O Festival
A alvorada trouxe com ela o frescor da manhã e a promessa de um dia cheio de alegria. O festival da Colônia Nova Aurora estava para começar, e o entusiasmo era palpável no ar. Cada colono acordou cedo, preparando-se para o grande evento que celebraria a primeira colheita e todas as conquistas alcançadas ao longo dos anos. Os sons das conversas animadas, dos preparativos e do farfalhar das folhas sob a brisa suave do Cretáceo enchiam a manhã com uma energia vibrante.
Lena e Kara foram despertadas pelo calor suave do sol que penetrava pelas frestas das janelas de sua nova casa. Elas se entreolharam e sorriram, saboreando a intimidade daquele momento tranquilo antes do início das festividades. Lena sentiu-se particularmente animada, não apenas por ver a colônia prosperar, mas também por poder compartilhar esse momento de felicidade com Kara e os outros colonos.
Enquanto se vestiam, Lena já podia sentir o aroma doce das frutas que logo seriam utilizadas na competição de receitas. "Será que Dona Lilian vai ganhar o concurso com suas delícias?" Lena brincou, sorrindo para Kara enquanto prendia o cabelo em um coque.
Kara sorriu de volta, ajustando sua roupa. "Se ela fizer algo com jabuticaba, acho que não tem como alguém superar", respondeu com um tom de quem já antecipava o sabor único da fruta misturada à criatividade culinária de sua sogra. Lena riu e lhe deu um leve beijo no rosto, sentindo o frescor da manhã em seus lábios.
Os Preparativos e a Expectativa
Pela colônia, os preparativos já estavam a todo vapor. Dona Lilian, vestindo seu avental azul favorito, estava concentrada na cozinha, preparando sua receita de sobremesa com jabuticaba e um salgado feito com batata e trigo. A jabuticaba, colhida fresca dos pés cultivados com tanto cuidado por Carlos, Lionel e os outros colonos da área de cultivo estava no ponto perfeito, com uma doçura que prometia surpreender os jurados.
Ela olhou ao redor da cozinha improvisada, onde os outros concorrentes também estavam ocupados com suas próprias criações. Havia quem estivesse preparando tortas de goiaba, bolos de laranja, compotas de mexerica, e pães feitos com trigo da colônia. A diversidade de receitas refletia a riqueza da colheita e a habilidade dos colonos em transformar os frutos do trabalho árduo em verdadeiras obras-primas culinárias.
Lena e Kara, ao saírem de casa, passaram pelos tecelões que estavam exibindo suas peças feitas de algodão e linho. As mãos habilidosas haviam tecido roupas, mantas e até brinquedos, cada peça carregando o amor e a dedicação de quem as fez. Os tecidos eram suaves ao toque, uma combinação de fibras naturais que cresceram fortes sob o sol do Cretáceo.
Do outro lado, os carpinteiros e ferreiros mostravam seus trabalhos. Kara observou com admiração as mesas, cadeiras e utensílios de madeira, todos esculpidos com precisão e habilidade. As peças de metal, como panelas e ferramentas, brilhavam sob a luz do sol, fruto do trabalho árduo e da engenhosidade daqueles que, com poucos recursos, conseguiram criar algo tão necessário para a colônia.
"É incrível como conseguimos tanto com tão pouco," comentou Lena, pegando a mão de Kara enquanto caminhavam entre as barracas. "Isso tudo... é mais do que eu poderia imaginar quando chegamos aqui."
Kara sorriu, apertando suavemente a mão de Lena. "Sim, e ainda há tanto mais por vir. Mas hoje, vamos celebrar o que já conquistamos."
A Competição de Receitas
Com o passar da manhã, o aroma das receitas sendo preparadas começou a se espalhar pelo ar, envolvendo a colônia em uma fragrância tentadora que misturava doces e salgados, frutas frescas e especiarias. As barracas de madeira, decoradas com flores e folhas das árvores ao redor, estavam prontas para receber as criações dos colonos.
Os jurados, Felicity, Sam, e Eliza, estavam animados para começar as avaliações. Felicity, sempre tão meticulosa, já estava fazendo anotações mentais sobre o que esperava das receitas. Sam, com seu paladar refinado, estava ansiosa para provar cada prato, enquanto Eliza, com seu jeito acolhedor, estava mais interessada na história por trás de cada receita.
As primeiras receitas começaram a ser servidas. Uma torta de goiaba, com uma crosta dourada e recheio suculento, fez os jurados fecharem os olhos ao saborear a combinação perfeita de doce e ácido. "A massa está perfeita", comentou Sam, enquanto Felicity anotava algo em seu caderno. Eliza sorriu para o colono que preparou o prato, encorajando-o com um elogio sincero.
Em seguida, uma compota de mexerica foi servida, acompanhada por um pão fresco feito com trigo recém-colhido. "O contraste entre o doce da compota e a textura macia do pão é delicioso", observou Eliza, provando mais um pedaço.
Então, chegou a vez de Dona Lilian. Ela apresentou sua sobremesa de jabuticaba com um orgulho discreto, sabendo que havia dado o seu melhor. Os jurados pegaram as pequenas colheres e provaram a sobremesa, deixando o sabor complexo da jabuticaba se espalhar por seus paladares. O silêncio no momento de degustação dizia tudo; aquele era um prato que tocava o coração, não apenas pelo sabor, mas pelo carinho evidente em cada detalhe da preparação.
"Esta sobremesa... me lembra de casa," disse Felicity, emocionada. "É reconfortante e ao mesmo tempo única." Sam e Eliza concordaram, trocando olhares de aprovação.
O Festival e as Conquistas
Enquanto os jurados continuavam a degustação, Kara e Lena aproveitaram para explorar o festival. Elas riram juntas, experimentando diferentes receitas e conversando com os colonos sobre suas criações. "Isso aqui está perfeito," comentou Lena, provando um pedaço de bolo de laranja. "Nunca pensei que comeríamos tão bem no Cretáceo."
Kara concordou, o gosto cítrico do bolo ainda em sua boca. "Estamos criando algo especial aqui, Lena. Um futuro onde podemos viver e não apenas sobreviver."
Elas visitaram as barracas dos tecelões, admirando o trabalho impecável nas peças de algodão e linho. Kara tocou uma manta macia e sorriu para Lena. "Imagino essa manta na nossa cama, será perfeita para as noites mais frias," comentou.
Lena sorriu e abraçou Kara. "Quem diria que chegaríamos até aqui? Um festival, uma casa, uma vida... É mais do que eu poderia sonhar."
Kara a beijou suavemente. "E ainda temos tanto mais a construir, Lena. Juntas."
O festival prosseguiu com apresentações no palco improvisado. Grupos de colonos cantaram e dançaram, as crianças correram ao redor, rindo e brincando, enquanto as conversas e risadas enchiam o ar. Os enfeites das barracas, feitos com flores e folhas locais, traziam um colorido vibrante ao cenário, misturando-se perfeitamente com a vegetação exuberante ao redor.
A felicidade das crianças e o grande vencedor da competição
Mesmo em um mundo tão diferente e às vezes hostil, a alegria infantil era essencial. Os artesãos da colônia começaram a esculpir brinquedos de madeira para as crianças, utilizando as habilidades dos carpinteiros e a criatividade coletiva. Dinossauros de várias formas e tamanhos foram criados, com detalhes primorosamente entalhados que encantavam os pequenos. Também foram feitos carros de madeira, com rodas que giravam de verdade, e casinhas detalhadas que as crianças usavam para brincar de faz-de-conta.
O sol já havia se posto, mas a colônia estava mais viva do que nunca. As barracas que haviam sido montadas para a feira estavam iluminadas por tochas, e as famílias se reuniam em torno dos diversos stands. Um dos locais mais animados era a barraca dos brinquedos, onde os carpinteiros, ferreiros e a tecelã local distribuíam suas criações às crianças.
A barraca estava repleta de brinquedos feitos com carinho. Havia cavalinhos de pau esculpidos em madeira, ioiôs de metal brilhante, piões de diversas cores e tamanhos, além das bonecas de pano feitas pela tecelã, que eram o maior sucesso entre as crianças. As bonequinhas e bonequinhos de algodão e linho, com cabelos de lã e vestidinhos coloridos, estavam sendo distribuídos com amor pela tecelã, que sorria ao ver a alegria nos rostos dos pequenos.
Uma garotinha de cabelos cacheados e olhos brilhantes segurou uma boneca com força, como se fosse o maior tesouro do mundo. Ela olhou para a tecelã, com um sorriso largo no rosto. "Obrigada, senhora! Eu vou cuidar muito bem dela, prometo!"
"Fico feliz que tenha gostado, querida. Ela foi feita especialmente para você," respondeu a tecelã, acariciando os cabelos da menina.
Do outro lado da barraca, um grupo de meninos brincava com os cavalinhos de pau, correndo e rindo, como se fossem cavaleiros de um reino distante. "Olha só, meu cavalo é o mais rápido!" exclamou um dos meninos, cheio de orgulho, enquanto galopava ao redor da barraca.
Os carpinteiros e ferreiros observavam a cena com sorrisos satisfeitos. "É bom ver que nosso trabalho traz tanta alegria," comentou um dos carpinteiros para seu colega, que assentiu com a cabeça.
A cada brinquedo novo, os olhos das crianças brilhavam com excitação, e as risadas ecoavam pelo campo de cultivo. Esses brinquedos não eram apenas distrações, mas símbolos de normalidade e esperança em um mundo que ainda estava sendo moldado. As crianças, embora jovens, entendiam que cada brinquedo era um presente precioso, feito com carinho e dedicação pelos adultos da colônia. Ver suas crianças felizes enchia os corações dos colonos de alegria e dava-lhes forças para continuar lutando por uma vida melhor.
Enquanto as crianças se divertiam com seus novos brinquedos, uma aglomeração começava a se formar ao redor das barracas de competição de receitas. Onde estava prestes a falar a vencedora da competição do dia.
No final, a grande vencedora da competição foi Dona Lilian. Seu prato, uma combinação de sabores que encantou a todos, foi ovacionado pelos colonos. Sem que ninguém soubesse, nem mesmo Lena ou Alex, Kara havia planejado uma surpresa especial para marcar essa vitória. Ela havia pedido a um dos ferreiros para criar um troféu único, que refletisse o espírito da competição.
O troféu era uma pequena escultura de um ramo de frutas e vegetais, simbolizando a colheita e o esforço coletivo dos colonos. Feito de metal reluzente, ele era detalhado com folhas e frutos, representando as várias culturas que agora alimentavam a colônia.
Kara segurava o troféu, uma peça robusta esculpida em madeira e adornada com detalhes de metal, forjados pelos ferreiros da colônia. O troféu era mais do que um simples prêmio, era um símbolo de resiliência, habilidade e espírito comunitário.
Kara sorriu ao ver Lilian se aproximar, com um olhar orgulhoso e sereno. "Lilian, é com grande honra que eu te entrego este troféu," começou Kara, sua voz carregada de emoção. "Este troféu representa muito mais do que a vitória em uma competição. Ele simboliza a força, a dedicação e o compromisso com esta colônia. Todos nós sabemos o quanto você contribui para o bem-estar de todos aqui, e este prêmio é apenas um pequeno reconhecimento de tudo o que você faz."
Lilian, visivelmente emocionada, aceitou o troféu com um sorriso caloroso. "Obrigada, Kara. Isso significa muito para mim. Mas eu não estaria aqui sem o apoio de todos vocês. Este troféu é um símbolo do que todos nós construímos juntos. Obrigada por fazer parte da minha família, e da nossa família aqui na colônia."
A multidão aplaudiu enquanto Lilian levantava o troféu acima da cabeça, e os olhos de Kara se encheram de orgulho. Ela sabia que, mais do que qualquer vitória, o verdadeiro prêmio era o laço que unia todos ali - um laço forjado na adversidade, mas que só se fortalecia a cada dia.
Esses momentos, de simplicidade e alegria, foram fundamentais para manter o espírito da colônia elevado. O esforço de cada um, seja na construção dos brinquedos, na colheita, ou na competição culinária, mostrava que, mesmo em um lugar tão distante e diferente, a humanidade ainda florescia. Kara e Lena, ao verem tudo isso, sentiram-se profundamente gratas por fazerem parte de algo tão especial.
O dia seguiu para a noite, com as estrelas surgindo no céu limpo, brilhando como joias sobre a colônia. O Cretáceo, apesar de ser um tempo e lugar diferente, parecia em perfeita harmonia com a celebração. Havia um senso de paz, de comunidade, que unia a todos ali. As conquistas não eram apenas materiais, mas emocionais e espirituais. Era um momento de alegria compartilhada, de sonhos realizados e de novos sonhos a serem sonhados.
Continua...
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