▫️Capítulo 4▫️

NICK DONIVAN

Mais um dia iniciando e eu aqui, descontando toda a minha raiva e frustação nos sacos, antes mesmo dos meus alunos chegarem. Era um momento só meu, onde eu poderia ser eu mesmo e demostrar todo o meu descontrole, sem que ninguém soubesse.

Ontem à noite, ainda tive que ouvir o meu pai falando sobre mim, sobre o quanto eu estava sendo uma má influencia para a Brisa e que não tinha futuro nenhum. "O que ele vai fazer, quando essa empresa o demitir?". "Ele não tem nenhum estudo e logo, já se encheu com essas tatuagens. Virou um vagabundo, isso sim!". Ele dizia isso para a minha mãe.

Não era porque eu tinha umas merdas de tatuagens, que eu era um vagabundo. Uma faculdade, não me faz menos homem para ter o meu próprio negócio. Eu era ciente das minhas responsabilidades e influencias, nunca permitiria que a minha irmã se bandeasse para uma área perigosa e que a machucasse. A Brisa tem uma aparência rebelde, mas o seu coração é totalmente dócil. Ela tem empatia e carisma por todos. Talvez ela tenha aprendido um pouco comigo, sobre manter o seu verdadeiro eu escondido, mas todos que realmente a conquista, podem sentir o seu carinho e amor.

Os nossos pais julgavam demais pela aparência. O meu pai tanto fala de mim, mas ele é igualzinho; pois o mesmo trabalha em uma marcenaria, que ele mesmo conquistou, sem nem ao menos ter feito uma faculdade. Então quem é ele, para falar de mim também? Soco mais uma vez o saco e me sinto impotente, por não poder ser quem realmente sou e dizer o que gosto de fazer.

Sei, que se eu quisesse ter estudado mais e feito uma faculdade, eu mesmo poderia ter feito isso. Mas a luta, foi quem me chamou; ela quem me fez ser quem eu sou agora. E eu gosto de ser essa pessoa. Me sinto livre e mais forte com ela.

Um barulho na porta de alumínio se faz ouvir e chama a minha atenção, me fazendo parar de socar o saco e ir até ela, para poder descobrir quem era. Não me lembrava de ter marcado nenhuma aula mais cedo, com algum aluno. Logo, eu desencaixo as luvas das minhas mãos e tiro a faixa, que revestia os meus punhos doloridos. O meu cabelo, estava pigando de suor.

Assim que abro a porta, fazendo-a ranger, vejo uma menina de meia estatura, com um chapéu preto, cobrindo o rosto e uma calça moletom, toda largada nas pernas. O cabelo estava preso, mas dava para ver que ele era comprido e liso.

- Posso ajudá-la de alguma forma? - Pergunto, sendo direto ao assunto.

A mesma, parece ficar em choque ao meu ouvir e ergue a cabeça de uma vez, como se quisesse verificar quem era o dono daquela voz. Contudo, o que não esperar reconhecer nela, era que a garota que estava a minha frente, não era nada menos, do que a melhor amiga da minha irmã; a Lunna Corbertt. A garota mais delicada e inocente que eu já havia conhecido na vida. Ela antigamente parecia um anjo, onde claramente, um cara como eu, não poderia nem ao menos olhar para ela, que logo a corromperia. Ela com certeza era um território proibido para mim; não só por isso, como jamais me divertiria com alguém tão importante para minha irmã.

"O que ela estava fazendo aqui?"

"E espera, ai!"

"Ela está machucada?"

Olho melhor para o seu rosto e vejo uma pequena vermelhidão no seu pescoço. Que porra foi essa? Me questiono, estreitando ainda mais os olhos para ela. A mesma, ainda fica me encarando e eu também fico fazendo o mesmo, sem saber muito bem como responder a sua aparição. Porém, é ela mesma quem reage primeiro, querendo se afastar de mim e correr. Contudo, eu rapidamente a seguro e a puxo para mim. A força que eu exerci no momento foi tão grande, que eu não mensurei o impacto que o seu corpo iria fazer, quando se chocasse no meu.

Logo, eu a agarro com as duas mãos e tento minimizar o choque, que iriamos sentir quando nos trombássemos. Porém, não foi bem isso que aconteceu, o corpo daquela garota era frágil demais, perto do meu. A vontade de segurá-la ainda mais firme junto a mim, foi maior; eu queria a proteger. As suas mãos são pousadas no meu peito e eu inspiro profundamente, o cheiro do seu cabelo. Por mais que a sua blusa estivesse suja de terra, os fios do seu cabelo, ainda estavam com cheiro de flores, como se tivessem sido recém lavados. Intrigante. E mais intrigante ainda, era eu estar gostando de todo aquele nosso contato.

Sendo assim, eu imediatamente busco me afastar um pouco dela; mas só o bastante, para que ela ainda não conseguisse fugir de mim novamente, caso decidisse. Logo, eu encaro o seu rosto mais uma vez e o analiso com atenção.

- Lunna? O que aconteceu? - minha voz sai um pouco travada, mas ainda consigo sussurrar próximo do seu rosto, descendo o meu olhar lentamente, para o seu pescoço. - Que marca foi essa? - Sinto o meu sangue ferver, com todas as possibilidades que aquilo poderia ser. Sei que era o meu lado protetor com as pessoas, que estava falando mais alto.

A Lunna parece querer recuar mais um pouco, mas eu não deixo. Eu tinha que a manter ali.

- Droga! Porque você não para de querer fugir de uma vez e me diz logo?! - Verbalizo, botando um pouco da minha impaciência para fora.

A Lunna me encara, parecendo assustada e eu me sinto um ogro, por ter agido assim como ela. Merda! Merda! Você sabe que não pode falar assim com ela. Me controlo, abaixando o olhar e respirando fundo.

- Me desculpe, eu só... - Inspiro novamente e continuo. - Eu só queria saber se você está bem? - Solto os seus braços e a deixo livre de mim. - Como foi que você me encontrou por aqui? O que faz por esses lados? Você não estava em Carbenot? - Deixo o meu olhar varrer melhor pelo seu corpo e admiro, o quanto ela ganhou curvas e cresceu.

Uau! O anjinho amadureceu.

Vejo ela morder os lábios e unir os próprios braços, ao redor corpo, como se quisesse se proteger do meu olhar. É, a inocência dela ainda estava ali. "Bom saber disso." - do nada, o meu inconsciente falar por mim e eu realmente não sei, o motivo de ter pensado isso.

- Eu... desculpe. Eu realmente não vim atrás de você. - Ela se pronuncia, fugando o próprio nariz.

Desapontamento. Talvez um pouco do meu próprio ego masculino, tenha sentido isso.

- Quer dizer, não bem você... digo, não o Nick Donivan, mas sim, um professor de artes marciais. É que... enfim, uma pessoa que eu conheço, me indicou esse clube, caso eu quisesse aprender um pouco de defesa pessoal. - Ela se encolhe novamente, como se estivesse me escondendo alguma coisa; quer não dizer, não só uma, mas muitas outras coisas.

- E você deseja aprender um pouco de defesa pessoal, porquê? - A pergunta sai antes mesmo, de eu conseguir raciocinar direito. Seu idiota! Porque você acha que ela precisa?

Me semblante fica mais sério e lembro novamente, da marca no seu pescoço; além, de que também notei que os seus olhos estavam vermelhos. "Será que ela chorou? Será que ela estava com algum namoradinho novo e ele a estava maltratando?" Merda! Vou matar um filho da puta hoje, se for esse o caso. Fecho os meus punhos e já imagino a cara do desgraçado.

Sei que a Lunna não é nada minha; mas eu também a havia visto crescer e ela é uma das mais protegidas da minha irmã, eu não a deixaria ser machucada e não fazer nada. Logo, eu me apresso em me impor.

- Quem te machucou, Lunna? Você não iria querer fazer arte marcial, se não quisesse se defender de alguém que fez isso com você. - Aponto com o queixo, a marcar que vi no seu pescoço. A mesma se encolhe mais uma vez, mostrando que eu realmente tinha razão.

Logo, a raiva sobe dentro de mim e penso que não vou conseguir mais me controlar; até porque eu já estava com problemas demais na minha cabeça, desde que ouvir o meu pai falar de mim. Porém, ela parece perceber o meu quase estado de loucura e imediatamente muda de postura.

- Olha, o que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. Se você não quer me ensinar defesa pessoal, tudo bem. Irei procurar um outro mestre, até porque... eu acho que você não seria páreo para isso. - Quando ela pensa em se virar, eu a puxo para dentro do armazém, colocando-a contra a porta de alumínio e apoiando as minhas duas mãos, uma de cada lado da sua cabeça.

- Escuta aqui! O sensei dessa academia está desaparecido há dois anos; sei que alguém fez alguma coisa com ele; mas enquanto ele não reaparece, eu sou o mestre dessa academia... Eu fui treinado por ele e sou o mais apto para esse cargo, está me ouvindo? Então se tem alguém que pode lhe treinar, sou eu. - Reverbero no seu rosto e vejo as suas pupilas dilatando. Talvez eu a tenha assustado um pouco com a minha reação, mas ela também havia mexido com algo perigoso dentro de mim. Eu era capaz! Eu sabia disso.

No mesmo instante, a sua respiração se torna irregular e eu decido me afastar. Eu não podia a prender daquele jeito. Logo, eu me recordo de um outro tema, que não havíamos falado. O motivo dela estar andando por essas bandas. Aos poucos, ela parece se recuperar da minha aproximação e eu rapidamente, trato de puxar esse novo assunto.

- Então se você precisar aprender arte marcial, para se defender... eu lhe ensinarei; mas ninguém pode saber disso, está bem? Principalmente os meus pais. O que me levar a perguntar, o que você está fazendo por esse lado da cidade? - Lhe indago melhor, cruzando os braços na frente do meu peito, esperando a sua resposta.

Ela parece se preparar para uma batalha e também se arma, erguendo o seu rosto e me olhando bem dentro dos meus olhos.

- Talvez isso também não seja da sua conta. Do mesmo jeito que você não quer que eu conte para ninguém, sobre o seu clube de lutas, eu também não quero que você conte que me viu por aqui. - Ela afirma, perdendo todo o medo de me impor alguma coisa.

Eu realmente não sabia mais quem era aquela garota a minha frente. Ela era impetuosa e corajosa. Características essas, que não combinavam em nada com a garota que vivia na minha casa, para se encontrar com a minha irmã. Logo, eu me sentir curioso de descobrir mais sobre ela. Porém, também havia notado que ela parecia estar doente; pois, a mesma não parava de fungar o seu próprio nariz.

- Ok. Podemos deixar as coisas desse jeito; mas só por hora. Contudo, eu também não posso deixar você vir treinar doente. - Descruzo os braços do meu peito e os descanso no bolso da minha calça. Tornando uma postura mais leve.

A mesma, semicerra os olhos e me olha com incredibilidade.

- O quê? Você não pode me treinar doente? E quem disse que estou doente? - Ela agora, é quem cruza os braços na frente do peito, me desafiando. - Você por acaso agora é médico, senhor Nick Donivan? Não me lembro de você ter estudado para isso.

Ela me desafia mais uma vez, querendo me fazer perder o juízo. Essa garota não era um anjinho? Que porra ela pensa que está fazendo, ao mexer gradativamente nas minhas feridas? A vontade que eu tinha, era de apertar aquele seu lindo pescocinho altivo e morde os lábios carnudos, fazendo-a engolir cada palavra que havia me insultado. Porém, eu sabia que seria demais, para passar daquele ponto com ela.

Logo, bufando de raiva, eu me viro de costas para ela e mexo tempestuosamente no meu cabelo, querendo conter a fúria e a vontade de rebatê-la de todas as formas possíveis, dizendo-lhe que facilmente, eu também poderia ser a porra de um médico se eu quisesse. E para não perder o meu controle, eu desisto de insistir em alguma coisa com aquela garota.

- Ok, Lunna!!! Se você não quer ir na porra de um médico, para ver a gravidade do seu resfriado, então que se vire!! Eu não vou ficar tomando conta de uma garota irresponsável e imprudente como você. Na minha academia não treina, enquanto não se tratar. Você não vai passar gripe ou sei lá o que para os meus alunos. - Digo sério e incisivo. Eu já estava perdendo a paciência com ela. Toda altivez, tinha o seu limite.

E a mesma, parece ter percebido isso.

- Nossa... e-u, eu... desculpe. Eu não tinha pensado por esse lado. - Ela morde os lábios, como se sentisse culpada. Que porra de boca tentadora. Desvio os meus olhos daquele movimento e tento encarar qualquer outra coisa atrás dela. Provavelmente, eu estava na seca, para ter ficado lhe encarando daquele jeito. - Então quando eu melhorar, eu voltarei.

Ela diz simplesmente, como se já estivesse se despedindo.

- Espera! - Exclamo, com se ainda não quisesse me afastar dela. - Porque você não vai logo em um médico? Tem um postinho de saúde bem aqui atrás do clube... - Sugiro, me sentindo ainda preocupado com ela.

A Lunna parece pensar um pouco e pergunta.

- Eu teria que pagar alguma coisa? - Ela sorri meio torto.

- Não. Ele é público, Lunna. - Sorrio, com a sua preocupação besta. O que eu também não havia entendi muito, já que os seus pais tinham boas condições financeiras. - Eu posso te levar até lá, se você quiser? Eu ainda tenho tempo, até os primeiros alunos chegarem.

Ela assente e eu digo que vou pegar o meu casaco.

Assim que me visto, trago juntamente a minha sombrinha e lhe entrego, para que ela não pegue ainda mais chuva lá fora. Logo, eu fecho a porta de alumínio e juntos, caminhamos por aquelas ruas enlameadas. Vez ou outra, eu lhe encarava, tentando entender o que realmente estava acontecendo com ela. Com certeza, a Lunna que estava ali ao meu lado, não era mais a mesma garota de antes.

O que será que havia acontecido com ela?

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Mais um capítulo para vcs 😚✌🏼🥊
E esse encontro, hein? Haha
Deu oq deu kkk.. o que acharam?

Já escrevi mais um capítulo, já já eu posto! 😜🔥

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