i. A LITTLE BIT NERVOUS
i. UM POUCO NERVOSA
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HOUVE UMA ÉPOCA ONDE AS COISAS NÃO ESTAVAM FÁCEIS, mas o mundo ainda girava e era necessário continuar porque, se não fizesse isso, a guerra tomaria tudo que conhecíamos. Eu era jovem e minha cabeça sempre esteve nas nuvens, mas sempre soube o que queria para mim mesma. Minha família, estabilidade, algo que eu pudesse agarra e dizer que era meu.
Mas você não ganha nada de mão beijada nessa vida, é necessário agir um pouco e eu tive que me virar sozinha com apenas 20 anos. Não gostava da sensação de pena, mas as vezes era necessário se sujeitar a certas coisa para poder continuar. Então, quando me ofereceram um emprego como dançarina nas Star Spangled Singers, eu não neguei.
Quer dizer, eu queria, mas não podia. Não tinha muitas escolhas, era esse trabalho ou perder tudo o que tinha. Precisava manter minha cabeça na direção certa e me esforçar para conseguir dinheiro o suficiente. Acabei fazendo o que era necessário.
Na minha primeira noite como dançarina, observei todas as meninas ao meu redor comentarem sobre o quão ansiosa estavam para aquela noite e todos os rapazes que encontrariam depois do show. A conversa delas não me interessava, não que eu fosse a 'garota diferentona' do grupo, mas sim porque minha mente estava lotada de outras coisas mais relevantes.
Também havia entrado para o grupo porque a outra menina tinha se acidentado. Pelo o que percebi, todas eram bem próximas e acho que não haviam gostado da troca, mesmo que fosse temporária.
Ajeitei o vestido pela décima vez aquela noite. Estava nervosa, era um emprego extravagante demais. Dançar e atuar em um palco, na frente de várias pessoas. E ainda tinha o fato de que minha mente nunca ajudava. Ela ficava pensando em milhares maneiras diferentes de tudo dar errado.
Sempre fui uma boa dançarina, mas não na frente das outras pessoas. Fui, durante muitos anos, uma dançarina tímida. Estar no meu quarto, trancafiada com vários livros e uma música qualquer tocando na vitrola, era o meu passatempo em dias de chuva. O tipo de coisa que mantive para mim mesma a anos e, por mais que o trabalho não me desse tanto destaque, eu ainda estaria em um palco e dançaria para várias pessoas.
Me passou pela cabeça que estava bem perto da saída. Só precisava dar meia volta, ninguém notaria. Estava invisível no meio delas. Uma loira a menos não faria falta, já tinha tantas. De certa forma evitaria a vergonha que todas passariam se eu errasse algum passo. Por mais que tivesse conseguido aprender a coreografia em apenas 3 dias, ainda estava nervosa e isso era o suficiente para me fazer falhar.
Fui para trás com cautela, apenas observando se alguma das meninas tinha os olhos em mim. Rapidamente virei-me e peguei me sobretudo e bolso sobre a cadeira que os havia deixado. Sai pelas portas do fundo, passando por de trás do palco. Meu coração estava levemente acelerado e a todo tempo minha mente me repreendia pelo o que estava fazendo. Quando cheguei ao lado de fora, parei bruscamente.
Enquanto observava a chuva forte, me lembrei do motivo pelo qual estava ali e o quão importante era aquele trabalho. Respirei fundo e juntei minhas mãos, apertando uma na outra. Rodei o anel que estava no meu dedo da forma que sempre fazia quando estava preocupada, pensativa ou nervosa - ou os três ao mesmo tempo como naquele momento.
─ Ahm, tudo bem? ─ uma voz masculina disse ao meu lado. Finalmente havia saído do meu mundinho e percebido que outra pessoa estava ali, além de mim. Sentado sobre os degraus da escada que levava aos fundos de outro estabelecimento, Steve Rogers me observava com suas grandes orbes azuis oceano ─ A senhora está perdida?
─ Eu... Ahm... não, mas obrigada por perguntar ─ dei um leve sorriso, um pouco incerta e levemente curiosa para saber o porque dele estar sozinho. O show começaria em minutos e eu tinha certeza que procuravam por Rogers lá dentro. ─ Bom, não quero me intrometer, mas você deveria estar lá dentro, não?
─ Não sei se quero voltar ─ ele me respondeu, dando de ombros. Estava cabisbaixo. Participei de três ensaios antes daquele momento, todos foram corridos, mas o suficiente para que eu pudesse perceber o quão desconfortável Steve estava.
─ Entendo ─ foi tudo o que consegui dizer, inicialmente. É importante frisar que nunca fui boa em puxar assunto, mas sempre estive tentando. Minhas amigas tendiam a iniciar conversas com rapazes para mim porque sempre fui péssima nesse quesito. Depois as coisas sempre fluíam da forma que dava.
Antes que o silêncio gritante se estabelecesse entre nós, me sentei ao seu lado nos degraus e pude perceber que Steve mantinha um caderninho consigo. Tinha alguns desenhos na página que consegui observar. Eram aleatórios, coisas que ele havia visto e tentará reproduzir. Tenho que comentar que, ele era muito bom nisso.
─ São bonitos ─ falei e ele olhou para mim sem entender, recebi como um 'o que' silencioso e completei dizendo: ─ Seus desenhos, são bonitos. Meu irmão também gostava de desenhar, mas ele parou quando começou a sair com os meninos mais 'descolados'. Nos deu a desculpa de que era algo ultrapassado, mas apenas queria agradar seus novos amigos.
─ Acho um bom passatempo ─ ele disse sem olhar para mim, passava o polegar pela base da folha como se folhear o livro, mas estava apenas pensativo e talvez um pouco distante demais para que eu pudesse alcança-lo naquele momento. Pensei em me levantar e ir embora, mas sua voz fez com que eu mudasse de ideia ─ A senhorita ia embora?
─ Sim ─ respondi, voltando meus pensamentos para o nervosismo que pensei ter deixado de lado. ─ Estou demasiado nervosa para subir naquele palco. Acho que isso não é para mim.
─ Sei como se sente ─ ele suspirou ─ Não era o que eu queria, mas é o que tenho no momento. É legal, mas...
─ Não era o seu objetivo. ─ completei, dando um breve sorriso triste para Rogers, que apenas concordou. ─ Também não era o meu, mas é o que tenho e deveria estar agarrando com paixão pois é necessário.
─ Vejo que nós dois não estamos com o trabalho dos sonhos ─ ele sorriu fracamente, a primeira vez que sorria durante toda aquela conversa. Me fez sorrir da mesma forma, enquanto brincava com a barra de minha saia de listras.
─ Imagino que nada nessa vida é realmente um sonho americano, senhor Rogers ─ comentei ─ mas as vezes temos o dom de deixar tudo como o nosso próprio sonho, mesmo que não seja perfeito e o que queríamos inicialmente nessa longa e cansativa jornada.
Steve me olhou e pude perceber que ele concordava comigo. Ele não parecia mais tão triste quanto antes e eu estava feliz por pelo menos ter o tirado daquele estado tão cabisbaixo. Para mim estava sendo bom conversar com alguém que passava por uma situação parecida com a minha.
Mesmo que Steve tivesse feito aquele show algumas vezes a mais que eu, ele tendia a ficar nervoso na mesma porcentagem - ou até a mais - que eu. Acho que foi o que me deu forças para voltar novamente e não fazer nenhum idiotice precipitada.
─ Então, acha que deviamos entrar? ─ ele me perguntou, fechando o caderno e o guardando no bolso.
─ Ouvi dizer que o senhor não desisti fácil ─ comentei, em um tom maroto. Estava um pouco cansada daquela conversa melancólica, por mais agridoce que ela havia se tornado. ─ Espero realmente que seja verdade.
Me pus de pé e ela retribuiu com um sorriso tímido, porém lindo. Lembro-me que era uma das coisas que eu mais gostava nele, seu sorriso. Era tão puro quanto seu coração.
─ Nunca esteve nos meu planos desistir, senhorita ─ ele respondeu, ficando em pé ─ mesmo que já tenha passado pela minha mente está possibilidade. Mas fico feliz por você ter deixado o nervosismo de lado.
─ Ah, ele não está realmente de lado, ─ disse ─ vai me acompanhar pelo resto dessa noite. ─ eu ri e ele também. ─ Mas posso conviver com isso.
─ Estarei lá em cima com você, caso precise de mim ─ sua própria resposta o fez corar, o que também me causou a mesma breve reação. ─ Claro, se quiser a minha ajuda,... se não eu vou entender... Ér... ─ eu sorri com a forma desconfortável que ele ficou, nunca pensei que alguém poderia ser tão fofo.
─ Sem problemas, senhor Rogers ─ falei ─ Tenho fé que nós dois nos sairemos muito bem. Como muitos dizem, é necessário ter pensamentos positivos. Mesmo que eles estejam emaranhados com milhares de possibilidades de tudo dar errado.
Nós dois andamos juntos até a porta dos fundos, qua havíamos utilizado para sair. Como um completo cavaleiro, Steve fez questão de abrir a porta para mim, mas não estão de chamar minha atenção para algo.
─ Ah, e não precisa chamar-me de senhor ─ ele disse e eu parei para olha-lo ─ Me chame apenas de Steve.
─ E você pode chamar-me de Maeve ─ estendi a mão em sua direção e ele a apertou gentilmente, deixando que um sorrio brotasse em seu rosto novamente, assim como crescia no meu ─ Maeve Jackson.
NOTES
Ok, talvez eu esteja apaixonada por esse capítulo e por esses dois bebês. Maeve e Steve já são tudo pra mim.
Eu gostei bastante de escrever dessa forma e trazer essa visão dela sobre o que aconteceu, como ela era e tudo mais. Acho que com esse capítulo vocês já conseguem entender basicamente a pegada da história.
Também peço que se atentem aos pequenos detalhes, acho que é necessário para compreender revelações posteriores ;)
Enfim, espero que tenham gostado desse primeiro capítulo tanto quanto eu que já tô in love demais por esses dois kaksk beijos e até a próxima!
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