Capítulo cinquenta e dois

Durante o resto do intervalo e as aulas seguintes, Nicolas não teve um minuto de paz. A todo momento ele era rodeado por garotos que queriam falar com ele sobre o seu pai e fazer amizade apenas por interesse, e por garotas que viam em Fontana uma forma de se tornarem populares – visto que os outros garotos populares namoravam e ele era a nova sensação do momento.

Como o último tempo era Educação Física, o professor de Italiano liberou os alunos dez minutos antes do final da aula para eles trocarem os uniformes pelas roupas de malhar. No vestiário masculino, os meninos conversavam e riam sobre coisas aleatórias enquanto Diego e Basile marcavam de sair com Nicolas no final de semana.

— Aí Nicolas, quer ser do nosso time no futebol? – Dylan chamou a atenção do garoto. — O Jackson faltou e estamos com um jogador a menos no time.

— É claro! – o garoto sorriu animado e Lombardi fez o mesmo.

— 'Ô Dylan, eu já tinha combinado que ficaria no lugar do Jackson. – Lucca, que estava sentado no banco ao lado seu amigo para calçar sua chuteira, puxou levemente sua camisa para que ele o encarasse.

— Deixa pra lá, Lucca. Fica no meu time. – Cameron bateu sua camisa na coxa do garoto, antes de colocá-la em seu ombro direito. — o Lucca e o Nicolas não se dão muito bem. – olhou para Dylan colocando as mãos na cintura.

— Eu tô sabendo. – riu fraco e Lucca franziu o cenho confuso. — Cara, você estuda num internato. As notícias aqui voam. – cruzou os braços. — Sem o Jin pra jogar com a gente, faltaria um jogador de qualquer forma e, como o Cam e o Noah são seus melhores amigos, não chamariam o Nicolas pra jogar com eles.

— O Dylan tá certo. – Cameron ficou na mesma posição de Dylan. — Se tá com raiva dele, desconta no futebol.

Lucca nada disse. Apenas olhou fixamente para Fontana que ria ao conversar com Matteo e um outro aluno de sua turma. Cameron tinha razão, era melhor descontar todo o ódio que sentia por Nicolas no futebol e, também, colocá-lo em seu devido lugar, afinal, Lucca Giordano era o melhor nos esportes e o mais bonito do Elite, e aquilo só mudaria quando ele se formasse.

Enquanto os meninos se trocavam no vestiário, as meninas já estavam na quadra. O grupo de dança ensaiava como de costume enquanto as outras apenas estavam sentadas na arquibancada conversando, ou vendo as outras ensaiarem.

— Cheguei. – Mia disse sorrindo ao se aproximar correndo do grupo.

— Até que enfim, Mia. – Ivy agradeceu ao receber um abraço da loira. — Você é a líder, tem quer ser mais pontual. E, da próxima vez, coloca a Sabrina pra ficar no seu lugar porque ela criou a coreografia com você. Falando nisso, cadê ela também, hein? – Moretti riu ao ver o alvoroço todo de sua melhor amiga.

— Amiga, calma aí, calma. – colocou as mãos em seus ombros para que ela se acalmasse. — A Sabrina não pôde ficar no meu lugar porque está com dor de cabeça e, tirando ela, você é a melhor dançarina do grupo e eu confio cegamente na sua liderança.

— Puxa Mia... – Ivy sorriu timidamente. — Assim eu fico até sem palavras.

— Agora, vai lá desligar a música, por favor. Eu vou falar uma coisa importante rapidinho. – a morena assentiu com a cabeça e foi até a caixa bluetooth para pausar a música. Sabrina chegou junto de Nina enquanto os meninos vinham logo atrás, indo direto para a quadra. — Meninas, atenção aqui um minutinho, por favor. E Jin também. – Jin apenas riu. — Desculpa, foi o hábito. – coçou a cabeça. — Então... O que eu tenho pra falar é algo que... Eu estive pensando a um bom tempo. – colocou as mãos na cintura e respirou fundo, olhando para as garotas a sua frente.

Ivy estava sem entender nada. Geralmente, quando Mia tinha um anúncio a fazer, ela sempre era a primeira a saber. Porém, dessa vez, era diferente e aquilo a deixava um pouco apreensiva. Por outro lado, Ash, que estava sentada com Fiona falando sobre qual seria a próxima cor de esmalte que usariam, ao prestar atenção no que Mia falava, se levantou sem mais nem menos e se aproximou do grupo de dança.

— Enfim, como muitos sabem, eu estou no grupo de dança do Elite desde que entrei aqui e, por isso, me tornei a líder desse grupo mais cedo do que o normal. – riu. — Só que antigamente eu me sentia na obrigação de estar aqui, achava, que se não fizesse parte disso, eu não seria a melhor da escola e não seria o orgulho do meu pai. Mas eu estava enganada. – um sentimento de orgulho preencheu seu coração. — Eu sou Mia Moretti, não preciso fazer parte de algo pra me sentir melhor, ou receber a atenção de alguém. Eu amo dançar sim, só que... Fazer parte do grupo de dança requer uma responsabilidade enorme e eu não sinto que sou a melhor daqui pra isso. A dança pra mim é um hobbie e eu tenho outras prioridades no momento.

— O que isso quer dizer Mia? – uma garota perguntou ao levantar a mão.

— Quer dizer que eu estou me retirando do concurso. – rapidamente, todas as meninas ficaram em choque – em exceção de Sabrina que já estava ciente de tudo. Algumas perguntaram o que seria agora delas e como seria o campeonato sem Mia como líder. — Mas isso não significa que nós da escola não devemos ganhar, todas vocês são perfeitas e vão conseguir sem mim. – abriu um enorme sorriso e Chiara aplaudiu junto de Martina.

— Só que a marquesa ainda precisa escolher uma nova líder. – Ash chamou sua atenção e Sabrina, que estava ao seu lado, revirou os olhos. — E, como a escolha oficial só acontece no final do ano, eu acho que a vaga está aberta para qualquer uma.

— É claro. Eu não me esqueci dessa parte, Ashley. – Moretti sorriu de canto. — Conversando com a Sabrina, ela disse que a escolha era toda minha e... Eu escolhi essa pessoa porque eu confio de olhos fechados e sei que será uma líder mil vezes melhor que eu porque se dedica como ninguém em tudo que faz. Aplaudam a nova líder de vocês... Ivy Bellucci!

Naquele momento todas gritaram e aplaudiram animadas enquanto Ivy ainda estava em estado de choque, tentando processar se aquilo era realmente verdade ou apenas um sonho. Sabrina balançou a morena pelos ombros e Jin correu para parabenizar sua namorada, a enchendo de beijos ao mesmo tempo que a abraçava fortemente.

— Mia, eu não entendo... – Ivy riu ainda confusa. — Por que eu?

— Ora, porque você é minha melhor amiga. – riu ao dar de ombros e Ash revirou os olhos. — Ivy, você é a garota mais dedicada que eu conheço e seria injusto eu colocar qualquer outra pessoa no meu lugar. Você esteve comigo em todos os meus momentos e eu queria te retribuir por isso de alguma forma.

— Ai Mia. – Ivy se soltou de Jin e correu para abraçar a loira. — Eu te amo! – a encheu de beijos, fazendo com que Mia risse com aquele ato.

— Eu também te amo. Agora vai lá fazer o seu trabalho porque vocês têm muito pela frente ainda. – bagunçou seu cabelo.

— E Ivy. – Sabrina chamou sua atenção. — Fiquei sabendo pelo Jin que você criou uma coreografia muito boa. Por que não ensina as meninas pra competição?

— Sim Ivy. Seria muito legal se apresentássemos uma coreografia feita pela líder. – Martina sorriu.

— Bom... Se todas concordarem... – Bellucci encolheu os ombros timidamente e todas aceitaram na hora. — Mas vou logo avisando que teremos muito pela frente. Então se vamos mesmo fazer isso, temos que começar agora. – a morena foi rígida e todas se posicionaram em seus devidos lugares para retomarem o ensaio.

— Por que vocês fizeram isso? – Ash perguntou olhando para Sabrina e Mia que se aproximava das duas.

— Porque eu tenho outras prioridades na minha vida. – Mia cruzou os braços. — Não que seja da sua conta, mas, eu pretendo entrar numa faculdade por mérito próprio e sem que o meu pai precise pagar. Pra que isso aconteça, eu preciso focar mais nos estudos e, o tempo que eu gastava no grupo de dança, vai ser o tempo que eu vou gastar estudando.

— E eu só entrei no grupo de dança pra irritar a Mia. – Sabrina deu de ombros. — Eu gosto de dançar, mas... Tenho coisas mais importantes no momento. – a morena olhou para a quadra e viu Cameron jogando futebol. — Mas por que você se importa tanto? Não é você que amadureceu primeiro que todo mundo? – riu e a loira apenas bufou antes de ir embora.

No momento em que o grupo ensaiava a nova dança de Ivy, os meninos jogavam futebol. Matteo havia ficado de fora porque Fiona queria avisar a ele que iriam juntos ao Spa que a mãe dela havia marcado para os três e, por isso, perderiam as aulas depois do intervalo.

O jogo estava empatado em quatro a quatro e Lucca estava empenhado a desempatar aquele jogo e terminar de vez. Basile estava com a posse de bola e o garoto correu em sua direção para pegá-la, porém, antes que ele pudesse fazer qualquer movimento, Nicolas conseguiu dominar a bola e, sozinho, foi em direção ao gol e marcou o ponto que faltava para terminar o jogo.

Os meninos do seu time correram para comemorar a vitória e Lucca retirou seu colete, o jogando no chão. Cameron tentou impedi-lo de fazer algo, entretanto, não conseguiu segurar Giordano pelo braço.

— Você roubou! – exclamou com fúria empurrando Nicolas.

— O que? – o garoto riu confuso sendo solto por Diego que o abraçava.

— Quando você pegou a bola, empurrou o Basile e ele caiu no chão. Era falta. – fechou os punhos. — A bola era nossa e mesmo assim você fez o gol. Você não devia ter feito a porra do gol!

— Eu não devia ou você não queria? – Fontana indagou num tom sarcástico. — Lucca, nesse jogo nem tem juiz. É só um jogo pra passar o tempo, deixa de ser 'cuzão.

— 'Cuzão? – Lucca deu um passo para frente. — Eu vou acabar com você! – o puxou pelo colarinho da camisa, mas antes que fizesse algo, Dylan se colocou na frente dos dois e Cameron segurou seu melhor amigo.

— Vocês querem parar? – Dylan abriu os braços.

Vocês? Eu não fiz nada! – Nicolas franziu o cenho.

— Eu não quero saber se você fez algo ou não, Nico. – o moreno o encarou. — Eu só quero que vocês parem com essa briguinha ridícula de vocês. Só porque o pai de vocês tem uma rixa em campo, não quer dizer que vocês dois também precisam ter. Qual é, vocês nunca sequer tentaram se conhecer! – olhou para Lucca que apenas desviou o olhar para o chão, trincando a mandíbula. — Agora eu quero que os dois parem com essa palhaçada, antes que os dois apanhem só que por mim. Estamos entendidos?

— Sim... – a contragosto os dois responderam em uníssono e Lombardi apenas encerrou aquela conversa com um "ótimo". Os garotos decidiram dar um tempo e Nico foi até a arquibancada para pegar sua garrafa de água. Lucca ficou apenas o observando, afinal, ele sabia que aquilo não ficaria por aquilo mesmo.

Enquanto a hora do jantar não chegava, os alunos do Elite aproveitavam o tempo para relaxar e Heloisa não era diferente. A loira havia decidido ir para a sala de estudos porque queria terminar de ler seu livro e suas colegas de quarto haviam levado umas amigas para fazerem skin care e não paravam de falar.

Ao entrar na sala, congelou na entrada mesmo ao ver Matteo no sofá que ela costumava ficar, lendo um livro ao mesmo tempo que escutava música. Heloisa fechou os olhos e respirou fundo antes de seguir o caminho que faria.

Sentou-se ao lado do ruivo que sequer notou a sua presença. Heloisa olhou para a capa do livro que Petrini lia e riu fraco ao ver que era Percy Jackson: O Mar de Monstros. Matteo olhou para frente e, ao vê-la ali, retirou seus fones e pausou a música que escutava.

— Lola! Eu... Não te vi chegando. – riu sem graça e se ajeitou no sofá.

— Essa é a primeira vez em dois meses que eu te vejo sozinho sem a Fiona por perto. – mordeu os lábios. — Tá fugindo da namoradinha?

— Estou se você não contar a ela. – os dois riram, porém as risadas cessaram rapidamente. — Eu... Preciso ficar sozinho um pouco. Ser uma pessoa pública às vezes é cansativo.

— E como é namorar uma influencer? – colocou os pés em cima do sofá e Matteo olhou brevemente para suas unhas do pé que estavam pintadas de preto.

— Ah, é diferente. – o ruivo olhou para frente. — Antigamente eu não precisava me preocupar com qual roupa eu sairia na rua e eu podia sair de casa despreocupado sem ter mil paparazzis acampando na porta da minha casa só pra perguntar sobre a minha namorada. – suspirou profundamente. — Eu sinto falta de ser anônimo porque as pessoas me conheciam pelo meu nome, e não como o "namorado de Fiona Vitale".

— Eu tenho uma noção de como você se sente. – a loira cruzou os braços ao deixar seu livro em cima do sofá. — A diferença entre nós é que eu cresci com essa atenção e não ganhei da noite pro dia. Você sabia que, quando eu era pequena e meus pais não queriam me expor na mídia, meu pai correu atrás de um paparazzi comigo no colo sendo escondida pelo casaco dele?

— É sério isso? – Matteo riu alto e a garota sorriu concordando com a cabeça.

— Eu sei como é um saco sair e ter alguém atrás de você, mas eu aprendi a fingir que os paparazzis são como... Árvores. Eles estão em todo lugar e é só você fingir que eles não existem. – deu de ombros.

— É fácil falar. – seu sorriso se desfez e ele apoiou seu rosto em suas mãos.

— Você tem razão. – Heloisa colocou suas duas mechas cabelo que havia deixado solto de seu penteado atrás das orelhas. — Mas é fácil por prática quando não se dá a mínima. – deu de ombros e riu quando recebeu a atenção de Matteo. — Você acha mesmo que meus pais se arrumam pra pegar uma correspondência na porta de casa? Acha que eu, ou qualquer outro amigo seu, se arruma pra ir ao mercado? – fez uma careta.

— A Fiona se arruma. – encolheu os ombros e a loira riu alto.

— Claro que se arruma! A Flor vive pela aparência, é normal. Mas pega, por exemplo, a Mia, o Lucca, ou até mesmo a Ash. Eles têm a mesma "vida" que a Fiona, mas não são obcecados em aparecerem perfeitos pras câmeras como ela.

— Eu sinto que me perdi durante o relacionamento com a Fiona. Ela gosta de mim, mas... Eu não sei mais se estamos juntos pelo mesmo motivo.

— Matteo... O que você realmente quer? – o garoto desviou o olhar para suas pernas e riu fraco antes de voltar a olhar para Heloisa.

— Ser feliz. – desfez seu sorriso. — Mas eu não acho que eu saiba como.

— Na verdade, você sabe só não toma uma atitude. – a loira se levantou e ajeitou o casaco moletom que usava. — Eu não vou mais te ajudar em algo que só cabe a você decidir. Eu só posso dizer que... Sinto sua falta.

— Você... Sente? – um sorriso bobo se fez presente no rosto de Matteo e a garota arregalou levemente os olhos ao se dar conta do que havia acabado de dizer.

— Eu disse que eu sentia? Eu quis dizer que nós, os seus amigos, sentimos sua falta. – sentiu seu rosto ruborizar. — Eu... Preciso ir. Vou caçar algo pra comer antes do jantar. – saiu correndo da sala antes que seu rosto ficasse vermelho.

— Lola, você esqueceu o seu... – Matteo ao se levantou com o livro de Rossi na mão, porém já era tarde demais. — Livro. – negou com a cabeça e riu ao olhar para a capa de Lady Killers, o livro de Heloisa.

"Eu também sinto sua falta", foi o que pensou antes de pegar o seu livro em cima do sofá e sair da sala, indo para o seu dormitório pra guardar o livro da menina e ter uma desculpa de vê-la novamente.

aaaaai gente, batemos 44k de leituras!!! eu tô muito feliz com isso porque eu fico fascinada como elite cresce rápido e eu só tenho a agradecer vocês por isso, de coração 💖💖

bom, eu sei que esse cap foi bem fraquinho, mas é que é necessário focar um pouquinho na construção da lola e do matteo nessa fase final. mas espero recompensá-los no próximo cap e que gostem dele rs

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