Capítulo dezenove
O fim de semana já havia acabado e, finalmente, a tão esperada semana por todos havia começado. Por todo canto da escola, só podia-se ouvir os alunos animados criando expectativas de como seria a festa de boas-vindas — a grande maioria ali fazia atividade extracurricular e, como podia levar um convidado, grande parte do internato ia para a festa.
— Eu não aguento mais! Todo canto dessa escola tem alguém falando dessa festa! Por acaso a Cardi B vem e eu não tô sabendo? – Sabrina perguntou impaciente ao entrar na sala.
— Calma Sabrina, não é pra tanto. – Chiara riu.
— Se você está estressada agora, imagina quando a festa passar. Sempre acontece algo nessa festa e vira assunto do momento por duas semanas. – Nina riu e sentou-se em cima da mesa de Ivy que ainda não havia chegado.
— De qualquer forma, Quarta-feira é o dia que eu me apresento com a Mia. Droga! Por que eu tenho que ser uma ótima dançarina? – revirou os olhos e suas amigas riram.
Com cara de poucos amigos, Lucca entrou na sala de aula junto de Noah. Chiara olhou para ele, mas sequer Giordano a encarou de volta. Desde o bolo de Sábado, Lucca não trocou mais uma palavra com Castello, o que a deixava confusa. Ela ainda não conseguia entender a sua mudança repentina; em um dia ele estava todo romântico com ela, a tratando como uma princesa e dizendo coisas que faziam o seu coração derreter. No outro, ele agia de uma forma totalmente diferente e sem ao menos dar qualquer explicação.
— Meninas, licença. – Chiara fez um sinal para as meninas e colocou as mãos nos bolsos de sua calça, aproximando-se com receio do garoto que colocava seus cadernos em cima da sua mesa. — Lucca? Podemos conversar? – o garoto a encarou e naquela hora ele gelou.
Ele não queria ter feito o que fez com Chiara, mas Ash havia aparecido em sua casa antes que ele pudesse sair para ir ao encontro e ele cedeu às chantagens da loira. Ele pediu para que Chiara não acreditasse no que ele dissesse depois do dia na piscina, mas ela não lembrava daquilo. O garoto abriu a boca para se desculpar, porém, antes que fizesse isso, Ash apareceu na sala junto de Ivy e Mia. Seus olhares se cruzaram e a garota cruzou os braços, olhando fixamente para Lucca enquanto ia até a mesa de Moretti.
— Chiara eu... – respirou profundamente e tornou a olhar para Castello. — Não temos nada para conversar, tá legal? – voltou a mexer em seus cadernos.
— Que? Não Lucca, nós temos sim. – segurou no braço do garoto e Giordano olhou para sua mão logo olhando para o seu rosto. Lucca fechou os olhos por um segundo e suspirou. Ele não queria, mas tinha que ser o Lucca Giordano.
— Olha só Chiara, eu vou ser bem sincero com você. – deu um tranco em seu braço e aproximou-se da garota. Naquela hora, todos olharam para trás para ver o que estava acontecendo, já que o menino tinha dito aquilo em voz alta. — Você é uma garota legal, mas... É muito ingênua. Precisa entender que a vida não é um conto de fadas. Você não é a princesa doce e inocente, e eu não sou o príncipe que te salva. – riu com deboche.
— Ele falou isso mesmo? – Sabrina levantou-se da mesa e cruzou os braços.
— Eu acho que falou sim. – Nina balançou a cabeça negativamente. Ela tinha avisado a Chiara sobre como Lucca era, ela avisou, mas a sua amiga não escutou.
— Bom dia! – Dylan havia acabado de entrar em sala com Matteo e Jin. Ao ver que Sabrina não havia o respondido, ficou confuso. — O que tá acontecendo? – colocou sua mão na cintura de Sabrina.
— Eu ainda estou tentando descobrir. – o garoto seguiu o olhar de Sabrina e viu Chiara e Lucca conversando. Ela não parecia feliz e ele tampouco.
— Do que você está falando? – Chiara franziu o cenho confusa.
— O que tá rolando? – Cameron perguntou ao se aproximar de Mia assim que chegou em sala. — Tá todo mundo quieto e... Prestando atenção no Lucca e na Chiara?
— Eu não sei, mas parece que o Lucca será um babaca com a Chiara. – Mia cruzou os braços.
— Pobre Chiara. Mal chegou e já vai saber quem realmente o Lucca é da pior forma. – Ivy balançou a cabeça em negação.
— Ele só pode tá de brincadeira comigo... – o loiro fechou os punhos com força e trincou sua mandíbula. Ele pediu para que Lucca deixasse Chiara, então... O que ele estava fazendo?
— Nós ficamos sim, mas e daí? – Lucca abriu os braços e riu alto, deixando Chiara confusa e constrangida. — Você realmente achou que fossemos ter algo a mais? Por favor, Chiara, não seja estúpida. – a encarou seriamente. Por favor, não acredite no que digo, Lucca repetia várias vezes em sua cabeça.
— Por que... Por que você está agindo assim comigo? – os olhos da garota começaram a ficar marejados e Lucca contraiu a mandíbula. Por favor Chiara, não chore. Me bata, me humilhe. Mas não chore.
— Porque pessoas como você, não tem chances com pessoas como eu. – foi duro em sua resposta. — Você é uma bolsista Chiara, acha mesmo que eu gostaria de você? – olhou friamente nos olhos da menina. — Se coloque no seu lugar.
— Bem-vinda ao Elite, Kiki! – um aluno exclamou debochadamente.
Giordano colocou as mãos na cintura e Chiara olhou fixamente para seus olhos. Ela não ousou dizer mais nada. Ao perceber que todos prestavam atenção em sua conversa, ela se sentiu envergonhada e, já nos primeiros sinais de choro, saiu correndo do local. Lucca voltou a mexer em seus cadernos enquanto alguns alunos começaram a rir e comentar sobre o que havia acabado de acontecer. Sabrina não gostou daquilo, por isso não pensou duas vezes ao ir em direção ao garoto.
— Vem cá, qual é o seu problema hein? – puxou o braço de Lucca para que ele olhasse para ela.
— Não enche Sabrina.
— Não enche? Você acabou de fazer a minha amiga sair chorando daqui! Porra Lucca, o que você tem na cabeça? – empurrou Giordano fazendo com que ele batesse o quadril em sua mesa.
— Isso é assunto meu e da Chiara, para de querer tomar as dores dos outros! – chegou mais perto de Osuna.
— Ei! Sai de perto dela! – Dylan puxou Sabrina para ficar atrás dele.
— E o que você vai fazer? Por acaso vai me bater? – Lucca empurrou Dylan.
— Ótima ideia. – Dylan o puxou e Lucca o empurrou novamente. Antes que os dois pudessem brigar, os alunos se dividiram para apartar aquela briga, levando Dylan para longe de Lucca e vice-versa. — Só porque você é a porra de um 'riquinho de merda não significa que você tem que tratar as meninas como um lixo! – Lombardi tentava se soltar de Basile, Diego e seus amigos que o seguravam, mas não teve sucesso.
— Eu faço o que eu quiser! Você não tem nada a ver com isso! – Giordano jogou seu corpo para frente, porém seus amigos e as meninas o seguravam.
— Você é um babaca Lucca, não merece a Chiara. Pessoas como você merecem ser sozinhas, eu tenho pena de você. – Sabrina aproximou-se do garoto e ele contraiu a mandíbula, olhando fixamente em seus olhos. — Você é apenas um filhinho de papai que busca o afeto que não teve quando criança. E é por isso que eu tenho pena de você, por isso nem vale a pena te bater. – o encarou de cima em baixo com repúdio e logo saiu da sala para ir atrás da sua amiga.
— O que está acontecendo aqui? Todos se sentem agora mesmo. – o professor de Matemática perguntou ao entrar na sala.
Dylan encarava Lucca com fúria e, após dar um tranco em seu braço, fez com que Basile e Matteo o soltasse para que ele fosse para a sua mesa. Cameron e Noah soltaram Lucca e ele também foi para o seu lugar. Naquele momento ele sentia tanto ódio de si mesmo. Por que ele foi um escroto com Chiara se ele não queria? Como ele odiava Ashley, como ele odiava o seu pai.
Ao andar pela escola toda a procura de Chiara, finalmente Sabrina havia a encontrado em seu quarto. A menina chorava deitada em sua cama, com o rosto afundado em seu travesseiro.
— Ei, não fica assim. – Sabrina sentou-se ao seu lado e passou as mãos em suas costas.
— Eu não entendo Sabrina. – Chiara a encarou com os olhos vermelhos. — Até Sexta-feira ele era um amor comigo. Disse coisas que eu nunca escutei de um menino, foi fofo e romântico e hoje ele me dá um fora no meio da sala toda? O que eu fiz de errado?
— Chiara... Para de se culpar. Você não fez nada de errado. – a menina de cabelo colorido secou as lágrimas da sua amiga. — A culpa não é sua por ele ter sido um babaca com você. A culpa é dele por ser um escroto. Se esse garoto não sabe tratar alguém decentemente, ele não te merece.
— Eu... Me deixa sozinha. Por favor. – deitou-se novamente e abraçou seu travesseiro.
— Chiara eu não vou te deixar aqui chorando. Você não vai ficar aí deitada nessa cama por causa daquele filho da puta! Sabrina se exaltou.
— Sabrina, eu quero ficar sozinha! Por favor, me deixa em paz. – Chiara virou o rosto para o lado oposto e Osuna ficou olhando para a sua amiga que ainda chorava, sem saber o que fazer.
Ela não gostava de ver sua amiga daquele jeito, ainda por mais por causa de um menino. Se ela tinha certeza de algo era que aquilo não ficaria daquele jeito.
— E aí? Como a Chiara está? – Dylan perguntou ao se aproximar de Sabrina que estava sentada em cima do encosto da poltrona.
Assim que o sinal do intervalo tocou, Sabrina resolveu reunir seus amigos para conversar sobre o que havia acontecido mais cedo com Chiara. Por isso, naquela hora, estavam todos ao lado das mesas de sinuca e pebolim para discutirem sobre o assunto.
— Mal. – a garota de cabelo colorido cruzou os braços ao olhar para o menino que ficava ao lado de Nina que estava sentada na poltrona à sua frente. — Ela não quis nem descer para comer algo. Está jogada na cama debaixo das cobertas e, sinceramente, eu não gosto de a ver daquele jeito. Não por causa daquele garoto nojento. – olhou com fúria para Lucca que jogava sinuca mais a frente.
— E... O que vamos fazer? – Matteo colocou uma de suas pernas no braço da poltrona onde Nina estava.
— Eu acho melhor não fazermos nada. – Jin encolheu-se. — Eu nunca vi o Lucca com a mesma garota por muito tempo e ele sempre deixa isso claro. A Chiara se iludiu, e não é culpa nossa. Vamos apenas esquecer isso. – deu de ombros.
— Você mudou o visual, mas continua sendo um medroso, né? – Nina franziu o cenho e Jin apenas desviou o olhar.
— Jin, esses garotos se acham apenas porque as meninas daqui babam o ovo deles e isso tá errado. Ninguém tem o direito de humilhar ninguém. O Lucca iludiu a Chiara, ela não se iludiu em momento algum. Não podemos relevar esse tipo de coisa. – Sabrina gesticulou com as mãos.
— Nós concordamos. – os cinco olharam para trás e, ao ver quem era, ficaram surpresos e confusos.
— O que você faz aqui Mia? – Osuna levantou-se olhando para Mia, Cameron e Ivy. Mia olhou para Dylan que desviou o olhar rapidamente, porém logo voltou a olhar para Sabrina.
— Viemos dar apoio. O Lucca é nosso amigo, mas não concordamos com o que ele fez, a Chiara não merecia isso. – a loira sentou-se na poltrona onde Sabrina antes estava e Cameron sentou-se no braço da poltrona.
— O que vocês pretendem fazer com ele? – Cameron olhou para Sabrina.
— Ainda não sabemos. Você podia dar uma dica pra gente, já que é amigo daquele garoto sem cérebro. – Osuna ficou ao lado de Dylan.
— Olha só Sabrina, só por que eu sou amigo dele não significa que eu concorde com o que ele fez, tá? Amigos não precisam pensar igual. – o loiro a encarou fixamente e Sabrina sorriu de canto.
Ela não esperava que Cameron fosse agir daquele jeito. Ela esperava até que ele agisse como Lucca e risse do que aconteceu, mas não que ele fosse dar apoio e estar ali com eles.
— Você... Sabe por que ele fez isso? – limpou a garganta ao se dar conta que estava sorrindo feito uma boba por Cameron.
— Era uma aposta. Eu falei pra ele deixar a Chiara em paz e ele prometeu pra mim que não magoaria ela. Eu estou puto porque ele mentiu pra mim. – o loiro cruzou os braços.
— Aposta? – Nina arqueou uma de suas sobrancelhas e o garoto arregalou levemente os olhos. Ele não devia ter falado sobre a aposta, porém, só percebeu que havia falado o que não devia tarde demais.
— É... Uma aposta idiota que ele e o Noah fizeram. Eles sempre fazem essas apostas com as novatas, só que eu disse que não era certo. – olhou para o grupo a sua frente e logo voltou a olhar para Sabrina.
Ivy olhou para Mia e as duas apenas voltaram a olhar para De Luca. Elas sabiam daquelas apostas bestas, mas não sabiam como funcionavam. Mia apenas tinha certeza que Noah nunca participava daquilo.
Cameron engoliu em seco. Ele não podia falar que ele havia feito a aposta com Lucca e perder as chances com Osuna, por isso, teve que colocar a culpa em Noah. Ele sabia que seu o amigo entenderia depois, sem contar que ele não estava tão errado assim. Cameron realmente havia dito para Lucca deixar Chiara em paz, Giordano que não o obedeceu.
Sem esperar mais uma palavra de alguém, Sabrina foi até Noah que jogava pebolim com Basile e Diego e pegou a bolinha que o garoto havia acabado de colocar no centro dos bonecos.
— Aposta? Quantos anos você tem, hein? – Noah olhou confuso para Sabrina e riu.
— Que aposta garota? Olha, eu acho que essa tinta que você usa no seu cabelo está afetando o seu cérebro. – colocou as mãos na cintura. — Pode devolver a bola?
— Não se faz de idiota Noah. O Cameron me contou da aposta que você e o Lucca fizeram. Qual é o problema de vocês? Usar garotas em apostas ridículas? Entre o Debi e Loide, eu achava que você era o melhor. – cruzou os braços. Noah olhou para Cameron que ainda estava com o grupo e tornou a olhar para Sabrina.
— Ah, essa aposta... – revirou os olhos. — Olha Sabrina, isso é uma tradição nossa. Eu sinto muito que tenha afetado a Chiara, mas a culpa não é minha. Não era pro Lucca ter a tratado daquele jeito, nem eu sei o porquê ele fez aquilo. – suspirou. — Eu prometo que nunca mais farei apostas, só me devolve a bola. Por favor... – o garoto fez uma cara pidão e Sabrina o olhou de cima em baixo. Jogou a bola novamente no pebolim e foi até Lucca que ainda jogava sinuca.
— Ei Lucca, temos que conversar. – parou ao lado do menino que estava prestes a encaçapar uma bola.
— Agora não Sabrina. Não vê que eu estou jogando? – perguntou concentrado no que fazia. Num ato bruto, Osuna empurrou Giordano para o lado e pegou o taco de sua mão. Rapidamente ela encaçapou as três bolas que faltavam e apoiou o taco no chão.
— O jogo acabou. Podemos conversar agora? – colocou sua destra em sua cintura e olhou fixamente para o garoto. Lucca fez um sinal com a cabeça para que o garoto que jogava com ele fosse embora e logo ele revirou os olhos antes de olhar para Sabrina.
— Se for sobre mais cedo, eu já disse que isso é assunto meu e da sua amiguinha. – desafrouxou nó de sua gravata.
— Você está muito enganado Lucca. Esse assunto deixou de ser entre vocês dois a partir do momento em que você resolveu a humilhar na frente da sala toda! – a garota exclamou com fúria. — Você iludiu ela, brincou com os sentimentos dela. Que tipo de pessoa você acha que é pra tratar as pessoas como um brinquedo?
— Vem cá, a pobre Chiara não sabe se defender sozinha não? – riu debochado.
— Sinceramente... Eu fico aqui pensando, o que houve que fez você ter esse grande complexo de inferioridade... – Sabrina cruzou os braços. — Por que não é possível. Deve ter acontecido algo muito importante pra você, que tem que ferir os sentimentos de uma menina inocente, apenas para se sentir melhor.
— Sabrina, as pessoas estão olhando... – Lucca olhou para as pessoas que começavam a prestar atenção em sua conversa.
— Por acaso... Você nunca foi aceito quando criança, ou... Sua mamãe nunca elogiou os seus desenhos? – a garota não deu a mínima importância pro que Lucca havia dito. — Eu já sei! O seu papai nunca foi nas suas formaturas? Quando os seus amigos entraram na puberdade você não tinha pelos no saco e por isso sofreu bullying? – todos os que estavam presentes começaram a rir e Lucca fechou os punhos com força.
— O Lucca tá ficando puto. – Nina levantou-se para ver melhor os dois que, aos poucos, eram rodeados pelas pessoas.
— Eu vou lá. – Dylan disse antes de sair dali e Cameron levantou-se logo o seguindo.
— Seja o que for, você precisa superar isso logo e começar a tratar os outros como humanos. Pare de andar por aí como um clichê de merda e vê se cresce. – ao falar aquilo, todos começaram a rir e Lucca se sentiu constrangido com aquela situação. Nenhuma garota havia falado palavras tão duras como aquelas para ele, ainda mais na frente de várias pessoas. Agora ele sabia como Chiara havia se sentido mais cedo; ele sabia que ela estava mal, mas não era a sua intenção.
Antes que ele pudesse rebater ou fazer qualquer outra coisa, Sabrina saiu dali e Dylan aproximou-se na hora. O garoto de olhos azuis olhou para o teto e riu, antes de voltar a olhar novamente para Lombardi.
— O que você quer também? Por acaso vai me dar outra lição de moral?
— Não... Eu prefiro fazer de um jeito que você entenda de uma vez por todas. – o moreno deu um forte soco no rosto de Lucca fazendo com que o garoto caísse no chão. — Não se aproxima mais da Chiara. Se eu ver você com ela de novo, eu te darei muito mais que um soco. – saiu dali esbarrando com as pessoas que começaram a sair dali antes que o inspetor chegasse.
— Vai ficar só olhando? Me ajuda aqui! – exclamou estressado enquanto limpava o sangue de seu nariz olhando para Cameron que havia ficado a sua frente. O loiro estendeu a mão para Lucca e, assim que ele esticou a sua para levantar-se, seu amigo deu outro soco em seu rosto.
— Desculpa cara, mas você mereceu. – negou com a cabeça antes de sair dali esbarrando com as pessoas. Mia apareceu com Ivy e Ash e o garoto olhou para o lado oposto, agora passando a mão em sua boca que De Luca havia machucado.
— Me dá a mão Lucca. – Mia estendeu a mão e, meio receoso o garoto estendeu a sua também logo se levantando. A loira passou sua mão em sua saia e ele esperou uma compaixão vindo de sua amiga. — I'm so sorry, my dear... Mas você mereceu isso. Não devia ter feito aquilo com a Chiara, seu estúpido. – deu leves tapinhas no rosto do garoto e ele fez uma careta de dor. Moretti logo saiu dali e Ivy foi atrás dela, sem dizer uma palavra, somente sobrando Ash.
— Toma. Vai fazer bem pra você. – a loira o entregou um saco de gelo. Lucca puxou com força o saco e o colocou em seu nariz.
— Obrigado Ashley. Você fodeu com a minha vida. – deu um esbarrão na menina e foi embora fazendo com que ela apenas risse. Ela não se arrependia do que fez, afinal, quem saiu magoada foi Chiara e quem apanhou e foi humilhado na frente de toda a escola, foi Lucca. Assim como ela queria.
— Oi! – Martina exclamou animada assim que Nina fechou a porta do seu armário.
— Martina! Oi... – a ruiva sorriu e cruzou os braços.
— E então, o que você vai fazer depois de amanhã? – a morena perguntou ao abrir a porta do seu armário para pegar os cadernos da próxima aula.
— Bom... Como será a festa e o diretor deixa ficarmos andando por aí até meia-noite, eu acho que vou aprender a jogar sinuca sozinha ou maratonar um pouco de Brooklyn Nine-nine.
— É isso que você faz em toda festa de volta às aulas? – Martina desfez o seu sorriso e olhou para Nina que tinha um sorriso debochado no rosto.
— Claro que não! Às vezes eu também vejo a reprise de Non Uccidere.
— Qual é Nina! – Caruso revirou os olhos. — Você nunca teve vontade de fazer alguma atividade extracurricular? Não só para ir a festa, mas... Passamos sete dias da semana trancadas aqui. Você não fica entediada em não fazer nada?
— Martina, estudamos no Elite! – Nina riu. — Eu nunca fico entediada. Todo dia acontece algo.
— É sério Nina. – a garota de olho azul cruzou os braços e Scuzziatto suspirou.
— Olha Martina, eu até faria alguma atividade extra se tivesse alguma coisa legal.
— E tem coisas legais. Por que você não faz natação?
— Pra que? Pros meninos sem noção ficarem olhando pra mim apenas por eu estar de maiô? Obrigada, mas eu passo. – sorriu sem mostrar os dentes antes de começar a andar pelo corredor.
— E artes? – Martina começou a acompanhar.
— Eu até queria, mas o professor disse que bonecos de palito não são desenhos. Você acredita nisso? – a ruiva fez cara feia e parou no meio da escada.
— E... Dança? Música?
— Eu não sou dançarina e, muito menos, quero receber ordens da Mia. – começou a dobrar as mangas de sua blusa. — Quanto a música, eu sou uma ótima cantora. Apenas no chuveiro. – olhou para trás e sorriu enquanto Tina sentava-se no degrau da escada e se segurava no corrimão.
— Não tem nada que você queira fazer? – fez uma careta como se estivesse exausta daquela conversa.
— Claro que tenho. Futebol, basquete, rugby... Eu gosto dessas coisas Martina. É uma pena que somente os meninos possam fazer isso. – cruzou os braços e apoiou-se no corrimão para não ficar no meio da escada.
— Eu sei que é uma coisa chata, mas é assim que funciona o Elite.
— Se o seu pai fizesse algo talvez pudéssemos mudar isso. Nem todas as meninas querem dançar ou pintar quadros. – Martina colocou as mãos em suas bochechas e olhou fixamente para duas meninas que subiam as escadas.
— Nina... Uma vez o meu pai disse que ele podia falar pelos alunos nas reuniões com o conselho. E se fizéssemos um abaixo-assinado para que tivesse mais aulas extras para as meninas? – a morena levantou-se num pulo.
— E você acha que isso daria certo? – Nina franziu o cenho.
— Não custa nada tentarmos. – Caruso sorriu. Nina a encarou de cima em baixo e sorriu ao ver o ânimo de Martina.
— Então vamos fazer isso. – estendeu sua mão para a morena e Martina a puxou para um abraço.
— Ah... Nina. – Tina parou de abraçar a ruiva e a encarou fixamente nos olhos. — Sobre a minha pergunta de antes... Eu quero saber se você não quer ir comigo à festa.
— É sério que você está me chamando? Tem noção de quantas pessoas realmente querem ser convidadas a essa festa? Você poderia ser facilmente bajulada por todos aqui apenas para serem convidados.
— Eu sei, mas ir a essa festa só tem graça se formos com uma amiga. – sorriu timidamente e Nina sorriu.
— Okay, você me convenceu. – a puxou para descerem as escadas. — Mas estou te avisando antes que eu não vou dançar. Se quiser me ver dançando, terá que fazer muito mais do que me considerar apenas uma amiga. – tocou a ponta do nariz de Martina e ela apenas riu.
— Oi... Eu trouxe um pouco de iogurte pra você. – Sabrina disse docilmente ao entrar no quarto. — Eu falei pros professores que você faltou hoje porque não estava se sentindo bem, mas eles falaram pra você não faltar amanhã. Eles estão começando a dar conteúdo que vai cair na prova. – sentou-se ao lado de Chiara que ainda estava deitada, porém dessa vez usando um moletom e o capuz dele, tampando o seu rosto por completo. — Chiara, você precisa se animar um pouco. Por favor.
Chiara permaneceu calada. Apenas sentou-se e retirou o capuz que usava. Seus olhos estavam vermelhos e suas pupilas mais azuis do que o normal; a ponta de seu nariz estava vermelha e ela soltava suspiros, como se tivesse chorado incansavelmente.
— Obrigada. – fungou e esticou as mãos para pegar seu iogurte. Assim que Sabrina o entregou, a morena começou a comer em silêncio e Osuna suspirou; ela não aguentava mais ver sua amiga daquele jeito.
— Tá legal Chiara. Levanta dessa cama agora. – levantou-se da cama e puxou a coberta que cobria a menina. — Eu sei que você está chateada e você tem todo o direito. Não vou diminuir o que você sente porque eu não sei o que você está sentindo agora. Mas eu não vou deixar você ficar aí deitada nessa cama, sem comer e sem fazer nada por um garoto que sequer se importa com os seus sentimentos. – ao falar aquilo, Nina entrou no quarto e, ao ver que Chiara ainda na cama, suspirou pesado.
— Por favor Chiara, levanta daí. Você sabia que, enquanto você está aí chorando, o Lucca tá lá embaixo jogando sinuca como se nada tivesse acontecido? Você está fazendo exatamente o que ele quer que você faça. – cruzou os braços e ficou ao lado de Sabrina.
— Me desculpa se eu não durona como vocês duas. – a voz de Chiara saiu embargada.
— Isso não é um problema Chiara. – Sabrina sentou-se ao seu lado. — Você é assim, esse é o seu jeito. Não queremos que você mude, apenas que você... Não seja tão frágil assim.
— Sim. – Nina também se sentou na cama. — Você se apegou rápido demais, não vamos te julgar por isso. Confiou nele e ele te magoou, isso é normal. Mas não se prive de coisas por causa do Lucca, não vale a pena. Ele não faria e nem está fazendo isso por você.
— Eu só queria... – Chiara olhou para o seu iogurte e começou a mexê-lo com a colher. — Eu queria não me importar com nada. Mas eu me importo. – olhou para as meninas e suspirou. — Me importo até demais com tudo.
A verdade é que Chiara, mesmo com seus dezessete anos, nunca havia namorado alguém. Ela teve sim amores, porém todos passageiros. Um pequeno romance aqui e ali, mas nunca algo duradouro. Chiara sempre se entregou de corpo e alma para as pessoas com que se relacionava, — mesmo que fosse apenas por uma semana ou duas — porém tudo terminava no mesmo.
Todos diziam que Chiara era perfeita; um amor de pessoa, a melhor pessoa que já conheceram no mundo, mas... Não estavam prontos. Não estavam prontos para terem um relacionamento com uma pessoa como ela; uma pessoa tão bonita, compreensível, que resolvia tudo na base da conversa e, diferente dos seus antigos relacionamentos, que tinham ciúmes excessivos, brigas e desconfianças. Ou não estavam prontos para começar um novo relacionamento, pois já haviam se magoado demais e, por mais que Chiara fosse perfeita, eles não queriam se magoar novamente. Eles não se magoavam, mas Chiara sim. Já havia perdido a conta de quantas vezes teve o seu coração partido e, mesmo que depois ela superasse e soubesse no fundo que tudo tinha o seu tempo, ela não queria mais aquilo. Achou que com Lucca seria diferente. Ele dizia coisas das quais ela queria escutar, parecia ser a pessoa perfeita... Mas ela havia se enganado novamente.
— Por um momento, eu realmente pensei que talvez poderia dar certo para mim. – a menina de olhos azuis fungou e Sabrina e Nina a abraçaram.
— Ah meu amor, não fique assim, por favor. – Sabrina fez cafuné no cabelo de Chiara. — Eu juro que vou acabar com aquele desgraçado, ou eu não me chamo Sabrina.
— E como você pretende fazer isso? – Chiara perguntou ao se soltar das duas e secar suas lágrimas.
— Eu não, nós vamos. E a festa de Quarta-feira será uma ótima oportunidade.
— Eu não vou mais a festa Sabrina. Prefiro ficar aqui fazendo companhia a Nina. – abraçou a si mesma e as duas riram.
— Chiara até eu vou esse ano a festa. A Martina me convidou. – Nina sorriu.
— Vamos Chiara. Eu já tenho o plano perfeito pra quebrar a cara do Lucca. – Sabrina a encarou, esperando uma resposta da menina.
— Eu acho que... Vou aceitar sim a ajuda de vocês. – Chiara sorriu de canto e as duas a sua frente comemoraram.
— Oi. – Cameron assustou-se ao ver que Sabrina estava em frente a porta do seu quarto.
— Sabrina? O que você faz aqui? – o loiro jogou seu cabelo para o lado, já que ele estava bagunçado e os fios de sua franja incomodavam seus olhos.
— Eu vim agradecer por mais cedo. Eu fiquei sabendo que você bateu no Lucca e, ele é o seu amigo apesar de tudo. Deve ter sido ficar do nosso lado. – a garota começou a mexer seus dedos nervosa e o loiro riu.
— Não foi uma decisão difícil, eu já disse. Só porque ele é meu amigo, não significa que eu vou passar a mão na cabeça dele quando estiver errado. – cruzou os braços. — E só foi um soquinho. Ele vai ficar bem. – deu de ombros e Sabrina riu.
Ela ainda não esperava aquilo de Cameron. A cada dia que se passava a primeira impressão de um garoto mimado, que se achava o melhor que ela tinha dele ia sumindo. Ela já sabia por cima os problemas que ele tinha com o seu pai, o seu verdadeiro sonho, que ele era uma pessoa que sabia quando era a hora de não ser idiota... Sem contar que, a cada dia, Sabrina o achava mais bonito. Assim como ele também começava a achar bonita. Cameron já não tinha mais aquele ódio por ela, não sentia vontade de matá-la; ele até gostava das conversas que tinham — mesmo que fosse apenas por cinco minutos. Aquilo para eles era algo tão... Genuíno.
— Bom... Mas eu não vim aqui apenas para te agradecer pelo mínimo. – Osuna limpou a garganta e mudou de assunto. — Eu espero que você ainda não tenha um par na festa de Quarta-feira.
— Isso por acaso é um convite? Está me convidando para ir a festa com você? – Cameron sorriu.
— Não seja idiota. – Sabrina fez uma careta e torceu para que ele não percebesse que ela havia ficado sem graça. — Eu vou fazer uma surpresa pro Lucca e você é uma peça importante no meu plano.
— Não negue Sabrina, isso é um convite sim. Me sinto honrado por isso. – deu uma piscadela e a menor ficou sem graça.
— Não se gabe por isso. – riu. — Eu... Vou indo. Não quero ficar sem jantar. – disse sem jeito antes de ir embora e Cameron riu, antes de também ir para o refeitório.
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