeira ela ficou assustada com o ato repentino, nunca imaginou que aquilo pudesse acontecer mas estava vivendo aquilo e era real. Mas, antes que ela pudesse se envolver ao beijo, lembrou-se de Ivy.
Mesmo que elas ainda não estivessem se falando, Moretti ainda a considerava sua amiga e não podia fazer aquilo com ela. Mesmo que ela desejasse aquilo demais, não podia beijar Dylan. Aquilo não podia acontecer.
— Dylan! – a loira o empurrou para trás e ajeitou seu cabelo. — O que você pensa que está fazendo?
— Eu... Era só pra calar sua boca. Você fala demais e eu não aguentava mais você dando uma de Dante. – o maior cruzou os braços. — O Dante é legal, você não. O que foi? Por acaso você queria que eu a beijasse?
— Coitado de você, iludido, – a loira riu sem humor. — Como se um dia eu quisesse ser beijada por você. Por favor Dylan, eu preferia beijar o Frankenstein do que você. – revirou os olhos.
— Sabe Mia? Eu tenho pena de você. – Dylan riu sem humor. — Quando eu olho pra você eu só consigo ver uma criança mimada que não sabe agir a certas situações e isso me dá pena.
— É por isso mesmo? Ou é por que eu te deixo maluco? – Mia o encarou com um olhar debochado deixando o mais velho sem palavras. Ele engoliu em seco e a loira sorriu. — Diz, eu te deixo louco, não é?
— A vida não gira em torno de você Mia, eu já disse. – Lombardi olhou fixamente seus olhos verdes e a loira vacilou ao intercalar seu olhar de seus olhos para sua boca. — Eu preciso ir. Esse fim de semana eu fico com a minha mãe e a viagem até lá é longa. – pegou seu caderno que estava em cima do sofá e foi embora sem ao menos se despedir da menina.
Assim que Dylan foi embora, Mia jogou-se no sofá e colocou as mãos em sua cabeça. Ela o beijou. Era algo que ela ainda não conseguia acreditar. Desde o momento em que o viu pela primeira vez Moretti sonhava em beijá-lo e ela o faria novamente se pudesse. Mas estaria sendo uma péssima amiga com Ivy se fizesse aquilo.
— Mia, tá tudo bem? O menino parecia chateado quando foi embora. Aconteceu algo? – Harold perguntou assim que chegou na sala e a loira ajeitou-se no sofá.
— Que? Hã... Ata. – Moretti mordeu os lábios e logo fez bico. — Harold... Por que é tão difícil ser eu? – pegou a almofada que estava ao seu lado e a abraçou fortemente.
Eram oito horas quando Chiara acabava de arrumar seu cabelo. Ela estava animada e bastante ansiosa, pois sairia pela primeira vez com Lucca.
— Meu amor, você está linda! – sua mãe disse com um brilho nos olhos ao ver sua filha pelo reflexo do espelho. — Para onde vai tão arrumada assim? – Chiara ajeitou as mangas de seu vestido bege e jogou seu cabelo para trás.
— Eu vou sair com um menino que eu conheci na escola. Mamãe ele é perfeito, a senhora tem que conhecê-lo! – olhou para sua mãe que tinha um enorme sorriso ao vê-la.
Angela a cada dia que passava ficava mais fraca. Seu rosto, que antes tinha suas bochechas coradas, era agora pálido, sendo possível ver suas veias; seu cabelo castanho e hidratado agora caia aos poucos por conta da quimioterapia e, para disfarçar, a cada dia usava um lenço diferente no cabelo; sem contar seu peso que era perdido cada vez mais.
Chiara não gostava de ver sua mãe daquele jeito e, a cada dia, Angela ficava mais triste por deixar de fazer as coisas que tanto gostava e vestir suas roupas favoritas. A menina sempre tentava aumentar sua autoestima, sempre a maquiava e passava horas costurando laços para que ela colocasse em seu cabelo. Angela ficava feliz com aquele afeto, mas Chiara sempre se sentia mal quando voltava para a escola porque não sabia como sua mãe ficava com sua ausência.
— Eu fico feliz que você não está presa a mim, minha querida. Esse internato é o melhor de toda a Itália e você nem tem ideia do quanto eu fico feliz por você ter conseguido entrar nele. – Angela abraçou fortemente sua filha. — Quero que leve a sério seus estudos lá e que seja amiga de pessoas incríveis. – fez carinho no rosto da menina.
— Você vai conhecê-los também, só tenha paciência. – Castello abraçou novamente sua mãe e Angela correspondeu ao abraço.
— Eu sei que conhecerei. Agora, vai ao seu encontro. Quero que se divirta bastante e, quando chegar em casa, quero saber detalhe por detalhe. – deu um toque na ponta do nariz de Chiara e ela sorriu.
— Tudo bem. – riu. — Eu vou, mas eu volto. Então fique acordada porque veremos muito filmes juntas quando eu chegar. – Chiara pegou sua bolsa que estava em cima de sua cama e saiu de seu quarto.
Antes que ela pudesse ir até a porta de entrada, voltou para o seu quarto e viu sua mãe mexendo nos ursos que haviam em sua cama.
— Eu te amo mãe. Demais. – abraçou novamente Angela e a mais velha sorriu. Deu um beijo na bochecha de sua mãe e novamente saiu de seu quarto, dessa vez saindo também de casa.
Já fazia meia hora desde que Chiara esperava em frente ao restaurante Lucca chegar e nada dele. Nem suas mensagens ele respondia, o que estava a deixando preocupada. Giordano nunca ignorou uma mensagem sua, sempre a respondia na hora e também não era de seu feitio deixá-la esperando por muito tempo.
Cansada de ficar ali parada ao lado da árvore, Chiara decidiu ligar para o menino e, somente após quatro toques ele atendeu.
— Alô?
— Lucca? Sou eu, a Chiara. Onde você está? – um silêncio se fez do outro lado da linha e Chiara franziu o cenho. O que estava acontecendo?
— Onde eu estou? Na minha casa ué. – o garoto riu após o silêncio.
— Que? Lucca eu estou há meia hora aqui em frente ao restaurante! Por que você ainda está na sua casa? – Castello elevou a voz e recebeu os olhares curiosos das pessoas que estavam ao seu redor.
— É que eu... – Lucca não terminou sua frase e se calou novamente.
Chiara começou a estranhar. Lucca estava agindo estranho, ele não era daquele jeito. Ele estava diferente com ela e a garota não conseguia entender o motivo daquela mudança tão repentina.
— Lucca... Está acontecendo algo? – a menina cruzou os braços.
— Hã? Não, claro que não! – riu fraco.
— Pois não me parece. Você está agindo diferente, não está falando comigo como sempre fala... – apoiou seu corpo contra a árvore atrás de si. — Você sempre me atendeu de um jeito meigo, sempre puxou assunto e agora me deixou plantada há meia hora aqui num lugar que marcamos de sair pela primeira vez e está sendo frio comigo.
— Você está inventando coisas. É tudo coisa da sua cabeça.
— É mesmo? Então diz o meu nome Lucca, me chame pelo apelido que você costuma me chamar. Me fale tudo o que você me disse ontem porque você prometeu pra mim que não brincaria comigo, que não me magoaria. Você prometeu pra mim que você me quer tanto quanto eu te quero.
— Desculpa não ir até aí, eu acabei de chegar em casa. Saí com meus pais para um almoço importante e só chegamos agora. – Giordano mudou de assunto e Chiara escutou uma risada. Naquele momento ela sentiu uma sensação estranha. Era uma risada feminina.
— Não mude de assunto. Eu pedi para que você diga o meu nome Lucca, por favor. Eu quero ter certeza que você não está me enganando. – seus olhos marejaram. — Só me confirma se tem alguém com você porque eu escutei uma risada, só me diz quem é.
— Você está presumindo as coisas. Não é nada disso. – Lucca riu fraco e Chiara apertou fortemente os olhos para que não chorasse.
— Você sabe que eu não estou. Não me parece que tem algo certo, você sabe disso. Por que você está agindo estranho Lucca?
— Eu não estou estranho! – exclamou nervoso. — Eu só... Preciso sair pra resolver umas coisas em cima da hora, desculpa.
— Mas como? Você acabou de chegar em casa e já vai sair? – Chiara fungou e novamente recebeu o silêncio de Giordano. — Por que você não me diz a verdade Lucca? É só isso que eu quero. Só me diz quem está com você.
— Não... Tem ninguém comigo. – o garoto pareceu meio apreensivo.
Chiara sabia como Lucca era, sabia como ele agia — ou costumava agir com ela. Castello não tinha medo de ser traída, até porque eles não estavam juntos de verdade, mas estava com medo de alguém estar o tirando dela.
— Lucca, com quem você está falando? Desliga esse telefone. – naquele momento Chiara não se aguentou e deixou uma lágrima escapar.
— Não tem ninguém com você, né Lucca? – sua voz falhou.
Ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Em um dia ele se declarava para ela, era o cara perfeito, e no outro, simplesmente estava mudado.
— Não... É...
— É difícil acreditar nisso Lucca quando eu acabo de escutar a voz de outra ao seu lado. Você não está sozinho. – ela já não conseguia mais esconder sua voz embargada. — Por que você tem que mentir? – Chiara não esperou alguma resposta de Lucca, apenas desligou e secou suas lágrimas.
Olhou para o restaurante e viu pessoas saindo e entrando. Ela não saiu de casa por nada, não queria que fosse daquele jeito. Por isso, saiu de perto da árvore e entrou no restaurante.
— Boa noite. Mesa pra quantos? – a mulher perguntou assim que ela entrou.
— Para um. Mesa pra um. – tirou a nota que Lucca havia lhe dado para que fossem juntos ao local e entregou para a mulher.
Ela só pediu que ele não a magoasse. Era tão difícil assim?
roupa da mia:
roupa da chiara:
aaa gente, sinceramente esse de longe é um dos meus caps favs, mas foi necessário escrevê-lo para os próximos caps (inclusive minha amiga leu antes que eu betasse e me odiou por causa dos acontecimentoskkkk)
enfim, eu espero que, msm assim, tenham gostado do cap e nem preciso dizer que a música do cap é dedicada ao lucca e chiara, né?
espero vcs no próximo cap e é isso, bjs de luz ✨
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