Capítulo cinquenta e nove
Lucca já havia perdido dois tempos de aula quando acordou. Noah até o acordou no horário certo, porém o garoto resmungou palavras ininteligíveis seguido de um "não enche" e virou-se para o outro lado da cama tampando o rosto com seu travesseiro, então Noah apenas decidiu o deixar quieto e foi para a aula com Cameron.
— Senhor Giordano? Está no quarto? ‒ a voz de Fred pôde ser ouvida do outro lado da porta, seguido de leves batidas à porta.
— Estou! ‒ exclamou após um sussurro e cobriu sua cabeça com o lençol assim que o inspetor entrou no quarto.
— Sua mãe está na recepção. Quer que eu a chame para o quarto ou você está bem para ir até lá? O Noah disse que você não estava se sentindo bem e, por isso, faltou os dois primeiros tempos de aula. ‒ Lucca limpou a garganta e olhou para os seus pés descalços.
De fato, Lucca não estava se sentindo bem. Mas não era fisicamente, e sim mentalmente e emocionalmente. Ele estava cansado daquela situação com seus pais; ter que fingir que eram uma família unida e feliz a todo momento com medo de que o falso segredo de seu pai vazasse para a imprensa. E o pior de tudo, não poder contar a Chiara o que estava acontecendo.
Ele queria poder desabafar com alguém, desabafar para a sua namorada, mas simplesmente não podia. Prometeu aos seus pais que não contaria aquilo a ninguém e sabia a situação que Chiara estava passando com a sua mãe. Lucca não poderia jogar outra bomba nos colos de Castello e esperar que ela passasse por tudo aquilo. Ela já tinha os seus problemas para resolver, não precisava dos dele.
— Pode pedir para que ela venha, por favor? ‒ fungou e olhou para Fred. O mais velho fez uma expressão de compadecimento com o garoto, realmente Giordano não estava nos seus melhores dias. Tinha olheiras escuras abaixo dos olhos, seu cabelo estava maior que o normal e seus lábios ressecados estavam cheios de machucados, visto que o garoto havia puxado as peles mortas.
— Claro. Eu vou chamá-la. ‒ Fred fez um leve aceno com a cabeça e fechou a porta, novamente deixando Lucca sozinho.
Já, naquele mesmo tempo na sala de aula, os alunos conversavam entre si enquanto esperavam Dante para a aula de Ética. Chiara lia seu livro É Assim Que Acaba, completamente submersa em sua leitura quando mãos bateram em sua mesa e ela se assustou. Ao abrir novamente os olhos, colocou o marcador de páginas onde havia sido interrompida e fechou o livro, logo olhando para cima. Era Nicolas.
— Por favor, nunca mais faça isso. ‒ pediu colocando as mãos em sua gravata. O garoto apenas riu fraco.
— Foi mal. Eu não sabia que você se desligava do mundo quando lia. ‒ o moreno se sentou na cadeira ao seu lado que estava vazia. — Então você é aquelas meninas que não vivem sem um livro na mão. Suas amigas estão ali no quadro desenhando e você prefere ficar sentada lendo?
— As meninas têm uma forma diferente de passar o tempo. Nem todo mundo é igual. ‒ Chiara deu de ombros.
— Mas então... ‒ Nico pigarreou ao olhar para o livro que estava em cima da mesa. — Sobre do que se trata esse livro?
— Sobre relacionamentos. ‒ o maior revirou os olhos ao escutar sua resposta e Castello franziu o cenho. — Não escuta de falar sobre relacionamentos?
— Não, não é isso. É que... ‒ endireitou-se na cadeira. — Eu acho que sou a favor de não ter relacionamentos. Acho tudo isso uma grande perda de tempo. ‒ deu de ombros.
— Como assim? ‒ agora Chiara estava interessada no rumo que a conversa havia chegado.
— Sei lá. Eu acho que sempre é mais do mesmo. Por exemplo, podem haver alguns amores que parecem maiores que outros, ou mais complicados, difíceis de se desapegar. Mas sempre há uma razão para que não aconteçam.
— Eu não concordo. ‒ a morena de olhos azuis riu fraco ao negar com a cabeça. — Não podemos escolher quem amar ou prever como vai terminar.
— Sim, mas você pode escolher como amá-los. ‒ o sorriso de canto de boca que havia em sua boca rapidamente se desfez enquanto a encarava fixamente nos olhos. — E há algumas pessoas que só podemos amar não estando com elas.
— Nico... ‒ Chiara engoliu em seco. Estava sem saber o que falar após vislumbrar seu par de olhos castanhos. Era mais fácil de ver seu próprio reflexo, de se perder em seu olhar. Era diferente quando se perdia no olhar de Lucca. Seus olhos também eram azuis, era comum para ela e era sempre como se olhar no espelho. — Eu espero que não esteja voltando o assunto para o meu relacionamento. ‒ finalmente voltou a si e virou-se novamente de frente em sua cadeira.
— Quê? Não, não estou. ‒ Fontana rapidamente negou. — Estou falando de relacionamentos ao todo. Tipo, olhe só para a Fiona e o Matteo. Por que eles começaram a namorar? Por que estão juntos? É perceptível ver o desconforto e a falta de afeto de ambos quando estão juntos. ‒ aproximou-se de Chiara, ficando com o ombro colado ao seu.
Chiara olhou para Matteo e Fiona que sentavam um atrás do outro na fileira da janela. A loira a sua frente e o ruivo atrás, mexendo em seu celular enquanto sua namorada olhava seu reflexo em seu espelho de mão. Matteo parecia não queria estar ali, ele estava focado demais em entrar e sair de suas redes sociais que não tinham nenhuma notificação nova.
— Eles estão juntos porque se gostam. ‒ olhou para Nicolas que riu.
— Você realmente acredita nisso? ‒ não. Chiara não acreditava. Mas sabia que Matteo gostava de Fiona, embora não soubesse mais se ele ainda sentia algo por ela. Depois do que Nicolas disse, ela realmente começou a se questionar do porquê eles ainda estavam juntos. — As vezes é duro admitir, mas, na maioria dos casos, só o amor não é suficiente...
Chiara balançou a cabeça para tirar sua franja de seus olhos e mordeu o lado interno de sua bochecha direita. Como o amor não era suficiente para se estar com alguém se Lucca a pediu em namoro justamente por não aguentar mais guardar que a amava? Se Sabrina estava com Cameron porque o amava, mesmo depois de tudo o que ele havia feito. Se Dylan estava com Mia porque a amava mais que tudo e não conseguia mais fingir que a odiava. Se Martina não conseguia mais lutar contra seus próprios sentimentos e até passou por cima do preconceito de seu pai para estar com Nina, mesmo que o que estava sentindo era algo novo para ela.
O amor era a base para se estar num relacionamento. Sem amor, não há relacionamentos. Sejam eles amorosos, familiares ou até mesmo de amizades. Pelo menos era assim que Chiara pensava e ela não queria estar errada. Ela vivia um conto de fadas, Lucca e ela estavam juntos por amor. Não era? Ou ela estava totalmente errada?
A morena não pôde responder Nico, Dante havia acabado de entrar em sala de aula e todos voltaram para os seus lugares imediatamente. Ninguém queria perder um minuto da aula favorita com o professor favorito.
— Bom dia turma, como estão? ‒ Dante perguntou ao colocar sua bolsa e cadernos em cima de sua mesa e todos responderam de modo uníssono que estavam bem. — Olha, hoje eu quero começar a aula fazendo uma súplica. ‒ virou-se para a turma com um envelope transparente onde continha todas as últimas redações de um simulado preparatório para a faculdade que havia passado a pedido dos alunos.
— Ai, eu fiquei até com medo em saber o que fizemos de errado dessa vez. ‒ Martina mordeu os lábios de forma apreensiva.
— Relaxa Martina, não foi nada tão grave. ‒ sorriu de forma amigável para tranquilizá-la. — Mas, por favor, pela última vez, o vocativo tem vírgula! "Dylan, vírgula, você é ótimo aluno, vírgula, mas às vezes esquece de pontuar direito". ‒ bateu as mãos em suas pernas. — Turma, vírgula, se na próxima redação valendo nota não tiver vírgula, vírgula, eu paro de ler. Ponto final. ‒ todos riram.
— Pô professor... ‒ Dylan começou a falar, porém foi interrompido por Approbato.
— De novo?
— Pô, vírgula, professor, vírgula, foi mal. ‒ sorriu sem mostrar os dentes ao dar de ombros e todos riram.
— O Dylan costuma ser meio rebelde assim com vírgulas e pontos. ‒ Jackson brincou.
— É. Ultimamente só com isso mesmo. ‒ Jin, que estava sentado atrás de Lombardi, disse ao bagunçar o cabelo de seu amigo.
— Boa galera, então aproveitando a observação do Jackson, vamos falar de uma coisa que não tem muito a ver com pontos e vírgulas, mas que tem tudo a ver com aquilo que a gente vive. ‒ olhou para a turma que estava em silêncio, esperando ele continuar. — Rebelde. Palavra bacana, que vive na boca de todo mundo. Quem aqui se acha rebelde?
Praticamente toda a turma levantou a mão.
— Olha só! Impressionante! ‒ apoiou seu corpo na mesa. — Então me digam, o é ser rebelde exatamente?
— É desafiar a autoridade. ‒ Mia foi a primeira a responder.
— É ser do contra. ‒ Ivy respondeu logo em seguida.
— É ser revoltado. ‒ Noah riu ao cruzar os braços e jogar seu corpo para trás, balançando a cadeira.
— É não obedecer às regras. ‒ Martina respondeu animada como se houvesse falado uma barbaridade e Nina riu por ter achado sua namorada fofa.
— É ser indomável. ‒ a ruiva disse logo em seguida.
— É não ser conformado. ‒ Sabrina cruzou os braços.
— Bom, tudo isso tá certo. ‒ Dante parou de se encostar em sua mesa e aproximou-se da mesa de Mia. — E tudo isso tá errado. Essas são definições de dicionário. ‒ sentou-se apenas com um lado do corpo em cima da mesa.
— Ué. ‒ Nicolas franziu o cenho confuso. — Se tá no dicionário. ‒ deu de ombros.
— Explicam a palavra, mas não vão na essência. Não explicam o que é ser rebelde aqui dentro. ‒ colocou sua destra em seu coração. — Ser rebelde não é, resumindo o que todos disseram, ser do contra. ‒ saiu de cima da mesa e começou a passear pela sala. — Não é só dizer não ao que foi estabelecido. Não é fazer o contrário só porque é o contrário.
— Como não? ‒ Sabrina riu.
— Ser rebelde é discordar de uma regra imposta só porque ela foi imposta! ‒ gesticulou com as mãos ao passar ao lado da morena de piercings. — O problema não tá na regra, mas na imposição.
— 'Pera aí Dante, eu já não entendo mais nada. ‒ Matteo negou com a cabeça.
— Ser rebelde é discordar da autoridade pela autoridade. Você pode ser rebelde e seguir as regras porque concorda com elas.
— Dante, mas isso não é ser rebelde. ‒ Ashley riu com escárnio.
— Calma gente, eu não disse que ser rebelde é aceitar tudo. Eu disse que é não aceitar uma coisa só porque ela foi imposta. Ser rebelde é pensar! É agir com a própria cabeça! Não é discordar da autoridade, é questionar a autoridade. ‒ parou do lado da mesa de Cameron e passou os olhos por toda a sala, onde tinha o foco de todos. — E isso são duas coisas bem diferentes.
— Fala mais professor. ‒ Ivy pediu com um enorme sorriso no rosto, entretida com a aula.
— Eu vou dar um exemplo: você quer atravessar a rua. Existe a regra, você tem que atravessar na faixa e no sinal verde. Ser rebelde não é atravessar a hora que quer, ser rebelde é parar, olhar, ver que o trânsito está perigoso e atravessar quando o sinal abrir. Mas, se não tiver nenhum carro passando, aí você para e pensa: "bom, eu sei mais do que um sinal automático". Aí você atravessa, mesmo estando vermelho.
— 'Mó viagem. ‒ Cameron riu.
— Gente, as regras existem por uma razão... Se você para, pensa e entende o porquê elas existem, pode segui-la sem problema algum. Mas se você discorda, se tem um bom motivo pra discordar delas, aí faz diferente.
— Ah, agora entendi. ‒ Dylan sorriu em concordância.
— Ser rebelde é agir com a própria cabeça e isso inclui aceitar as normas. Mas não porque elas foram impostas, de fora pra dentro, mas porque você entende e concorda, de dentro... Pra fora.
— Nossa Dante, eu nunca tinha pensado assim. ‒ Mia disse.
— Pois é. ‒ o mais velho sorriu voltando para o centro da sala de aula.
— Dante, eu adoro suas aulas. ‒ Ivy disse.
— Ah, obrigado. ‒ Approbato sorriu sem graça.
— É sério Dante, suas aulas nem parecem aulas.
— Como assim?
— Elas são cheias de energia, nem parece você quando está fora de sala. Parece que você vira outra pessoa. ‒ Sabrina falou ao retirar a tampa de sua caneta que estava na boca.
— Mas isso é legal? ‒ riu confuso.
— Claro né professor, parece até que você tá num palco. ‒ Heloisa sorriu passando as mãos em seu cabelo que estava preso em duas tranças.
— Poxa gente, mas assim eu fico me sentindo falso.
— Relaxa que é só aqui dentro, professor. Se fosse intenso dessa forma lá fora, ia ser chato né. ‒ foi a vez de Dylan falar. — Mas eu te garanto aqui dentro é o máximo. ‒ todos concordaram e bateram palmas para o moreno que sentiu suas bochechas corarem de vergonha.
— Por favor, turma, assim eu fico sem graça. ‒ coçou a cabeça sentindo seu rosto ruborizar mais e mais. Antes que Dante pudesse falar mais alguma coisa, o sinal para a próxima aula tocou e ele começou a pegar suas coisas de cima da mesa. — Ah, Ashley, poderia me acompanhar um minuto? ‒ olhou para a loira que se assustou com o pedido repentino.
— Hã... Claro. Sim. ‒ levantou-se e o seguiu para fora da sala, onde deu de cara com Austin que acabava de chegar para sua aula.
Dante cumprimentou o mais novo que fez o mesmo. Austin olhou para Ash um pouco desconfiado e ela apenas sorriu de canto, tocando sutilmente sua mão antes que ele entrasse em sala de aula.
— E então? O que achou da aula de hoje? ‒ Approbato encostou seu corpo na parede e Farine franziu o cenho, confusa.
— Como sempre boa. Todas as suas aulas são boas, professor. Por que pergunta? ‒ cruzou os braços e também se apoiou na parede ao seu lado.
— Sabe Ash, eu vejo muita rebeldia em você. Mas, como eu disse em sala, não é algo ruim. Sinto que você ainda vai muito longe, mas precisa ter cuidado com as suas escolhas. ‒ colocou sua destra no ombro da garota e a encarou fixamente em seus olhos.
— Eu... Não estou entendendo. ‒ riu fraco olhando cada orbes de seus olhos de cada vez.
— Me diga, você está feliz com suas escolhas?
— Eu acho que sim.
— Todas elas? ‒ arqueou uma de suas sobrancelhas e Ash engoliu em seco. Por que ele estava fazendo aquela pergunta?
— Bom, eu... ‒ pigarreou. — Eu acho que fui um pouco dura em relação aos meus colegas e fiz algumas escolhas erradas como quando eu decidi ir para festas ao invés de estudar, mas... Eu estou satisfeita com as minhas escolhas.
— Sabe, você não precisa quebrar regras porque você quer mostrar que não tem medo delas. Você consegue mostrar quem você é sem precisar quebrá-las. Entende do que estou falando?
— Na verdade, não... ‒ balançou a cabeça em negação.
— Escute Ashley, eu gosto de você. Você é uma boa aluna. Só... Tenha cuidado com o que você escolhe fazer. Não existe escolha errada ou certa, mas existem aquelas que você sabe que precisa tomar, mesmo que seja difícil e dolorosa para você. ‒ sorriu sem mostrar os dentes de forma amigável. — Não vou mais tomar o seu tempo. Pode voltar a aula.
Mesmo confusa, a loira assentiu e entrou em sua sala. Olhou para Austin que escrevia no quadro e rapidamente foi para a sua mesa. O que Dante quis dizer com aquela conversa? Que tipo de escolhas ele se referia? Será que ele sabia dela e Austin? Será que aquilo foi um aviso para que ela tomasse mais cuidado, ou que ele fosse contar tudo ao diretor? Ela não sabia, porém seu coração pulsava cada vez mais forte.
Ao final das aulas, Cameron foi correndo para o seu quarto a fim de trocar de roupa. Seu coração estava a mil, a ansiedade tomava conta de todo o seu corpo. Ele finalmente iria reencontrar com a sua mãe depois de anos sem sequer ter uma notícia dela.
No dia anterior no restaurante, quando ele trombou por acaso com Cara, a encheu de perguntas. Se ela estava bem, onde ela esteve nesses sete anos, por que ela havia voltado; entretanto, Cara não o respondeu. Disse que estava feliz em vê-lo, mas que explicaria tudo no dia seguinte. Os dois combinaram de se encontrar em sua casa e era para lá que ele estava indo naquele exato momento.
Quando chegou em sua casa, suas mãos suavam frio. A cada passo que dava naquele corredor com a empregada, sentia que seu coração subia mais e mais, quase saindo pela boca. Ao chegar na sala, viu sua mãe sentada no sofá lendo um livro infantil para duas crianças.
— Senhorita Marchetti, o seu... Filho está aqui. ‒ a empregada avisou, chamando a atenção da loira. Os três olharam para Cameron que se sentiu envergonhado na hora.
— Meu filho! Finalmente você chegou. Estava ansiosa para a sua vinda. ‒ Cara exclamou com um enorme sorriso no rosto ao se levantar para abraçá-lo.
— Mãe, eu tenho tantas perguntas. ‒ seus olhos se enchiam d'água ao olhar de perto para a mulher. Ela era idêntica a ele e ainda parecia a mesma de sete anos atrás, com exceção de um novo corte de cabelo que agora era curto, na altura de seus ombros.
— E eu vou responder todas. Mas, primeiro, quero que conheça os seus irmãos. ‒ segurou em sua mão para levá-lo até o sofá onde as crianças estavam. A menina aparentava ter uns quatro anos e ela loira dos olhos azuis. Já o menino parecia ter uns oito anos e era moreno, nada parecido com sua mãe e a menina. — Essa é a Cecilia e o Gabriele.
Irmãos? Cameron tinha mais dois irmãos? Suas mãos começaram a tremer. Todas aquelas novas descobertas, sua mãe de volta... Era demais para ele suportar.
— Gabi, pode trazer um copo d'água para o Cameron, por favor? ‒ Cara pediu assim que percebeu que seu filho não estava bem. — Leve a Ceci também. ‒ o menino apenas assentiu com a cabeça e se levantou do sofá, levando junto a pequena loira que carregava o livro que Cara lia segundos atrás.
Cara levou Cameron até o sofá e ele caiu em prantos. O coração da mais velha se apertou ao ver seu filho daquele jeito e ela apenas o abraçou fortemente. Aquele abraço caloroso que ela tanto sonhava dar novamente em seu filho. Um abraço que somente uma mãe poderia dar ao seu filho.
— Onde você esteve todo esse tempo? Por que não deu notícias? ‒ sua voz estava falha e Cara começou a limpar suas lágrimas que caíam em seu rosto. — Você desapareceu por sete anos. Criou uma nova família enquanto me abandonou com um pai ditador que sempre odiou tudo que eu fazia. É isso?
— Não, não meu filho. Não foi nada disso. ‒ meneou com a cabeça ao segurar o rosto do menino. — Quando o seu pai me expulsou de casa, ele arrumou com os seus advogados uma medida protetiva contra você. Eu não podia me aproximar de você e, quando eu tentei passar por cima da sua ordem, ele me mandou para fora do país. Eu tentei voltar, Cameron, de todas as formas, mas o Francesco me barrou todas as vezes. O Gabriele é filho do Tommaso, quando eu o conheci ele já tinha um ano. Já a Cecilia... Bom, ela é sua irmã de sangue.
— O Tommaso é...
— Sim, o homem por quem me apaixonei e fez o seu pai me expulsar de casa. Estamos juntos desde então e, quando eu estava presa na França, ele fez questão de estar comigo. Ele é muito legal, você vai gostar de conhecê-lo. Ele também está doido para te conhecer pessoalmente. ‒ sorriu.
— Mas por que você só voltou agora? Essa casa não parece ser utilizada apenas por um dia. ‒ fungou ao secar suas lágrimas com as costas de suas mãos.
— O Claudio entrou em contato comigo. Ele conseguiu tirar todas as denúncias que seu pai colocou pra mim e eu consegui voltar para o país. ‒ ajeitou-se no sofá. — Quanto a casa, é do Tommaso. Ele não precisava ficar preso na França, como eu. E ele voltava pra ver o filho.
— Quando? Quando você voltou?
— Uma semana. Eu estava me preparando pra te ver, não sabia como você reagiria. Eu estava conversando com a Ludovica para marcar e te fazer uma surpresa... ‒ encolheu os ombros e Cameron segurou suas mãos.
— Você não sabe como eu estava morrendo de saudades de você, mãe. ‒ seus olhos novamente marejaram.
— Eu também, meu amor. Agora eu finalmente vou poder recuperar todo o tempo perdido. ‒ o puxou novamente para um abraço.
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