Um Lugar para Chamar de Seu

Kara observava Lena, sentindo o coração disparar no peito. As palavras da namorada ecoavam em sua mente: "Todas as suas respostas estão ali. Vá em frente."Por um momento, ela hesitou, ainda sem entender completamente o que estava acontecendo. Mas a curiosidade e a confiança em Lena a impulsionaram a dar o próximo passo.

Ela se aproximou da porta da casa, sentindo a textura suave e resistente da madeira sob seus dedos quando tocou a maçaneta. A madeira era de uma árvore local, especialmente selecionada pelos marceneiros da colônia. Embora rústica, a porta exalava um calor que lhe era desconhecido. Era um calor de algo que ela nunca teve: um lar.

Ao abrir a porta, Kara foi envolvida por um aroma aconchegante de madeira recém-trabalhada, misturado ao leve perfume das flores silvestres que decoravam a entrada. A primeira coisa que seus olhos captaram foi a simplicidade e o cuidado com que cada detalhe da casa havia sido planejado. Ela deu um passo à frente, e a porta se fechou suavemente atrás dela, isolando o mundo exterior.

O chão era feito de tábuas de madeira polida, fortes e seguras, com um tapete artesanal, trançado à mão, decorando o centro da sala de estar. O sofá, também feito de madeira, era coberto por almofadas macias, recheadas com folhas e musgos locais, revestidas em um tecido resistente, tingido de cores terrosas. Ao lado do sofá, uma pequena mesa de centro exibia uma caneca de barro, ainda com vestígios do café que alguém havia tomado recentemente, talvez Lena, enquanto esperava por Kara.

Kara caminhou lentamente pela sala, cada passo ecoando suavemente na madeira abaixo de seus pés. Ao olhar em volta, notou as estantes de livros que estavam sendo preenchidas, ainda escassas, mas com promessas de histórias e conhecimentos para o futuro. Havia uma lareira, feita com pedras cuidadosamente empilhadas e unidas com barro. Não era apenas funcional, mas também simbolizava a união e o calor que aquele lugar oferecia.

Na parede oposta, um grande mapa da região ao redor da colônia estava pendurado. A superfície do mapa era irregular, com marcas e anotações que Kara reconhecia como sendo suas. Um detalhe que a fez sorrir, mostrando que a casa era dela em cada canto, em cada detalhe. O mapa era um reflexo de suas explorações, de seu trabalho, de sua dedicação.

Ao seguir para a cozinha, Kara ficou impressionada com a engenhosidade dos colonos. Havia prateleiras e armários feitos de madeira, e os utensílios de cozinha eram feitos de metal, forjados pelos ferreiros da colônia. O fogão era uma criação engenhosa de Lena e sua equipe, usando os recursos naturais para gerar calor de maneira eficiente. Uma pequena janela acima da pia permitia que a luz do sol entrasse, iluminando as superfícies de pedra e metal, e oferecendo uma vista deslumbrante da paisagem exterior.

Cada móvel, cada objeto parecia ter sido cuidadosamente feito à mão, pensado para aquele espaço. Era uma mistura de simplicidade e funcionalidade, mas com um toque de carinho em cada detalhe. Havia ainda uma pequena mesa de jantar, com cadeiras rústicas, dispostas ao lado de uma parede decorada com desenhos feitos pelas crianças da colônia – um presente para Kara, que sempre tinha tempo para elas, mesmo em meio às suas responsabilidades.

Kara passou a mão suavemente sobre a superfície da mesa, sentindo a textura das imperfeições naturais da madeira. Ela continuou seu passeio pela casa, passando por um pequeno corredor que levava aos quartos. O maior deles, evidentemente, seria o seu. As janelas eram amplas, permitindo que a luz natural inundasse o ambiente, e as cortinas feitas de um tecido leve balançavam suavemente com a brisa que entrava.

A cama era grande, feita do mesmo tipo de madeira que o resto da casa, com uma colcha trançada com fibras naturais. Ao lado da cama, uma mesinha de cabeceira simples, mas bem trabalhada, segurava uma pequena lanterna a óleo e um caderno com algumas anotações de Kara. Era como se cada centímetro daquela casa tivesse sido projetado pensando nela.

Ao retornar para a sala, Kara notou algo que não tinha visto antes. Em cima da mesa de centro, havia um envelope cuidadosamente colocado, com seu nome escrito à mão na frente. O coração de Kara deu um salto, e ela se aproximou, sentando-se no sofá.

Com mãos trêmulas, ela pegou o envelope e o abriu. Lá dentro, havia uma carta de Lena. Ela reconheceu a letra delicada e elegante, e antes de ler, levou o papel ao nariz, inalando um leve perfume que lhe trouxe imediatamente a lembrança de Lena.

Ela se ajeitou no sofá, fechou os olhos por um momento, tentando conter a onda de emoção que ameaçava transbordar. Em seguida, abriu a carta e começou a ler.

"Querida Kara,

Em meio a toda essa construção, ao som dos martelos e ao cheiro da madeira recém-cortada, minha mente sempre volta a você. Cada tábua que colocamos, cada detalhe que ajustamos, é feito com tanto amor e cuidado, porque sei que, quando você finalmente voltar, este lugar será seu lar."

À medida que os olhos de Kara percorriam as palavras, ela sentia seu coração se apertar com uma mistura de emoções. Cada frase de Lena parecia envolvê-la em um abraço invisível, um lembrete de que, apesar de todas as batalhas e desafios, ela tinha alguém que a amava profundamente, que se importava com ela em um nível que Kara nunca havia experimentado antes.

"Queria que você soubesse o quanto é admirada por todos aqui. Não é apenas a líder da defesa externa ou a exploradora destemida que inspira a todos, mas também a pessoa resiliente e forte que você é, sempre se preocupando com o bem-estar de cada um de nós. Os colonos estão construindo esta casa com tanto zelo porque veem em você um símbolo de esperança e proteção, alguém que, mesmo em tempos difíceis, nunca desiste."

Kara parou por um momento, a visão embaçada pelas lágrimas que começavam a se formar em seus olhos. Ela nunca havia pensado em si mesma dessa forma. Para ela, suas ações eram simplesmente o que devia fazer — proteger, cuidar, garantir a segurança de todos. Nunca tinha parado para considerar o impacto que tinha sobre as pessoas ao seu redor. Ela sabia que era respeitada, mas ler aquelas palavras de Lena, sentir a profundidade do que ela representava para os colonos, a tocou profundamente.

Ela voltou a lembrar-se do Coronel, o homem que foi sua figura paterna após a morte de sua mãe. Ele a havia treinado, moldado sua força e determinação, e, por muito tempo, ele fora sua única família. Mas agora, lendo as palavras de Lena, Kara percebeu algo que a fez tremer de emoção: ela tinha outra família. Lena era sua família. Os colonos, que trabalharam incansavelmente para construir aquela casa, também eram sua família.

As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Kara enquanto ela continuava a ler.

"Esta casa será um refúgio para você depois de dias longos e desafiadores. Eu quis que cada canto, cada detalhe, refletisse o que você representa: segurança, amor, e um futuro brilhante. Este jardim, que ainda é apenas um esboço, será um lugar onde você poderá descansar e encontrar paz. Plantarei flores que sei que você vai adorar, aquelas que trazem cor e vida ao lugar, assim como você faz por todos nós."

Kara sentiu uma onda de calor e gratidão inundá-la. Lena não estava apenas falando de uma casa; ela estava falando de um lar. Um lugar onde Kara poderia finalmente descansar, deixar suas preocupações de lado e simplesmente ser. Cada palavra parecia estar impregnada de um amor profundo, e Kara sentiu-se ainda mais conectada a Lena, compreendendo o quanto aquela mulher era parte essencial de sua vida.

"Espero que, quando você abrir esta porta pela primeira vez, sinta todo o carinho que foi colocado em cada parte desta construção. Esta não é apenas uma casa, é o lugar onde espero que possa construir suas memórias, onde possa sonhar e planejar o futuro.

Com todo o meu amor e saudade,

Lena."

Quando terminou de ler, Kara segurou a carta junto ao peito, fechando os olhos enquanto as lágrimas escorriam livremente pelo seu rosto. Aquela carta não era apenas um presente; era um testemunho do amor inabalável que Lena sentia por ela, um amor que transcendia palavras e ações. Era um lembrete de que, apesar de todos os desafios e perigos que enfrentavam naquele novo mundo, ela não estava sozinha.

Kara olhou ao redor da sala, agora com uma nova percepção. Cada tábua, cada móvel, cada detalhe feito à mão era uma extensão do amor e do carinho dos colonos e, especialmente, de Lena. Ela se deu conta de que essa casa não era apenas um abrigo físico, mas um símbolo de tudo o que havia construído junto com aqueles que amava. Uma nova vida, um novo começo.

Com a carta ainda pressionada contra o peito, Kara deixou que as lágrimas continuassem a cair. Não eram lágrimas de tristeza, mas de uma alegria tão intensa que ela mal podia conter. Pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu verdadeiramente em casa, envolvida por amor, segurança e um futuro promissor.

Ela sabia que, a partir daquele momento, aquele lugar seria um refúgio para ela, um lugar onde poderia descansar, amar, e, acima de tudo, ser feliz. Um lar.

Kara ficou sentada no sofá por mais alguns minutos absorvendo o peso das palavras de Lena, sentindo cada frase ecoar em seu coração. Ela respirou fundo, tentando se recompor, mas a emoção ainda transbordava, aquecendo-a de dentro para fora. Quando sentiu que estava pronta, ela se levantou, dobrando a carta com cuidado e a colocando sobre a mesa. Com um último olhar ao redor, dirigiu-se à porta, sabendo que Lena estava esperando do lado de fora.

Ao abrir a porta, a brisa suave da noite a envolveu carregando consigo o cheiro terroso da floresta ao redor. Os colonos já haviam se dispersado, respeitando o espaço que sabiam que Kara precisaria para explorar sua nova casa. Lena. No entanto, estava ali, parada na varanda, com o olhar fixo na casa, como se estivesse esperando por um sinal de Kara.

Kara se aproximou, o som dos seus passos fazendo com que Lena erguesse a cabeça. Quando seus olhares se encontraram, Kara sentiu uma onda de gratidão e amor que mal podia conter. Sem hesitar, ela estendeu a mão, chamando Lena para mais perto.

"Vem cá" disse Kara, sua voz carregada de ternura. Lena não hesitou, caminhando em direção a ela, seus olhos fixos no de Kara. Assim que Lena estava perto o suficiente, Kara a envolveu em um abraço apertado, sentindo o calor do corpo  dela contra o seu, e tudo pareceu se encaixar naquele momento . "Obrigada Lena," murmurou Kara contra os cabelos de Lena. "Obrigada por fazer parte da minha vida."

Lena sorriu contra o peito de Kara, sentindo o coração dela bater forte. "Eu não poderia estar em outro lugar," respondeu Lena suavemente, afastando-se apenas o suficiente para olhar para Kara, seus olhos brilhando a luz do pôr do Sol. "O que você achou da casa? É como você imaginava?"

Kara deu um passo para trás, ainda segurando a mão de Lena, seus dedos entrelaçados com o dela. "A casa é linda, Lena. Cada detalhe... Combina comigo de um jeito que eu nem sabia que precisava," disse Kara, seu olhar se suavizando. Mas então, seu sorriso se alargou, e ela continuou, "Mas... Ainda falta uma coisa para ficar completa."

Lena franziu a testa, um traço de preocupação surgindo em seus olhos. "Falta? Mas eu pensei que... fizemos tudo para que fosse perfeita," respondeu, confusa, tentando entender o que poderia estar errado.

Kara riu suavemente, apertando a mão de Lena de forma reconfortante. "Você fez tudo certo, Lena. A única coisa que falta... é você," disse Kara, sua voz cheia de sinceridade. Ela puxou Lena mais para perto, segurando seu rosto com as duas mãos. "Eu não quero que essa casa seja apenas minha. Eu quero que seja nossa. Lena, você... Você é tudo o que eu preciso. Quero que fique, comigo, aqui, para sempre."

Lena ficou em silêncio por um momento, as palavras de Kara ecoando em sua mente. Quando finalmente entendeu o que Kara estava dizendo, seu olhos se encheram de lágrimas, mas de pura felicidade. "Você não sabe o quanto eu queria ouvir isso," sussurro Lena, seu sorriso irradiando alegria. Ela então se inclinou e beijou Kara, um beijo suave, mas carregado de todas as emoções que ela estava sentindo. "Sim, Kara. Eu quero estar com você. Quero construir uma vida ao seu lado."

Aquele momento era tudo para Kara. Com o sol se pondo, tingindo o céu de tons de laranja e rosa, elas pareciam estar em seu próprio mundo, onde nada mais importava. Kara sentiu seu coração transbordar de amor e felicidade, sabendo que, pela primeira vez em muito tempo, ela tinha encontrado um lar verdadeiro, não apenas em um lugar, mas em uma pessoa.

Elas se beijaram novamente, um beijo mais intenso, cheio de paixão e desejo. Kara não conseguia esperar mais; ela precisava sentir Lena, precisava sentir o calor, a suavidade dos lábios de dela, o jeito como ela se encaixava perfeitamente em seus braços. Ainda beijando Lena, Kara a guiou para dentro da casa, a porta se fechando atrás delas, isolando-as do resto do mundo.

O caminho até o quarto foi uma mistura de toques e suspiros. Kara sentia a pele macia de Lena sob seus dedos, cada centímetro dela respondendo ao toque de Kara com uma urgência contida. Elas se moviam lentamente, como se quisessem saborear cada segundo, cada momento. O quarto era simples, mas perfeito, com uma cama de madeira feita a mão, coberta por tecidos macios e aconchegantes.

Kara olhou para Lena, a respiração acelerada, e a viu sorrir antes de tomar a iniciativa. Lena começou a desabotoar a camisa de Kara, seus dedos se movendo com precisão, enquanto os olhos de Kara brilhavam com antecipação. A cada peça de roupa que caia no chão, o desejo entre elas aumentava, e quando finalmente estavam livres de todas as barreiras, Kara a puxou para a cama.

Os lençóis macios roçavam contra a pele de Kara, mas nada se comparava a sensação de Lena contra ela, a forma como seus corpos se moldavam um ao outro, como se tivessem sido feitos para isso. Os beijos se tornaram mais intensos, as mãos de Kara explorando cada curva do corpo de Lena, enquanto Lena fazia o mesmo, mapeando cada detalhe de Kara com uma devoção quase reverente.

O quarto se encheu de sussurros e gemidos, o som de corpos se movendo em prefeita harmonia. O calor de seus corpos, o toque suave das mãos de Lena em sua pele, o gosto dos lábios dela, tudo se combinava em uma sinfonia de sensações que fez Kara se perder completamente no momento.

Kara sentia que nunca tinha experimentando algo tão intenso antes. Lena era seu tudo, e naquele momento, ela eram uma só, unidas por um amor que transcenda tudo. As mãos de Kara deslizaram pelo corpo de Lena, cada toque enviando ondas de prazer por ela, até que finalmente se perderam juntas, envoltas no calor e na intimidade do momento.

Quando o silêncio voltou a dominar o quarto, elas permaneceram juntas, seus corpos entrelaçados, a respiração gradualmente se acalmando. Kara beijou suavemente a testa de Lena, sentindo o cheiro doce e familiar dela, e sussurrou, "Eu te amo, Lena. Obrigada por ser minha família, meu lar."

Lena sorriu, seus olhos ainda brilhando de emoção, e respondeu, " Eu sempre estarei ao seu lado, Kara. Sempre."

E ali, com o sol já se pondo completamente e a casa envolta na penumbra suave da noite, Kara soube que aquele era apenas o começo de um novo capítulo em suas vidas, um capítulo cheio de amor, esperança e um futuro brilhante ao lado da mulher que amava.

Continua...

A autora não escreve hot, mas eu quis trazer um pouco mais de intimidade entre Kara e Lena

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