um
Hey Dorothea
Ei, Dorothea
Do you ever stop and think about me?
Você às vezes para e pensa sobre mim?
Foi naquele novembro que Beatriz, com uma barriga gigante de sete meses, se virou para Théo depois de fechar o caixa e disse:
— É isso. Eu me demito.
Ele estava lavando as mãos sujas de farinha quando a irmã soltou a notícia.
— Sério?
— A não ser que você queira que eu dê à luz no balcão de bolos; sim, é bem sério.
Théo sorriu e fechou a torneira. Ele enxugou as mãos em um pano limpo e se escorou na bancada da pia de frente para Beatriz.
— Eu ia detestar ver meu balcão sujo de sangue. Afastaria os clientes.
Bia revirou os olhos e fechou a caixa registradora em um gesto definitivo. Théo olhou para a irmã com carinho. Ela era muito parecida com ele, desde o formato do rosto até o modo como franzia as sobrancelhas e sorria. As diferenças começavam na completa falta de melanina nele e a paciência sempre muito curta dela.
— Vou sentir sua falta, mas você sabe que podia ter saído quando quisesse — Théo disse, se aproximando para ajudá-la a organizar o caixa. — Eu te falei para tirar licença no dia que soube da gravidez, mas você sempre foi teimosa como uma mula. Eu até apostei com a vovó que a qualquer momento o seu marido viria me prender por estar explorando uma mulher grávida.
— Théo, eu precisava trabalhar. Sério, ficar em casa todo esse tempo me deixaria maluca. — Ela soprou uma mecha do cabelo castanho para longe dos olhos. — Além disso, até parece que eu ia deixar você tocar a padaria por meses sem mim... Íamos declarar falência rapidinho!
— Então me deseja sorte para achar uma atendente tão boa quanto você.
— Você vai precisar é de um milagre. Ninguém é melhor que eu.
Ela o cutucou com um sorrisinho e Théo a cutucou de volta. Ela era tão irritante. O fato de ser casada e estar prestes a ter o segundo filho não alterava em nada o fato de que Beatriz sempre seria sua irmã mais velha insuportável. Ele se perguntava se a Manu, sua sobrinha, seria do mesmo jeito com o irmãozinho que estava chegando.
— Tem uma mancha de farinha na sua bochecha — Bia disse, esfregando a pele sem um pingo de delicadeza. — Você tá sempre sujo de farinha.
— Será que isso, por acaso, teria a ver com o fato de eu ser um padeiro?
Bia fez uma careta para ele e saiu de trás do balcão, pegando um molho de chaves de um ganchinho na parede.
— Vamos fazer o seguinte: eu venho até você encontrar outra pessoa para ficar no caixa. Te dou uma semana.
Théo considerou as possibilidades.
— Tá bom. A cidade tá cheia de universitários por causa das férias de fim de ano. Não vai ser tão difícil encontrar alguém precisando de grana. Talvez eu recrute o Leandro.
— Não, deixa o Lê fora dessa — Beatriz avisou com o dedo apontado para o nariz dele. — O garoto merece um tempo depois do ano difícil na faculdade. Além disso, ele quer aproveitar para namorar. Você sabe que o coitado não teve tempo nem para isso nos últimos meses.
Théo acompanhou a irmã para fora da padaria, apagando todas as luzes no caminho e conferindo os freezers. Já eram oito da noite e ele estaria de pé às quatro da manhã do outro dia. Iasmin, sua prima que ficava responsável por atender os clientes, e Rosana, a tia que o ajudava na cozinha, já tinham ido embora.
— Esse é um negócio familiar, Bia. E o Leandro é da família.
— Eu sei. Mas por que você não contrata alguém de fora para variar? Gera emprego nesse fim de mundo!
Théo fez uma cara pensativa.
— Escuta, até quanto a Manu já sabe contar?
— Jesus, Théo, a menina tem cinco anos! — Beatriz o empurrou e riu. — Já tá pensando no cargo que vai dar para o neném na minha barriga também?
— Vou arranjar uma vassourinha em miniatura para ele assim que aprender a andar. E, depois, vou levar ele pra cozinha. Não acho que a Manu vai dar uma boa padeira.
— Por quê?
— Ela tem o péssimo hábito de comer os ingredientes enquanto tento ensinar ela a preparar alguma coisa.
Théo desceu as portas pesadas da padaria e fechou os cadeados. Estava chovendo lá fora, para variar. Pinheiro do Sul era uma cidade do interior de Minas Gerais que parecia gostar de ir à contramão do resto do Brasil e ficar mais nublada do que ensolarada em um país tropical. Isso sem contar as pancadas de chuva o ano inteiro, que pareciam se intensificar entre novembro e dezembro. Não que Théo se importasse. O sol era seu inimigo desde que se entendia por gente, então morar em uma cidade como aquela tinha lá suas vantagens.
Ele segurou o braço da irmã para ajudá-la a correr até o carro estacionado do outro lado da rua. Era uma caminhonete Ford antiga de dois lugares, que soltava os pedaços com frequência e estava tão remendada que a qualquer momento se desmantelaria de vez.
Théo amava aquele carro. Não por ser bonito ou confortável – coisa que ele definitivamente não era – mas por estar resistindo a vinte anos de muita luta e a todos os membros da sua família desmiolada.
Ele dirigiu pelo centro da cidade, contornando a praça da igreja matriz e passando pelas lojinhas que já ostentavam alguns enfeites de Natal. Ele deixaria Beatriz em casa e depois iria embora. Ela já tinha se casado há seis anos, mas ainda era esquisito o fato de não morarem mais debaixo do mesmo teto. Havia sido assim desde sempre, mas agora Bia tinha a própria família.
Théo se perguntava se com o Leandro aconteceria o mesmo. Ele namorava o Pedro desde os dezesseis e parecia muito ansioso em ter um canto só para os dois.
Théo ficaria.
A cada dia, ele tinha mais certeza que o seu destino era sempre ficar.
Ele continuou dirigindo com cuidado pelas ruas molhadas. O motor do carro fazia barulho demais para que os passageiros pudessem manter uma conversa que não fosse aos berros, mas, mesmo assim, Bia tentou:
— E aí? Como foi o seu encontro com a garota da farmácia?
Ela olhava para o irmão, ansiosa. Théo sabia que ela estava planejando fazer aquela pergunta o dia inteiro, mas ele a tinha evitado. Se refugiara ainda mais na cozinha e até inventara de fazer mais bolos do que era preciso só para não precisar conversar com a irmã.
— Foi legal — disse simplesmente, girando o volante em uma esquina.
— Só isso? Legal?
Ele deu de ombros.
— Ela é uma garota interessante.
— E vocês estão conversando?
— Na verdade, não.
— Por quê? Ela não é interessante?
Théo respirou fundo.
— Olha, eu saí com ela porque você arranjou esse encontro. Um encontro que eu não queria ter. A gente conversou, mas os dois perceberam que não daria certo, então eu levei ela pra casa e a gente se despediu como bons amigos. Foi isso.
Théo não precisava tirar os olhos da rua para saber que Bia o olhava com o mais profundo desgosto.
— Você vai morrer sozinho, sabe disso?
— Estou bem ciente.
— É como se nenhuma mulher fosse boa o bastante para você, Théo.
— Eu não... — Ele respirou fundo de novo e apertou o volante com força. — Bia, não é nada disso, tá? Eu só não tô em um bom momento.
— Você nunca tá em um bom momento.
— E estou focado em outras coisas agora.
— Tipo o quê?
— Tipo a padaria. Tipo o papai.
— A padaria vai bem. O papai vai bem. É você quem não tá legal, Théo. — Ela alisou a barriga e balançou a cabeça. A chuva caía forte lá fora, escorrendo pelo para-brisa e pelas janelas. — Você precisa seguir em frente, sabe? Tem que esquecer ela.
— Não sei do que você tá falando.
— Théo. Não dá pra viver com a cabeça enfiada na terra para sempre. A Dorotéia foi...
Ele parou o carro na frente da casa da irmã e se debruçou para pegar algo no porta-luvas.
— Aqui, uma sombrinha — ele disse, entregando o objeto. — Quer ajuda para chegar até o portão?
— Espera um...
— Então te vejo amanhã. — Ele beijou o rosto dela. — Dá um beijo na Manu por mim. E no Rodriguinho. Diz para ele que essa é sua última semana, pelo amor de Deus. O homem está para me matar a qualquer momento!
Théo ignorou o olhar de pena no rosto da irmã, como vinha fazendo há cinco anos.
— Théo...
— Não quero falar disso, Bia. Por favor. — Ele engoliu em seco. — Eu tô bem. Muito bem. Você tem que entender isso e parar de me arrumar encontros. Logo, logo, vou estar falado na cidade e aí sim nenhuma mulher vai me querer.
Ela abriu um sorrisinho triste.
— Tá bom. — Bia o envolveu em um abraço sem jeito por conta da barriga, mas foi um abraço que Théo retribuiu com todo prazer. Eles ficaram assim por um tempo, até que ela sussurrou no seu ouvido: — Mas, vem cá, você por acaso não gostaria de conhecer melhor a Juliana da lojinha de acessó...
Théo abriu a porta dela de uma vez.
— Tchau, Bia. Uma boa noite.
Ela se afastou resmungando e Théo dirigiu para casa.
Ele estava cansado das tentativas fajutas da irmã de juntá-lo com alguém. Por anos, ela vinha bancando a casamenteira. Àquela altura a cidade inteira já devia pensar que ele estava desesperado por um relacionamento.
Não que Théo se importasse com o que as pessoas diziam. Já sabia que fofocas triviais eram o que mantinham uma cidade pequena funcionando, então que ele fosse tópico de conversa das senhoras que se reuniam na pracinha em frente à igreja depois da missa. Poderia acabar com o resto da sua reputação pelo bem das instituições sociais.
Ele guardou o carro na garagem quando chegou em casa e foi até a sala de estar, onde encontrou o pai no mesmo lugar de sempre, assistindo o jogo em sua cadeira de rodas.
— Chuva boa, hein, filho? — ele disse quando Théo chegou. — Deixou sua irmã em casa?
— Deixei. Ela disse que vai pra padaria só mais semana que vem.
— Já estava na hora! A qualquer momento o meu neto ia nascer no meio dos pães.
— Isso quer dizer que você precisa de um funcionário novo? — a voz de Pedro surgiu. Théo percebeu que ele estava deitado no sofá com Leandro, os dois debaixo de um cobertor. Desde que entraram de férias da faculdade na cidade vizinha, os dois viviam grudados. — Quer me empregar?
— Nada disso! — Lê protestou. — A gente combinou que ia curtir as férias juntos.
— Pô, mas um dinheirinho seria legal. E aposto que Théo e eu nos daríamos super bem, né, Théo?
— Eu não tenho tanta certeza. — Ele fingiu um olhar feio para o cunhado. — Dá para manter uma distância respeitável do meu irmão, por favor?
— Mas eu não tô fazendo nada!
— Caramba, Théo, você é insuportável. — Leandro jogou uma almofada nele, mas Théo a agarrou antes que o atingisse.
O pai soltou um grunhido.
— Vocês dois podem falar baixo? Tô vendo o jogo!
Leandro mostrou a língua para o irmão como se tivesse cinco anos de novo, Pedro riu e Théo tirou o cobertor dos dois em um último esforço de manter o respeito naquela casa.
— Mãos onde eu possa ver.
— Eu vou colocar a minha mão é na sua cara.
— Meninos!
Théo deu uma risada e foi até a cozinha, onde foi recebido com o cheiro maravilhoso de janta sendo preparada. A mãe estava no fogão enquanto a avó folheava revistas de fofoca numa cadeira. Théo deu um beijo em cada uma e espiou a página de famosos por sobre o ombro da avó.
— Eu não sabia que a senhora gostava de ver os atores da novela sem camisa, vovó. Que coisa feia. Vovô deve estar revirando no túmulo!
Na velocidade de um raio, a senhora acertou a revista na cabeça dele. Théo se afastou rindo, tentando desviar dos golpes dela.
— Garoto atrevido. Para a sua informação, eu só estava conferindo o resumo dos capítulos da novela das sete!
— E babando no Caio Castro também — a mãe disse com uma risada gostosa.
— Aline!
— A senhora acha que eu não te conheço, mãe?
— Talvez eu deva contar para o seu marido que você anda ficando acordada até mais tarde só para ver o bonitão do Caíque Santiago na novela das nove.
— Nem brinca com isso!
— Quem conhece quem agora?
— A gente pode parar de falar de homens? — Théo pediu, dando uma olhadinha na torta de frango que a mãe estava preparando e recebendo um tapa na mão quando tentou interferir na receita.
Era mais forte que ele. Não podia ver uma panela dando sopa (literalmente ou não) que as mãos já comichavam com as possibilidades.
— E que tal falar de mulher? — a avó disse. — Olha só quem tá na capa da revista.
Ela mostrou para ele a mulher linda que posava para a edição daquele mês. Seu nome também estava no título da matéria principal.
Dorotéia Castilho: conheça a atriz brasileira mais bem paga do momento.
Nas colunas da lateral esquerda, uma lista enorme dos últimos trabalhos dela se destacava em letras douradas.
Sua mãe suspirou enquanto mexia nas panelas.
— Nem dá para acreditar que um dia essa mesma moça estava fazendo trabalhos de escola na mesa da sala. Ela já era linda na época, mas agora...
A mãe não completou a frase. Nem precisava.
Dorotéia era linda. Sempre foi. A diferença era que agora o Brasil inteiro sabia disso também.
— Ela amava doce de leite caseiro, você lembra, Théo? Eu fazia para ela toda vez que vinha aqui.
A mente dele foi invadida por lembranças. Lembranças tão perfeitas que tinham cheiro e sabor.
Cheiro de incontáveis tardes chuvosas e sabor de sorvete de morango, que sempre foi o favorito dos dois.
Théo encarou o rosto na revista.
Será que aquele ainda era o sabor preferido dela? Será que ela ainda amava quando chovia fininho no meio do dia?
— Vou descansar um pouco — ele disse para ninguém em particular.
— Tá bom, querido. Eu grito quando a comida estiver pronta.
Théo deixou a sala e foi para o seu quarto, a última porta no corredor antes do banheiro. Era um cômodo pequeno, mas organizado na medida do possível. Ele ainda tinha seu antigo videogame e revistas em quadrinho empilhadas em uma prateleira, por mais que raramente relesse alguma delas. A TV de tubo antiga estava sobre uma escrivaninha meio capenga, a imagem era granulada e só pegava canais de TV aberta, mas aquilo não era um problema para Théo.
Ele ligou o aparelho e a televisão veio à vida transmitindo a grade da rede Globo, como sempre. Estava no meio da abertura da novela das nove: Por Você.
Théo sentiu as palmas das mãos suarem, o estômago embrulhado em nervosismo conforme as primeiras cenas se desenrolavam.
Mas não demorou muito para ela aparecer. Era a protagonista, afinal.
Théo nem percebeu que tinha parado de respirar quando Dorotéia surgiu.
Ela estava ali de novo. Ao alcance dos dedos e ao mesmo tempo longe demais. Ele sempre soube que ela conseguiria. Nunca teve dúvidas do seu talento, de quão longe poderia chegar.
Ele sempre soube. Mas então por que doeu tanto quando aconteceu?
Sentado na beira da cama, ele ouviu aquela voz tão familiar vinda da TV. Dorotéia contracenava com gigantes, roubava a cena e garantia todos os dias que seu nome nunca seria esquecido na história da emissora.
Ele sempre comprava uma ou outra revista em que ela aparecia. Por ela, compraria qualquer coisa. Também acompanhava os capítulos da novela, mesmo quando prometia a si mesmo que não faria aquilo de novo. Mas fazer o quê? Mesmo se quisesse, era impossível fugir dela.
Dorotéia estava em todo lugar. Nos comerciais, na novela das nove, na internet e em embalagens de produtos de beleza. Para onde quer que Théo olhasse, lá estava ela: linda como sempre, os olhos castanhos brilhando mais que estrelas e um sorriso perfeito.
Mas não o sorriso que ele conhecia.
Não o sorriso verdadeiro de quando ele a beijava na calçada debaixo do poste de luz. Nem o sorriso de quando fugiam juntos para os arredores da cidade naquela caminhonete Ford antiga.
Théo conhecia os sorrisos de Dorotéia, ou, pelo menos, pensava que um dia tinha conhecido. Mas do que adiantava pensar sobre aquelas coisas agora? Ela não sorria mais para ele.
Théo suspirou.
Ela estava em todo lugar, menos por perto.
Tudo aquilo só a colocava a um mundo de distância daquela cidadezinha e de tudo que tinham vivido.
Será que entre um take e outro, uma sessão de fotos e entrevistas nos maiores programas de TV do país, ela ainda para e pensa em mim?
Será que se lembrava de como tinha sido? Dos anos crescendo juntos? Dos beijos embaixo da arquibancada do colégio e das suas iniciais ainda gravadas naquela árvore na entrada da cidade? Será que sentia sua falta? Será que era assombrada tanto quanto ele pelos fantasmas de um futuro que nunca aconteceu?
Théo passou as mãos pelo cabelo. Estava sendo idiota. É claro que ela não pensava. Dorotéia estava no Rio de Janeiro vivendo a vida dos seus sonhos. Ela tinha seguido com o show e ele não havia sido mais do que uma página do livro maravilhoso que seria a vida dela.
Enquanto ainda se afundava naquela autopiedade ridícula, Caíque Santiago entrou em cena, interpretando Filipe, o par romântico de Dorotéia na trama das nove.
O corpo de Théo se enrijeceu.
Havia rumores de que os dois estavam juntos fora das telas. Devia ser verdade. Com certeza era verdade.
Mas por que ele se importava? Dorotéia não era mais dele, embora uma parte sua, talvez, sempre fosse ser dela.
Dorotéia e Caíque estavam se beijando agora, na sacada de um edifício luxuoso de frente para o mar. E ele parecia tão satisfeito e ela tão apaixonada...
Théo desligou a TV.
Dorotéia merecia tudo. Toda a felicidade que a vida pudesse dar. Todo o sucesso e a riqueza que seu talento absurdo a proporcionava. E ele não se ressentia disso. Nunca. Nem tinha esse direito, para começar.
O único ressentimento era consigo mesmo por ser incapaz de seguir em frente. Por estar preso à ideia do que poderia ter sido e nunca foi.
Talvez fosse melhor parar de assistir a tal novela. Sabia que o rosto dela ainda o perseguiria nas bancas e nos comerciais, mas, depois de todos aqueles anos, estava acostumado com isso, não estava?
Porque Dorotéia não voltaria para Pinheiro do Sul. Sua vida era no Rio agora, com pessoas tão importantes quanto ela.
E Théo era um padeiro. Era bom se lembrar disso. Ele era um padeiro que teve como primeiro amor uma futura atriz de renome nacional. Nunca daria certo. Porque o destino dela era encontrar um caminho para fora daquela cidade, enquanto o dele era ficar e assistir seu sucesso pela tela da TV.
As lembranças eram tudo o que ele tinha.
Isso e aquelas fotos soltas de anos menos complicados, além das cartinhas de amor escritas à mão e assinadas como Dory guardadas com carinho na última gaveta da sua cômoda. Ele devia trancar aquela gaveta e jogar a chave fora.
É passado, Théo, ele pensava quando se lembrava dela. Quando do nada era pego por uma onda de saudade da pessoa que foi sua melhor amiga e primeira namorada por tantos anos. Esquece. Ela nunca vai voltar.
Era o que ele pensava.
Mas, como muitas coisas, ele logo perceberia que estava errado sobre aquilo também.
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