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~ Pequena missão ~

Maratona: 1/3

Quando uma personalidade se altera, é comum que aja mudança em seu estilo, especialmente visual. Como no filme fragmentado, um clássico de suspense que ela e sua irmã amavam.

Quando saiu do fundamental, Moon decidiu deixar de usar rosa. Ela queria ser diferente das outras garotas, besteira ela pensa quando adulta, mas naquela fase, a garota só queria se adequar ao que o mundo pedia. Roupas menores, mais chamativas, menos florais.

Ela então passou a usar roupas pretas. Mas tanto ela quanto Sun, acabaram por odiar aquilo meses depois.

A Han então passou a usar calças jeans e camisas leves, uma mudança mais fácil de visualizar. Embora ainda usasse vestidos curtos em eventos especiais e seus vestidos florais durante o verão coreano.

Outra mudança que veio com a ideia, experiência e é claro traumas, foi em sua personalidade. Moon era claramente popular, mas não por ser divertida como Sun, e sim por estar em todos os esportes possíveis, as duas tinham grandes grupos de amigos, sempre rodeadas de pessoas, rindo, indo a encontros e marcando cinema.

Quando Sun se foi, Moon achou, por meses, que nunca mais conseguiria ser sociável na vida, suas roupas perderam a cor, passou a usar apenas botas e tênis, suspeitando que o pessoal do residencial verde nunca tivessem a visto de vestido. Ela também perdeu todo seu ânimo, não aceitava sair, odiava lidar com seres humanos e suas curiosidade, queria apenas silêncio e paz, se forçando a gastar toda a energia de seu corpo durante o dia, para apenas deitar na cama e dormir.

Toda sua história e sentimentos durante aquele apocalipse foi uma verdadeira surpresa. Ela havia feito amigos, pessoas que aprenderam a lidar com sua personalidade quebrada, escutavam seus surtos de estresse, seguravam sua mão em meio ao caos, se colocavam a sua frente no meio de batalhas. Pessoas que ela aprendeu a amar e cuidar, a sua maneira.

Fragmentos do que ela era naquele momento.

Apenas uma humana abraçada a Chan-yeong, esperando que Hyun-su e Sun voltassem de sua missão. Aceitando que o amigo brincasse com seu cabelo, enquanto falava com Lee Eun Yu, sobre um assunto que a Han não queria se aprofundar, fechando os olhos e apertando os braços ao redor da cintura, de quem ela considerava o irmão que nunca teve.

O cabo que antes era apenas um desconhecido, mas que tirava tempo para cuidar dela e da Lee, que se preocupava com Young-su e o restante dos sobreviventes. Dono de um dos corações mais bondosos e gentis que já viu.

Eles estavam apenas a espera...

Moon quase cochilava, sentada no chão, sua cabeça no ombro do amigo, que tentava convencer a Lee a esperar. Ela demorou a entender o que acontecia, deixando que o Park quase carregasse seu corpo sonolento para trás do trailer, seus olhos se ergueram ao identificar sons monstruosos por perto, vendo Eun Yu colocar o dedo em frente a boca, pedindo por silêncio.

A Han acenou, se forçando a acordar. Esfregando as mãos no rosto, tentando ver com o que lidavam. A criatura era como uma barata enorme, gorda, muito barulhenta, e de mais patas.

Os quatro observaram pela janela do trailer, e ainda ao lado do Park, Moon empurrou a cabeça de Hani para baixo, a impedindo de ser vista pelo monstro.

Em passos leves, os quatro rodaram os veículos, tentando evitar serem vistos ou ouvidos.  A Han segurou sua arma firme, quando um grito alto foi ouvido, diretamente de onde três deles estavam, atraindo a criatura para a cratera.

—— Que caralho —— xingou.

Eles começaram a traçar um plano repentino. Moon deixou sua mochila no banco do carona do carro, pegando tecidos aleatórios para que colocasse fogo, enquanto ouvia barulho de briga vindos da cratera funda.

A Han pensou em se perguntar da onde o Park arrumou uma Granada, sabendo que o Sargento Kim e o Tak o matariam por aquilo.

Ela também foi a primeira dos três a pular, seus cabelos erguendo com a queda, e um frio se instalando em sua barriga. Sun já lutava contra a criatura a sua maneira, ela era rápida, mas não havia uma maneira de matar aquilo com sua rapidez e presas, não conseguia acordar Hyun-su, que continuava tentando salvar Yi-Kiung.

Logo o restante do trio de prata desceu, se juntando as irmãs Han. Moon atirou, atraindo a atenção da coisa, antes de começarem a atacar em conjunto, garrafas de álcool e fogo sendo lançados,  eles atacavam em sincronia, Sun admitiu invejosa.

Porém, ainda eram apenas humanos sem poder suficiente para ganhar aquilo.

—— Não vamos dar conta...

—— Se você está sugerindo deixar eles-

—— Cala a boca —— cortou Moon, lançando mais uma garrafa em direção a criatura —— Claro que estamos pensando em levá-los.

Sun quis rir, tendo uma breve visão de sua irmã se estressando novamente, com em inúmeros treinos, quando acabava tendo que correr várias voltas por falar de mais, agredir um veterano, debater contra um treinador, ou fugir de seu avô.

—— Vamos ganhar tempo —— sugeriu a mais velha.

Mas parecia que aquilo era uma brincadeira de mal gosto. Após alguns poucos minutos, em que Sun tentava atacar a criatura, sendo empurrada para longe, e os três atacavam a distância, uma das cordas deles começou a pegar fogo.

—— Tá de sacanagem J.C —— gritou Moon frustrada.

Chan-yeong parou por um instante, com um olhar que Moon conhecia muito bem. De quem queria salvar a todos. A Han mais nova nem pode protestar, já que o Park encarou Sun e ambos acenaram, amarrando as outras duas e sinalizando para que Hani as puxasse para cima.

Os dois que ficaram trocaram olhares conhecedores. Sun poderia ter ciúmes da relação de sua irmã com o militar, mas se sentia melhor em saber que sua caçula nunca estive totalmente desprotegida.

Já na parte de cima, as duas gritavam os nomes deles, imersas em desespero e pensamentos irritados.

Moon proferindo seu vasto conhecimento de palavrão a cada milésimo de segundo, sem acreditar no que acontecia. Era uma coisa que ela mesma faria, se deixar para trás para salvar Eun Yu ou qualquer um dos que estavam naquele buraco, mas a sensação de ser salva a deixava maluca, odiava sacrifícios, perder pessoas a matava por dentro.

A Han se deixou cair sentada, entre Hani e Eunyu, ambas com as cabeças encostadas em seus ombros, pensativas. Lágrimas irritantes caindo dos olhos das irmãs, que apenas esperavam, cansadas daquela sensação.

Hani colocou a orelha contra o asfalto, enquanto as duas outras se levantavam. Suspiros de alívio saindo quando viram que do outro lado, estavam as pessoas que amavam, em segurança.

Moon desejou um momento de paz.

O universo riu dela.


Perguntinha do capítulo: Sweet Home ou All of us are dead?

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