Capítulo dezesseis
Já era dia seguinte e Mia terminava de pentear seu cabelo em frente a penteadeira. Ela não havia conseguido dormir direito já que passou a noite inteira pensando em sua conversa que teve com Dylan. Será mesmo que ele pediria Ivy em namoro? Mia queria que não, mas ela não sabia. Estava nervosa e ansiosa; queria chorar e, ao mesmo tempo, gritar. Mia não sabia direito o que sentia, ela só queria que o tempo passasse voando para ela passar o dia trancada em seu quarto.
— Ei Mia, podemos conversar? – seu coração quase pulou para fora quando escutou Ivy atrás de si.
Moretti colocou sua escova de cabelo em cima de sua penteadeira e olhou pelo reflexo Ivy que estava logo atrás dela.
— Claro! O que houve? – abriu um sorriso forçado.
— Eu... Escutei sua conversa ontem com o Dylan. – Ivy foi direto ao assunto enquanto se sentava no puff que havia logo ao lado da penteadeira.
— Você escutou? – Mia arregalou os olhos e engoliu em seco.
— Não tudo, mas uma parte. Por que você insiste para que o Dylan me deixe em paz? – a loira semicerrou os olhos e cruzou os braços, esperando uma resposta de sua melhor amiga. Mia suspirou aliviada.
— Ivy, olha... Não é isso que você está pensando, eu...
— Não precisa se explicar Mia, eu já entendi tudo. – Ivy interrompeu Moretti e a loira sentiu seu corpo travar.
Será que Ivy havia percebido que ela gostava de Dylan também? Se isso tivesse acontecido, a amizade delas iria por água abaixo.
— Você tem ciúmes de mim.
— É o que? – naquela hora Mia não aguentou e soltou uma risada. — Ivy, não é nada disso. Você tá louca?
— Não Mia, eu não estou. Todos os meninos vivem correndo atrás de você e o Dylan é o primeiro, e único, que não faz isso. Você está com ciúmes de que ele goste de mim e não de você.
— Ivy, você entendeu tudo errado. – Mia riu negando com a cabeça. — Olha, vamos conversar melhor e... – levantou-se para sentar ao lado de Ivy, porém a loira rapidamente se levantou.
— Não Mia, eu não quero conversar com você! – exclamou irritada. — Será que é tão ruim assim pra você que pela primeira vez um homem não se interesse por você, e sim por mim?
Mia parou de sorrir e respirou fundo. Tudo bem Ivy estar irritada por ter interpretado a conversa, que ela nem deveria ter escutado, errado. Mas agora se equivocar daquele jeito e a difamar já era demais.
— Olha, me desculpe Ivy, mas acorda, tá? Por favor. – Mia cruzou os braços. — Eu não sou obrigada a escutar isso, sinceramente. – passou pela maior para sair dali, mas Ivy a puxou pelo braço, obrigando-a encarar a loira cara a cara.
— O que foi hein? Você acha mesmo que eu sou uma cópia idiota sua, criada por você mesma, que ninguém pode gostar? – Mia deu um tranco em seu braço e respirou fundo. Ela não queria discutir com a sua melhor amiga, não por causa daquele assunto.
— Não é isso amiga... Olha... – Moretti tentou falar, mas novamente foi interrompida por Ivy.
— E não me chama de amiga. Olha, se não fosse pela Sabrina, eu realmente acreditaria quando a Ash disse que você ficou o Cameron mesmo sabendo o que ela sentia por ele. Você não pensa em ninguém Mia, só pensa em si própria. – deu um forte esbarrão em Mia e desceu as escadas, não demorando a sair com tudo do quarto.
— Gente, que barulho foi esse? Posso nem terminar de tomar meu banho em paz? – Ash saiu do banheiro e Mia olhou para a loira que terminava de secar seu cabelo com a toalha, ainda vestida com seu roupão de banho.
Moretti nada disse. Apenas negou com a cabeça e desceu as escadas, também saindo do quarto.
— Bom dia turma, como andam a pesquisa de vocês? – a professora Antonella perguntou assim que entrou em sala.
A maioria dos alunos disseram que "estava indo" enquanto Sabrina, Cameron, Dylan e Mia ficaram calados. Após a falha tentativa de fazer o trabalho, Dylan e Mia nem haviam mais tocado no assunto; apenas se falavam quando Mia estava atrás de Ivy e Dylan a provocava. Já Sabrina, fugia de Cameron o tempo todo e só concordou fazer o trabalho com ele no dia anterior.
— Sabrina? Mia? Como estão com a dupla de vocês? – a professora olhou para as meninas que terminavam de copiar a matéria que o professor de Matemática havia deixado no quadro.
— É... O Cameron e eu ainda não começamos a fazer o trabalho, professora. – Sabrina deixou a caneta em cima de seu caderno e mexeu em sua franja logo olhando para o loiro que sentava na fileira ao lado da sua, na frente de Monalisa, que sentava ao seu lado.
Cameron olhou para a garota e sorriu, fazendo com que ela voltasse seu olhar para Antonella.
— E você Mia? Como está o seu trabalho com o Dylan? – a mais velha olhou para a loira que sentava-se na frente e Mia engoliu em seco.
— Bom, nós...
— Nós já começamos professora. Inclusive gostaria de tirar uma dúvida com a senhora, porque ficamos confusos na hora da pesquisa. – Dylan interrompeu Mia e a loira olhou para trás bastante confusa.
O moreno apenas levantou seu caderno, onde podia-se ver o nome de Turim, como título feito com marca texto azul e caneta preta.
— Turim? Gostei da cidade de vocês. Gosto de passar os finais de semana lá e tomar um ótimo bicerin. – Antonella abriu um enorme sorriso. — Parabéns Mia, me falaram que você era muito boa em seus trabalhos. Vejo que não me enganaram. – olhou ainda sorridente para a menina que sorriu sem graça. — Dylan, venha tirar sua dúvida aqui na minha mesa. E, o restante, pode sentar com as suas duplas e começarem, ou continuarem a pesquisa de vocês.
Os alunos começaram a mudar de lugares e juntarem as mesas com as suas duplas. Mia continuou em seu lugar, esperando Dylan terminar de conversar com a professora para que eles começassem seu trabalho. Foram apenas três minutos, mas para Mia pareceram horas — ela não gostava de estar brigada com Ivy; a loira sequer olhava para ela, mesmo estando ao seu lado e Ash estava no outro lado da sala, jogando canetas em Noah que ria.
— Vai ficar aqui ou vamos sentar no fundão? – Dylan chamou a atenção de Mia, apoiando a mão na mesa da garota. Mia olhou para cima e entre abriu a boca, porém, ao olhar de relance para Ivy que estava ao seu lado, rapidamente pegou seu estojo e foi para o fundão, onde sentou na mesa de Chiara que estava vazia.
Dylan foi logo atrás. Juntou sua mesa com a dela com o corpo e jogou-se na cadeira, batendo seu ombro com o dela.
— Você... Fez a pesquisa sozinho? – Mia criou coragem para perguntar e Dylan sorriu, não demorando a encarar a garota.
— Fiz. Depois da nossa "briga", eu não queria falar com você. Pensei em uma cidade que era a sua cara e fiquei entre Milão e Turim. – ajeitou seu blazer. — Escolhi Turim porque os Moretti tem terras lá e... Não poderia ser mais você. A marquesa, vossa alteza, se sente em casa falando de Turim? – Mia negou com a cabeça e riu fraco.
— Eu nunca fui para Turim, caso isso te interesse. Os negócios são do meu pai, não meus. – sorriu sem mostrar os dentes. — Você pesquisou errado sobre mim.
— Eu ainda estou pesquisando, Mia. Mas é que, a cada pesquisa, eu me sinto mais entediado sobre a sua fútil vida. Então passo mais tempo jogando do que pesquisando sobre ela. – Dylan sorriu debochado.
Mia desfez o sorriso e olhou para o caderno de Dylan. Sua letra era bonita e legível, por isso, foi fácil ela ler o que ele havia escrito. Tudo estava devidamente separado por tópicos, coisa que Mia adorava fazer.
— Eu... Nunca comi vitello tonnato. – riu fraco lendo o tópico que Dylan havia feito sobre as comidas típicas da comuna.
— Que? Como não? É um dos melhores pratos já criados. – o moreno descruzou os braços e Moretti olhou para ele.
— Como eu disse, eu nunca fui a Turim. – sorriu de canto. — Acho que seria legal comer uma comida típica de um lugar, no lugar.
— E por que está me contando isso? Você poderia ter muito bem mentido pra mim e dizer que já foi pra lá.
— E por que eu faria isso Dylan? – Mia fez uma careta. — Eu não preciso mentir algo só pra agradar a todos, principalmente você. – negou com a cabeça e pegou o caderno do garoto para continuar escrevendo.
Lombardi continuou a olhar para a loira que estava focada em passar o marca texto verde por cima de sua letra em cada título. Sem que desse conta, acabou soltando uma risada fraca. Mia havia acabado de admitir algo a ele e ela nem se deu conta. Vê-la entretida com algo simples era algo que Dylan gostava de ver e, por ele, continuaria daquele jeito por horas.
Mais a frente, Sabrina e Cameron tentavam entrar em um acordo sobre qual cidade fariam uma pesquisa. A garota tentava ser calma e paciente com o loiro, mas o ódio que sentia por ele era mais forte.
— E então? Sobre qual cidade pesquisaremos? – Cameron apoiou seu cotovelo em cima da mesa e apoiou sua cabeça em sua mão.
— Que tal de Verona mesmo? Assim podemos falar sobre como o seu pai anda roubando nossa província. – Sabrina sorriu debochada e De Luca respirou profundamente.
— Sabrina, já chega de chamar o meu pai de ladrão. – colocou a caneta que segurava em cima da mesa. — Por sua culpa ele brigou comigo, tá legal? Eu só tô tentando ser legal com você, mas você nunca dá o braço a torcer. – olhou para frente e ficou encarando fixamente o relógio que ficava em cima do quadro.
— Eu... Não sabia que o seu pai era daquele jeito. A Nina só me disse depois. – Osuna coçou a cabeça meio sem jeito.
Só agora ela havia se lembrado da enorme lista que Nina havia contado de coisas que o sr. De Luca já havia feito com Cameron. A maioria das vezes, Francesco gritava com seu filho na frente de todos apenas porque ele não concordava com as ordens de seu pai. Sabrina até se sentiu mal quando Nina contou que o pai de Cameron já cansou de bater nele na frente de todos e ninguém nunca ousou se intrometer por medo de Francesco. O governador era um ditador com o seu próprio filho e Sabrina pôde entender um pouco o motivo de Cameron ser um garoto mimado e cheio de si para os outros.
— Ele brigou comigo porque eu te defendi Sabrina. Não estou pedindo que me agradeça, apenas que seja menos ogra. – negou com a cabeça seriamente e a menina sorriu de canto.
— Como é? – ela queria rir, mas se segurou. Era engraçado saber que o garoto que ela mais batia cabeça havia a defendido de algo.
— Eu não quero falar disso, tá? – Cameron parecia nervoso, mas ele não estava. Ele tinha que fazer com que Sabrina gostasse dele e, por isso, tinha que jogar todas as cartas que tinha na mesa.
— Tá legal. – Sabrina riu pegando sua caneta que estava em cima da mesa. — Que tal falarmos de... Nápoles? – colocou a caneta na boca e o loiro a encarou surpreso.
— Nápoles? Eu gosto de lá. – se animou com a ideia e Sabrina sorriu.
Os dois encararam-se fixamente olho a olho e, pela primeira vez, Sabrina reparou no par de olhos azuis de Cameron. Não durou mais que dois segundos a troca de olhares, mas foi o suficiente para que a garota sentisse algo estranho, que não conseguia explicar.
— E aí Nina, como é fazer o trabalho com o Jin? – Sabrina perguntou enquanto terminava de guardar seu material dentro do seu armário.
— Bom... Ele está diferente. Agora que o Dylan e o Matteo são amigos dele, ele consegue conversar mais. – Nina fechou a porta do seu armário e olhou para Sabrina e Chiara. — Eu estou gostando do novo Jin. Ele está perdendo o medo de falar. – riu.
— E você Chiara? Como está sendo com o Matteo? – a garota de cabelo colorido retirou o seu blazer e o jogou dentro do seu armário.
— Bom... Ele passou a pesquisa toda falando que Bolonha parecia um nome de comida e ficou rindo. Isso responde você? – a menina olhou brevemente para as suas amigas que riram.
— Mas ele tem razão. – Nina riu. — Eu nunca parei pra pensar nisso.
— Ah, Chiara, o Matteo é um cara legal. – Sabrina riu.
— Sim, ele é. Assim como a história dele de quando ele foi para a Austrália e apanhou de um canguru. – Chiara fechou a porta de seu armário e as duas meninas riram alto.
— Meu Deus! Como ele conseguiu isso? Eu preciso escutar essa história. – Nina secou as lágrimas que se formaram em seus olhos por tanto rir.
— Se quiser eu conto. Depois de ter escutado a história umas vinte vezes, eu já sei de cor. – Chiara sorriu sem mostrar os dentes e, novamente, Nina e Sabrina riram.
— Er... Oi. – as risadas pararam assim que Lucca apareceu e o enorme sorriso no rosto de Chiara se fez presente.
— Nós... Vamos deixar vocês a sós. – Nina segurou no braço de Sabrina e a puxou para que saíssem dali.
Antes de ir embora, Sabrina passou por Lucca e disse um "estou de olho em você" fazendo com que o moreno risse.
— O que houve? Por que está aqui no corredor feminino? – Chiara fechou a porta de seu armário e olhou para o garoto a sua frente.
— Vim te perguntar como foi dormir sabendo que beijou o príncipe da sua vida. – Lucca brincou aproximando-se mais da garota.
— Eu beijei o Brad Pitt e não sabia? – Chiara perguntou surpresa e o garoto de olhos azuis fez uma careta, recebendo uma risada da menina. — Eu tô brincando. Mas você está muito cheio de si, não? – sorriu intercalando seu olhar de seus olhos para a boca do menino.
— É que geralmente as meninas me falam isso. – riu fazendo o mesmo com Chiara. — Mas eu só te perguntei isso porque não consegui tirar você da minha cabeça ontem. – apoiou sua destra no armário.
E aquilo era verdade. Lucca não conseguiu dormir de primeira assim que deitou em sua cama. Relembrava a cada segundo o momento que teve com Chiara; desde a conversa até o minuto em que ela o beijou. Claro que aquilo já havia acontecido outras vezes, mas não no mesmo lugar e talvez aquilo que tivesse tornado o beijo especial. Ou talvez Chiara fosse especial. Giordano não sabia ao certo, só sabia que, pela primeira vez, ele sentia vontade de ficar com a mesma pessoa mais de uma vez e Castello não saia de sua cabeça.
— Eu pensei em você a todo momento Chiara. E não falar com você hoje cedo foi horrível. – aproximou mais o seu rosto da garota. — Por que você teve que fazer dupla com o Matteo e eu com a Martina? – Chiara apenas riu e afastou um pouco o garoto para trás.
— Aqui não Lucca. Beijos não são permitidos na escola e você sabe muito bem disso. Ao contrário de ontem, aqui qualquer pessoa pode passar e ver.
— Assim você me mata, sabia? – Lucca cruzou os braços e Chiara riu. — Enfim, eu vim te perguntar outra coisa. Semana que vem tem uma festa de volta as aulas para quem participa das atividades extracurriculares da escola.
— Eu já sei, a Martina me contou. – Chiara sorriu. — Como eu faço parte do grupo de dança, poderei ir e, tenho direito a levar um convidado comigo.
— Assim fica difícil tentar impressionar você. – Lucca fez cara feia.
— Por quê? – a menina de olhos azuis riu.
— Porque eu ia te convidar para ir comigo. – Giordano sorriu envergonhado. — Mas eu acho que o convite ainda está de pé, mesmo que você vá de qualquer forma. Quer ser a minha acompanhante? – Chiara arregalou os olhos surpresa.
— Claro que eu quero! – Lucca sorriu com a confirmação e a menina o puxou pelo pescoço, o abraçando. Antes que ela se desvencilhasse dele, deu um rápido selinho nele e Lucca sorriu. — Eu... Preciso ir. Fiquei de ajudar a Nina com o dever de Biologia. – Chiara ajeitou sua saia e Lucca deu um passo para trás para que ela passasse.
Ele ficou observando-a a passar pelo corredor e sumir ao virar o corredor logo sumindo. Giordano ainda não sabia o que sentia, mas estava feliz por Chiara ter aceitado ir com ele para a festa.
— Eu não acredito nisso! – uma voz o tirou de seus devaneios e, ao olhar para o lado, viu Ash se aproximar dele com os braços cruzados.
— O que você quer Ash? – desfez o sorriso enquanto revirava os olhos.
— Qual é da sua hein Lucca? Até pouco tempo dizia que não ficava com a mesma garota mais de uma vez e agora está chamando a Chiara para ir a festa com você?
— E quem disse que eu fiquei com ela? – olhou para a loira ao seu lado.
— Eu escutei a conversa de vocês, não se faça de sonso. – Lucca colocou as mãos no bolso de sua calça e olhou para o chão. — Eu não creio nisso... – Ash negou com a cabeça e riu sem humor. — Você está gostando dela!
— Que? Eu não estou gostando dela! – o garoto negou com a cabeça olhando para Ash.
— Você está sim. Não minta para si mesmo.
Agora que Ash havia dito aquilo em voz alta, fazia um pouco de sentido para Lucca. Ele estava sim começando a gostar de Chiara, mas não sabia ao certo já que nunca gostou de alguém. Aquela era a primeira vez.
— Eu não acredito que você está gostando daquela bolsista...
— Qual é o problema hein? – Lucca alterou-se.
— Nenhum, ué. – Ash riu debochadamente. — Nenhum para qualquer outro aluno daqui. Mas pra você... Qual é Lucca, você vive se importando até com qual relógio do momento vai usar! A bolsista não tem roupa de marca, ela não serve pra você.
— E por acaso eu vou ficar com a roupa dela, ou com ela?
— Ah! Me desculpe senhor "eu não ligo 'pras aparências". Acho que as aulas do Dante estão começando a afetar você. – Ash revirou os olhos.
— Ash? Dá licença, eu tenho mais o que fazer. Daqui há pouco tenho aula de rugby e não quero perder o meu tempo com você.
— Você não vai à festa com ela. – Ashley interveio antes que Lucca fosse embora.
— Como é? – o garoto virou-se para trás e a loira sorriu.
— Você não à festa com a Chiara porque você vai comigo. – aproximou-se do menino e ele riu sem humor.
— Você tá brincando, não é? Ash eu não quero nada com você, coloca isso na sua cabecinha. – Lucca levou suas mãos para suas têmporas, mas logo as abaixou novamente.
— Não Lucca, eu não estou. Se você não cancelar com ela, eu vou contar pra todo mundo como você ganhou o seu novo carrinho.
— Então conte ué. O meu pai me deu de presente assim que chegou da Espanha. – deu de ombros.
— A mim você não engana Lucca. Eu soube da traição do seu papai. Quer que eu conte pra todo mundo? – Ash cruzou os braços e Lucca travou o maxilar.
— Você não sabe do que está falando... – fechou os punhos com força e a loira riu.
— Ah, eu sei sim. Eu tenho os meus contatos e o seu pai anda bem famosinho no meio das modelos do meu pai. O famoso Fede Giordano não sai da boca delas, assim como a chifruda da sua mãe. – sorriu debochadamente. — E aí? O que vai ser?
— Você não pode fazer isso comigo. – o maior negou com a cabeça.
— Eu posso sim. – sorriu debochadamente. — E você não vai cancelar com ela a sós, eu quero que seja na frente de todos e do meu jeito.
— Ah não Ashley! Você não pode me obrigar a isso! Eu não vou fazer isso. – Lucca se exaltou.
— Você vai, ou eu conto a todos o seu segredinho de família. – Lucca travou o maxilar e olhou para baixo. Ash riu e ajeitou a gravata do menino logo levantando sua cabeça para que ele a encarasse. — Bebê, sou eu que faço as regras, não você. – Ash sorriu e deu um leve tapinha no queixo do garoto, não demorando a ir embora, o deixando sozinho.
O fim das aulas já havia chegado e, agora, enquanto alguns alunos faziam suas atividades extracurriculares e outros apenas andavam pelo internato de bobeira, Mia e Sabrina ensaiavam mais um pouco a coreografia que elas apresentariam semana que vem.
— Perna esquerda, perna direita, mão na boca... – Sabrina falava os passos em voz alta e Mia os fazia junto com ela enquanto se olhavam no espelho. — Vai pro chão.
Mia fez o passo ordenado sem o menor ânimo e, ao perceber isso, Sabrina colocou as mãos na cintura e suspirou.
— O que houve Mia? – soprou o ar da boca para baixo por conta do calor e pausou a música.
— Que? Nada, não aconteceu nada. – a loira negou com a cabeça.
— A mim você não engana Moretti. – Sabrina pegou sua garrafinha do chão e deu um gole em sua água. — Você errou alguns passos e não está com o mesmo ânimo que da primeira vez. Anda. Me diz o que tá rolando. – sentou-se no chão e apoiou sua cabeça contra o espelho.
Mia hesitou por alguns segundos, mas logo sentou-se de frente para a garota e bebeu sua água.
— Eu tive uma briga hoje cedo com a Ivy. – desabafou.
— Mais uma? Olha, eu vou começar a cobrar por ser sua conselheira, viu? – Osuna brincou e Mia sorriu de canto.
— Ela tá saindo com o Dylan e gosta dele. Só que ontem eu fui falar com ele porque a Ivy é muito sensível e eu não quero que ele a magoe... – Mia abraçou seus joelhos. — Só que a Ivy escutou minha conversa com ele. Ela entendeu tudo errado e nem me deixou explicar. Agora ela não fala comigo e o Dylan disse que vai pedi-la em namoro.
— O Dylan vai fazer o que? – Sabrina quase se engasgou com sua água. — Quer dizer... – pigarreou. — Mia, eu sei que a Ivy é a sua amiga, um dos seus projetos e que você se preocupa com ela, mas... Ela sabe se virar. Você precisa deixar ela tomar as próprias decisões dela e depois você dizer que avisou. Dê o tempo dela, depois você tenta conversar com ela melhor.
— Eu sei que preciso dar um tempo, mas é que a Ivy é a minha melhor amiga. A Ash é minha amiga, só que é diferente, sabe? A Ivy sempre está comigo e eu sinto falta...
— Fique aliviada por elas não serem iguais. Ao menos a Ivy não te jogou ácido. – a garota de cabelo colorido deu um toque com os pés no pé de Mia e logo as duas riram.
— Mia? Desculpe, eu não sabia que você estava usando a sala de ginástica. – as duas olharam para a porta e viram Cameron.
— Pode entrar. Já acabamos de usar. – Mia disse enquanto se levantava.
Cameron colocou sua garrafa de água ao lado da esteira junto com seu celular e seu fone de ouvido e tornou a olhar para as meninas que recolhiam seus pertences. O loiro riu, chamando a atenção das duas.
— Tá rindo de que garoto? – Sabrina franziu o cenho confusa.
— Vocês estão iguais. Não perceberam isso? – apontou para as duas que logo se olharam.
Ambas usavam um tênis da Fila e uma calça jogger que só mudava a cor — a de Mia era rosa e de Sabrina era preta; diferente de Mia que usava um top branco, Sabrina usava um moletom cropped verde-musgo.
— Ai meu Deus! Eu preciso trocar imediatamente de roupa! – Mia levantou as mãos e fez uma careta fazendo com que Cameron risse e Sabrina revirou os olhos. — Bye bye Cam. – acenou para o loiro antes de sair correndo da sala.
— Ela nunca vai mudar. – Sabrina riu cruzando os braços.
— Vocês se parecem. – Cam chamou a atenção de Sabrina.
— Que?
— São teimosas igual. – riu indo até a esteira. — E o nosso trabalho? Vamos acabar quando? – colocou a esteira na velocidade que queria e começou a correr sobre ela, olhando para a menina que se aproximava dele.
— Antes do jantar. Mas agora você está ocupado e eu preciso resolver uma coisa. – Sabrina colocou as mãos na esteira e Cameron a encarou de cima em baixo.
— Antes de ir, me diz uma coisa que eu ainda não sei. – o garoto de olhos azuis colocou sua destra em cima da mão de Sabrina antes que ela as tirasse dali.
— O que você não sabe? – a menina olhou para a mão do garoto em cima da sua, mas logo tornou a olhar para seu rosto enquanto retirava suas mãos dali.
— O seu número. – Cameron parou de correr e olhou fixamente nos olhos de Sabrina que riu.
— Meu Deus... Que cantada boa! – olhou para a garrafinha em sua mão e a girou em sua mão. — É uma pena que comigo não funcione. Quem sabe da próxima? – sorri de canto e saiu da sala fazendo com que Cameron mordesse os seus lábios e olhasse para a sala, agora, vazia.
Desde o trabalho com Sabrina, a conversa deles estava sendo legal. As vezes ele até se esquecia que estava puxando assunto com ela apenas por causa de uma aposta e que a odiava. Mas ele não podia se esquecer disso, tinha que se manter firme em seu objetivo.
— Pedir a Ivy em namoro? É sério isso? – Sabrina perguntou assim que Dylan fechou a porta de seu armário fazendo com que ele levasse um susto.
— Porra Sabrina... – Dylan colocou a mão sobre seu peito e fez uma careta. — Como soube disso?
— Não interessa. O que importa é: é sério isso mesmo? Quando você pretendia me contar que estava saindo com a amiguinha da Barbie? – Sabrina perguntou enquanto seguia Dylan que ia para o corredor.
— Eu não achei que fosse necessário. – deu de ombros enquanto descia as escadas.
— Não achou? Dylan, eu sou sua amiga! Eu deveria ser a primeira a saber que a Ivy gosta de você e que você pretende pedi-la em namoro. – Lombardi parou no meio da escada e olhou para a sua amiga que estava logo atrás de braços cruzados.
— Você tá sabendo demais da minha vida, hein? – a garota apenas revirou os olhos.
— Eu tô falando sério. Por que você quer fazer isso? Você nem a conhece direito. – Dylan desviou o olhar e bufou.
— Eu gosto dela Sabrina é por isso.
— Ou, talvez no lugar de um cérebro você tenha testículos. – Sabrina jogou os braços no ar, como forma de indignação e Dylan apenas revirou os olhos. — Corta essa Dylan! Esse papo de que "gosta dela" pode funcionar com a Mia, mas não comigo.
— Ah! Agora tá explicado. – o garoto sorriu cinicamente. — Além de intrometida essa garota ainda é fofoqueira? – perguntou indignado e virou-se para terminar de descer.
— Volta aqui mocinho, eu ainda não terminei de falar com você. – Sabrina desceu as escadas correndo e puxou Dylan pelo braço. — Só me diz que você não está querendo fazer isso pra contrariar a Mia.
Lombardi nada disse. Apenas ficou calado e desviou o olhar para as pessoas que passavam pelo corredor.
— Por que, se esse for o motivo, você está sendo igual a eles e eu sei que você é mil vezes melhor que todos desse internato. Dylan, eu colocaria a mão no fogo por você, não me faça me arrepender, por favor. – Sabrina soltou seu braço.
— Eu não sou igual a eles Bina. Não é por isso que eu quero pedir a Ivy em namoro. – Dylan cruzou os braços e balançou a cabeça negativamente.
— Você... Gosta da Mia? – Sabrina arqueou uma de suas sobrancelhas e naquela hora Dylan gelou.
— Que? – sua voz saiu afinada e ele pigarreou. — Eu não gosto dela! – fez uma cara enojada e aquilo não convenceu sua amiga.
— Tá legal. – Osuna riu fraco. — Dylan, se você não tem certeza do que quer, não peça a Ivy em namoro. Mentir para alguém sobre o que sente, fere os sentimentos da outra pessoa. Por favor, não seja um lixo de pessoa.
— Eu não vou magoar a Ivy, fica tranquila. – seu coração ainda batia descompassado, mas ele não demonstrou que estava nervoso.
— Eu sei que não vai. – Sabrina sorriu. — Bom, eu tenho que ir. Tenho deveres de casa pra fazer e ainda terminar a pesquisa com o Cameron. – deu um passo para frente e fingiu se enforcar ao falar o nome de Cameron.
— Sabrina! – Dylan chamou a garota antes que ela fosse embora fazendo com que ela olhasse para ele. — A Mia gosta de mim? – a garota de cabelo colorido riu e olhou pensativa para cima.
— Bom... – tornou a olhar para o mais velho. — Eu acho que isso você terá que descobrir sozinho. E da maneira certa. – sorriu sem mostrar os dentes antes de ir embora.
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