36

Hoseok 

O tão esperado dia do julgamento havia chegado. 

Eu sentia o suor em minhas mãos e tremia tanto que mal conseguia arrumar minha gravata sem acabar bagunçando todo o nó. Não queria sair de casa, não queria olhar pra ele depois de tudo. Mesmo que muito provavelmente ele fosse acabar preso. 

Suspirei, cansado, quando errei pela terceira vez. Por que ele não podia simplesmente sumir da minha vida? 

— Ei, deixa que eu faço isso pra você — Yoongi me surpreendeu quando começou a dar um nó perfeito em minha gravata — Hoseok, você está muito nervoso.

— Obrigado. Eu nao consigo relaxar. Por mim, não olharia pra ele nunca mais.

Yoongi depositou as mãos em meus ombros e me fez olhar para meu reflexo no espelho. Ele havia passado o dia inteiro comigo, e também ia para o tribunal, bem, comigo.

— Pensa assim, então. Você está indo ajudar em um processo que vai meter ele atrás das grades. Você está super gostoso nesse terno. E você finalmente vai ficar livre dele de uma vez por todas.

— Só pontos positivos, certo? — sorri forçado — Mas e se der tudo errado?

— Aí eu vou estar do seu lado para fazer dar certo.

Okay, aquilo me fez sorrir de verdade. 

Abracei Yoongi de lado, fitando nossa imagem no espelho. Por um momento, foi como se eu pudesse nos ver claramente em um futuro não muito distante. Ainda juntos, estabilizados. Será que nos tornariamos mais um clichê? Bem, aquilo não importava. O que importava era ele estar ali, ao meu lado.

— Pois bem — falei finalmente — Acho que estou pronto.

— Então vamos? Eu acho que sua mãe já está nos esperando. 

Assenti com a cabeça e acompanhei Yoongi para fora do meu quarto. Apesar do nervosismo, e da bagunça que as últimas semanas tinham sido, eu sentia que tudo finalmente estava prestes a se acalmar. Constantemente, eu me pegava olhando para a aliança que ele me dera. E sempre sorria. 

O caminho para o tribunal foi relativamente tranquilo. Por conta dos últimos incidentes, Jisung já estava sob nossa guarda novamente. Não foi um caso negociável, não havia como ele comprar sua guarda daquela vez. Então meu irmão nos acompanhava, no banco de passageiro, e parecia tão nervoso quanto eu mesmo. Minha mãe tinha insistido para que ele não precisasse ir, mas Jisung sabia de algumas coisas que poderiam ser úteis. 

No meio do caminho, Yoongi segurou minha mão e não soltou mais. Aquele era um dos detalhes que eu mais gostava em nós. Nosso segurar de mãos. Nossas alianças combinando. Formando um eclipse. 

•••

— Eu te disse! — Yoongi sorria, sorria muito — Eu te disse que daria tudo certo, amor. 

E quando Yoongi sorria, eu também deixava meus lábios desenharem uma verdadeira expressão de admiração e felicidade. 

Tinha dado certo. Ele foi condenado. Por me mandar para o hospital, por bater em sua nova esposa. Por ser um escroto. Depois de várias horas de julgamento, quase três, ele estava sendo preso.

Yoongi me abraçou, e eu sorri ainda mais contra o tecido de seu paletó. Sem medo. Não havia mais o medo. O medo de ser eu mesmo, de saber que está tudo bem amar. 

Está tudo bem amar.

— Yoongi, sério, obrigado — murmurei contra seu ombro — Por tudo isso.

— Para de ser bobo. Tudo isso valeu a pena.

Respirei fundo. O cheiro dele era tão bom.

— Eu acho que… — o abracei com mais força — Eu acho que amo você.

Por um momento, Yoongi não disse nada. Perguntei-me se não estava indo rápido demais. Mas então ele afagou meus cabelos e deixou um beijinho casto em meu pescoço.

— Eu também te amo. Muito. 

Sorri, mais uma vez, antes de o soltar. Mas minha felicidade não durou muito, pois logo vi meu pai sendo arrastado por uma escolta para fora da sala onde o julgamento tinha acontecido. Ele parecia possesso e a primeira coisa em que seu olhar focou assim que ele pôs os pés no corredor foi, bem, eu.

Ele abriu a boca, como se fosse dizer algo, mas depois olhou para minha mãe. Os policiais o soltaram por um breve momento, para resolver algo entre si, e ele aproximou-se dela. Imediatamente, me coloquei na defensiva.

— Se sente orgulhosa? — ele rosnou — Por um filho viadinho? Ainda traz o namorado dele? Eu teria vergonha. 

Olhei para minha mãe, e ela parecia possessa, mas não disse nada.

— O que foi, vadia? Não consegue criar os filhos- 

Foi nesse momento que meu queixo caiu. Num reflexo absurdamente rápido, minha mãe deu um soco no rosto daquele homem. Ele cambaleou, e a encarou, estático. 

— Vamos, meninos — ela disse, segurando a mão de Jisung — Vamos embora. 

Segurei a risada enquanto olhava uma última vez para a figura surpresa de meu pai. De mãos dadas com Yoongi, e um sorrisinho de lado, deixei aquele lugar, e aquele passado, aonde ele deveria ficar. 

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O próximo é o último :(

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