05
Yoongi
Saí do banheiro a procura de Taehyung e seu par, mas nem eles e nem Lisa e Rosé estavam na mesa. Fiquei um pouco desapontado, até que avistei um moletom laranja perto do caixa e andei apressado naquela direção. Era o garoto, que no momento terminava de pagar a conta. Taehyung estava ao lado dele com uma expressão contrariada. Os alcancei logo antes de chegarem à porta do estabelecimento.
— Então, será que eu podia falar com você? Antes de vocês saírem? — disse num impulso.
Taehyung se aproximou.
— Claro que pode, Yoonie.
— Não com você, Taehyung.
Tanto ele quanto o garoto que estava ao seu lado me olharam com expressões confusas.
— Acho que pode? — ele disse com a testa franzida, fazendo Taehyung rir.
— Isso foi uma pergunta?
— Não sei. Mas sim... podemos conversar.
— Vou te esperar lá fora, Hoseok.
Taehyung saiu pela porta da frente, me deixando sozinho com o tal Hoseok. Eu finalmente sabia o nome do sujeito. Imediatamente se instalou um clima tenso no local, o que era no mínimo estranho.
— Então, sobre o que você queria conversar?
Dito isso, olhei diretamente pro rosto dele pela primeira vez. Eu não tinha feito contato visual com Hoseok até aquele momento, ou reparado em suas feições com atenção. Não tinha reparado em como seus traços eram marcantes.
— Então, vai ser bem estranho o que eu vou perguntar. Mas, por acaso, ontem você se deparou com um bêbado na rua e resolveu ajudá-lo? Por acaso, você usava um pijama amarelo com estampas de ursinho?
Esperei por uma resposta, mas Hoseok começou a rir. Sua risada era um tanto escandalosa, o que fez algumas pessoas olharem na nossa direção.
— Eu não achei que você fosse se lembrar de mim. Sim, fui eu.
Então eu não estava louco e minha memória era melhor do que eu achava. Tinha sido ele, e agora o mistério estava resolvido.
— Impossível esquecer aquele pijama. Lisa está certa, é horrível.
Ele fez uma careta indignada, mas antes que pudesse responder, ouviu-se um grito que eu reconheceria até no inferno, se eu já não estivesse vivendo nele. Yanan me chamando de volta pro trabalho.
— Yoongi, larga de conversa! Tem várias mesas para serem atendidas...
Revirei os olhos mais uma vez. Eu devia fazer tanto isso ultimamente que parecia mais que eu tinha um tic nervoso.
— Parece que tenho que voltar ao trabalho, mas obrigado por ontem. Divirta-se ajudando alcoólatras desconhecidos a chegarem vivos em casa, é um ato realmente muito bondoso.
— Nossa, quanto sarcasmo em uma frase só. Imagina o que poderia ter acontecido se eu tivesse deixado você lá.
— Imagino sim. Eu poderia ter amanhecido morto em uma vala qualquer e aí não teria que trabalhar hoje, olha que maravilha.
Hoseok fez uma expressão tão hilária que foi impossível não rir.
— Olha, então você sabe sorrir. Deveria fazer isso mais vezes.
Senti um leve rubor se espalhar pelas minhas bochechas, mas fechei a cara e não disse nada. Hoseok também parecia envergonhado.
— Então, Taehyung está me esperando e você tem que trabalhar... Acho melhor eu ir. Qualquer dia você me paga por ter salvado sua vida.
Ele deu uma piscadela e saiu. Cinco minutos conversando com Hoseok e eu já tinha percebido como o garoto podia ser escandaloso, tímido e descarado, tudo na mesma intensidade.
Hoseok
Eu não tinha a menor ideia do que tinha acabado de acontecer. Yoongi simplesmente me perguntou se tinha sido eu a ajudá-lo na última noite. Então ele lembrava de mim, mais especificamente do meu pijama, e se incomodou o suficiente com isso pra vir tirar a dúvida comigo. Aquilo era muito estranho.
Abri a porta do café ainda sentindo o gosto do sarcasmo amargo de Yoongi, e pensando em como era doce o jeito que ele tinha ficado vermelho com meu comentário. O ar denso da noite me atingiu em cheio e me arrependi de usar bermudas. Diferentemente de quando eu havia chegado ali, fazia um frio capaz de congelar qualquer ser vivo desprotegido. Era assustador como o tempo podia mudar rapidamente.
Taehyung me esperava encostado a parede, o que me deixou surpreso. Com a temperatura baixa daquela forma, achei que ele já teria ido embora, mas ele deu um de seus sorrisos característicos assim que me viu.
— Hoseok, você está tremendo.
Como se eu não soubesse disso. Nunca me dei muito bem com o frio, bastava dois minutos exposto a uma temperatura baixa demais e eu já começava a tremer.
— Lisa e Rosé já foram, provavelmente estavam desesperadas para arrumar um quarto. Você mora muito longe daqui?
— Não muito, caminhando levo uns 5 minutos pra chegar lá.
Taehyung fez uma expressão horrorizada.
— Você vai caminhando? Nesse frio? E a essa hora? Sozinho?
Aquilo era um pouco de exagero da parte dele, eu poderia sobreviver àquela caminhada.
— Mas você tem alguma outra solução pra isso?
Assim que essas palavras saíram da minha boca, o garoto em minha frente começou a tirar o casaco personalizado que usava. Por baixo do mesmo havia uma camisa de mangas compridas bonita, mas não tão eficaz contra o frio. Taehyung veio em minha direção e colocou o seu casaco em meus ombros, me envolvendo numa espécie de abraço logo depois.
— Melhor agora? Eu posso te levar até sua casa.
Era bom estar nos braços de Taehyung e envolvido naquele momento, mas ao mesmo tempo algo não parecia se encaixar. Claro que havíamos nos conhecido a apenas algumas horas atrás, e era justamente por isso que eu sentia que ia ser só mais uma noite, tanto pra mim quanto pra ele. No entanto, o calor do momento era agradável e eu queria me deixar levar naquilo.
Rendido, apenas comecei a caminhar junto dele em direção a minha rua. Durante o trajeto conversamos sobre coisas aleatórias como gostos musicais e cores favoritas até que logo estávamos em frente a minha casa.
Assim que paramos em frente a porta, Taehyung selou nossos lábios brevemente. Mas o que devia ter sido apenas um leve encostar se tornou um beijo intenso quando sua língua pediu passagem, imediatamente encontrando a minha e se entrelaçando na mesma. Levei minhas mãos a sua cintura e o puxei, diminuindo o espaço que existia entre nossos corpos.
Quando nos separamos pra tomar um pouco de ar, lembrei que ainda estávamos no meio da calçada à mercê daquele frio gutural. Busquei pelas chaves no meu bolso e destranquei a porta em silêncio, não queria o desprazer de encontrar alguém acordado.
Já dentro de casa, Taehyung atacou meu pescoço com muito mais vontade do que havia feito naquele banheiro mais cedo. O puxei com certo desespero buscando contato, o que acabou com ele me prensando na parede, colocando as mãos ao lado de meu rosto. Nossas bocas se juntaram novamente, chupei sua língua e dei uma leve mordida em seu lábio inferior.
Minhas mãos automaticamente passaram por baixo de sua camisa, acariciando levemente suas costas, sentindo ele se arrepiar com meu toque. Nossas respirações estavam cada vez mais aceleradas, o frio que antes fazia agora já não existia mais.
Taehyung levou sua boca até minha orelha, mordendo o lóbulo e sussurrando de forma que fez todo meu corpo se arrepiar.
— Agora sim nós vamos terminar o que começamos, Hobi.
Yoongi
Meu expediente havia finalmente acabado e eu me sentia mais morto que o habitual. Tinha atendido tantas mesas, visto e ouvido tantos adolescentes gritando que parecia que toda minha alma tinha sido sugada. Tudo que eu queria era que aquele dia acabasse logo.
Entretanto, assim que abri a porta do estabelecimento, meu alívio evaporou automaticamente. Aquilo só podia ser brincadeira.
Park Jimin estava ali, encostado à parede. Pelo jeito que se moveu quando me viu, ele parecia estar me esperando. O que aquele homem, em toda sua beleza e perfeição, estava fazendo ali naquele frio mortal me esperando exatamente um dia depois de eu ter terminado com ele em frente a todo mundo?
Ele usava uma jaqueta de couro, calça preta justa e uma camisa branca, seus cabelos platinados caindo perfeitamente sobre seu rosto. Era a visão da perdição, ou do paraíso. Mas havia apenas um detalhe diferente, e não era com Jimin. Ao invés de minha respiração acelerar de felicidade ou nervosismo, ela acelerou de culpa e de tristeza.
— Oi Yoongi.
— Oi.
Meu coração ia pular pra fora do peito a qualquer momento.
— Taehyung disse que você queria conversar comigo.
Então era isso. Eu sabia que não era boa ideia colocar esse tipo de responsabilidades em Taehyung. Com certeza eu ia matá-lo assim que o visse na minha frente.
— Bem, eu não queria conversar exatamente hoje. Não acho que seja uma boa ideia, Taehyung distorceu isso.
Jimin era exatamente um centímetro mais baixo do que eu. Ele estava parado na minha frente, me encarando com uma expressão que dizia tudo. "Por que você fez isso?". Mesmo que ele soubesse a resposta pra isso e só quisesse ouvir diretamente de mim.
— Eu entendo.
Mas Jimin não se moveu. Aquela boca vermelhinha e carnuda, aqueles olhos... Ele estava ali bem na minha frente, o antes motivo da minha felicidade e atual motivo da minha culpa, e meu constante erro.
Então ele juntou sua boca a minha, e tudo simplesmente aconteceu. Eu estava beijando e tocando meu ex, aquele que eu havia machucado uma vez e não queria machucar de novo.
Eu estava sendo um babaca novamente.
Notas finais
Oi gente, a autora aqui é ansiosa e não consegue demorar pra postar os capítulos.
Espero que estejam gostando da historia, e que perdoem qualquer erro que eu possa ter deixado passar.
Até a próxima.
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