6. Não devia me beijar

David Mac Ran

Não acredito que Elisa me deixou com pau duro, tive que me virar para conseguir me acomodar nas calças sem sentir dor. Cadela! Aquela mulher quer me deixar louco! Nunca quis tanto uma mulher e não me lembro qual foi a última vez que tive que me tocar por causa de uma mulher.

Elisa está me fazendo viver o inferno!

Aquela filha da puta, gostosa do caralho!

Fui para casa tão puto naquela noite, eu quis estrangular a Iris por ter colocado aquela mulher na minha vida. O pior é que a diaba é competente. Depois de me fazer ficar aflito por quase uma hora de atraso eu dei dez minutos para que ela lesse o maldito contrato.

Não acredito que ela tenha lido em tão pouco tempo. Vaca! Lá estava ela depois de dez exatos minutos. Com marca texto fluorecente ela marcou os partes mais vantajosas para empresa e me apresentou cada uma delas.

Discutimos sobre os pontos de desvantagem e ela redigiu um novo contrato. No fim dia o cheiro dela parecia estar impregnado na minha mente. Mulherzinha mais difícil. Ela me tratou o tempo como se nada tivesse acontecido.

Eu estava afim de brigar. Dei prazos curtos. Chamei sua atenção sem motivo por pelo menos umas cinco vezes. A fiz ficar trabalhando até tarde, reclamei do café que havia feito, da água que estava bebendo.

Ela não reagiu, se fingiu o tempo inteiro, sua calma era minha ruína. Eu queria que ela revidasse. Eu teria chutado o balde por muito menos, enquando ela permanece impassível. Essa mulher me intriga, me deixa louco! Eu a quero muito, sinto que se a tiver... Não me cansaria tão cedo.

Iris chegou na minha sala quando estava chamando a atenção de Elisa por qualquer motivo idiota. Assim que a amiga sai, minha irmã fecha porta com raiva e me olha. Consegui a briga que procurava, só não foi com quem eu queria brigar.

_David qual o motivo de tudo isso? Porque fazer isso? Não é só para comprovar essa sua teoria maluca. Parece óbvio que em algum momento ela vai ceder, seja pelo valor em dinheiro que você está oferecendo ou pelo que ela sente. Então, qual é o ponto? Você não quer abrir mão dela como sua secretária, não quer desistir de dormir com ela... O que vai fazer depois meu irmão? - Iris está discutindo novamente comigo, tem quase duas semanas que estamos discutindo sobre os meus reais motivos de querer tanto Elisa.

A verdade é que nem eu mesmo sei o que me faz querer tanto essa mulher.

_Eu já disse que não sei. Eu só quero. - disse irritado.

_David, David... Você está indo pelo caminho errado. É de amor que Elisa precisa e é o que procura também.

_Não consigo amar ninguém Iris, o que posso oferecer é uma noite com...

_Você está sendo prepotente! É nojento ouvir você falar assim de uma amiga minha. - minha irmã interrompe.

_Ela é como todas as outras, não tem nenhum atrativo especial, vou me cansar dela fácil... Você sabe. - acuso.

_Nem você acredita no que está dizendo meu irmão. - ela sorri - seria melhor parar com isso... - seu tom de aviso me irrita.

_Aquela mulher é... - busco uma palavra para definir Elisa.

_ Alguém que você quer, que está além do que espera. - tanta diversão em um ar de desafio. Eu quero fazer Elisa engolir a porra do orgulho e se entregar. Quero fazê-la quebrar e fazer Iris engolir o seu sarcasmo idiota.

_Você vai ver se ela não vai cair... - desafio.

_David...

_Iris ela está se aproveitando de você! Ela não é como você pensa. - acuso só para ver o nível de confiança das duas.

_Talvez não seja, mas isso não te dá o direito de julgar ou de judiar dela. De ninguém aliás, você não era assim David. O que está acontecendo? - ela pergunta levantando a mão para me tocar.

_Nada!!!!! - me afasto dela indo para meu o outro lado da mesa. - Não quero mais falar sobre essa mulher!

Duas semanas desde o dia em que ofereci dinheiro para transar com Elisa. Temos uma viagem para o sul. Meu pai voltou a ficar internado, eu não posso ficar com ele. Meu pai nunca foi de beber, nunca fumou, tinha uma vida saudável, se alimentava bem. Seu coração está fraco e grande, o médico disse que precisamos de um novo coração ou meu pai não vai viver muito tempo mais.

Eu me sinto impotente diante dessa situação. Tanto dinheiro não é capaz de comprar a vida de quem eu amo. Não posso pagar para ter um dia a mais com ele.

_Senhor posso marcar a viagem para hoje a noite? - a morena pergunta da porta minha sala.

_Por que quer marcar para hoje Elisa? - pergunto sentindo um tédio terrível da sua insistência em me chamar de senhor. - parei de ser grosso com ela tem uns dias, ela parece estar mais triste e mais preocupada.

_Não há vôos para amanhã em nenhuma das empresas, também não terá depois de amanhã. Só encontrei um vôo hoje a noite. É tudo que consigo.

_Marque para hoje e se prepare para viajar.

_Sim senhor. O senhor já ligou para o hospital? Deseja que eu o faça?

_Falei com minha mãe agora mesmo. Ele vai ficar por uns dias lá...

_Não há melhora? - pergunta preocupada.

_Mesma coisa... - respondo cruzando meus braços sobre a mesa. - mais alguma coisa? - pergunto ao vê-la exitar. - sua preocupação parece real e isso mexe comigo de algum jeito.

_Não senhor. - Elisa diz e se vira para sair.

Fomos sentados lado a lado na porcaria de um vôo executivo, mal cabiam minhas pernas entre os bancos daquele avião. No hotel eu liguei para o hospital e soube que meu pai seria entubado, essa notícia doeu de um jeito, tive que me segurar para não chorar. Ir para o bar do hotel em busca de algum corpo quente para passar a noite, me pareceu uma boa distração. Entre uma bebida e outra vejo uma mulher entrar com um homem, se estava com vontade de me embriagar a vontade passou.

Fiquei muito interessado em saber o que Elisa fazia com aquele velho? Programa? Para aceitar transar com um velho daqueles é bem melhor estar comigo. Mas aquela puta prefere o velho babão. Me levanto decido a arrumar uma briga quando percebo que a mulher não é Elisa.

Viu como essa mulher me enlouquece?

Meu telefone toca e tenho medo de atender. No visor "Elisa gostosa", o que ela quer?

_Oi... - pergunto seco.

_Senhor... É... Hum...

_Diga logo Elisa, seja breve.

_Onde o senhor está? - ela solta

_No bar do hotel, vim procurar um corpo quente para passar a noite. - provoco

_Hum... E o senhor já encontrou? - sinto sua insegurança e me divirto com ela.

_Talvez... Esta se oferecendo para passar a noite comigo? - Arrisco.

_Não da forma que o senhor está imaginando. - ela responde com um pouco de humor na voz - pensei que seria bom dar uma volta conhecer o lugar, comer alguma coisa, espairecer...

_Parece aceitável. Vou remarcar com a morena que acabei de conhecer para daqui uma hora. É tempo suficiente? - minto.

_Bom... - ela começa, sua voz treme um pouco e sinto seu nervosismo.

_ Desça Elisa, estarei te esperando no hall. - interrompo e depois de dizer, desligo o telefone sem dar a ela chance para retrucar.

Alguns minutos depois ela aparece vestida com uma calça jeans apertada de mais para meu gosto. Uma blusa fina e jaqueta jeans. Seus olhos me encontram e me analisam por inteiro.

Diaba!

Encontramos um bar com mesas na parte externa. Eles serviam um chopp com fama de ser muito bom. Pedi um copo e Elisa optou pelo Capuccino quente. O garçom estava todo sorriso para a morena o que me deixou irritado, no segundo chopp eu já me perguntava se ela queria o garçom e o que vira nele além dos grandes olhos verdes.

Nossa conversa era toda voltada ao profissional, nada de família, nada de gosto musical, nada que me interessasse. Eu já estava suficientemente bêbado para não continuar aquela conversa.

_Gostou do garçom? - pergunto simplesmente.

_Ele é bastante atencioso. - ela responde comendo do bolo a sua frente.

_Claro, e você uma mulher muito bonita... Queria ver se estivesse só eu nessa mesa ou se você não fosse tão bonita.

Elisa me olha, seus olhos brilham, ela sorri um pouco envergonhada.

_Isso é algum tipo de elogio? - pergunta divertida.

_Você sabe que é bonita. - respondo mau humorado.

_O senhor também não é feio.

_Isso é algum tipo de elogio? - devolvo.

_Talvez... - Ela sorri abertamente.

Ela com certeza sabe o quanto é bonita e o quanto eu a desejo, tudo isso é parte de um jogo. Estou cansado de jogar, quero que ela desista de dificultar minha vida e se entregue logo.

_Já que talvez isso seja um elogio, posso presumir que tenho algo que lhe interesa.

Elisa corre seus olhos pelo meu rosto até a parte que a mesa permite que veja. Ela cora e eu imagino o pensamento sujo que a maldita teve.

_Como eu disse - ela muda o foco para meu rosto - o senhor é um homem muito bonito.

Não foi o que ela disse e ela se dá conta disso assim que termina a frase. Seu rosto já corado fica alguns tons ainda mais vermelho. Um pensamento passa na minha mente e acredito que não deva ser real.

_Já teve algum namorado senhorita?

_Na adolescência. - ela responde sem entender.

_Já fez sexo alguma vez na vida?

Elisa engasga com a propria saliva. Seu rosto está muito vermelho o que não deixa dúvidas do quando a pergunta lhe deixou desconfortável. Seria engraçado se isso não me fizesse acreditar ainda mais que, talvez, as reações dela não fossem fingimento.

_A torta de nozes é muito gostosa mesmo... É...

_Você não me respondeu, Elisa.

_Eu não quero responder a sua pergunta! - ela diz um pouco mais alto e logo cobre o rosto com vergonha.

Sorrio.

_Cem mil Elisa. Estou dobrando o valor que te ofereci da última vez.

_Eu não estou a venda David, porque insiste em me comprar? Você não pode tentar ser um cara decente e parar de me fazer perguntas tão íntimas uma vez? Só... - ela respira fundo. - só dessa vez. Eu preciso mesmo conversar um pouco. - seus olhos brilham cheios de água. - Elisa respira fundo. Olha ao redor e quando volta a me olhar já havia engolido o choro. Ela é forte. Tenho que admitir.

_ Não é a primeira vez que venho aqui. - Digo mudando o foco, disposto a ceder por hoje - a primeira vez que vim foi com meu pai para fechar um contrato. Eu tinha uns dezesseis anos... - sorrio ao me lembrar do dia, foi especial.

_Vocês são muito apegados aos seus pais... - ela sorri um pouco e desvia os olhos para algum lugar atrás de mim, seus olhos perdem um pouco do foco. - Tem que valorizar os pais enquanto ainda os temos, porque quando eles partem é tão triste. Sinto tanta falta dos meus... - seus olhos brilham com as lágrimas.

Por instinto pego na mão de Elisa, esfrego o polegar sobre sua palma. Ela engole em seco, enxuga a lágrima teimosa que escorreu por seu seu rosto. Ela é forte, consigo perceber e admirar sua força. Acho que essa é a primeira vez que realmente estou olhando para Elisa, vejo os tons de marrom que colorem suas Iris.

Seu rosto fino e comprido, o cabelo escuro tem alguns fios com tons mais claros, eu nunca havia reparado, são naturais e disformes. Sua sombrancelha é bem desenhada compondo o rosto bonito. Vejo uma menina, uma menina carente em busca de um pouco de carinho, talvez seja isso que Íris tenha visto.

Eu vi a mulher primeiro, a mulher de belas curvas, corajosa. A mulher de olhos determinados, que não agiu como eu estava acostumado, não se veste de maneira sensual, mas é sexy além da conta. Eu vi a mulher primeiro e a desejei com todo o meu ser. Agora que meus olhos estão vendo a menina, meu coração está atraído por Elisa. Batendo descompassado pela morena a minha frente.

_Você é muito bonita Elisa, tanto por fora quanto por dentro. Fico admirado com a sua força. - ela sorri sem graça. Seu sorriso é bonito, ela deveria sorrir mais vezes.

Ficamos conversando e comendo até bem tarde aquela noite. Elisa me faz sorrir com suas histórias e ri das minhas. Eu já estava bem leve quando paguei a conta feliz por ter vivido aquele momento com ela.

_Sua companhia para esse noite deve estar chateada por tê-la deixado esperando. - ela dá de ombros, seus olhos não condizem com as ações, porque Elisa está desconfortável.

_Nunca existiu uma companhia, é você que eu quero Elisa, sou fiel aos meus propósitos. - Falo com sinceridade parado em sua frente, o beijo veio sem planejamento, calmo e suave. Trago Elisa para junto do meu corpo num abraço apertado. O beijo é longo, mas calmo.

Nós desgrudamos os lábios permanecendo nos braços um do outro. Elisa demora a abrir os olhos e quando os abre meu coração para. Seus olhos brilham de um jeito diferente, é inédito, aconchegante.

_Você não devia dizer essas coisas, não devia me beijar.

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