Capítulo cinquenta e um

Depois de dois meses, para a infelicidade dos De Luca, os boatos de que Francesco estava sendo acusado de adulteração vazou na mídia e agora a família era perseguida por paparazzis e jornalistas que os bombardeavam de perguntas onde quer que fossem.

Além de Francesco ter contratado o melhor advogado do país para que tomasse conta do caso, Ludovica e Claudio também decidiram contratar advogados particulares. Ambos recomendaram o mesmo: que não se pronunciassem sobre o caso e que tudo seria resolvido da forma correta, porém era difícil para os De Luca. Francesco não havia voltado para casa; Claudio e Vito e mal conseguiam trabalhar em paz sem que mencionassem o caso de seu pai; Valentino foi obrigado a assistir suas aulas da faculdade em casa, pois a instituição não conseguia mais controlar os jornalistas e paparazzis que apareciam lá apenas por ele; Ludovica não conseguia sequer ir ao mercado e Cameron, além de estar desgastado por ter que fugir da mídia, vira e mexe escutava alguém cochichar sobre a situação do seu pai pelos corredores do Elite.

Todos da família estavam cansados, entretanto, Cameron estava mais. Ele achava injusto todos terem que pagar pelo erro de seu pai. Além disso, mesmo que conhecesse Francesco como ninguém, no fundo ele acreditava na inocência de seu pai; ele queria acreditar que seu pai era inocente e esperava que aquilo tudo acabasse logo e ele voltasse para casa pra que eles pudesse, enfim, ter uma trégua.

— No que 'cê tá pensando, hein? – Sabrina perguntou ao se jogar na cama ao lado do loiro que fumava cigarro enquanto lia um livro.

— O lance do meu pai. – suspirou, soltando a fumaça que estava em sua boca. Era muito raro Cameron fumar, ele só fumava quando estava muito nervoso e, mesmo que Sabrina odiasse aquilo entendia o seu namorado, contanto que ele não acabasse com o maço. — Todas as palavras deste livro estão se embaralhando e eu nem tô entendendo o que estou lendo. – apoiou sua cabeça na cabeceira e fecho o livro, o colocando em cima do travesseiro que estava ao seu lado.

— Cam... – a morena apoiou seu queixo na coxa direita do loiro. — Você precisa relaxar um pouco. A Ludo já fez tudo que pôde e os advogados já falaram que vão tirar o seu pai dessa. Não tem mais nada que possamos fazer.

— Eu sei! E é por isso que me sinto impotente. – apagou o cigarro no cinzeiro que estava no colchão e o deixou ali mesmo. — Eu odeio ver meus irmãos se desgastando, a Ludo triste pelos cantos e eu não posso fazer nada!

— Você não é impotente, Cameron, para com isso. – a garota ficou de joelhos em cima da cama. — Sem você com a Ludo, não teria forças para fazer metade do que está fazendo até agora. Cam, você é o porto seguro dela nesse momento, então pare de pensar desse jeito. – olhou fixamente nos olhos do garoto e ele sequer piscou.

— Obrigado Sabrina. – um ligeiro sorriso se fez presente em seu rosto. — Obrigado por ser o meu porto seguro. – Sabrina desviou o olhar ao rir sem graça.

— Para com isso. – voltou a olhar para Cameron assim que ele segurou sua mão. — Sabe que eu estaria do seu lado mesmo se não estivéssemos juntos. Você não consegue aguentar nada sem mim, Ken. – brincou e ele a puxou para o seu colo, onde começou a fazer cócegas em sua barriga fazendo com que ela risse alto.

Sabrina estava certa. Ele não aguentaria metade do que estava passando se não tivesse Osuna ao seu lado; o fato de sua namorada estar ao seu lado o ajudava bastante. Fosse o acompanhando em lanchonetes ou shoppings onde ele tinha que entrar disfarçado, pedindo que ele dormisse na sua casa para esfriar a cabeça, ou até mesmo o defendendo dos fofoqueiros quando ele mesmo não tinha mais forças para isso. Quando Cameron queria fugir de tudo e de todos, Sabrina estava ao seu lado e ele era bastante grato por isso.

Na Segunda-feira, como o combinado de sempre, Ivy e Jin – que eram sempre os primeiros a chegarem – esperavam o restante dos amigos sentados no primeiro degrau da escada. Jin fazia trança no cabelo de sua namorada quando Dylan e Mia chegaram junto de Nina e Martina.

— Que milagre é esse que o Dylan chegou cedo? – Jin riu ao ver o seu amigo carregando, não só a sua mochila, como a de Mia também, já que a loira estava arrumando sua gravata. — Ainda faltam vinte minutos pro sinal tocar.

— O milagre se chama o pai da Mia. – bocejou apoiando seus braços no corrimão e colocou todo o seu peso na sua perna esquerda. — Ele tá de folga hoje e fez questão de nos trazer. Tivemos que acordar mais cedo do que o normal porque o Domenico nos levou pra tomar café da manhã num restaurante.

— É sério Mia? – Ivy abriu um enorme sorriso e a loira apenas assentiu com a cabeça. — Nossa, que animação. Pensei que você gostasse de sair com o seu pai, agora que ele não é mais ausente. – a garota apoiou seu rosto em suas mãos.

— E eu gosto. – Mia pegou sua mochila de Dylan. — Eu já sabia que não teria as minhas sete horas de sono, mas só cinco horas de sono? – indagou indignada cruzando os braços. — É muito difícil ser eu. – fez bico e apoiou sua cabeça no braço do seu namorado. Jin e Ivy riram de Lombardi que concordou com a cabeça e logo Noah, Heloisa, Chiara, Lucca, Nina e Martina se juntaram aos seus amigos.

Por conta de um trabalho pendente de Artes, Noah acabou dormindo na casa de Heloisa para que terminassem a tarefa. O que resultou em muita dor de cabeça para a loira, já que Fiore passou sua estadia toda falando que estava surpreso ao saber que seu quarto não era nada do que esperava – segundo o garoto, ele esperava que o quarto da mais nova fosse num estilo dark, algo mais aterrorizante – e se sentiu decepcionado ao ver o quarto cor-de-rosa repleto de ursinhos e bonecas, com apenas um pôster do Black Veil Brides colado na parede e uma grade cheia de fotos suas no backstage das bandas dos seus pais. A garota o fez prometer de pés juntos que ele não revelaria esse "segredo" para ninguém e ele só cedeu quando ela aceitou emprestar seu box de Jogos Vorazes.

— Já estão todos aqui? – Nina perguntou ao se sentar ao lado de Ivy na escada.

— Falta a Sabrina e o Cameron. Mas ela avisou que se atrasaria um pouco e disse que podíamos entrar na sala sem eles. – Mia respondeu.

O primeiro sinal tocou e os alunos que estavam pelos corredores começaram a se dissipar. Alguns subiam para guardar as coisas nos dormitórios, outros pegavam seus materiais em seus armários e o restante apenas entrava em sala de aula para esperar o segundo sinal tocar.

Quando todos iam em direção a sala, Heloisa segurou no braço de Ivy a impedindo de andar e Jin logo parou também, já que sentiu o puxão da loira em sua namorada pois segurava sua mão. Ao perceber que os três estavam parados, Dylan pediu para que os outros esperassem e assim eles fizeram.

— Não vamos esperar o Matteo? – Rossi indagou ao soltar o braço de Ivy.

A loira não usava o blazer do seu uniforme, apenas a camisa social branca amarrotada e com as mangas arregaçadas até o cotovelo; sua gravata vermelha estava amarrada de qualquer jeito e ela usava um colar em camadas, onde o maior deles tinha um anel como pingente; a calça cinza do seu uniforme tinha pequenos rasgos para mostrar a meia-calça arrastão que usava por baixo, sua bota slip on preta já estava gasta de tanto usar e seu cabelo estava preso em uma maria chiquinha com tranças, dando mais evidência ao seu rosto limpo – o que era difícil de se ver, já que Heloisa abusava em maquiagens pesadas.

— Lola, você sempre pergunta isso. – Lucca revirou os olhos. — Você sabe que o Matteo nos abandonou pra ficar com a Fiona. – apontou em direção ao corredor e, assim que Heloisa olhou, viu Matteo e Fiona chegarem de mãos dadas.

Depois de descobrirem o plano de Fiona para separar Dylan e Mia, o grupo decidiu ignorar Vitale por completo pois acharam aquilo um absurdo. Sabrina até se ofereceu para dar uma lição na garota e Heloisa e Nina se ofereceram para ajudá-la, mas Mia respondeu que não era preciso. Afinal, Dylan havia dado uma lição nela fazendo com que ela agora sempre desviasse deles quando os via, ou sequer olhava para o casal. Porém, ao mesmo tempo em que o grupo se afastou de Fiona, Matteo não fez o mesmo. De todos ali ele foi o que mais se magoou com aquilo tudo e até se afastou um pouco dos seus amigos porque estava envergonhado em ter acreditado em Fiona e ajudado – mesmo que intencionalmente – em seu estúpido plano de separar Dylan e Mia.

Para não ter uma má fama no internato, Vitale começou a correr atrás de Petrini para ter o seu perdão. Ela odiava se humilhar daquela forma, – ainda mais por um garoto que não tinha influência alguma – mas era necessário já que seus seguidores em suas redes sociais caiam mais e mais. Não demorou muito para que Matteo a perdoasse e eles começassem a andar juntos para cima e para baixo, fosse no Elite ou fora do colégio. Em menos de duas semanas Fiona e Matteo começaram a namorar e, de um simples conhecido por andar com os populares, o ruivo também se tornou um popular apenas por namorar Fiona Vitale.

No começo ele ficou fascinado pelos seguidores que passou a ganhar, as curtidas e comentários em suas fotos e pela atenção que recebia no colégio e na rua quando alguém o reconhecia, ou até mesmo dos paparazzis quando o flagravam fazendo algo ou saindo com sua namorada. Entretanto, com o passar do tempo, ele começou a se sentir sufocado com tanta atenção que recebia e se sentia cansado de seu relacionamento. Fiona era fútil e sempre o repreendia quando ele fazia uma brincadeira, ou fosse ele mesmo. Para a loira, Matteo precisava ser sério, não sorrir para as câmeras, manter a pose a todo momento e ter etiqueta durante a mesa. Aquele não era Matteo e ele sentia que estava se perdendo a cada dia que passava com Fiona. Seus amigos também achavam aquilo.

— Tá legal, pode soltar a minha mão já. – Vitale largou a mão do ruivo sem ao menos esperar uma resposta. — Eu vou ficar com a Ash no intervalo, então não esquece de comprar o meu lanche, tá? – ficou na ponta dos pé para lhe dar um selinho e, mesmo a contragosto, ele retribuiu.

A loira subiu para o seu dormitório a fim de deixar sua mochila e, assim que ela sumiu de seu ponto de visão, Matteo colocou as mãos na cintura e suspirou cansado. Olhou para frente e acabou trocando olhares com Heloisa. A garota não gostava de vê-lo daquela forma, ele parecia um robô que recebia ordens de Fiona. Seu uniforme estava impecável, sua gravata tinha um nó perfeito e seu cabelo estava penteado para o lado sem deixar um fio fora do lugar; Lola sentia falta do Matteo desleixado de antes, sentia falta de suas implicâncias e ter ele em seu grupo de amigos. Ao se dar conta que Matteo também a encarava, rapidamente Rossi desviou seu olhar e foi em direção a sala de aula junto com seus amigos.

Petrini coçou a cabeça e olhou para o chão. Ele não podia negar que também sentia saudades de sair com seus amigos, sentia saudades do temperamento explosivo de Heloisa e de seu mau humor de todos os dias; mas aquela foi a sua escolha e ele estava amargamente arrependido.

Na hora do intervalo, como de costume, os alunos saíram correndo das salas de aulas para aproveitarem os minutos de descanso. Lucca e Chiara decidiram apenas pegar um waffle com milkshake de chocolate na cantina, já que sabiam que a lanchonete estaria lotada e foram direto para a sala de estudos.

— Então, eu sei que a semana começou agora, mas eu já tenho planos para o final de semana. – Lucca disse animado assim que colocou a bandeja em cima da mesa.

— Lucca, por favor. – a morena de franja riu ao sentar-se. — Você sempre tem alguma coisa pra fazer.

— Bom, esse é o lado bom de ser um adolescente conhecido e rico na Itália. – brincou e Chiara riu antes de dar uma mordida em seu waffle.

— Me diz então o que o adolescente conhecido e rico planejou pra esse final de semana. – sorriu olhando para o seu namorado.

— Eu tenho uma sessão de fotos pra uma revista e quero que você vá comigo, porque de lá vamos fazer um piquenique. Relembrando os velhos tempos. – deu um gole em seu milkshake.

— Fico impressionada como você consegue ser um fofo. – apertou sua bochecha e mandou um beijo, fazendo com que ele fizesse um bico achando que Castello fosse o beijar.

Antes que eles pudessem fazer mais alguma coisa, escutaram gritos histéricos vindo do corredor e se levantaram assustados. Alunos corriam em direção a algo bastante animados e, quando Basile passou correndo com Diego, Lucca o puxou pelo braço.

— O que tá acontecendo? – indagou ao franzir o cenho.

— Cara, o Gian Fontana tá aqui! – Basile exclamou dando pulinhos antes de voltar a correr em direção a multidão.

— Gian Fontana? – Chiara riu confusa, porém desfez o sorriso assim que percebeu a expressão séria no rosto de Giordano.

— Ele é jogador de futebol. Foi reconhecido quando jogava no Inter e tinha uma rixa com o meu pai quando ele era do Milan, agora ele tá no Liverpool e mora na Inglaterra com a esposa e o filho. – saiu da sala e começou a andar em passos pesados.

Chiara o seguiu tentando acompanhar seus passos enquanto assimilava a informação que havia recebido. Foi parada abruptamente pelo corpo de Lucca que havia parado em sua frente. As pessoas a sua volta gritavam e se desesperavam como se nunca houvesse visto um famoso na vida – o que Chiara não conseguia entender, já que todos ali eram filhos de famosos – e, ficando na ponta do pé, conseguiu ver no meio da roda um homem usando um casaco de couro e óculos escuros. A aliança em seu dedo brilhava sendo possível se ver de longe e ao seu lado estava um garoto, parecido com ele, só que um pouco mais alto. Ele estava sério e usava o uniforme do Elite com sua mochila pendida apenas em um de seus ombros; seu cabelo castanho estava partido ao meio e ele usava diversos cordões e anéis de ouro puro.

O garoto pareceu olhar para ela e Chiara sentiu algo estranho que não conseguia explicar. Ele desviou o olhar e riu fraco enquanto negava com a cabeça. Castello olhou para Lucca que o encarava de uma forma fria.

Os seguranças que estavam acompanhados dos dois começaram a afastar os alunos para que eles passassem e, assim que Gian passou em sua frente, ela o reconheceu. Gian era casado com a modelo britânica Ava Howard e, na hora, foi impossível não assimilar a família Fontana com a de seu namorado. O jogador de futebol que era casado com a modelo do momento e tinham um filho prodígio, e futuro modelo. Aquele garoto e Lucca eram parecidos, ela só não sabia se a família dele também tinha os mesmos problemas dos Giordano.

— Há quanto tempo não nos vemos, Lucca. – a voz do garoto a tirou de seus devaneios e ela piscou algumas vezes antes de olhar para cima. Um sorriso debochado brincava em seus lábios.

— Pois é, e estava tão bem quando não nos víamos. – Lucca cruzou os braços. — Quer dizer então que você vai estudar aqui.

— Sim, o meu pai decidiu voltar para a Itália. O seu pai vai se aposentar em breve e quer fechar no time que foi reconhecido, então o meu pai também. – mordeu levemente o lábio inferior. — Parece que seremos novamente rivais de time.

— Só avisa pra sua mãe que aqui é área da minha mãe. Aqui vocês não são nada, apenas a sombra dos Giordano.

— Eu vou ficar na Itália esse último semestre Lucca. Muita coisa pode acontecer. – apoiou sua destra no ombro do garoto de olhos azuis. Ao olhar para o lado notou a presença de Chiara e seus olhos brilharam. — E... Quem é você?

— Eu me chamo Chiara. Prazer. – Chiara estendeu a mão sorrindo timidamente.

— Nicolas. Mas pode me chamar de Nico. – apertou a mão da menor. — Sabe Chiara, você é surpreendente. Eu gosto de pessoas surpreendentes. – sorriu antes de beijar as costas de sua mão.

— Que bom que a Chiara é minha namorada. – Lucca segurou a mão de Castello, fazendo com que Nicolas a soltasse.

— Bom, eu vou conhecer o meu dormitório antes do intervalo acabar. Foi um prazer te conhecer Chiara. – deu uma piscadela e deu um passo para frente. — E, Lucca, eu vou amar estudar aqui. – sorriu antes de seguir o seu caminho.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top