Capitulo 12 - O Segundo Beijo.
O rapaz, que Karolin esquecera completamente de perguntar o nome, ajudou-a guiando-a sob o céu. Antes de saírem, ele desenhou a marca do Olho9 embaixo de suas asas, assim como ensinou a ela como ativá-la.
- Bom, chegamos. Espero esbarrar com você outra hora Mi Lady, mas agora tenho que ir. - Disse quando ambos pousaram atrás do campus, e com uma reverência o elementar a deixou.
Ela olhou em volta e estranhou o que viu, O estacionamento estava cheio, aparentemente as aulas não tinham nem começado ainda, mas a menina tinha certeza de que tinha ficado pelo menos umas 4 horas no Santuário.
- Karolin? O que faz aqui? - Karolin olhou para trás e viu Eddy e Alicia vindo em sua direção com as sobrancelhas franzidas. - Eu não acabei de te deixar no Santuário Primor?
- Eu.... Que horas são? - franzindo as sobrancelhas, ela perguntou apenas para confirmar, pois estava vendo o enorme relógio acima das portas da Escola.
- Oi? 8h05min., tem um relógio enorme ali. - Alicia disse apontando para o objeto, enquanto Eddy continuava com a expressão perplexa esperando pela resposta de sua aluna.
Karolin encrespou a testa mais uma vez, Como isso é possível? - Eddy? A hora também passa diferente no Santuário?
- Não, ele está na Terra, a hora passa exatamente como aqui. Você desistiu da sua pesquisa? Eu disse que eu e a Ruivinha ficaríamos de olho na sua irmã, eu estava falando sério.
- Não, eu fiz minha pesquisa, eu fiquei 4 horas lá, tenho certeza.
Karolin olhava para todo lugar e lugar nenhum, balançando os pés demonstrando ansiedade, enquanto Alicia colocava o dedo indicador no lábio inferior, apoiando o queixo com o polegar.
Depois de alguns segundos o rosto da ruiva iluminou-se, como se estivesse solucionado o mistério. - Ah, meu Deus! Eu acho que sei qual o seu dom! - Alicia gritou histérica, movendo as mãos no mesmo ritmo de suas palavras, conseguindo a atenção de Eddy e Karolin para si. - Karolin Samantha, você faz o tempo passar mais devagar para você!
Karolin riu, dando de ombros levemente, achava a ideia absurda.
- Eu tenho certeza! - Alicia apontou para a amiga e balaçando a cabeça com veemencia. - E essa não foi a primeira vez, se lembra quando estávamos tentando chegar na cena do assassinato antes dos bruxos? Lembro bem que você desejou que conseguíssemos chegar a tempo, e mesmo sendo impossível, nós chegamos a tempo.
- Faz sentido, você desejou que o tempo parasse hoje? - Perguntou Eddy especulativo.
- Não... - Karolin parou de falar por um segundo e pensou um pouco, com o olhar perdido. - Quer dizer, talvez... Eu, na verdade, desejei ser 2 para que pudesse pesquisar e ainda estar aqui e não sobrecarregar vocês.
- Talvez você não só desacelere a velocidade do tempo, mas, acelere também? Internamente? Isso explicaria como você se livrou em 1 hora de um feitiço que dura 2 dias.
Os três chegaram, ao mesmo tempo, à convicção de que ela realmente tinha esse dom. Afinal, contra fatos não há argumentos.
- Tenta desacelerar agora. - Alicia disse, com uma leve jogada de mãos.
A morena tentou, mas não conseguia fazer nada.
- Como vocês fazem para usar o dom de vocês? - ela perguntou enquanto tentava mais uma vez, sem sucesso, desacelerar o tempo ao redor dela.
- Não faço nada, simplesmente vem quando quero. - Alicia deu de ombros.
Karolin tentou mais algumas vez, mas simplesmente não conseguia. Mas agora parecia tão óbvio que aquele era seu dom, não era a primeira vez que desejava que o tempo parasse e de alguma forma ele parava, mas ela nunca dera atenção para isso antes já que parecia tão natural.
***
Karolin teve o primeiro período bem entediante, a coisa mais animadora que aconteceu naquele dia é que algum universitário atentado havia colocado um sapo na bolsa da professora Kellan e ela pirou, a aula ficou vaga e pôde aproveitar o tempo para organizar seu papel de pistas.
*Caderno*
Mas agora era momento do almoço e estava na hora de colocar os pingos nos is. Para sua sorte, hoje parecia ter algum tipo de reunião de bruxaria na praça, atrás da faculdade.
Enfrentaria Brandon e Meredith juntos, eles achavam que podiam brincar com ela? Adivinhem só, ela também sabia brincar.
Karolin caminhou determinada até onde eles estavam. Com a audição aguçada pôde ouvir um garoto moreno, acho que era Jackson seu nome, dizendo:
- Hum, namorada problema chegando, cara.
Jackson apontou para a direção da Elementar fazendo Mer e Brandon olhá-la.
Ok, sem o elemento surpresa, mas ela se viraria.
Karolin concentrou-se em inibir os poderes de bruxos contra ela. Olhou para Alicia que estava à sua direita.
- Promete que não vai me reportar?
- Prometo, mas eu acho besteira você se expor assim por nada.
"Que nada, eles acham que eu sou uma bruxa, posso fingir ser manipuladora de energia. Só me avisa quando e quem for me atacar para eu me esquivar"
Alicia sabia que aquilo ia dar em uma merda gigantesca, sua amiga já tinha se exposto para o namorado 2 vezes e por pura sorte tinha conseguido enganá-lo, mas a ruiva não acreditava que conseguiria uma terceira.
Mesmo assim, ela assentiu, Karolin era o mais próximo que Alicia tinha de uma irmã e por ela, Alicia daria e tiraria uma vida sorrindo.
- Será que vocês poderiam nos dar licença? Eu e Brandon precisamos ter uma conversinha. - Karolin disse para o clã, no entanto, seus olhos não desviaram dos de Brandon nem por um segundo.
- Não precisa. - O namorado respondeu olhando os seus amigos, sorriu com escárnio. - O que quer que minha doce namorada tenha para dizer, ela pode fazer na frente de todos.
- Ah, deixa eu reformular, meu amor. Saiam todos agora antes que eu arranque a tripa de vocês pela garganta. - ela disse dando uma piscada mais lenta que o normal ao tentar controlar a raiva.
Desta vez quem sorriu foi Karolin, mas perversamente.
Um arrepio perpassou pelo corpo de Alicia, a amiga estava com aquele olhar, o olhar cego de quando matava demônios. A ruiva só esperava de todo coração que os bruxos entendessem o recado.
Todos ficaram calados perante aquela afirmação, exceto Brandon que ria freneticamente enquanto balançava a cabeça. Céus ele não está se ajudando.
- Você?! - Mais risadas debochadas. Mais um pouco e Karolin iria estourar o crânio daquele idiota. - A mesma garota que agonizou de dor perante os meus olhos? Não uma, mas duas vezes? Por favor, você não machuca nem uma baratinha.
Chega.
Karolin jogou o corpo dele para longe e subiu um banco direcionado-o até Brandon, a emoção dominando seu corpo. Ela parou o objeto a um centímetro do rosto da garoto. A voz da irmã gritando assustou um pouco o monstro dentro dela.
Karolin ainda tremia de raiva, mas agora pensava racionalmente. Ela trouxe de volta o corpo do bruxo e jogou-o em cima de Meredith.
Se sentiu mal ao perceber o prazer descomunal que sentia em ver as expressões de medo e surpresa nos rostos deles.
Pelo menos o recado está dado. Comigo não se brinca. disse para si mesma, tentando justificar seu próprio prazer.
- Desculpe amor, o que você estava dizendo mesmo? - Karolin sentiu algo tentar perpassar sua mente, o loiro estava usando de sua especialidade para tentar atacá-la.
"Ele está tentando te enfeitiçar, consegue fazer o escudo de fogo?" Alicia comunicou telepaticamente, confirmando suas suspeitas.
Na realidade, já fazia 3 meses que havia aprendido a fechar o corpo sem precisar externar o escudo, ela simplesmente não estava preparada na primeira vez que o garoto a atacou.
- Puta que pariu! Que tipo de D.R. doentia é essa de vocês? - Disse Meredith livrando-se do corpo de Brandon que estava esmagando-a.
Ah, merda. Alicia não tinha ideia do que acontecera no Santuário mas tinha certeza absoluta que não tinha sido bom. E pior, sabia que a amiga não tinha nem começado.
Karolin deu uma risadinha enquanto soltava o ar com força, virou a cabeça em direção a irmã.
-Vocês são ridículos. Que história foi aquela de amarrar cadarço? Por um acaso tem otária escrito na minha testa? - Meredith encarava a garota com incredulidade, que merda estava acontecendo? Eles já tinham deixado isso para trás, Karolin não era a assassina. - Eu. Confiei. Em. Você.
- Eu.... Me desculpa, não era realmente para ele ter feito o feitiço antes de eu chegar.
- Sério? Vocês queriam me torturar um pouco antes de me fazer acreditar que estava morrendo?
Brandon e Meredith encaravam Karolin sem realmente entender o que estava acontecendo.
- Vocês são doentes! Cruéis! E eu tenho nojo de vocês! Nojo!
Karolin queria ter falado a última frase com a raiva de antes. Mas o monstro estava adormecido e ela já começava a despedaçar, era emotiva demais, as lágrimas desciam de seus olhos sem que pudesse controlar.
Ela estava seguindo Alicia para o colégio quando a voz dele a fez parar: - Vocês podem deixar eu e minha namorada a sós, por favor? Acho que temos que resolver nossa "D.R". - Brandon inclinou suavemente a cabeça para o lado enquanto falava.
"Ele vai te questionar sobre o ataque. Nesse exato momento ele está juntando as peças. Eu falei que você não deveria se expor!" Alicia falou por telepatia.
"Vai, leva a Meredith, eu vou conversar com ele e consertar isso, obrigada por ser a melhor amiga do universo!"
Alicia assentiu apertou a mão da amiga e seguiu em frente levando Meredith consigo.
Karolin olhou para frente, bem no fundo dos olhos de Brandon e esperou. Por cerca de 10 segundos ele ficou calado, apenas encarando-a. Então respirou fundo e disse:
- Eu vou te perguntar uma única vez e espero de você a verdade. Aquilo foi um sonho Karolin?
Karolin era péssima atriz, atuação era a matéria que ela tirara a menor nota no treinamento, mas tentou. Olhou para ele com inocência. - Eu não tenho ideia a que sonho você se refere.
Dissimulada.
- Como você me jogou para longe hoje?
- Energia, eu usei a sua energia corporal para te movimentar.
- Você tá brincando comigo? Você não é bruxa, eu sei disso e você também. Tem como você ser sincera uma vez na vida?
- Estou sendo sincera.
Karolin não tinha notado ele se aproximar, mas de repente ele estava a centímetros dela. Perto.
- Está? Então me diz de uma vez todas. O que você é?
- Eu.... Eu não sei. Eu sei que faço coisas que humanos não fariam, mas eu não sei o que sou.
Mentirosa. O nariz dele tocou o dela.
- Eu não acredito em você. - Brandon tentou falar com a voz firme, mas falhou miseravelmente, sua voz saiu rouca, sexy.
Ela fez o inimaginável, se levar em conta que ela estava com raiva dele, ela o beijou. Queria sentir os lábios dele nos seus novamente, saber se o beijo dele era tão bom quanto ela recordava.
E era.
Aquela eletricidade que perpassava seu corpo quando ele a tocava era surreal. Sua boca tinha gosto de Framboesa.
Brandon pediu passagem com a língua e ela deu, porque, naquele momento, ela estava tomada pelo desejo. Não lembrava que se odiavam, só sabia que precisava dele, daquele beijo, como precisava de oxigênio para respirar.
E, falando em oxigênio, Brandon separou as bocas para respirar, mas quando olhou para os olhos da garota não conseguiu pensar em mais nada além do quanto queria aquele beijo e por isso tomou seus lábios novamente.
Um beijo mais desesperado, quase selvagem.
Ela puxou o seu cabelo enquanto mordia seu lábio, aquilo enlouqueceu-o. Brandon encostou-a em uma árvore que estava próxima a eles e ergueu as mãos delas acima da cabeça enquanto chupava e mordiscava seu pescoço. Passou a mão por dentro da camisa da garota, como era bom sentir sua pele.
- Atrapalho? - Meredith estourou a bolha de luxúria dos dois.
- Não é nada disso que você está pensando. - Karolin disse, rápido demais, atraindo a atenção dos dois para ela.
- Vocês não estavam se pegando agorinha nessa árvore? - Mer perguntou com ar de riso.
- Sim, mas...
- Então é exatamente o que eu estava pensando. As transas pós brigas são as melhores, mas, por favor, da próxima vez procurem um quarto.
- Não, realmente não é... - Mer levantou a mão em sinal para que Karolin ficasse quieta.
- Vim para avisar que faz quase 10 minutos que a prova de Biologia de vocês começou. - Mer deu alguns passos em direção ao prédio, no entanto, parou de repente, virando-se para encarar a colega. - Eu não sei se Brandon te explicou, mas não quero você me odiando, porque tenho um carinho inexplicável por você.
Ela aproximou-se pegando nas mãos de Karolin.
- Sim, aquele dia eu não tinha a intenção de ser apenas sua amiga, eu também achei que você era a assassina, me perdoa. Não era para o Brandon ter feito o feitiço em você, ele é muito impulsivo e ainda sofre por Sarah, era apenas para gente te amarrar sei lá, mas meu cadarço realmente desamarrou. Me perdoa, de verdade.
Mer a encarou com tanta intensidade, e a menina sentiu tanta verdade nas palavras da irmã que ela assentiu. Elas eram irmãs afinal, e como dissera Bela mais cedo, o sangue é um chamado.
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9 Olho é a runa que permite que elementares fique invisível sobre os olhos humanos.
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