Uma história de vingança

Olá meus bebês, é muito bom ver vocês aqui no nosso segundo capítulo, e já no início, traz muitas emoções e revelações.

Betagem por: parfaitjoon
Design por: xxx_Floppada_xxx
Muito obrigada pelo trabalho duro, a betagem e a capa ficaram maravilhosas!

E agradecer ao PurpleGalaxy_Project, esse projeto lindo e cheio de amor (e fanfics maravilhosas)

Tenham uma boa leitura!

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O que te motiva a viver? O que faz seu coração bater mais forte e te dá vontade de ver o amanhã?

Gostaria de dizer que tenho belas motivações, mas a verdade é que o que me faz levantar da cama todos os dias é a vontade de acabar com a vida de Jeon Sang Tae e todos aqueles importantes para ele, eu iria destruir tudo, acabar com qualquer resquício de felicidade que poderia ter em sua vida, e assistir enquanto ele se rasteja.

Eu tinha apenas dez anos, no jornal passava uma matéria. Havia ocorrido um incêndio químico na unidade de pesquisas da Giunchan, e tal incidente foi causado por uma falha de um dos funcionários, seu nome, Park Sehun, meu pai. Ele foi responsabilizado pela morte de doze pesquisadores e tratado como um criminoso pelas mídias, consequentemente levando a imagem da minha família para o buraco.

Mudei de escola, cidade, mas o tormento estava longe de se encerrar, pois minha mãe, Park Arin, encontrou no álcool uma forma de afogar suas frustrações, e isso deu abertura para outras drogas, lícitas e ilícitas, o que desencadeou inúmeras discussões entre nós, levando-me a sair de casa antes de atingir a maioridade.

Passei anos da minha vida apenas estudando e trabalhando meio período, morei em lugares que não havia ao menos o mínimo do saneamento básico, entretanto, meu foco e vontade de acabar com a vida dos Jeon’s foi o que me guiou a ser um aluno prodígio, e consequentemente, um excelente advogado, elevando minhas condições financeiras.

Cresci com o ódio se espalhando como uma praga em meu coração. Não havia sobrado nada além do rancor, aquele Jimin que tinha sonhos inocentes havia morrido junto ao meu pai e a dignidade da minha família, e bom, eu não estava disposto a fazer um jogo limpo, eu ia ser pior, um demônio horroroso que iria tornar a vida daquela família um inferno, cuidando pessoalmente de cada um.

Após algum tempo, a minha suspeita começou a ter fundamento, pois descobri inúmeros processos de funcionários contra o Hospital Giunchan, a maioria deles alegando negligência e falta de estrutura adequada, mas nenhum deles tiveram sucesso, afinal, nesse país o dinheiro compra sua inocência.

Minha vingança teria que ser perfeita, e por mais que eu receba um bom salário como advogado, custear algo desse nível era algo difícil, e com o tempo, pareceu que eu estava andando em círculos, até chegar o dia em que a oportunidade bateu — literalmente — em minha porta.

Era o garotinho que vestia a roupa do homem-aranha, Jeon Jungkook, agora, um homem crescido, e com um grande problema, desesperado pela minha ajuda. Em termos de vingança, era algo ótimo, isso se eu não tivesse o visto algumas semanas atrás.

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Ser decepcionado pelo Chanyeol não foi uma surpresa, já havia notado alguns indícios de traição, mas eu sempre tive problemas maiores para focar, e discutir esse tipo de coisa seria uma perda de tempo.

Entretanto, a infidelidade do meu namorado foi exposta durante um momento de fraqueza, onde o álcool já havia tirado meu autocontrole e ali não expus apenas meu rancor por ele, mas também uma parte do meu ódio acumulado.

Durante minha explosão, encontrei um rosto familiar, sua aura parecia brilhante, como se parasse tudo ao seu redor. O rosto bonito, com a pele aveludada, de traços fortes e lábios finos, além dos olhos gentis, que estavam atentos a mim. Foi quando meus lumes encontraram tal beleza, que por um momento, o mundo sombrio teve um pouco de cor.

Ele não foi somente uma imagem linda, mas também alguém atencioso, que cuidou de mim, mesmo que não soubesse quem eu era, tudo em sua volta era agradável, como se ele fosse um velho conhecido.

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A parede do meu quarto é a grande obra da minha vida, é o resultado do meu esforço, onde contém imagens, notícias e documentos que investiguei nos últimos anos. Assim como os nomes daqueles que desejo me vingar.

Encaro o nome Jeon Jungkook, aquele que menos havia informações. Apenas sabia sua idade, que era formado em medicina e especializado em psiquiatria. Junto ao nome, uma imagem dele ainda criança fantasiado, a qual substitui por uma agora adulto.

Ainda que eu olhe, e procure em meu cerne aquele ódio, tudo parece embaçado por aquele sorriso e essas sensações instáveis que ele proporciona.

Eu não posso jogar tudo fora, nem pegar leve com ele. Todos são monstros e devem ser punidos sem misericórdia, e Jungkook será o primeiro a ser penalizado.

Sento-me em frente a escrivaninha, e plugo o pen-drive com as gravações do dia do assassinato. Procuro pelo horário, e então tudo que cogitamos se mostra realidade.

Seo Tae Ho assassinou o pai com as próprias mãos.

Tenho em minha posse aquilo que seria capaz de devolver a paz para o Jeon, que definitivamente era inocente, e provou sua verdadeira índole, mas que ainda carregava esse sobrenome maldito.

Passo as mãos pelos cabelos, afastando-os para trás, agonizando por esse maldito impasse, até assistir a continuação do vídeo.

Na área atrás do prédio, vejo o Seo mais novo encontrando não somente sua mãe, mas como Jeon Sang Tae, logo aumentei o volume do notebook.

— O motorista está no subsolo, aguardando vocês, devem sair antes que chamem a polícia. — O Jeon afirma.

— Você se certificou que ele havia morrido? — A mulher indaga, secando as mãos ensanguentadas do filho com um lenço de seda branca.

— Sim, mamãe. — O sorriso brincalhão, parecia o de uma criança quando tira um dez na escola, sequer parecia ter feito algo tão hediondo.

— Nós vamos indo, senhor Jeon. Será ótimo lhe ter como novo sócio. — Aperta a mão do mais velho, saindo acompanhada do filho.

O próprio pai incriminou o filho para salvar outra pessoa por negócios? Ele estava disposto a entregar Jungkook para a morte, apenas por dinheiro?

Várias coisas começam a se encaixar na minha cabeça, em como o arquivo original estava tão bem escondido na sala do próprio Jeon, e como Jungkook não parecia confiar no pai.

Aperto meus olhos, negando com a cabeça. Então, talvez por isso ele não demonstrava os traços narcisistas como o pai, talvez ele também fosse uma vítima.

Minha consciência não iria deixar pessoas tão perversas conseguirem realizar um plano tão imundo.

— Jungkook? Estava dormindo? — pergunto, ao que ele atende minha ligação.

— Não consegui dormir — Ouço um rir baixo.

— Eu encontrei algo nas imagens — encaro a tela à minha frente, ainda incerto.

— Sério?! O que você viu?! — indaga, afoito.

Ouço um barulho de algo quebrando, o som vinha da cozinha, logo sigo em sua direção, encontrando a imagem de um homem magro, alto, com roupas pretas, boné, luvas e máscara. Ele estava parado logo ao centro da sala, de costas para mim.

— Quem é você?! — Minha voz falha e minhas mãos buscam pelo vaso de flores vazio que estava na prateleira.

Ele não responde, apenas se vira lentamente em minha direção, fazendo meu coração acelerar e o suor escorrer pelas minhas mãos. Aperto o objeto, tentando manter a postura para atacá-lo, e quando ele vem, meu golpe não o acerta como o esperado, pois o vaso se quebra em seu braço direito.

Tento correr e desviar de suas mãos, mas ele é ágil e forte o suficiente para me jogar contra a cristaleira de vidro, fazendo-a se estilhaçar com o impacto.

Apoio os antebraços no chão, tentando erguer meu corpo, mas minha cabeça está girando e minha consciência está instável. Encaro a pequena poça de sangue que se formou no chão, e ao levar minhas mãos até a cabeça, notei que o sangue vinha de lá.

A imagem borrada do homem se aproxima, abaixando-se em minha frente. Ele segura meu rosto com brutalidade, fazendo-me encarar seus olhos vulpinos, que se encontravam opacos e cheios de ódio.

— Você vai morrer, assim como seu pai. — Sua voz parecia distante, ainda que ele estivesse próximo.

Falho nas minhas tentativas de me erguer, e assisto enquanto ele joga gasolina em todo chão e cortinas do meu apartamento.

— E-Eu sei quem é você. — Apesar de ter dito baixo, ele escuta, e novamente vem em minha direção. — Você matou seu próprio pai. — Por um segundo, suas sobrancelhas se erguem surpresas, mas logo voltam para expressão mórbida.

— Você é um pouco esperto, não é? — debocha, e retira aquilo que cobria seu rosto. — Mas do que adianta a inteligência, se você vai morrer? — Cerra os olhos e senta-se, colocando a mão no rosto, seria uma feição inocente, se aqueles não fossem mirantes frios que brilhavam insanamente. — Sabe, eu queria muito estilhaçar esse seu corpo bonito. — Toca meu rosto. — A pele tão macia, seria satisfatório. Mas infelizmente você tem que seguir o destino que é mais agradável e morrer assim como seu pai, sentindo sua pele queimar pouco a pouco, sem poder fazer nada, até que, com sorte, perca a consciência.

— Filho da puta — esbravejo, sôfrego.

— Sabe o que é melhor? A última imagem das suas câmeras de segurança são as de você e Jungkook chegando aqui.

Meus orbes dobram de tamanho e o encaram, incrédulos.

— Você queria se vingar da família dele e acabou descobrindo que ele era o verdadeiro assassino. Logo, ele também se livrou de você. Será algo assim, eu acho. — Passa a mão no queixo, encarando o teto, pensativo. — Enfim, não é comigo esses detalhes. O que eu sei é que com seu assassinato, ele com certeza será condenado a pena de morte.

— Você é nojento — vocifero.

— Acha que é muito diferente de mim? Pelo que sei, você também quer destruir essa família. Também é um demônio, Park. — Bate em meu ombro, e em seguida ergue-se, pulando a janela quebrada, para em seguida jogar um isqueiro aceso, e sumir ao que fogo começa a espalhar.

Ergo-me com dificuldade, seguindo com passos hesitantes até a outra janela, mas minhas pernas vacilam e caio logo em frente dela.

— Jimin! — Ouço uma voz ao longe. — Jimin! — Agora parece mais próxima, então a reconheço.

— Jungkook. — Seu nome sai em um múrmuro.

— Jimin! — Sua imagem aparece através do vidro, novamente brilhante, como no dia em que nos vimos pela primeira vez.

Ele consegue abrir o blindex, logo pula para dentro e me segura com cuidado, levando-me até a parte de fora. Me deita no piso de concreto da área exterior do apartamento, apoiando minha cabeça na sua jaqueta embolada e estancando o sangue com um lenço.

— V-Você precisa ir até meu quarto — profiro com dificuldade.

— Não é hora de pensar nisso. — Pega o celular, provavelmente ligando para a emergência.

— O fogo ainda não deve ter atingido lá, você precisa pegar meu notebook, é o único modo de provar sua inocência. Por favor, eu vou ficar bem.

Os olhos cintilantes se iluminavam com preocupação, mas ele deixou minha mão segurando o tecido que estava em minha cabeça, e com o celular ainda no ouvido correndo até a parte de trás, onde havia a janela do meu quarto.

Pontos pretos começam a preencher minha visão, até que tudo em minha volta se torna escuro.

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Ao abrir meus olhos, as luzes claras tornam o ambiente turvo, demorando alguns segundos até que consiga focar no que há à minha volta, até finalmente reconhecer que estava em um hospital.

No sofá de couro que havia no canto do quarto, Jungkook estava sentado com meu notebook no colo, sua cabeça estava jogada para trás e ele parecia estar em um sono pesado. Não posso deixar de reparar em como as roupas sociais ficaram boas em seu corpo, e o cabelo em um penteado para trás, mostrando mais do rosto bem esculpido.

De algum modo, eu estou feliz. Feliz por vê-lo e por estar bem, e mais ainda sabendo que conseguiremos provar sua inocência.

Ele se remexe e preguiçosamente desperta, encarando-me com seus olhos doces e angustiados. Deixa o notebook de lado e agilmente vem em minha direção.

— Ai, meu Deus, você finalmente acordou! — Segura meu rosto com as duas mãos, fazendo-me encará-lo. — Consegue me reconhecer? Qual o seu nome? Idade?

— Você é o Jungkook, meu nome é Park Jimin e eu tenho vinte e sete anos — respondo, sem conseguir conter uma risada tímida. — Conseguiu as imagens?

— Conseguimos. — Também sorri, do mesmo jeito bonito que fez da primeira vez que nos vimos. — Você precisa descansar, não pense nisso agora. Eu enviei as imagens para o Hoseok, ele vai criar um dossiê completo com tudo que conseguimos.

— Nós precisamos agir rápido, você já deve saber quem fez isso comigo. Se eles descobrirem que estou vivo e que temos as imagens… — deixo a frase morrer.

— Jimin, eu posso mesmo confiar em você? — repentinamente ele pergunta, agora com seriedade.

— Como assim? — questiono, confuso.

— Acontece que quando entrei no seu quarto, encontrei umas imagens relacionadas a minha família, coladas na janela. O mais estranho eram as anotações. — Faz uma pausa, desviando seu olhar. — Você parecia odiar todos, inclusive a mim.

Apertei meus olhos e suspirei, sentindo o sabor ruim do remorso se espalhar pela minha boca.

— Meu pai era o pesquisador da Giunchan, aquele acusado de causar um incêndio que levou a morte de outros doze funcionários. Durante meu luto, o momento em que me lembro com mais clareza foi quando estava assistindo à entrevista que seu pai estava dando ao jornal, ele lamentava com frieza, e citava constantemente as perdas materiais que teve com a tragédia. E aí você apareceu, era primeiro de setembro, seu aniversário de nove anos. Você invadiu o local onde seu pai estava gravando e estava vestido de Homem-Aranha. Lembro-me que após isso, o assunto mais importante foi o “Filho fofo do CEO”, banalizando as vítimas e o sofrimento das famílias. — Minhas memórias daquele dia eram claras, lembro-me de como chorava enquanto aquela criança que passava na tela parecia tão dispersa e sem preocupações. — O desejo da minha vida toda foi destruir sua família, sem me importar se, de alguma forma, alguém ali fosse inocente de algo. Queria acabar com vocês, assim como fizeram comigo.

— Então você queria vingança no momento em que aceitou ser meu advogado — dita, como se buscasse compreender. — E o que mudou agora?

— O destino. Ele me fez te conhecer antes de saber quem você era, e me fez pensar em você durante semanas. Então, quando o reconheci, não fui capaz de projetar todo ódio que imaginei que tivesse, e não consegui ficar parado enquanto assistia você ser condenado à morte por um crime que não cometeu — afirmo, agora encarando as íris iluminadas, dessa vez por lágrimas acumuladas.

— Isso… É tão difícil. — Vira-se de costas, apoiando a mão na parede.

— Minha vingança foi tudo que tive durante toda minha vida, e renunciar parte dela não foi algo fácil, mas tenha certeza que fiz isso com clareza do que estava fazendo. Eu vou entender se não conseguir me perdoar, também não sei se seria capaz de confiar em alguém após algo assim — murmurei, sentindo um nó começar a se formar em minha garganta.

Jungkook ergue a cabeça, que até então estava baixa e puxa o ar, para em seguida caminhar até o laptop, retirar o pen-drive que estava plugado ali e vir em minha direção, agora com uma expressão distinta a qualquer outra que vi na sua face.

— Dia trinta de agosto de dois mil e sete — lê a fita que identificava o arquivo. — Você também pegou as imagens desse dia. Eu as assisti, e bom, aqui tem provas suficientes para responsabilizar o Giunchan pela morte dos funcionários. Além de imagens, também há documentos que provam o pagamento de propina para o juiz e o promotor do caso. — Encarou-me por baixo dos cílios e aproximou-se, apoiando-se no travesseiro, deixando o braço e rosto próximos a mim. — Eu também quero acabar com os Jeon’s, destruir qualquer tipo de esperança da forma mais dolorosa possível. Quero fazer isso pelo que fizeram comigo, com você, e todas as outras vítimas.

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Toda minha casa foi destruída com o incêndio, consequentemente, não havia um local em que eu poderia ficar, e Jungkook gentilmente ofereceu seu apartamento. Bom, até existiam algumas opções como hoteis, mas a proposta dele me pareceu mais atrativa.

O Jeon era uma pessoa gentil, calma e atenciosa, sua presença era como um abraço quentinho mesmo nos momentos mais tensos. Ele sempre se preocupava em fazer meu café da manhã e almoço, escolhendo as opções que mais me agradavam, além de ser uma excelente companhia para assistir dramas.

— O Hoseok disse que vai enviar as provas para a imprensa também, caso a polícia queira esconder o caso — comenta, enquanto lava as louças do nosso café.

— Nós mesmos também poderíamos fazer algumas postagens nas redes sociais, caso eles queiram manipular as imagens — aponto, limpando as gavetas dos armários.

Ao passar para outra gaveta, encontro um post-it com algumas frases escritas, algo como uma lista.

Levar a Somin no fanmeeting;

Assistir o nascer do sol na praia;

Aprender a andar de bicicleta;

Abraçar meus pais;

Ir ao parque de diversões;

Tomar sorvete e comer corn dog.

— Isso é uma lista das coisas que queria fazer antes de ser condenado — explica, notando o que estou lendo. — Abraçar meus pais. Irônico, não?

— Não sabe andar de bicicleta? — questiono, mudando o assunto.

— Não, nem mesmo fui ao parque ou comi corn dog. Minha vida sempre foi um pouco sem graça.

— Podemos fazer algumas coisas hoje.

— Como assim? — encara-me com uma expressão confusa.

— Bom, acho que você consegue aprender a andar de bicicleta rápido. Também podemos ir ao parque à noite, tomar sorvete e comer corn dog, já dá para cortar três itens da lista.

— Acha que eu vou precisar? Nosso plano pode não dar certo? — profere, aflito.

— Não é isso. — Rio, nervoso. — Mas acho que você deveria fazer as coisas que deseja, mesmo que não esteja em uma situação de quase morte.

Após arrumar a casa, nos trocamos e fomos ao parque ecológico que ficava próximo. Alugamos uma bicicleta e iniciamos as aulas.

— Nós deveríamos ter pegado o capacete e as joelheiras — constata, ao subir na bicicleta.

— Nha, é muito fácil pedalar, fica tranquilo. Você não vai cair. — Me posiciono atrás dele e coloco suas mãos no guidão. — Segura firme, e é só pedalar alternando os pés, muito simples. No começo eu vou te segurar para você ter mais confiança.

— Tá bom. — Apesar de afirmar, ele soa receoso.

De início, ele treme bastante as mãos, fazendo-o perder o controle, mas logo pega o jeito e começa a andar um pouco mais reto. Ao notar que ele está indo bem, aos poucos vou soltando-o, e sem que ele perceba, já está indo sozinho.

Mas ele parece se empolgar um pouco, e com a descida, acaba indo rápido demais.

— Jungkook! O freio! — grito, enquanto corro tentando alcançá-lo.

— Onde é isso?

Porra, eu esqueci de falar do freio?

Não demora muito para que a bicicleta derrape, fazendo Jungkook voar longe. Ele rola no gramado, segurando o joelho, onde o jeans se encontra rasgado, mostrando um belo machucado que está sangrando.

— Deixe-me ver — peço, ao me aproximar, então ele tira delicadamente a mão, mostrando a ferida. — Vem, se apoia em mim, temos que lavar isso.

Passo seu braço pelo meu ombro e o ajudo a chegar até um dos bancos que havia ali perto. Pego minha garrafinha com água e jogo em cima da ferida, fazendo-o reclamar por conta do ardor.

— É por isso que as pessoas usam joelheiras — diz, enquanto torce o rosto por conta da dor.

— Nem foi tão feio assim, você é sensível demais.

— Como? Olha o estado do meu joelho, e o meu cotovelo? Imagine se eu tivesse batido a cabeça em uma pedra — dramatiza.

— Minha nossa. — Não consigo segurar a risada, logo recebo um olhar de reprovação. — Você só se ralou um pouco, Jungkook, relaxa. Nem vai precisar levar ponto.

— Sei não, o médico aqui sou eu, e isso parece um caso de sutura.

Suspirei, revirando os olhos, e decidi apenas ignorar o que acabei de escutar. Dentro da mochila eu havia trago alguns remédios, justamente para caso algo assim ocorresse, mas só foi aplicar o antisséptico para ele voltar a reclamar do ardor, acho que nem uma criança de cinco anos reclamaria tanto.

Acabamos deixando o parque de diversões para outro dia, pois conforme o dramático, ele ficou quase paraplégico e agora precisava descansar.

Chegamos em casa e passamos o resto do dia assistindo filmes clichês americanos, era um novo gênero que iríamos assistir juntos, lembro-me que na minha adolescência amava assistir filmes assim, era um ótimo modo de dispersar meus pensamentos assistindo algo tão meloso.

Vou te falar que eu até queria prestar atenção na TV, mas Jungkook está sentado ao meu lado, usando uma blusa de manga longa fina, os cabelos negros estão partidos para o lado, deixando-o com uma aparência sexy, e para acabar de me matar, ele está usando óculos. Nunca imaginei que um simples óculos poderia deixar alguém tão gostoso, isso até conhecer o Jeon.

— Ela terminou com ele ontem e já vai beijar o melhor amigo? — A pergunta me faz finalmente despertar dos meus devaneios.

— Quê? — indago, perdido.

— Você não está prestando atenção no filme? Essa mocinha aí só quer se vitimizar, mas na primeira oportunidade ela tá fazendo merda, e todo mundo tem que aceitar, agora quando é com ela, ninguém pode vacilar — crítica, indignado com o que via.

— É, eu também não gosto muito dessa protagonista — afirmo.

— Eu falei para a gente assistir Doutor Estranho.

— Filme de herói, Jungkook? É tudo o mesmo — reclamei.

— E isso aqui é o quê? É muito pior — aponta, completamente certo, mas obviamente não irei admitir.

— Tá, então vamos assistir algo que não seja nem romance, nem de herói, que tal terror? — proponho.

— Não, é pior. — Nega com a cabeça, fazendo uma expressão de repulsa. — Podia ser Velozes e Furiosos.

— Meu Deus, Jungkook! Você gosta de Velozes e Furiosos?! — questiono animado, e ele afirma com a cabeça, satisfeito. — Seus gostos são realmente péssimos — constato, retirando o controle das mãos alheias. — Vamos assistir Jason. — Começo a procurar o filme no catálogo, mas o Jeon toma posse do controle novamente.

— Ah não, Ji. Velozes e Furiosos, por favor. A gente já assistiu ao clichê que você queria. — Seu bico é fofo, mas ainda não é capaz de me convencer.

— Outro dia a gente assiste, prometo. — Tento tomar o objeto, mas ele desvia.

— Você está mentindo.

— Agora deu para me chamar de mentiroso? Tá achando que eu sou quem? Anda, me dê isso.

— Não, nós vamos assistir o Toretto. — Segue se afastando pelo sofá.

— Me dá logo isso, Jungkook. — Posiciono meus joelhos entre ele, assim quase consigo alcançá-lo, mas ele é bem mais alto e forte, o que torna minha missão quase impossível. — Jungkookie! — choramingo, e ouço sua risada. — Eu sou uma piada?

— Não, é que você fica fofo quando fala desse jeito manhoso, eu gostei. — O filho da puta sorri, me deixando todo quebrado, ainda mais pela nossa proximidade no momento.

— Você deveria parar de sorrir assim.

— Por quê?

— Faz o meu coração acelerar — admito, surpreendendo-o.

— Do que você está falando? Você estando próximo assim de mim, acha que o meu também não está acelerado? Você quase acaba com meu autocontrole, Jimin.

Aproximo meu rosto do seu ouvido e então sussurro:

— A ideia é justamente essa, Jungkookie.

Esse é o primeiro momento em que vejo seus mirantes escuros, como se enxergassem todos meus pensamentos. Toco em suas sobrancelhas, descendo devagar como um carinho, até o nariz saliente e fofo. Ele fecha os olhos, e eu continuo a admirar seus traços bonitos, levando meus dígitos até a pequena cicatriz na bochecha esquerda e as pequenas pintinhas que ali estavam espalhadas.

Sinto que estou à beira da insanidade e sou jogado nela quando ele abre novamente os olhos.

Seguro seu rosto e com urgência, colo nossos lábios. De início, é um selar apressado, cheio de necessidade, essa que também é descontada pelas minhas unhas em seus ombros, e sua mão em minha cintura, apertando e colando ainda mais nossos corpos.

Jungkook ergue o tronco, e em um movimento, troca nossas posições. Ele busca em meu rosto qualquer sinal de rejeição ou arrependimento, e quando não o encontra, nos une novamente, dessa vez em um ósculo lento e molhado e ainda mais intenso que o de outrora.

Meu corpo é atingido por espasmos e uma fina camada de suor, criados tanto pelo nervosismo como pela ânsia de sentir mais dele.

A língua macia acaricia a minha, levando-me ao delírio e me deixando completamente entregue a suas mãos grandes que exploravam as laterais do meu corpo, enquanto as minhas seguram com firmeza sua nuca, como se ele pudesse escapar entre meus dedos.

O destino pode ser imprudente e surpreendente. Passei a vida toda odiando esse homem, e agora, o odeio ainda mais, odeio o fato dele acelerar meu coração, tirar meu ar e me deixar completamente excitado.

༺༻

A chuva e a névoa densa cobriam o campo, meu terno preto e a rosa-branca em minhas mãos estavam encharcados. Meus fios negros caem em meu rosto com os pingos da chuva que se misturam com minhas lágrimas densas.

Ajoelho-me em frente à sua lápide. Minha visão está borrada, tanto pela tempestade, como pelas lágrimas. O soluço escapou pela minha garganta. Eu tinha tanto para falar, eu nem sei se ele pode me ouvir, mas tudo que consigo fazer é chorar inconsolavelmente.

Apertei o tecido da calça e abaixei minha cabeça, sucumbindo às lágrimas incessantes.

— Eu queria ter conseguido te proteger. Eu e o Hoseok conseguimos provar sua inocência, fiz minha vingança, mas meu peito ainda dói. — Bato a mão no meu tórax, esfregando a área que doía tanto. — Me desculpa por chegar tarde.

A chuva cessa por um momento, então sinto alguém próximo. Ergo minha visão e encontro Jungkook segurando um guarda-chuva amarelo, então, ele se abaixa.

— Oi sogro, eu não sei se você aprovaria nosso relacionamento, minha família trouxe muitas tristezas para a sua, mas quero que saiba que eu vou sempre cuidar do seu filho. Farei de tudo para que ele seja a pessoa mais feliz do mundo e serei grato pelo resto da vida por ele ter me salvado. — Em cima da lápide, ele deixa uma flor branca. — Ele se culpa muito pelo o que o Jimin de dez anos não era capaz de fazer, mas eu prometo tentar preencher essa culpa com todo o meu amor e carinho, e nunca irei soltar a mão dele.

Passo a mão pelo meu rosto, limpando o restante das lágrimas que haviam ali. Após, coloco minha rosa logo ao lado da de Jungkook, então nos levantamos.

Eu entendo aqueles que dizem que a vingança não cura as feridas, afinal, não importa o que eu tenha feito, nada iria trazer meu pai de volta. Entretanto, posso dormir mais tranquilo, sabendo que aqueles que me trouxeram lamúrias, pagaram pelos seus pecados. Meu desejo era torturá-los pelo resto da minha vida, mas sei que não seria isso que o meu pai iria desejar para mim, então nesse momento, seguro a mão quente do meu antigo inimigo e agora caminhamos juntos.

Um finalzinho feliz a gente merece, né?

Sinto que essa seria uma fanfic que poderia ter vinte capítulos, mas acredito que eu tenha conseguido expressar tudo que eu queria passar, e eu realmente amei muito.

Gostaria de agradecer quem acompanhou até aqui, espero que tenham se divertido tanto quanto eu.

Não esqueçam de aparecer aqui nos comentários, a opnião de vocês ajuda muito nós autores.

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Beijinhos, meus amores!

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