REUNIÃO 2
— Oi. — Eloah cumprimentou com um tom ácido. — Quanto tempo a gente não se via, Marj?
— Se Deus existisse, nunca mais te veria, e você queimaria no inferno. — Marjori respondeu, ajeitando-se para o confronto. — Mas, de qualquer forma, aqui estamos nós, sozinhas.
— Parem com o teatrinho. — Eloah zombou, rindo de forma debochada. — Eu sei que os outros estão aqui também. Revelem-se, meus irmãos. Não vão dar um "oi" para a mana?
Das sombras, surgiram Valentina, Lapam, Melissa e Taiko. Seus olhares carregavam ódio, medo, tristeza e raiva, respectivamente.
— Olha só, que fofinho. Todos contra a malvada Eloah. — Em um movimento rápido, ela sacou o canivete que era do pai. — Eu só quero matar a Marjori, o resto pode ficar tranquilo.
— Por que você quer matar ela? — Perguntou Melissa, os olhos lacrimejando. Ela estava sem saber o que pensar, sentindo que tudo estava prestes a desmoronar.
— Não vamos conversar com ela. — Marjori se colocou à frente de Melissa, protegendo-a. — Taiko. Lapam. Agora.
Os dois atacaram com ferocidade. Taiko foi para a parte inferior do corpo de Eloah, tentando derrubá-la, enquanto Lapam visava seus braços. Mas Eloah se esquivou com facilidade, movendo-se rápido e certeira, sem nem precisar golpeá-los. De repente, Marjori agarrou o braço de Valentina e a jogou em cima de Eloah, pegando-as de surpresa.
A colisão foi brutal. Valentina, instintivamente, cravou a faca, que estava escondida para o ataque final, entre as costelas de Eloah. A moça gemia de dor, mas, com uma agilidade impressionante, se virou para proteger Valentina de um golpe vindo pelas costas de Marjori.
Taiko, Lapam e Melissa ficaram perplexos, sem saber o que estava acontecendo.
Marjori, com um sorriso de desprezo, arrancou o bisturi das costas de Eloah, que se curvou ainda protegendo Valentina, tossindo sangue.
— Você sempre me atrapalhando, não é? — Marjori riu, sem qualquer vestígio de compaixão. — Eu realmente esperava que você tivesse esfaqueado a Valentina, mas, claro, você nunca consegue fazer nada direito. Sempre atrapalha os meus planos e fica tentando proteger todo mundo.
Eloah, agora em um estado crítico, olhou com raiva. Sua visão estava turva, mas ela tentava se manter em pé, agradecendo a ajuda de Valentina e Melissa.
— Eu fiz o que tinha que ser feito. — Eloah se forçou a falar. — Eu matei o Chico, sim. E o Erik também.
— O quê? — Lapam perguntou, não entendendo o que estava acontecendo. — Você matou o Erik? O Chico? Por quê?
— Cala a boca, seu merda. — Devolveu a moça, se desfazendo de todas as máscaras. — Como eu odeio cada um de vocês. Era tão bom quando era só eu e o Erik.
— Finalmente o diabo mostrou os chifres e os cascos. — Debochou Eloah, sendo apoiada por Valentina.
— Olha quem fala. — Marjori zombou. — Você matou o Chico só para conseguir voltar.
Eloah, ofegante, encarou Marjori.
— Eu não nego. — Começou Eloah, sentindo seu fim chegar. — Eu meio que matei o Erik, mas ele estava usando drogas cada vez mais pesadas e começando a pensar em assassinato. Isso ferraria com nossa vida. Então fiz o que nasci para fazer: proteger vocês de vocês mesmos.
— Mas você matou o Chico. — Afirmou Lapam, sentindo as pernas bambas. — Como isso é nos proteger?
— Foi um mal necessário. Ele estava pensando em suicídio. Saber que, na vida passada, ele era um pedófilo mexeu com a cabeça dele. — Respondeu a moça, se sentindo suja e culpada. — Eu precisava voltar para contar a verdade de quem, de fato, matou o Erik. Não fui eu, e sim a Marjori. Ela me disse que tinha combinado com vocês. Quando chegou a reunião, eu fiz o que tinha que ser feito.
— Vocês são tão burros. — Comentou Marjori com desdém. — Nem todos. O Jão era muito inteligente. Foi por isso que tive que dar um fim nele primeiro.
— Foi você que matou o Jão? — Perguntou Melissa, desacreditada, com lágrimas correndo pelo rosto. — Mas...?
Valentina se colocou na frente do grupo, a cabeça fervilhando.
— Não é possível. A Marjori disse que você estava com esse plano, por isso fizemos a reunião para deter você. Mas, quando chegamos lá, você já tinha matado ele. — Completou Valentina. — E depois, juntos, te banimos para o fundo do inconsciente.
— Bem, isso era o que a Marjori fez vocês acreditarem. — Eloah começava a ouvir tudo muito longe e abafado. — Ela tinha tudo planejado: o uso das drogas, o meu banimento, a morte de cada um e a cirurgia de amanhã.
— Cirurgia? O que você quer dizer? — Perguntou Taiko, recuperando a voz. — Que se foda! Quem de vocês matou a Natam?
— Eu quero dizer que...
Antes que ela pudesse dizer algo mais, Marjori saltou sobre Eloah, acertando um golpe na garganta, surpreendendo a todos. Valentina puxou-a de Eloah, mas Marjori aproveitou o descuido e golpeou com o bisturi bem abaixo do coração, fazendo Valentina cair.
— NÃO! — Gritou Melissa, mais uma vez, com os olhos inchados de tanto chorar.
— Quem você acha que teria o prazer de matar aquela desgraçada? — Comemorou Marjori, rindo. — Fui eu. — Exultou-se. — Foi eu que matei aquela puta. Você se lembra que ela batia em mim até eu dar lugar para você ou para Valentina, mesmo sendo o meu dia?
Ela apontou o dedo para Valentina caída no chão. — Vocês dois sempre quiseram mais tempo. Eu estava aqui antes de tudo isso.
— Quem estava lá quando a mãe batia na gente bêbada ou quando ela vestia roupa de bailarina no Erik e o fazia agir como menina? Quem estava lá quando o pai chegava para o culto? Quem estava lá para ajudar o Erikzinho a passar na prova ou sentir dor quando ele caía de algum lugar? Era eu, e sempre foi eu, até vocês surgirem.
Marjori suspirou, como se se aliviasse ao tirar um peso de seus ombros.
— O Erik só voltava quando estava tudo bem e ficava até fazer uma merda. Depois passava para mim. Sempre fui eu que encarei as consequências. — Ela olhou demoradamente para os outros. Eloah estava morta, e Valentina, nas últimas. — Se quiserem continuar vivos, fiquem no banco de passageiros, pois agora só eu vou controlar esse corpo. Eu sofri, então mereço.
Taiko cerrou os punhos, pegou o canivete de Eloah e o apontou para frente.
— Eu sei que você sofreu, mas não tinha o direito de matar a Natália. Eu a amava, e você sabia disso.
— Amava nada. — Devolveu Marjori, rindo. — Você só queria se divertir, e se divertia muito mais chupando rola do que com ela. Pare de falar besteira, seu viadinho.
— Como você conseguiu atraí-la? — Perguntou Taiko, preparando-se para o ataque. — Como ela não percebeu que era você? Ela sabia nos diferenciar.
— Foi bem fácil, na verdade. — Devolveu Marjori, triunfante. — Eu só perguntei se ela queria se vingar de você, e ela quis. Quando ela estava me chupando, eu ataquei. Foi tão bom que gozei enquanto ela entendia o que acontecia.
O moço trincou os dentes de raiva e perdeu a consciência, correndo na direção dela com o canivete em riste. Marjori já esperava por isso. Com uma finta, acertou um chute no estômago do rapaz e cravou o bisturi em sua jugular.
Sangue jorrou por todos os lados.
— NÃO! — Gritou Melissa. — TAI!
— Bom, só faltam dois. — Comentou Marjori, tirando o bisturi do corpo morto de Taiko. — Quem será o próximo? — Ela apontou o bisturi para Melissa e depois para Lapam. — Minha oferta ainda está de pé.
Lapam olhou para os corpos dos irmãos mortos e sentiu tanta dor que não sabia o que dizer. Ele olhou para Melissa, que chorava descontroladamente sobre os corpos de Eloah e Valentina.
— Desculpa, Lissa. — Sussurrou e desapareceu para dentro de sua própria mente.
— Pam? — Melissa começou a chorar ainda mais, soluçando. — Alguém me ajude, por favor!
— Não tem mais ninguém, Lissa, mas eu vou acabar com tudo. — Marjori se aproximou, tirando o cabelo do rosto da menina. — Amanhã, nesse horário, estarei com o corpo de acordo com a minha mente. Nossa mãe ficaria feliz, finalmente teria uma menina.
Ela sorriu para Melissa quase como se tivesse pena.
— Você sempre foi a mais fraca de nós. — Comentou, esticando o braço. — Agora só rel...
Marjori parou ao sentir algo segurar seu braço. Quando olhou, viu que era Valentina. Usando suas últimas forças, ela conseguiu interromper o ataque.
— Faça por nós, Lissa. — Valentina sussurrou, ofegante.
Melissa olhou para o chão, vendo o canivete do pai. Em um movimento rápido, pegou-o e, antes que Marjori pudesse reagir, cravou a arma no coração dela.
Marjori ofegou, arregalando os olhos enquanto tentava alcançar Melissa com a mão livre, mas não conseguiu. Seu corpo caiu pesadamente no chão, e a sala mergulhou em um silêncio macabro.
Melissa, com lágrimas ainda escorrendo, sentou-se no chão ao lado dos corpos de seus irmãos. Um sentimento esmagador de desamparo tomou conta dela. Restava apenas o vazio.
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