Capitulo 17 - De confiança se constrói um relacionamento.


Karolin parou a algumas quadras da casa de Brandon e mandou mensagem para que ele fosse buscá-la, estava com vergonha de ir até sua casa sozinha.

- Faz tempo que está me esperando? - Ela deu um pulo. - Se assustou?

- Não tinha visto você se aproximar. - Eles começaram a andar e Karolin observava tudo. - Aqui é tipo um bairro de bruxos?

- Hum... Sim, quase todos os bruxos moram aqui, é próximo da linha de convergência central11. - Brandon apontou para uma casa branca, à esquerda da Elementar. - A Mer mora ali, com a vó dela.

Karolin interrompeu seus passos para olhar a casa, será que se chegasse mais perto ela conseguiria ver sua avó? Queria muito conhecê-la. Será que a avó conhecia sua mãe? Será que notaria a semelhança de Karolin com a mãe?

- Karolin? - Brandon, que continuou andando, chamou pela menina. - Vamos? Eu moro aqui. - Apontou para a casa azul e branca ao lado da de Mer.

Agora entendia porque eles eram tão grudados, eram vizinhos.

- Vizinhos, huhn? - Ele assentiu com um sorrisinho maroto. - Deixa eu adivinhar, a janela do seu quarto é em frente a do quarto dela?

- Seria bem clichê, mas não. Minha janela dá para um quarto vazio, era pra ser da irmã gêmea da Mer.

Karolin encrespou a testa, seria possível que todos sabiam dela?

- Ela... - Ela limpou a garganta - Mer tem uma irmã? O que aconteceu com ela?

- Não sabemos, provavelmente está em algum orfanato. - Karolin fez um som de desaprovação, que não passou despercebido pelo bruxo. - Ela era mundana, o clã não a aceitou.

Brandon abriu a porta para que entrassem.

- Então a avó dela simplesmente...

- Gabriela? - Karolin foi interrompida por uma morena de uns 40 anos, também tinha heterocromia e ela imaginou ser mãe de Brandon. - Mas como? Achei que eles tivessem te matado...

- Mãe, essa é minha namorada, Karolin. - Brandon acenou para que as duas se cumprimentassem. - Amor, essa é minha mãe, Miranda.

Miranda a abraçou. - Ah, claro, me desculpe querida, não nos deixaram vê-la aquele dia no hospital. Você parece muito com uma amiga minha. É um prazer conhecer a garota que tem feito meu anjo sonhar acordado.

Karolin gelou, ela conhecia sua mãe? - Ah, tudo bem. O prazer é todo meu. Feliz Aniversário! - Karolin apertou o abraço. - Perdão não ter trazido seu presente, eu tive uns problemas nos meus tios e não consegui comprar.

- Fique tranquila, Querida, você já me deu meu maior presente... Meu filho sorrindo novamente. - Ela disse a última frase em seu ouvido para que o filho não escutasse.

Karolin sorriu, mas com um aperto no peito. Sentia-se culpada por enganar uma senhora tão simpática.

Brandon, notou o desconforto da namorada e abraçou-a por trás beijando o topo de sua cabeça. - Vamos? Meu pai também está ansioso para conhecê-la.

Eles caminharam de mãos dadas até a sala, onde estavam a irmã de Brandon e o pai conjurando alguns feitiços de fogo.

- Amor, esse é meu pai, Dean. - Karolin apertou a mão do homem. Ele também a encarava como se estivesse vendo um fantasma. - Pai, essa é a Karolin, minha namorada.

- Eu... hum... Prazer?

Karolin tinha certeza que os dois conheceram sua mãe, ela queria perguntar pra eles como sua mãe era, queria saber o lado deles da história de amor dos pais.

- Amor, será que poderia me ajudar na cozinha? - a mãe de Brandon chamou o marido que assentiu e a seguiu até o cômodo.

- Minha irmã você já conhece. - Brandon disse e Karolin assentiu distraída, estava mais preocupada em ouvir a conversa na cozinha.

- Claro, como vai Ellen? - disse abraçando a cunhada.

- Você acha que é ela? - o pai de Brandon perguntou.

- Não, acho que não. Talvez a filha?

Brandon se mexeu desconfortavelmente ao lado de Karolin. Fazendo-a se distrair da conversa para olhá-lo.

- Eu já disse que você está linda hoje? - ele sussurrou em seu ouvido fazendo Karolin corar.

O rapaz virou o rosto de Karolin e lhe deu um beijo apaixonado, mas sem língua.

Fingimento, lembre-se de que ele está fingindo, era o que a mente dela gritava, mas não era como o coração sentia.

- Ai, meu diabetes. - Karolin separou-se de Brandon para rir da piada de sua irmã.

Notando que se distraiu demais e os pais deles já tinham voltado para sala.

- Então querida, estamos curiosos para saber sua espécie. Mer nos disse que você é bruxa, mas parece que meu filho não concorda muito com ela. - Miranda diz despretensiosa, porém recebe um olhar desaprovador do filho.

- Sério, mãe? Você fica ouvindo minhas conversas agora?

- Calma, amor. - Karolin apertou a mão de Brandon em sinal de que não se exaltasse com os pais. - Eu não sei ainda o que sou senhora, mas seu filho já me ajudou a descartar bruxaria.

- Não sabe? Mas como sabe que não é mundana? - O pai do rapaz perguntou, bem interessado na conversa.

- O senhor acredita em anjos? - Karolin disse, tentando identificar através da reação, se os sogros poderiam realmente conhecer sua mãe.

Os olhos de Miranda arregalaram um pouco. - Elementares? Tenho conhecimento sobre eles, é isso que você é?

- Como assim, vocês tem conhecimento? - Brandon estava um pouco alterado. - E como nós não temos? - Apontou para si e para Ellen.

- Filho, - a morena deu-lhe um olhar desaprovador. - elementares são supostos para serem segredos. Mas minha família é uma das que foram escolhidas para abriga-los em missão. Você é uma? Elementar?

Ellen e Brandon estavam em choque, aquilo de abrigarem anjos era definitivamente novidade para eles.

- Eu não sei o que sou, há 3 meses eu ganhei um elementar protetor e ele me disse que não sou humana e a missão dele é me ajudar a me descobrir.

As mentiras já saiam naturalmente e isso era algo que ela lamentava. Sempre se orgulhou tanto de ser verdadeira.

Não sabia se tinham acreditado, mas como Brandon estava bem nervoso, seus pais desviaram o assunto. Falaram de muitas coisas, dos pais adotivos dela; das trapaças de Brandon na infância; da amizade de Brandon e Meredith;

Karolin gostou bastante de Miranda.

A bruxa mais velha foi lavar a louça e Karolin prontificou-se a ajudar a sogra.

Mas, ao chegar à porta do cômodo, sentiu o arrepio que indicava perigo.

- Sit urere flammis, qui in me pervenire hostibus meis.12

Karolin agiu puramente por instinto quando jogou a luz de purificação em direção ao fogo, apagando a chama teimosa que veio em sua direção.

- Que merda foi essa, está tentando me matar? - Karolin não importava que era a mãe de Brandon.

- Você é um deles! Você é a gêmea desaparecida, não é? - A mulher disse, sem se abalar com a raiva da garota.

- Eu... Você conheceu meus pais?

- Sim, Gabriela ficou em casa quando veio em missão para Terra.

- Eu realmente pareço com ela? - Miranda vira na direção da garota e a analisa minuciosamente.

- Os olhos delas são mais claros, contudo, o resto é igual.

Pelos próximos 30 minutos, Karolin encheu a sogra de perguntas extraindo toda informação que Miranda pudesse ter sobre os pais.

Agora, exatos 00:01, a garota encontrava-se reunida a um grupo de 12 bruxas, anciãs. Não havia se preocupado muito com a tal reunião do clã, mas isso foi antes de perceber que estaria sozinha.

Não resistiu quando deram-lhe a poção da verdade para tomar, não teria o menor sentido negar-se a tomar, faria as anciãs desconfiarem dela e, muito cedo, percebeu que aquilo era um julgamento, não sabia o que Brandon poderia ter dito para que acreditassem que ela era suspeita, mas ele claramente havia conseguido implantar a sementinha da desconfiança.

Karolin sentia-se magoada, claro que não estavam se amando, mas ela acreditava que Brandon já não fosse tão avesso a ela. Aparentemente estava errada. Karolin estufou o peito, internamente armando-se para a batalha.

Tinha uma luta interna, sem acreditar que baixara a guarda para ele. Sentia-se burra por ter confiado que Brandon estivesse começando a gostar e aceitá-la.

- Karolin Samantha Mikaelson, apresente-se ao conselho tal como é.

Karolin não tinha muito poder sobre suas ações, como se estivesse impelida àquilo, caminhou até o círculo de fogo que se encontrava no centro e abriu as asas. Olhou para cada bruxa naquela sala.

- Meu nome é Karolin Samantha Mikaelson, filha de Gabriela Kreisen e Douglas Stewart.

Houve vários murmúrios com a revelação.

- O que faz nessa cidade, o que faz no berço do clã? - Perguntou uma mulher mediana, aparentemente era a líder.

- Sou uma guerreira elementar, no entanto por condolência de meu superior, estou designada a proteger minha irmã.

Mais murmúrios, Karolin podia ouvir a preocupação das anciãs, de repente tudo havia mudado de foco.

O problema havia deixado de ser a suspeita de assassinato, elas estavam mais preocupadas com a trágica historia de seus pais se repetindo.

- Não vai se repetir. - Todos os rostos do recinto direcionaram-se para ela. - Eu não sou um arcanjo, não é um problema eu ter filhos.

Muitos suspiraram aliviadas, muitas torceram o nariz, mas nenhuma dela ousou proibir o romance, afinal a garota não poderia mentir estando sob efeito da poção da verdade.

Era segunda feira e Karolin estava com seu novo grupinho - compostos por Alicia, Brandon, Meredith e Ellen - na bancada do campo de Badmington. Desde que saiu do tal julgamento, ela não via Brandon ou a irmã.

O efeito da poção só passou no domingo e ela achou melhor não ficar ao redor deles e correr o risco de ser desmascarada. Mas ficar ao redor de Alicia foi uma tortura, ela queria saber tudo sobre Thomas e teve uma vez que ela quase revelou que não namorava Brandon de verdade.

- Por que você está tão quieta? O que aconteceu na reunião? - um arrepio perpassou pelos três bruxos presentes, até eles tinham medo de se reunir com as líderes do clã.

Karolin segurou a respiração. E agora? O que ela faria? Fingiria demência ou confrontaria os dois?

Ela saiu dos braços de Brandon para que pudesse olhar bem para os dois antes da acusação.

"Alicia, eu quero que se concentre nos pensamentos de Brandon e me diga se ele está mentindo, ok?"

"Ok, tive que silenciar os pensamentos dele por um tempo. Sério, seu namorado é um pervertido, você se surpreenderia se soubesse a quantidade de fantasias que ele tem com você."

Karolin não estava olhando para Alicia, para não correr o risco de desconfiarem que estavam conversando, mas não conseguiu frear a cara de safada quando ouviu aquilo. O que chamou a atenção do rapaz.

"Desbloqueie agora, okay?"

Alicia assentiu disfarçadamente.

- Parece que meu namorado foi bem convincente ao me denunciar para as anciãs - Karolin sorriu, mas não era um sorriso amigável.

"Específica, ele está tentando lembrar o que poderia ter dito para justificar sua raiva. Aliás ele é muito fofo, acredita que ele já percebeu a sua mania ridícula de se beliscar quando está com raiva?"

"Filtro Lih, foca no que é importante!"

- Você disse a elas que eu sou a assassina?

- Não... Nunca. - Brandon juntou as sobrancelhas. - Eu disse que achei que fosse, mas que sabíamos que não era.

Ela olhou automaticamente para Alicia.

"Você está sendo meio óbvia, ele acabou de perceber que estou lendo os pensamentos deles. E vai me bloquear."

"Alicia, filtro! Ele disse a verdade?"

"Sim."

- Então me explica porque elas agiram como se pensassem que sou a assassina?

- Eu não tenho a menor ideia. - Brandon deu-lhe um selinho. - Prometi te dar o benefício da dúvida e é o que farei.

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11 Linha de Convergência são lugares sagrados para bruxos e que os deixam mais fortes, muito propícios para feitiços.

12 Que as chamas que ardem em mim atinja meus inimigos.

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