Capítulo dezessete
Era quinta-feira e a penúltima aula do dia havia acabado de começar. Para a tristeza da maioria, era aula de matemática e todos odiavam aquele professor.
— Bom dia turma, espero que tenham feito o dever que passei para casa. – Marzio foi direto ao assunto enquanto colocava suas coisas em cima de sua mesa.
— 'Pô professor, eu até ia fazer sabe, mas é que dever de casa é pra ser feito em casa e eu estou na escola... – Basile jogou sua cadeira para trás junto com seu corpo e todos riram.
— Você é muito engraçadinho Basile. Será muito bom rir da sua nota na prova também. – o sr. Serra sorriu sem mostrar os dentes e, rapidamente, o garoto fechou a cara e ajeitou-se em sua cadeira.
— Professor. – Martina levantou a mão um pouco acanhada. — Eu tive algumas dúvidas na questão seis e dez.
— Ah! Minha querida, mas esses exercícios foram tão básicos... Tenho medo do que será de vocês na prova. – o senhor de cabelos brancos balançou a cabeça em negação. — Mais alguém teve dúvida nessas duas questões? Aos que fizeram, lógico. – olhou diretamente para Basile que riu sem graça e recebeu o olhar de todos.
Todos os alunos levantaram a mão e Marzio revirou os olhos. Ele não tinha paciência para explicar mais de uma vez a matéria, mesmo que os alunos fossem quietos. Para ele todos deveriam estar focados durante sua explicação para não ter dúvida alguma depois e, caso houvessem, que pesquisassem na internet invés de ficar jogando e mexendo nas "malditas redes sociais".
— Tudo bem. Vou abrir uma exceção, somente essa vez, e explicar novamente o conjunto dos números complexos. – ao falar aquilo, todos os alunos comemoram e, carrancudo, o homem pediu silêncio e assim fez.
Marzio pegou sua caneta e começou a escrever no quadro enquanto os alunos olhavam fixamente para ele, já que ele não gostava de conversas paralelas durante suas aulas. Enquanto o professor explicava, Lucca olhou para Chiara que fazia suas anotações e seu coração se apertou.
Após o beijo, ele e Chiara estavam muito mais próximos, mas — por causa de Ashley — ele teria que se afastar um pouco dela e ele não queria aquilo. Lucca ainda não havia falado com Chiara, muito longe disso. Os dois sempre se viam no final das aulas no quintal ao lado do estacionamento e ficavam até tarde conversando e observando o céu. Lucca gostava de sua companhia, ele queria estar com ela o tempo todo, mas... Não podia. Sua família vinha em primeiro lugar e ele não queria magoar sua mãe, entretanto, para isso, teria que magoar Chiara.
Enquanto isso, Dylan olhava fixamente para Mia. Não dava para ver seu rosto, apenas seu cabelo loiro solto que ela mexia vez ou outra, mas ele não conseguia parar de olhar. Sua conversa com Sabrina não saia da sua cabeça. E se Mia gostasse dele também? E se fosse recíproco? Não. Não podia ser. E, mesmo se fosse, ela não contaria justo a Sabrina; nem amigas elas eram.
O garoto de cabelo encaracolado balançou a cabeça, na intenção de tirar aqueles pensamentos de sua cabeça. Ao olhar em direção a Ivy, viu que a loira o olhava e, ao perceber, ela acenou. Dylan fez o mesmo um pouco sem graça e logo voltou a olhar para o quadro. Ao contrário dele, Ivy permaneceu o encarando. Ela não conseguia ficar sem olhar por muito tempo o menino que conquistou seu coração; por ela, ela passaria horas apenas olhando o menino. Mesmo que fosse de longe.
No mesmo momento em que aquilo ocorria, Cameron também não parava de olhar para Sabrina. Por algum motivo ele achava a garota mais bonita naquela manhã — mesmo ela estando igual a todos os outros dias — e sequer conseguia parar de pensar sobre o dia anterior. Sua cantada não foi a melhor de seu repertório e sequer afetou Sabrina, mas a risada dela ao escutar, suas mãos se tocando... Por algum motivo não saia de sua cabeça e aquilo não estava o deixando nada bem. Ele precisava fazer algo e rápido.
Após dois tempos seguidos de Matemática, finalmente as aulas acabaram e todos os alunos do internato foram descansar, ou até mesmo arrumar suas coisas para ir embora no dia seguinte. Mia havia acabado de ir para o corredor dos dormitórios e, ao abrir a porta de seu quarto, deu de cara com Ash que falava e ria sozinha.
— O que aconteceu? – a loira riu confusa enquanto fechava a porta atrás de si.
— A Ivy é uma piada. Ela te contou o que vai fazer? – riu enquanto abria os botões de sua blusa logo ficando apenas de com seu top da Calvin Klein.
— Nós não... Estamos nos falando. – Mia passou a mão em sua nuca um pouco acanhada.
— Também? Mia, você tem que rever o que anda fazendo. Você só tem duas amigas nesse colégio inteiro e ainda briga com as duas? Meu amor, você tem que tomar cuidado com o que faz. – pegou a regata que estava em cima de sua cama e a vestiu.
— Você vai me falar ou não? – Moretti cruzou os braços.
— Ela disse que vai chamar o Dylan pra ir a festa de semana que vem. Como se ele fosse notar ela. – Ash riu novamente. — Tadinha. Ela acha que só porque ele é um "fofo" com ela, ele sente o mesmo. O único amor recíproco que ela teve uma vez na vida foi ela e as comidas dela.
— Ashley... Não fala assim da Ivy. – Mia descruzou os braços enquanto via a menina a sua frente fechar o botão de seu short jeans.
— O que foi? Vai defender ela agora? Por favor Mia, nem falar com você ela fala mais. Deixa de ser idiota... – Ash revirou os olhos enquanto levava seu uniforme para cima do sofá que havia ao lado do armário.
— O que tem? Eu ainda a considero minha melhor amiga. Só porque paramos de nos falar não significa que vou rir ou falar mal dela pelas costas. E você Ash ainda fala com ela, deveria parar de fazer isso.
— Ai Mia, eu tenho mais o que fazer. Licença. – a garota de cabelo curto esbarrou fortemente no ombro de sua amiga. — Você acaba com o meu humor. – disse antes de fechar a porta.
Mia sentou-se na cama de Ivy e olhou fixamente para a sua que era cheia de ursinhos. A cada notícia de Ivy e Dylan seu coração se partia mais e mais. Quanto mais ela tentava esquecer de vez aquele menino, ela só aumentava o que sentia por ele. Mia não sabia mais o que fazer; só queria fazer com que Dylan sumisse de sua vida, ou até mesmo fazê-la sumir. Mas ela não podia e tinha que se conformar com o fato de que o amor de sua vida estava feliz com sua melhor amiga.
Naquele meio tempo, Dylan acabava de entrar em seu quarto quando deu de cara com Jin sentado em sua mesa de estudo, terminando de passar seu lip tint.
— Jin? O que tá fazendo? – o asiático olhou assustado para o seu amigo e, rapidamente, guardou seu lip tint na gaveta de sua mesa.
— Na-nada, eu estava apenas... – sua voz baixou de tom e o garoto desviou o olhar.
— Passando maquiagem? – Dylan arqueou uma de suas sobrancelhas enquanto retirava sua gravata e Jin o encarou com medo.
Esse foi um dos motivos para que o trio de Cameron começassem a pegar em seu pé. Jin até ano passado dividia o quarto com Lucca e Noah. No começo, eles até falavam o básico com o menino e, mesmo tímido, Park tentava se enturmar para não ficar sozinho. Jin sempre gostou de usar maquiagem para esconder suas espinhas e afins, — ele sempre gostou de cuidar de sua pele, para ele aquilo não era problema algum — porém, quando Lucca e Noah descobriram aquilo, começaram a pegar em seu pé por pura diversão e, não demorou muito para que todos da sua sala começassem a zoá-lo por motivos bobos o fazendo ficar mais recluso e, aos poucos, parasse de falar com todos.
Depois que mudou de quarto e, enfim conheceu amigos de verdade, Jin Young achava que podia ser ele mesmo. Mas, ao ver a reação de Dylan, ele começava a ficar com medo do que viria em seguida.
— Eu... Por favor não conte a ninguém. Eu juro que não vou mais fazer isso. – implorou de mãos juntas e Dylan riu.
— Ué, qual é o problema de você usar maquiagem? Cara, maquiagem não tem gênero, qualquer um pode usar. Se você usa, eu não ligo. A vida é sua, você faz o que quiser. – Lombardi deu de ombros enquanto trocava sua blusa do uniforme por uma sua que havia deixado em cima de sua cama.
— Eu achei que você fosse falar algo. Eu fiquei com medo... – o moreno desviou seu olhar para o espelho de mesa.
— Por favor Jin, até parece que não me conhece. Ao menos que você não afete ninguém, se você quiser imitar o Tarzan por aí eu não vou ligar. – deu de ombros trocando sua calça por seu short de dormir e Jin sorriu.
Nunca na vida ele havia tido amigos tão bons como agora. Ele estava feliz por finalmente poder ser quem ele era, sem medo do que seus amigos fossem pensar. Aos poucos Jin aprendia que não devia se importar com as opiniões alheias e apenas ser ele mesmo.
— Aí Jin, você deixou seu óculos no banheiro. Tá enxergando algo sem ele? Porque, meu Deus, seu grau é muito alto! – os dois olharam para a escada, onde Matteo descia com sua destra segurando sua toalha que estava presa em sua cintura e com sua outra mão segurando os óculos do seu amigo a frente de seus olhos.
— Ah! Eu estou usando lente. – Dylan e Matteo encararam boquiabertos o asiático que sorria sem graça.
— Cara, você tá bem melhor assim. Por que não usava lente antes? – Matteo perguntou ao colocar os óculos de seu amigo em cima da mesa.
— Eu não sei. – Jin deu de ombros. — Eu achava que, de óculos, eu seria menos estranho...
— Jin... Por favor. – o ruivo cruzou os braços e balançou a cabeça para que sua franja molhada saísse de seus olhos. — Você não é estranho. Quem colocou isso na sua cabeça? – riu sem humor.
— Todos que eu conheci. – o moreno abaixou a cabeça e Matteo e Dylan se encararam. Após um longo suspiro de ambos, os dois aproximaram-se do menino e colocaram as mãos em seus ombros.
— Você nos conhece e não falamos isso. – Matteo chamou a atenção de Park.
— Você não é estranho Jin, pelo menos não um estranho ruim. Ser diferente é bom e é isso que torna as pessoas legais. Imagina que chato seria se nós três fossemos igual ao trio da Mia? Todos iguais e sem personalidade? – Dylan perguntou e os dois riram. — Nunca deixe de fazer as coisas por causa da opinião dos outros, eu já te disse. Se não for acrescentar em nada na sua vida, foda-se.
— Caras... Vocês são muito legais comigo. Eu nunca tive amigos como vocês. – o moreno abriu um enorme sorriso no rosto.
— Bom, já que da sua parte está tudo resolvido, eu preciso desabafar algo com vocês... – Dylan falou meio sem jeito após um suspiro profundo.
Jin e Matteo se entreolharam curiosos com o que viria em seguida e, pela primeira vez, os meninos viram Lombardi ruborizar.
— Eu sei que em vocês eu posso confiar, então preciso contar algo a vocês... – sentou-se na beirada de sua cama e Matteo encostou-se na mesa, ficando ao lado de Jin. — Eu tô gostando de uma pessoa e... Droga! Eu não queria gostar dela.
— E quem é essa pessoa? – Jin segurou o riso e olhou para Matteo que fazia o mesmo.
— A Mia... – Dylan queria cavar um buraco naquele exato momento e enfiar sua cabeça para nunca mais sair. Se já havia sido difícil admitir para si mesmo que gostava da loira, imagina admitir para os seus amigos?
Park e Petrini tentaram não rir, mas foi inevitável, o que deixou Dylan ainda mais envergonhado.
— Eu sabia! E você ainda negou na boate. – o ruivo pulou animado enquanto segurava a toalha em sua cintura para não cair. — Viu Jin? Meus dois mil euros ainda estão valendo. – o moreno mostrou seu dedo para Matteo que apenas continuou a rir.
— Eu não entendo... Tá legal que eu não acreditei desde o começo quando você negou gostar dela, mas... Por que está contando agora? – Jin cruzou os braços e abriu suas pernas que, até então, estavam cruzadas.
— Eu não sei. Talvez eu esteja ficando louco, mas precisava contar isso a alguém. – Dylan meneou com a cabeça. — Eu senti algo por ela desde a primeira vez que a vi. Eu finjo odiá-la mas, a cada dia, parece que meu cérebro me obriga a pensar mais e mais nela.
— Cara, por que você não convida ela pra festa de semana que vem? – Matteo chamou a atenção do menino.
— Matteo eu não faço parte das atividades extracurriculares. – riu sem humor.
— Não faz, mas a Sabrina sim. Se você falar com ela talvez ela possa te ajudar, já que são amigos. – Petrini deu de ombros e Dylan olhou para Jin que estava impressionado com a ideia de seu amigo. — O que foi gente? Eu não sou idiota, só pareço. – deu de ombros e os dois riram.
— Olha, até que você deu uma ótima ideia. – levantou-se animado. — Eu vou primeiro chamar a Mia e depois falar com a Sabrina, Por que, se ela não aceitar, eu não vou ter feito a Sabrina perder tempo, né?
— Olha, eu acho que a Mia vai aceitar. – Jin se levantou. — Não sei, eu acho que não custa nada tentar. Falando em tentar, preciso da sua ajuda para aprender a jogar futebol.
— Que? Você quer mesmo aprender a jogar futebol? Pensei que tivesse medo. – Dylan sorriu, não segurando a satisfação que estava ao ver seu amigo se abrindo para coisas novas.
— Bom... Se até mesmo você perdeu o medo em admitir que gosta da Moretti, por que eu não posso perder o medo em tentar fazer algo que eu nunca fiz? – Jin colocou as mãos nos bolsos de sua calça e Dylan correu para abraçá-lo.
— Jin, estamos muito orgulhosos de você. – Dylan deu tapinhas nas costas do seu amigo que riu.
— Bom, galera, boa sorte pra vocês. Eu vou ficar por aqui mesmo. – Matteo chamou a atenção dos dois. — Vou tirar meu soninho da tarde e só acordar na hora do jantar. – abriu seu lado do guarda-roupa para pegar sua roupa.
— E eu vou na quadra ver se ela está vazia. – Jin logo se animou.
— E eu acho que vou falar com a... Mia. – Dylan ruborizou novamente e seus amigos riram antes de dar tapas em seu pescoço e em sua cabeça junto de várias provocações.
Cameron malhava com Lucca e Noah e outros alunos do internato na sala de ginástica. Noah levantava peso enquanto Cameron recebia ajuda de Lucca na estação de musculação.
— E aí Lucca? Já pegou a doce Kiki? – Noah perguntou ao colocar os pesos no chão.
— Que? Hã... Não, ainda não. Estamos só conversando. – Lucca negou olhando para o cronômetro do seu celular. Ele não queria lembrar de Chiara, não queria lembrar do que teria que fazer por causa de Ash. Pelo menos não agora.
— Eu não acredito! – o garoto de olhos verdes riu. — Que eu saiba o Lucca Giordano nunca ficou tanto tempo só conversando com uma garota.
— Vai se foder Noah. Eu vou ficar com ela, só tenha... Paciência. – o garoto colocou sua camisa no seu ombro esquerdo e abaixou um pouco seu short, mostrando a barra de sua cueca da Calvin Klein.
— Eu já disse Lucca, deixa a Chiara em paz. – Cameron parou de puxar os pesos e limpou o suor de sua testa. — Eu não falo tanto assim com ela, mas ela é amiga da Sabrina e vai pegar mal se um amigo meu vacilar com a amiga da menina que eu tô tentando ficar. – fez uma careta de cansaço.
— Pegar a Sabrina? Que eu me lembre a aposta era só pra você fazer ela se apaixonar por você. – Noah se aproximou de seus dois amigos.
— Foi isso que eu quis dizer. – o loiro deu de ombros.
Desde que começaram a fazer o trabalho juntos, Cameron descobriu que tinha algumas coisas em comum com a garota de cabelo colorido. Ele admitia que era legal passar o tempo com ela e estava até chateado por já terminar o trabalho com ela depois do jantar — já que ela queria ficar livre para ensaiar com Mia no fim de semana.
— Não se esquece Cam, é só uma aposta. – Lucca o tirou de seus devaneios dando um tapinha em seu ombro direito. — Falando na aposta... – o garoto fez um movimento com a cabeça apontando para frente e Noah e Cameron olharam para o local, onde Sabrina entrava usando um body cinza com uma calça moletom preta.
Ao vê-la entrar, Cameron rapidamente correu até ela, sem se importar de estar sem camisa enquanto Noah e Lucca observavam a cena.
— O que faz aqui? Por acaso está perdida? – Cameron perguntou num tom provocativo e Sabrina se assustou ao olhar para frente.
— Não é possível que você esteja em todo lugar que eu vá. – a menor revirou os olhos e cruzou os braços. — É uma pena que aqui dentro não tenha uma piscina. Por que, se tivesse, eu faria questão de te jogar nela de novo só pra você ter um tbt da primeira vez que nos conhecemos. – Sabrina tentou passar, porém Cameron ficou novamente em sua frente.
— Seria bom mesmo. Dessa vez você poderia até reparar no meu corpo, já que estou sem camisa. – abriu os braços e Sabrina olhou para o corpo malhado do loiro a sua frente. Era um fato que ela tinha que admitir que seu tanquinho era mesmo muito bonito, mas ela não podia demonstrar aquilo para Cameron.
— Eu não preciso te ver sem camisa loirinho. Aqui tem outras pessoas mil vezes melhores que você, até o Noah consegue ser mais gostoso. Se quer mesmo me atrair, que seja com algo melhor. – Sabrina riu olhando para Noah que ajudava Lucca a puxar os pesos. — Dizem que, quem se gaba demais do corpo tem um pacote muito pequeno. – estralou a língua no céu da boca e olhou para De Luca que havia ficado sem graça e ruborizado.
— Agora falando sério, o que veio fazer aqui? – Cameron tentou mudar de assunto para que parasse de ficar vermelho.
— Ué, eu vim ver os caras sarados malhando. O que mais seria? – deu de ombros indo até a parte vazia da sala para começar seu alongamento.
— Sabrina... – Cameron parou em sua frente de braços cruzados, com uma cara nada boa.
— Brincadeirinha. – colocou as mãos em sua cintura. — Eu vim ensaiar sozinha a dança que vou apresentar semana que vem com a Mia. Agora eu preciso de espaço, tá? Eu preciso de concentração. – tentou empurrar o loiro para o lado, mas ele permaneceu no mesmo lugar.
— E te privar do prazer da minha companhia? Claro que não! Eu vou ficar aqui do seu lado, te dando apoio moral. – Osuna revirou os olhos.
— Vem cá, não existe mais alguém que você possa torturar, não? – fez cara feia.
— Provavelmente. – De Luca olhou para cima pensativo. — Mas eu escolhi você. – tornou a olhar para Sabrina com um sorriso debochado no rosto.
— Tá legal, eu não quero me estressar com você porque ainda temos o bendito dever pra fazer, então... Você senta ali naquela cadeira e fica quietinho enquanto eu ensaio. Por ser? – Sabrina perguntou após respirar profundamente.
— Eu sabia que você não resistiria. – Cameron sorriu e puxou as bochechas da menina antes de fazer o que ela havia pedido.
Sabrina ligou a caixa bluetooth que havia levado e colocou numa música qualquer apenas para se alongar e tentou não sorrir, já que havia achado engraçado a persistência de Cameron apenas para vê-la dançar. Já Cameron olhava fixamente para a garota sem ao menos piscar e se dar conta que seus amigos o encaravam, tentando entender o porquê ele ter ficado ao lado de Sabrina.
— Eu acho que o Cameron está se esquecendo da aposta. – Noah cruzou os braços olhando para o seu amigo que olhava fixamente Osuna dançar.
— Se esquecendo ou não, vamos ter que lembrá-lo. Mesmo se ele desistir, ele não pode fazer a Sabrina se apaixonar por ele e ficar com ela sem contar da aposta. – Lucca fez o mesmo que Noah. — As coisas vão ficar feias se ela descobrir.
— Bota feia nisso... – Noah engoliu em seco.
Durante esse tempo, Mia acabava de descer as escadas do saguão para ir até a cantina para tomar um suco. Desde que as aulas haviam acabado ela não havia visto Dylan e Ivy — na certa ela já até havia o convidado para a festa e ele já havia aceitado — e Moretti não conseguia não ficar triste ao se lembrar daquilo.
— Mia? Você tem um minuto? – a loira foi tirada de seus devaneios por um menino que vinha em sua direção.
— Desculpa mas... Quem é você? – cruzou os braços e franziu o cenho ao olhar para o garoto branco de cabelo liso castanho claro e olhos da mesma cor que seu cabelo.
— Ah! Eu me chamo Leo. Eu sou do segundo ano, da turma 206. – Leonardo sorriu sem graça e a garota sorriu forçado.
— A turma 206 era a minha turma ano passado. Era a pior turma do segundo ano e, pelo jeito, era por causa dos alunos. – Mia riu.
— Até hoje os professores falam de vocês. Quando vocês se formarem serão considerados lendas aqui. – Leo riu junto com Moretti. — Mas... Então, eu vim aqui pra te fazer um... Convite. – pigarreou nervoso.
— Que convite? – Mia perguntou confusa.
Enquanto Leo respirava fundo para criar coragem, Dylan descia as escadas para ir até a quadra aberta, onde Jin o esperava para jogarem futebol. Ele havia procurado Mia por todos os cantos antes para convidá-la para ser seu par na festa de semana que vem, mas, como não havia a encontrado, resolveu deixar para o dia seguinte. Porém, agora que ele finalmente havia a encontrado, não perderia tempo e faria logo a pergunta que tanto queria fazer.
— Eu queria saber se você quer ir comigo na festa de semana que vem. – Leo finalmente criou coragem e, ao escutar aquilo, Dylan travou e não se aproximou mais de Mia.
Assim como Lombardi, Mia também travou. Ela já estava acostumada com aqueles pedidos repentinos de pessoas que ela sequer conhecia, aquela não era a primeira vez. Porém, dessa vez, seu coração se apertou. Ela não queria aceitar, não queria ir a festa com um desconhecido, mas lembrou-se que veria Ivy com Dylan e não queria se magoar mais do que já estava.
— Eu... Aceito. – ela sentiu uma dor ao falar aquilo, mas tentou não demonstrar que não estava muito a fim de ir com Leo, apesar de ter aceitado seu convite.
Dylan ao escutar aquilo sentiu uma fisgada em seu coração e colocou a mão em seu peito para parar com aquela dor. Suas chances de tentar se redimir com Mia foram por água abaixo por conta de um menino qualquer do segundo ano.
— Eu sabia que você não ia aceitar e... – o mais novo quase virou-se para ir embora, mas, assim que ele percebeu que não havia sido rejeitado, arregalou os olhos surpreso. — Você aceitou?
— Claro. Por que não aceitaria? – sorriu forçado.
— Puxa Mia! Você não vai se arrepender! Eu vou te mandar meu número pelo Insta pra você salvar e vamos nos falando até a festa. Eu preciso contar aos meus amigos que vou a festa com Mia Moretti! – Leo exclamou animado. — Nos vemos outra hora Mia. – deu um beijo no rosto da menina antes de sair correndo pelo saguão.
Mia virou-se para voltar para o seu quarto. Ela não queria mais o suco, só queria ficar deitada em sua cama. Mas, assim que virou-se, se deparou com o motivo de toda a sua mágoa. Rapidamente ela tratou de desfazer sua cara triste e cruzou os braços. Dylan logo fez o mesmo; ele não queria que ela percebesse que ele havia escutado sua conversa e havia se magoado.
— O que você quer? Por acaso estava me seguindo? – Mia fez uma careta.
— Por favor né, eu não perderia meu tempo te seguindo. – Dylan revirou os olhos. — Eu... Estava te procurando para saber quando vamos ensaiar nossa apresentação para a aula da Antonella. – o próprio garoto se impressionou com a rapidez que teve em pensar numa desculpa.
— Ah é isso? – Moretti olhou para o chão. — Esse final de semana meu pai não estará em casa. Podemos ensaiar lá. O que acha? – voltou a olhar para Lombardi.
— Tudo bem. Eu só quero terminar isso logo. – o garoto de cabelo encaracolado cruzou os braços.
— Eu também. Agora me dá licença, não consigo ficar no mesmo lugar que você por muito tempo. – deu um esbarrão no garoto para passar e saiu correndo para o seu quarto enquanto Dylan ficou ali parado, pensando no que poderia ter acontecido caso ele tivesse interrompido aquele menino e a chamado para ir com ele na festa.
Ele agora se sentia um estúpido e não via outra opção a não ser tentar se esquecer de Mia e deixar para lá toda aquela história. Pelo jeito Jin estava certo, Mia nunca se apaixonaria por alguém daquele colégio; pelo menos não por ele.
— A gatinha está perdida? – Lucca perguntou assim que Chiara saiu do corredor do dormitório feminino.
— Lucca? O que faz aqui? – a garota de olhos azuis sorriu assim que viu Giordano encostado na parede vermelha com os braços cruzados.
— Eu vim te ver. Não posso? – sorriu esticando os braços para que Chiara segurasse suas mãos. O menino ainda vestia a roupa que havia usado para malhar, só havia tomado um banho rápido no vestiário, mas Chiara não se importava de abraçá-lo.
— Claro que pode mas é que eu ia me encontrar com a Nina agora. Ela está andando por aí com a Martina e me chamou pra ficar com elas. – deu um rápido selinho em Lucca.
— Poxa... Eu vim aqui só pra te ver e você está com toda essa pressa? – o garoto de olho claro fez bico e colocou sua destra na nuca de Chiara, a puxando para mais perto de si.
— Lucca eu... Não quero me magoar. A Nina me contou o tipo de garoto que você é e, apesar de ser totalmente diferente comigo, eu não quero ser uma qualquer na sua vida. – a garota se afastou um pouco, apesar de querer muito o beijar novamente.
— Chiara... Você me deixa louco, sabia? – olhou para cima e riu fraco. — Não sabe como me encanta e é a única menina desse lugar que sinto que posso contar. – voltou a olhar para a menor a sua frente a puxou novamente para mais perto de si. — Eu sei que você sente o mesmo. Não é possível que eu sinta isso sozinho. – ambos podiam sentir a respiração um do outro e Castello vacilou fechando os olhos.
Os dois se beijaram e, durante o ato, Giordano puxou levemente o cabelo de Chiara enquanto a garota fazia carinho em seu cabelo. O beijo ia se intensificando mais e mais, porém os dois pararam ao escutar passos vindo em direção ao corredor. Era uma menina qualquer mas, assim que ela entrou em seu quarto, Chiara ficou sem graça demais para continuar o que fazia.
— Eu... Preciso ir. – seu rosto se ruborizou, porém, antes que ela saísse dali, Lucca segurou em seu braço.
— Hoje depois do jantar, me encontra na piscina fechada. Eu quero te ver. – Chiara assentiu com a cabeça e sorriu de canto antes de ir embora.
Lucca sentiu uma pontada em seu peito, mas nem deu tempo de correr até Chiara e a beijar novamente. A porta do quarto de Mia se abriu e Ash o encarou friamente. Sem precisar dizer nada, Lucca entendeu o que ela queria e entrou no quarto sem hesitar.
Antes de entrar por completo, olhou friamente para a loira que segurava a maçaneta e virou a cara. Ash apenas riu antes de fechar a porta. Lucca estava odiando ser chantageado por ela, mas não sabia o que fazer para acabar com aquilo.
Enquanto isso, na quadra, Dylan e Jin ainda aproveitavam o sol para jogar futebol. No começo havia sido difícil ensinar o coreano a jogar, mas, depois de muito esforço, finalmente Jin estava pegando jeito.
— Dylan! Até que enfim eu te encontrei! – o garoto chutou a bola para Jin que a parou com o pé e ambos olharam para a platinada que entrava na quadra com um enorme sorriso no rosto.
— Ivy! Eu... Estou ensinando o Jin a jogar futebol. – Dylan semicerrou os olhos por conta do sol e limpou o suor de sua testa com sua camisa que estava enrolada em sua mão esquerda.
— Jin? É você? – a garota fez uma feição surpresa ao olhar para o garoto que se aproximava deles. — Eu não te reconheci. Você está diferente.
— Ah... Obrigado. Eu só coloquei lentes de contato. – Jin colocou as mãos em sua cintura e ruborizou.
— Você está muito bonito! Eu gostei do seu novo estilo. – Ivy sorriu e Park sorriu timidamente.
— Então... O que você quer? – Dylan suspirou cansado.
Ele não estava muito no clima de falar com Ivy, não depois de ter se iludido achando que poderia mudar as coisas com Mia. Ele agora só queria deixar tudo de lado e seguir em frente.
— Ah! Então, você deve saber que semana que vem terá uma festa e eu tenho direito a um convidado porque faço parte do grupo de dança. Você... Quer ser meu par? – a loira começou a mexer suas mãos nervosa e Dylan olhou para baixo.
— Claro. Eu... Vou. – respondeu após um suspiro profundo.
— Que? Sério mesmo? Ai meu Deus! Eu tô tão feliz por você ter aceitado ir comigo! – Ivy exclamou animada e o puxou fortemente para um abraço. Dylan forçou um sorriso, mesmo que ela não visse e não correspondeu ao abraço. — Eu vou deixar vocês jogando. Nos vemos depois. – a garota se despediu com um enorme sorriso antes de sair da quadra.
— Por que você aceitou Dylan? Achei que fosse convidar a Mia para a festa. – Jin perguntou confuso.
— Eu ia. Mas ela já tem um acompanhante. – Dylan olhou para seu amigo sem ânimo algum. — A quem eu quero enganar Jin? Eu nunca vou conseguir me declarar pra Mia e nunca será recíproco. – jogos os braços no ar e meneou com a cabeça. — Vamos só voltar ao jogo. – correu até o gol e Jin ficou o encarando sem saber o que dizer.
Ele não pensou que Dylan gostasse tanto assim de Mia e, ver seu amigo daquele jeito, não era nada legal.
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