17
Hoseok
Assim que cheguei em casa, depois de passar a noite com Yoongi e de todos aqueles acontecimentos estranhos, fui confrontado por minha mãe. Ela tinha uma expressão engraçada no rosto, de quem insinuava algo. Não demorou muito para que me bombardeasse com perguntas do tipo "Você passou a noite na casa de algum namorado?", me fazendo ficar um pouco corado e soltar uma risada.
Estava claro que o intuito dela ao me fazer aquele interrogatório era fugir da tensão que os últimos acontecimentos tinham provocado. Ela não queria falar sobre o meu pai, e eu também não. Então aceitei a sua tentativa de bom grado, negando suas insinuações. Porque, afinal, elas eram mentiras, não tinha nenhum namorado ou paquera. E, sinceramente, que tipo de pessoa ainda usa o termo paquera?
Entre risos e afirmações de que, não, eu não tinha nenhum garoto para chamar de meu, consegui fugir da minha mãe e ir até o quarto de Jisung. Ele estava enfiado lá dentro, deitado na cama, olhando para os adesivos do sistema solar que tinha colado no teto.
Entrei no lugar iluminado e colorido, do jeito que meu irmão gostava, e me deitei ao lado dele.
— Está tudo bem? — perguntei.
— Sim... — ele disse, mas fez uma pausa — Na verdade, não muito. Eu não queria ter que ficar os finais de semana com o nosso pai, Hobi. Ele bateu em você, não é uma pessoa boa.
Respirei fundo, então aquele homem tinha realmente conseguido a guarda.
— O que a mulher que veio com ele disse, Jisung?
— Ela disse umas palavras difíceis pra mamãe, que eu não sei o que significam — ele franziu as sobrancelhas — mas também disse que não tinha motivos pra que papai não pudesse ficar comigo. Que a gente ia passear nos finais de semana, que poderíamos nos aproximar, assim eu não cresceria sem saber o que é ter a presença de um pai.
Era muito difícil controlar meus nervos e tentar passar uma imagem tranquila a Jisung. Tinha muita coisa errada naquela história, a começar de que não precisávamos ter a presença de um pai que nos fazia mais mal do que bem. Minha mãe conseguia muito bem ser mais do que suficiente para nós dois, mesmo que ficasse um tanto apertada e presa na rotina. Ela conseguia nos bancar e ensinar coisas que aquele homem nunca conseguiria nos mostrar sem que inserisse preconceito e intolerância em tudo que dissesse.
Uma coisa que eu tinha certeza que ele faria assim que conseguisse ficar a sós com meu irmão era jogá-lo contra mim. Dizer que eu não era "homem o suficiente" e que Jisung não deveria ouvir o que digo, ou seguir meus exemplos. Só de pensar nisso meu sangue fervia.
Eu não tinha exatamente uma solução para todo o problema, então resolvi mudar de assunto.
— Lembra que prometi te levar ao parque? — perguntei e ele assentiu com a cabeça, desanimado — Bem, quero dizer que não vamos a esse passeio sozinho, meu pequeno aventureiro.
Isso fez ele me encarar, desconfiado.
— Você vai levar aquele seu namorado bonitão? Se for assim eu prefiro ficar em casa.
— Que namorado bonitão? Eu não tenho namorado, garoto — me recompus — Eu estava falando do Seokjin mesmo.
Jisung sorriu e pulou em cima de mim.
— Mas eu achei que ele estava morando num lugar longe!
— Ele estava, mas vai voltar. Como eu sei que vocês se amam, vamos juntos ao parque.
— Mas quando ele volta?
— Segunda, pirralho. Ele chega segunda-feira.
Jisung fez uma expressão genuína de felicidade e me senti um pouquinho mais leve. Eu queria poder passar todo o final de semana sendo o mais próximo possível do meu irmão, para compensar alguns dias onde eu sequer conseguia sair do quarto, no entanto eu também teria que trabalhar. Era um pouco difícil me acostumar com a nova rotina, especialmente com os dias difusos de expediente, mas eu não devia reclamar.
A sexta e o sábado acabaram passando mais rápido do que eu esperava, e eu não estava nem um pouco ansioso por um domingo entediante, onde eu teria que cumprir expediente. Recebi algumas mensagens de Yoongi durante o final de semana que me deixaram surpreso, confesso. Não costumávamos nos falar tanto assim, mas parece que os acontecimentos de sexta mudaram um pouco nossa relação.
Ele me perguntou se eu tinha turno na segunda-feira, e eu respondi que não, só na terça, já que precisaria trabalhar hoje. Não tinha como ler expressões através do celular, mas pelo "ah" que ele me mandou como resposta era quase como se estivesse desapontado. Perguntei a ele como tinha conseguido escapar do surto de Taehyung, mas ele fugiu do assunto de forma suspeita e estranha, me fazendo rir. Eu estava rindo por conta de uma mensagem idiota que Yoongi tinha me mandado, aquilo era diferente até demais para mim, mas era um diferente com o qual eu definitivamente poderia me acostumar.
Eu poderia dizer que as mensagens trocadas com Yoongi trouxeram à tona a imagem dele cantando e o seu timbre baixo e rouco de volta a minha mente, mas a verdade é que eu não tinha parado de pensar nele desde o momento que tinha saído daquele pequeno apartamento.
Claro que a situação toda em que minha família se encontrava continuava a me atormentar sempre que tinha chance, mas lembrar da voz de Yoonie era capaz de me acalmar novamente. Fazendo eu me sentir confuso e estranho, mas de uma forma boa. Mesmo que eu negasse para mim mesmo tudo que estava pensando ou sentindo com relação a isso.
Enfim o domingo chegou e junto dele uma preguiça dilacerante. Seokjin não me mandava notícias desde o sábado, nada sobre o horário em que chegaria ou se estava tudo bem, típico dele. Então, ainda sem notícias dele, passei o dia mofando no sofá até a hora de ir para o café chegar.
Quando estava quase passando do horário, sai de casa, caminhei até o estabelecimento e abri a porta de vidro do lugar, respirando aliviado ao notar que o movimento estava fraco. Porém, minha calma se transformou em um leve nervosismo ao notar Taehyung, Yoongi e um garoto que eu reconhecia vagamente sentados numa mesa, conversando. Passei direto, de cabeça baixa, até a porta dos funcionários, para poder vestir meu uniforme e começar o expediente.
Quando sai de lá, já vestido, e pronto para começar a trabalhar, percebi que a mesa que antes tinha três pessoas agora era ocupada por quatro. De forma abrupta, lembrei-me de onde eu conhecia os outros dois garotos sentados com Taehyung e Yoongi. Era compreensível que eu tivesse demorado para reconhecê-los.
O mais alto, que estava sentado no momento que cheguei, era o tal Jungkook, o que tinha batido em Yoongi no dia que o levei para casa, e o outro era o que tinha separado a briga. A diferença agora era que eles tinham cabelos coloridos, se destacando dentre as outras pessoas. Um portava madeixas vermelhas e o outro tinha o cabelo azul, os fazendo parecer com dois deuses opostos. Água e fogo.
Já Taehyung não tinha mais o cabelo na cor vermelha, e estava moreno novamente, me fazendo pensar em como eles mudavam rápido.
Sem ter para onde correr, fui obrigado a ir atender a mesa de Yoongi. Cheguei perto o suficiente para que me vissem, e coloquei um sorriso no rosto.
— Hobi! — Taehyung disse — Não sabia que você trabalharia aqui hoje.
Algo no seu tom de voz me dizia que ele sabia exatamente que eu estaria trabalhando no café naquele dia.
— Eu também não sabia que estariam aqui hoje — falei e me virei para Yoongi — Não tem nada mais deprimente do que lanchar no lugar onde se trabalha, Yoonie.
— Eu sei — ele disse e fuzilou Taehyung com o olhar — mas não tive muita escolha. Ainda bem que não estou com fome, então.
Senti olhares suspeitos queimarem meu rosto e costas, estranho. Tudo era muito estranho, mas simplesmente ignorei e fiz o que devia fazer. Anotei os pedidos, menos o de Yoongi que insistia em dizer que não queria nada e fui entregar as anotações a Yanan.
— Aquele ali é o emburradinho? — ele perguntou — Eu deveria colocá-lo para trabalhar, porque sinceramente, quem sai para lanchar no lugar onde passa a semana trabalhando?
Realmente, não tinha como negar aquilo.
Minutos se passaram, entreguei o pedido da mesa dos quatro garotos suspeitos, observei o movimento do café aumentar consideravelmente e atendi mais mesas. Os garotos de cabelos coloridos deveriam ser um casal, e junto de Taehyung eram bem barulhentos. Pareciam se divertir, até arrancaram um sorriso involuntário de Yoongi em algum momento. Não que eu estivesse prestando atenção nele e no que ele fazia. Mas aparentemente passariam a noite toda ali, era impossível não prestar atenção.
Quando estava quase na hora do café fechar, Yanan me dispensou. Tirei o uniforme e decidi ir ao banheiro antes de deixar o café. No espaço ocupado por cinco cabines, uma pia grande e um espelho, Yoongi arrumava os cabelos enquanto encarava seu próprio reflexo.
— Oi Yoonie.
Ele se virou em minha direção e deu um sorrisinho. Por algum motivo, eu estava nervoso, mas fechei a porta atrás de mim.
— Oi Hobi — ele fez uma pausa — Já está na hora do café fechar?
— Não... Ainda faltam alguns minutos.
— Então — ele disse se aproximando — Acho que eu e Taehyung devíamos ir embora.
— Quem eram aqueles dois de cabelos coloridos com vocês? — não consegui segurar a curiosidade — Eu lembro que quando te levei para casa naquele dia, o de cabelo vermelho era o que tinha batido em você.
— Ah, ele é meu amigo, o Jungkook. Mas o outro... — Yoongi parecia nervoso — O outro é meu ex.
Levantei as sobrancelhas, sem entender bem.
— Isso mesmo, eu apanhei naquele dia porque tinha terminado com Jimin de um jeito não muito legal — ele explicou — Então, Jungkook que gostava dele já naquela época me deu aquela surra, e agora eles estão quase juntos.
— Caramba, parece drama de novela. Por isso você parecia triste?
Yoongi me olhou e riu. O sorriso gengival dele definitivamente tinha entrado para a minha lista de coisas favoritas.
— Por Jimin? Não! Você entendeu tudo errado. — ele tomou fôlego — Primeiro, eu não estava triste, estava com raiva de Taehyung. Segundo, eu estava com raiva dele porque ele me obrigou a vir até aqui só porque eu, acidentalmente, disse que...
Yoongi se interrompeu e parecia assustado, como se o que estava prestes a dizer fosse algo extremamente vergonhoso.
Dei um sorriso.
— Disse o quê? — perguntei — Agora você me deixou curioso, Yoonie.
— Nada, acho que realmente eu preciso ir, Taehyung tá me esperando sabe.
Yoongi caminhou em direção a porta, mas me coloquei em sua frente, bloqueando a saída. Estávamos perigosamente perto, meu interior exalava nervosismo, mas não deixei isso transparecer.
Fiquei surpreso ao notar que Yoongi também não parecia nervoso. Eu esperava ele desviar de mim e sair pela porta, me deixando plantado com cara de bobo, mas ele se aproximou ainda mais. Nossos rostos por muito pouco não se tocavam, e eu percebia que o garoto em minha frente precisava ficar na ponta dos pés para conseguir deixar seu rosto na mesma altura do meu.
— Taehyung me arrastou até aqui porque eu disse que você só trabalharia na terça, e eu queria ver você — ele disse, superando todas minhas expectativas — Então, como não tive coragem para fazer mais do que te mandar simples mensagens, ele resolveu agir de cupido. Tae acredita que estamos vivendo um romance de dorama.
Eu não conseguia parar de sorrir, de surpresa e... alívio?
— Mas e se a gente estiver mesmo vivendo um romance de dorama?
Devia ser cansativo ficar tanto tempo na ponta dos pés, então para ajudar Yoongi eu o segurei pela cintura, sustentando seu corpo. Ou pelo menos essa foi a desculpa que meu subconsciente arranjou para negar que eu apenas queria que ele estivesse ainda mais perto de mim.
Yoongi colocou uma mão na minha nuca e aproveitei para prestar atenção em cada detalhe que o rosto dele continha. Desde a boca fina, os olhos pequenos e aquela pintinha que ele tinha do lado do nariz.
Então, me surpreendendo mais uma vez, ele puxou meu rosto e me beijou. Sem esperar muito, passei minha língua para dentro de sua boca, explorando, chupando seu lábio inferior, faminto por mais. Eu queria mais de Yoongi. Ele tinha gosto de morango, algo que definitivamente poderia acabar por me viciar.
Segurei sua cintura ainda com mais força, enquanto sentia sua mão puxar meus cabelos, me fazendo perder o ar. Yoongi era provocativo, sua língua passeava com calma pela minha boca, antes dele nos separar apenas para morder meu lábio inferior com força suficiente para me fazer soltar um gemido baixo. Ao me ouvir, ele deu um sorrisinho que me desmontou inteiro.
Aparência angelical, comportamento demoníaco, mas que podia me levar até o paraíso.
Sem me conter mais, passei minhas mãos pela sua bunda farta antes de o segurar pelas coxas e levantar. Ele passou as pernas pela minha cintura enquanto eu o sustentava em meu colo e levava até uma das cabines do banheiro.
Com certa violência, prensei Yoongi contra a parede, sentindo sua respiração ficar cada vez mais rápida. Enfiei meu rosto em seu pescoço macio, depositando beijos molhados na região, mordendo e chupando até quando ele deixou um gemido fraco escapar. Sorri contra a pele de Yoongi, movendo minha boca até sua orelha enquanto apertava a pele de suas coxas com força.
— H-hoseok? — ele chamou num sussurro.
— Hum?
— O que a gente tá fazendo? Digo, eu sei o que, mas não pode ser em outro lugar? Porque logo no banheiro daqui?
Ao ouvir aquilo, me lembrei de um pequeno detalhe.
— A gente tá indo rápido demais, não? — Yoongi continuou.
— Talvez um pouco, mas não é isso...
— Então é o quê?
Olhei para o garoto na minha frente, lábios inchados, olhinhos arregalados, mãos nos meus ombros. O coloquei no chão e fui até a porta do banheiro, quando a abri me deparei com um ambiente completamente escuro e vazio.
Caminhei tendo como base a luz que vinha do banheiro e tateei as paredes até encontrar o interruptor, ligando as luzes do estabelecimento. Não tinha ninguém, as mesas estavam limpas e organizadas.
— Yoongi — chamei — você não disse que Taehyung estava esperando por você? Por que não tem ninguém aqui?
— Ele estava, não acredito que foi embora sem mim. Por que caralhos ele iria embora sem mim? Não tinha mais ninguém com ele — Yoonie pareceu pensar um pouco — E você? Por que Yanan não foi atrás de você?
— Ele já tinha me dispensado.
Com o coração acelerado, fui checar a porta. Como eu já esperava, ela estava trancada.
— Droga. Yoongi, por acaso as chaves da porta dos fundos não ficam aqui?
— Não — ele respondeu — Yanan é paranóico, então leva as chaves.
— Sinto muito te dizer então, mas estamos presos.
Notas Finais
Demorei mas voltei, como estão vocês?
FINALMENTE SOPE SE BEIJOU
Sei que talvez vcs esperassem um pouco mais desse beijo, então me perdoem se não supriu as expectativas. Eu tô muito empolgada com eclipse apesar do tempo que passei sem escrever, então esperem capítulos maiores a partir de agora. Também esperem situações mais intensas e detalhadas.
Mas sério galera, não vou mais deixar vocês mofando esperando por att. Vai ser mais rápido agora, na medida que eu conseguir porque também tenho dancing without fear pra atualizar.
Aliás, eclipse chegou a 1k de visualizações, isso me deixou MUITO FELIZ. Obrigada a todos que lêem isso aqui.
Enfim, tô falando demais, perdoem os erros, até a próxima docinhos.
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top