Jimin sabia que não podia ignorar Jungkook para sempre. Mas era o que estava fazendo naquele momento, se ocupando a conversar com os convidados e se mantendo afastado dele.

Não sabia o que ia em sua cabeça, afinal queria namorar Jungkook. Queria mesmo.

Mas sempre que se aproximava do garoto quase que tinha um ataque de pânico.

Jungkook estava com JungHo, que tinha ido ao carro da mãe buscar os seus bonecos de acção da Marvel e DC. Não estava de todo entediado, porque gostava dos bonecos também, mas não estava bem com Jimin e isso agoniava-o.

Achava que naquele momento estaria ali, nas traseiras da casa, o sítio mais sossegado no momento, com Jimin.

Não tinha nenhuma ideia do que mudaria se estivessem em uma relação, porque afinal estavam vivendo uma.

E isso o levava de volta para o problema. A única diferença entre o que eles tinham naquele momento e uma relação era que em uma relação o sentimento está automaticamente implícito. Então, para Jimin não querer aceitar, era porque ele não nutria nenhum tipo.

Jungkook era tão burro.

Eles estavam tão bem. Porque ele tinha que estragar tudo?

Olhava atentamente para a criança à sua frente, passeando os bonecos pelo ar, mas não ouvia os sons que ela emitia.

Estava perdido em sua cabeça quando viu a mulher que à horas chorava em seu peito passar ali apressada, em direção à conhecida estufa. Sorriu para ela, e a mesma a chamou com um dedo.

"Já volto." Disse a JungHo, se levantando e a seguindo, olhando para trás e vendo que o garoto havia ficado no sítio.

Caminhou ao lado dela.

"Você é a pessoa ideal para me ajudar a escolher uma flor bonita." Ela comentou, abrindo a porta para ele. "Para a minha mãe." Acrescentou.

A avó de Jimin.

Tomou a coragem de segurar a mão da mulher e a puxar, a guiando até à flor que observara mais cedo. A flor que testemunhou a sua desgraça.

"Gosto dessa aqui." Disse-lhe, apontando para a planta lilás.

"Você e Jimin são parecidos." Ela riu. "Ele me falou de uma flor lilás também."

Jungkook engoliu em seco, imaginando à quanto tempo Jimin estaria olhando para si até pegar a sua atenção.

"Porque ele não veio com você?" Arriscou-se.

"Ficou com a avó."

A mulher agora limpava o vaso com cuidado e espirrava água para a planta.

"Está se divertindo?"

Estou me aguentando. Pensou.

"Sim." Não soava sincero, porque não era.

"Jimin logo logo deve salvar você de JungHo."

Não me parece.

"E você?" Mudou de assunto. "Está se divertindo? É seu aniversário."

"Ah, Jungkook..." Ela suspirou, pousando o vaso e passando os dedos pela bochecha do mais alto. "Não estão desse jeito pelo que falei de manhã, pois não?"

"Não tem 'jeito' nenhum. A gente está de boa."

Soava tão falso. Jungkook era um péssimo mentiroso. Ele nem falava daquele jeito.

A mulher riu alto e pegou o vaso.

"Então você precisa atuar melhor." Ela deu-lhe um sorriso acolhedor e seguiu caminho para dentro de casa, seguida de Jungkook, que foi travado por JungHo.

Se sentia um intruso ali. Afinal era só o amigo de Jimin, o filho da aniversariante.

Jungkook estava sozinho. Não sabia onde JungHo se tinha metido. Talvez o garoto lhe tivesse dito mas ele não estava prestando atenção.

Ele apareceu algum tempo depois, com Jimin em seu encalço, de mãos dadas com ele. O garoto o fez sentar na cadeira em frente de Kook e rapidamente ele cruzou as pernas.

Jungkook não se mexeu, continuando com a postura indiferente.

JungHo desaparecera mais uma vez.

E Jungkook se sentia uma criança, para quem a mãe arranjara um namoradinho.

Jimin mexeu a sua cadeira para a frente, ficando no meio das pernas abertas de Jungkook, e depois puxou o braço dele, onde o mesmo apoiava o queixo. Mas Jungkook não o olhou, mesmo que sua cabeça quase tivesse fracassado. Tinha-a levemente para o lado, não querendo olhar nos olhos do menor.

Então Jimin segurou o queixo dele entre seu polegar e indicador, o virando levemente e beijando os seus lábios.

Jungkook não se mexeu.

Park encostou suas testas e brincou com o nariz dele, o beijando mais uma vez, mas sendo retribuído por um toque leve.

Jungkook abaixou a cabeça, com suas testas ainda se tocando e a mão de Jimin agora em sua nuca.

"O que está fazendo?" Sussurrou, quase inaudível.

Jimin negou com a cabeça, como se estivesse querendo dizer "nada".  

"Eu não sei mais." Respondeu no mesmo tom, seu lábio tocando de leve o do outro.

"Jimin!"

Park virou-se rapidamente, olhando para trás de si e vendo uma de suas primas.

"Oi." Ele acenou para ela com a mão, não querendo fazer parecer que não sabia quem ela era, e voltou a atenção para Jungkook.

"Não acredito, Park Jimin! Você não lembra de mim!" Ela se aproximou, fazendo Jimin recuar um pouco com a sua cadeira e olha-la.

Talvez não fosse prima dele.

"Sori..." Ela cantarolou, desapontada.

Jimin sorriu para ela, porque eles tinham sido grandes amigos no secundário. Mas também se lembrava que perderam ligação em umas férias, quando ela disse estar apaixonada por Jimin.

Ela abaixou-se, abraçando-o.

"Hey, me abraça de volta. Juro que não estou mais apaixonada por você!" Ela mandou.

Jimin abraçou-a com pouco entusiasmo, vendo Jungkook arregalar os olhos com a declaração repentina.

Ela largou-o, e olhou Jungkook.

"Olá." Cumprimentou-o. "Sou a Sori Na."

"Jungkook." Ele murmurou, se ajeitando na cadeira.

"Ah... Você continua igual." Voltou a atenção para Jimin. "Sua mãe me disse para não esperar surpresas. Mas você está mais bonito."

"Você também, Sori."

"Ah, me desculpe, eu estou incomodando?" Ela perguntou.

Jimin jurou que quase pôde ouvir Jungkook iniciar uma frase, mas que se parou rapidamente.

E Jungkook iria dizer-lhe. Iria dizer-lhe que estava sim incomodando, que não queria saber se eles se conheciam à bastante tempo ou não.

Mas Jimin negou com a cabeça, educado.

A rapariga procurou por uma cadeira ali perto, mas Jungkook foi pronto a levantar-se.

"Vou procurar a sua mãe." Informou, deixando a cadeira livre e saindo dali.

Não tinha nada para fazer com a Omma dele, mas certamente não ia ficar ali a ouvir a garota falar sobre como Jimin era bonito. Afinal, de todas as pessoas, Jungkook sabia que Jimin era bonito.

Jimin é arte, não é mesmo?

Adentrou a casa e rapidamente um empregado contratado apareceu com um tabuleiro cheio de taças. Jungkook negou educadamente e continuou a caminhar, avistando a senhora Park com JungHo e sua mãe.

Aproximou-se dela e segurou a sua cintura, beijando a sua face.

"Como está a aniversariante?"

A mulher sorriu boba, e parecia contente pelo gesto.

"Festejando." Ela sorriu, mostrando a taça de champanhe.

"Vamos procurar seu pai?" A companhia dela falou para JungHo e logo os dois desapareceram.

"Eu comprei algo para você." Jungkook disse tímido.

"O quê? Querido, não precisava!" Ela abraçou-o por uns segundos.

"Não sabia o que arranjar, então achei que fosse gostar disso."

Jimin tirou uma caixa retangular do seu bolso, de espessura fina, em um tom azul marinho, com as letras da marca em prateado.

A mulher puxou a parte de cima, revelando uma pulseira em prata, com folhas e flores em fio fino.

"Você me disse uma vez que a estufa era a sua felicidade quando Jimin não estava por perto." Ele explicou, e então passou os dedos pela parte da pulseira que não estava debaixo da esponja que enchia a caixa e virou-a, mostrando algo inscrito lá.

13101995

A mulher sorriu e abraçou Jungkook, assim que viu a data de nascimento de Jimin ali.

Jungkook era tão querido.

"Você gosta?" Ele perguntou-lhe.

"Adoro, Jungkook. Muito obrigado." Ela abraçou-o mais uma vez e depois olhou-o séria. "Vocês se resolveram?"

Só lhe devia sinceridade.

"Estamos por lá."

Não estavam.

O que Jungkook faria se Jimin não gostasse dele do mesmo jeito?

"Não deixe ele ir." A mãe pediu-lhe. "Ele é desse jeito, mas eu sei que ele gosta de você, Jungkook. Confie em mim. Ele só não vai dizer a você fácil."

Jungkook concordou com a cabeça e depois deixou-a baixa, olhando os seus pés.

"Me ajuda a pôr?" Ela estendeu o pulso e Jungkook rapidamente pegou o objeto, abrindo o seu fecho e o colocando em volta do pulso da mulher, o fechando em seguida.

"Pronto."