viii. ALL THE TRUTH

viii. TODA A VERDADE

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ACORDAR FOI... ESTRANHO. MINHA CABEÇA DOÍA UM POUCO e eu não fazia a mínima ideia de onde estava. Não sabia a quanto tempo estava apagada, o sono parecia ter durado horas. Quando abri os olhos, alguns pontos negros dançaram em minha visão. O som de passos e vozes soava abafado, meu mundo ainda girava e se focava lentamente conforme o tempo passava. O saco preto em minha cabeça me impedindo de ver qualquer coisa ao meu redor.

Ao tentar me mexer, pude sentir minhas mãos amarradas atrás das costas. As cordas estavam bem apertadas. Era o suficiente para causar certo desconforto, mas não obstruir a corrente sanguínea. Aos poucos estavam me lembrando da noite passada. De chegar em casa tarde, de achar Anna no chão de seu quarto, da sensação cortante de culpa, daquele homem... O jornal que dizia que deixei minha família morrer. Eu deixei? Era o que me perguntava todas as noites desde que deixei Steve ir. Fiz uma escolha e essa era a consequência.

Engoli o seco, enquanto tentava segurar as lágrimas. Não era uma boa hora para chorar e todos ainda pareciam tão agitados a minha volta. Me perguntava se eles sabiam que eu estava ali, se sabiam que eu estava acordada e ainda viva. De qualquer forma, me mantive exatamente da forma em fui deixada, tentando ao máximo não chamar atenção.

Os murmúrios aumentaram gradativamente e um sotaque alemão mais forte foi reconhecido. Meu sangue gelou quando percebi quem estava por perto e instintivamente me encolhi mais no canto em que me encontrava amarrada. Johann Schimdt. A última pessoa no mundo que eu esperava ver atualmente.

── A arrogância pode uma característica exclusivamente americana, ── pude ouvi-lo dizer enquanto caminhava pela sala ── mas vocês são melhores nisso do que qualquer um. Mas há limites para o que até mesmo você pode fazer, Capitão. Ou Erskine lhe disse o contrário?

Meu coração bateu mais forte a menção de Steve. Ele estava ali, a alguns passos de mim. Johann iria expor a verdade e me matar na frente dele?

── Ele me disse que você era louco ── o loiro respondeu.

── Ah ── Schimdt soltou uma respiração pela boca. ── Ele se ressentia da minha genialidade e tentou me negar o que era meu por direito, mas deu tudo a você. Então... o que tornou você tão especial?

── Nada. Sou apenas um rapaz do Brooklyn.

A resposta de Steve deixou Schimdt irritado, isso lhe rendeu dois socos no rosto e um no estômago. Os sons me deixaram aflita e as lágrimas arderam em meus olhos, engoli o seco me forçando a permanecer calma. Entrar em desespero não mudaria nada nossa situação e não salvaria Steve da ira de Johann. Ouvi Rogers tossir algumas vezes, enquanto se recuperava do ataque.

── Posso fazer isso o dia todo. ── ele disse a Schimdt.

── Ah, é claro que pode. Mas, infelizmente, não acho que ela possa. ── Johann retirou de seu coldre uma arma, o som foi audivel em toda a sala. ── Tragam a garota.

Passos vinheram em minha direção e me ergueram do chão. Dois homens me seguravam pelos braços e ombros, enquanto tentava me debater e fazer com que eles me soltassem. Paramos abaixo de uma luz, que clareava um pouco a sala e não a deixava tão escura. Inesperadamente o saco em minha cabeça foi retirado bruscamente por Schimdt e eu estava cara a cara com Steve. Ele estava ajoelhado no chão, também com dois homens o mantendo no lugar.

── Maeve? ── soltei uma respiração tremula ao ouvir meu nome sair de seu lábios, seus olhos azuis me fitavam com certa preocupação e curiosidade.

── O reencontro que todos esperavam. ── Johann pôs a mão em meu ombro e me forçou para baixo, para que eu também estivesse de joelhos. ── O Capitão América e sua doce dançarina, ou devo dizer... mentirosa?

Os olhos de Steve passaram de mim para Johann com certa rapidez, sua mente ainda processava o que estava acontecendo. O olhara para o homem alemão me trouxe calafrios. Seu rosto estava vermelho agora, assumindo o nome que lhe deram a algum tempo atrás, Caveira Vermelha. O sorriso presunçoso em seus lábios apenas ressaltava sua face diabólica.

── Maeve, um anjo na terra. ── uma mão enluvada tentou acariciar meu rosto, enquanto tentava me afastar para longe. ── Você se apaixonou por ela tão rápido, Capitão.

── Não toque nela. ── rangeu Steve, o que fez Schmidt rir.

── Existe muito que você não sabe, Capitão América. ── Johann se afastou um pouco, mas ainda se mantinha na nossa frente. ── Como, por exemplo, que Maeve Jackson trabalha para mim.

Steve olhou para mim, seu olhar espantado. Eu desviei, não aguento encara-lo e sufocando as lágrimas que cresciam em meu interior.

── Você está mentindo...

── Eu estou? Mesmo? Diga a ele, Maeve. Conte a ele toda a verdade. ── Johann olhou para mim. ── Diga a ele que seu único trabalho era impedi-lo de se entrar na guerra e até nisso você fracassou. Conte para o homem que tanto ama a farsa que você é! Diga ou eu mesmo lhe farei gritar a verdade! ── a arma foi apontada para mim.

── Isso é verdade, Maeve? ── Steve perguntou, sua voz quase um sussurro.

Naquele momento qualquer tentativa minha de conter as lágrimas havia ido por água abaixo. Quando finalmente tive coragem para olhar para o loiro, meu coração apertou.

── Sim... ── respondi fracamente. ── Mas não totalmente, Steve. Eu só fiz porque Johann estava com a minha família. Ele disse que os mataria se eu não fizesse, eu não podia...

── Mas, mesmo assim, você não cumpriu com o seu dever. ── o caveira vermelha se intrometeu. ── E sua família pagou por sua fraqueza.

── Você os mataria de qualquer forma. Não importava o que acontecesse.

Schmidt ponderou sobre e acabou dando de ombros.

── Fomos levados no inicio da guerra. ── continuei a contar a história para Steve. ── Meu pai era cientista, mas traiu Johann ao ajudar Erskine a abandona-lo. Quando descobriu que o projeto do soro super soldado deu certo, Schmidt me mandou para ficar perto de você e garantir que se mantivesse longe da guerra. Mas eu...

── Houveram homens a vigiando, garantindo que não contasse a verdade. ── Johann se intrometeu. ── Entrar para as Star Spangle Singers também foi uma ideia nossa ou você acha mesmo que aquela jovem se machucou "acidentalmente"? Tudo foi planejado, desde o inicio. Mas nossa doce Maeve saiu da encenação ao deixa-lo partir.

Steve se manteve em silêncio, cabeça abaixada.

── Steve... Eu sinto muito... ── disse, trêmula. ── Desde o inicio, eu estava arrependida... eu queria te contar, mas estava com tanto medo e insegura...

── Ah, mas que pena. ── Schmidt disse com escárnio. ── É tarde demais para estar ressentida, querida. Você cavou sua própria cova e a dos seus pais. ── fechei meus olhos momentaneamente ── Agora, que já sabe a verdade Capitão. Acho que devemos chegar ao fim dessa história. Meu tempo é curto e desejo finalizar isso de uma vez por todas.

Ele deu alguns passos para trás e apontou a arma para Steve primeiro. Porém, antes que Johann pudesse fazer qualquer coisa, um som de ganchos sendo presos firmemente nas laterais da grande janela foi ouvido, algo que chamou a atenção de Schmidt.

── Eu também. ── Steve disse, antes de se soltar dos dois guardas e derruba-los no chão.

As janelas foram quebradas com a entrada de três homens, vidro voou por toda a parte. Johann fugiu quando o tiroteio começou. Rogers derrubou os dois homens que me mantinham presa e me protegeu de qualquer possibilidade de ser atingida. Meu coração estava acelerado, tudo acontecendo rápido demais, enquanto me mantinha perto de Steve esperando que tudo acabasse logo. Seus braços me envolveram em um abraço apertado, minhas mãos estavam firme em seu uniforme.

── Rogers ── um dos homens que invadiu gritou, chamando a atenção de Steve. ── Pode precisar disso. ── Ele jogou o escudo na direção de Steve que o pegou facilmente. Saímos da sala juntos, com o loiro segundo o escudo como nossa proteção.

Apenas paramos quando estavamos do lado de fora, no corredor vazio. Respiração acelerado, eu tentava recuperar o fôlego novamente.

── Você está bem? ── o homem perguntou, preocupado. Ele me olhava de cima abaixo, checando para saber se nenhuma bala havia me atingido.

── Sim ── eu assenti em seguida respirei fundo. ── Steve, eu realmente sinto muito. Não queria que você descobrisse dessa forma.

Ele desviou o olhar por um momento, suas feições ficando mais tristes.

── Você deveria ter me contado. Eu poderia fazer algo, poderia tentar salvar seus pais.

── Você não os encontraria a tempo. Johann os matou no momento que você salvou aqueles homens. No dia em que te deixei ir, assinei a sentença de morte deles.

── Não deveria ter feito isso...

── Eu não poderia prender você. Eu nunca seria capaz de uma coisa dessas. ── disse com os olhos marejados. ── Meu pai me ensinou a nunca ser uma farsa. Ele sempre desejou que eu fizesse o que o meu coração mandava e não que eu fosse um fantoche dos nazistas. Sei que o deixei orgulhoso e é isso que realmente importa. ── dei a ele um sorriso fraco. ── E sei que te apoiar naquele momento foi o melhor a se fazer, não me perdoaria se Johann e Hitler ganhassem essa guerra.

Steve retribui o sorriso, um olhar cansado em seus olhos. O peso da guerra estava crescendo em seus ombros e eu não queria que ele se sentisse mais culpado. Foram minhas escolhas que me levaram até a isso. Quer dizer, não apenas a minha, mas a do meu pai também. Lidamos com as consequências delas das formas que devíamos. Infelizmente, perder Anna era algo que eu nunca me perdoaria. Ela não merecia o final que teve.

Steve entrelaçou sua mãos com a minha. Observei aquele pequeno ato com gratidão e um sensação de conforto crescendo em meu interior. Levantei o olhar e o observei, pondo a mão livre em seu peito e me inclinando devagar.

── Espero que saiba que você foi a melhor coisa que me aconteceu. ── disse enquanto olhava para aqueles lindos olhos azuis. ── Minha vida estava um furacão, mas estar com você ou apenas conversar com você por carta, era o suficiente para me trazer conforto. Sinto muito por ter mentido, minha intenção nunca foi te magoar.

Sua mão livre segurou minha bochecha e acariciou suavemente, o escudo deixado momentaneamente de lado.

── Você também foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida. Te agradeço por ter feito o meus dias no Star Spangled Singers tão bons. Você fez cada momento valer a pena, Eve. ── ele sorriu.

Nos aproximamos gradativamente, nossos lábios estavam a centímetros de distância um do outro. Fechei meus olhos esperando o momento mágico que me aguardava, quando o som de uma explosão chamou nossa atenção. Toda tranquilidade foi por água abaixo, quando caímos na realidade em que nos encontrávamos. Ainda estávamos em uma zona de guerra, o romance teria que aguardar um tempo.

Steve pôs a mão no comunicador em seu ouvido, ouvindo alguém gritar no outro lado e dizer que eles estavam entrando. Com certeza o coronel Philips ou algum outro soldado. A mão de Rogers ainda segurou a minha firmemente, enquanto ele respondia e dizia que já estava indo. Quando terminou, o homem olhou para mim, agora um pouco mais sério.

── Precisamos te levar para um lugar seguro. ── eu assenti, concordando com o que Steve havia dito. ── Quando tudo isso terminar Maeve, continuaremos de onde paramos.

Acariciou minha mão com o polegar, o que me fez sorrir.

── Vamos? ── inclinou a cabeça na direção do corredor.

── Sim.

Sem soltar minha mão, Steve tomou a frente enquanto corria. Nossas mãos estavam entrelaçadas firmemente e, ao observar a forma como elas se encaixavam perfeitamente, percebi que não importava o que acontecesse, eu me sentia segura ao lado dele e nada poderia mudar isso.

── NOTES.

Enfim, eu chorei escrevendo esse cap e vou chorar mais ainda com o próximo. Não estou preparada :(((

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