Boate

Desde que entrei na boate não paro de dançar com as minhas amigas.

Hoje é a comemoração do aniversário do Yago, irmão da Karina, minha amiga. A gente quase nunca consegue ir a uma boate, porque os nossos pais são muito protetores, então o aniversário do irmão dela foi a desculpa perfeita para que nós três, Karina, Laís e eu, pudéssemos vir também!

A gente já sabia que o Yago ia ficar com os amigos dele e só lembraria da gente na hora de ir embora, sendo assim, a gente só precisava se preocupar em dançar muito e se divertir a noite inteira!

Nós três ficamos juntas até um dos colegas do Yago se aproximar da Karina. Eles já ficaram algumas vezes e, parece que os dois quiseram repetir mais uma vez a dose. Mas não tinha problema algum! Eu e a Laís continuamos dançando e cantando todas as músicas que conhecíamos (por sinal, a maioria delas)!

Quando a Laís quis ir ao banheiro, fui junto para acompanhar e encaramos uma fila grande que não parecia andar. Assim que chegamos à porta entendemos o motivo de estar tão devagar: dentro do banheiro a fila continuava, só que ele estava lotado porque ainda tinha o pessoal que estava lavando as mãos, retocando a maquiagem ou até mesmo conversando.

- Amiga, eu não vou entrar não, tá? - Disse assim que notei a situação que estava lá dentro.

- Você não quer ir não?

- Não! Só tomei uma latinha de refrigerante desde que cheguei, não preciso ir agora não.

- Ok então! Se a gente se desencontrar eu te ligo!

- Combinado!

Chegou a vez dela de entrar na segunda parte da fila e eu me afastei do banheiro já que não aguentava mais o calor que aquela fila estava causando.

Aproveitei para conferir se tinha alguma ligação ou mensagem dos meus pais, mas não tinha nada deles e nem algo importante que precisasse ser respondido naquele momento. Bloqueei o celular e voltei a guardar na pequena bolsinha a tiracolo que estava pendurada no meu ombro

- E aí gatinha? - Um cara um pouco mais velho do que eu se aproximou e estava na cara que ele já estava bêbado.

Fingi que não ouvi e olhei em direção ao banheiro para ver se tinha algum sinal da Laís, mesmo sabendo que pela fila enorme, era pouquíssimo provável que já tivesse chegado a vez dela.

Parece que ele não entendeu o recado e se aproximou de mim.

- Ô, gatinha, não me ignora, não!

- Ah, desculpa. Tá falando comigo? - Achei melhor me fazer de desentendida.

- Claro que tô! Tá vendo mais alguma gatinha por aqui? - Ele se aproximou mais e eu dei um passo para trás.

- Olha, desculpa, mas eu tenho que ir...

- Não vai, não! - Ele esticou o braço encostando no meu ombro. - Quero te conhecer melhor.

- Desculpa mesmo, mas eu preciso ir. - Me desvencilhei do toque dele e andei rápido em direção ao bar. Mesmo sendo bem próximo de onde estávamos, pelo menos eu estava perto do atendente do bar.

Olhei na direção do cara e vi que ele olhava para mim. Me virei de costas para ele e apoiei meus braços em cima do balcão torcendo para a Laís sair o quanto antes do banheiro.

- Qual o problema, hein? - Senti o cheiro forte do álcool quando ele falou próximo ao meu rosto. Na mesma hora olhei para dentro do bar, mas os dois atendentes estavam longe e nem ia adiantar tentar chamá-los. Eu teria que tentar uma última vez com educação. Me virei para ele assim que percebi que ele tinha afastado o rosto do meu.

- Olha, eu não tô interessada...

- Você ainda nem ouviu minha proposta! - Ele me interrompeu.

- É que eu não preciso saber.

- Se souber, vai gostar. - Ele piscou e eu fiquei com raiva. Por que alguns caras simplesmente não podiam aceitar um não e ir embora?!

- Olha, eu já disse e repito: eu não tô interessada! - Falei alto porque a irritação já me dominava.

- Depois do primeiro beijo você não vai querer saber de outra coisa.

- Eu tenho namorado! - Falei a primeira desculpa que apareceu na minha cabeça.

- Se tivesse ele estaria com você! - Ele piscou. - Você tá mentindo.

- Você está sendo inconveniente! Eu tenho namorado, sim!

- Cadê o idiota, então?! - Ele foi grosso.

- Bem aqui! - Uma voz masculina falou alto atrás dele e, tanto eu quanto o cara, olhamos surpresos para o dono dela. - Eu sou o namorado dela... - O garoto se aproximou de mim e passou um braço em volta dos meus ombros me puxando para perto do corpo dele. E eu não sei o que me deu, só que, quando eu percebi, já tinha deixado que ele me puxasse e minha mão direita estava apoiada no peito dele. - e também sou o idiota que vai chamar o segurança se você não sair agora daqui e nunca mais falar com ela! - Ele falou sério e firme. Eu me senti segura. O cara, por outro lado, bufou irritado e foi embora virando as costas.

- Eu não sei como te agradecer! - Olhei para o rosto dele e sorri.

- Normalmente para agradecer a gente diz "obrigado". - Ele sorriu.

- Obrigada! - A gente se encarou por alguns segundos e eu me dei conta de que continuava abraçada a ele. - Desculpa! - Me afastei dele.

- Que isso! - Ele ajeitou a camisa dele, apesar de não ser necessário. - Eu que peço desculpas por ter te abraçado, mas é que eu vi que o cara tava te perturbando e achei que só falando ele podia não acreditar...

- Não, claro! Você fez certo! Quero dizer, você tava tentando me ajudar e fingindo que era meu namorado e... Bem, é o que namorados fazem... Se abraçar, né?

- É! Pois é!

- Então tá!

- Espera! Você tá sozinha?

- Não! Eu vim com duas amigas. Uma está com o ficante e a outra no banheiro.

- É melhor vocês ficarem juntas. Sabe, tem uns caras que sabem ser chatos, principalmente quando estão bêbados.

- Percebi.

- Eu vou te fazer companhia até a sua amiga voltar.

- O quê? - Perguntei surpresa.

- Se você não se importar! - Ele se defendeu.

- Claro que não! - Respondi na mesma hora. - Eu quis dizer que não me importo! "Claro que não" não foi no sentido de "não quero que você me faça companhia", mas o oposto, na verdade... - Minha voz foi morrendo. Eu já estava passando muita vergonha perto dele.

- Tudo certo, então!

- É! - Sorri sem graça.

- E aí, é verdade ou não?

- O que exatamente?

- O que você falou para aquele cara...

- Bem, ele encheu a minha paciência por um bom tempo... Então eu falei várias coisas! Qual...

- Você tem namorado? - Ele me interrompeu.

- Ah! - Senti minhas bochechas esquentando e tive a certeza de que ele também reparou no que estava acontecendo. Desviei meu olhar pensando em que resposta eu daria para ele.

- Isso é sim ou não?

- Não. - Respondi baixo voltando a olhar nos olhos dele.

- Hummm. - Ele não sabia o que dizer. Assim como eu. A diferença foi que eu disse, me arrependendo na mesma hora.

- E você? - Vi quando ele ergueu levemente as sobrancelhas e tive vontade de pular para dentro do bar para me esconder.

- Também não. - Apesar de surpreso com a minha pergunta, ele não demorou a responder e falou mais firme do que eu tinha feito.

- Que bom! - Fechei os olhos e respirei fundo. Por que eu não ficava calada quando deveria manter a minha boca fechada para não falar nenhuma besteira?

- Que bom que você gostou! - Ele comentou risonho e acabou tirando um sorriso de mim também.

- Não é bem assim! Eu ia me sentir mal se você tivesse namorada e estivesse bancando o meu namorado só para mandar aquele cara mala embora! Não teria nada pior do que você ter algum problema só porque estava me ajudando.

- Fica tranquila! Eu entendi o que você quis dizer.

- Ótimo!

- Se bem que, sendo honesto, eu não me incomodaria de tivesse sido no outro sentido também.

Desviei meu olhar do dele e, para a minha sorte, vi a Laís me procurando. Comecei a balançar as mãos na direção dela, mas ela não conseguia me ver.

- A minha amiga está ali me procurando. Tenho que ir!

- Ah tá.

- Ela tá me esperando...

- Claro! Vai lá!

- Obrigada mais uma vez por ter me salvado...

- Que isso! Disponha!

- Obrigada!

- De nada!

- Tchau!

- Tchau!

Segurei forte na minha bolsinha e caminhei em direção à Laís.

Não sabia se era pelo que tinha acontecido, o fato era que eu estava me sentindo vulnerável. E eu sabia exatamente onde estava a segurança de que eu precisava e queria naquele momento.

Assim que a Laís me viu e levantou o braço para que eu a visse, eu parei, fiz um sinal para ela me esperar e me virei para o bar.

Ele continuava no mesmo lugar onde eu o tinha deixado.

Ele estava olhando fixamente para mim.

Não me importei que ele estivesse vendo o quanto eu estava apertando a minha bolsa, nem os passos vacilantes que eu dava, e muito menos o caminho de volta que eu estava fazendo até ele.

Eu só me importava que ele me visse. E isso estava acontecendo.

- Oi! - Eu não tinha corrido, mas estava sem fôlego.

- Oi! - Ele respondeu se aproximando de mim.

- Quer ficar com a gente? A gente gosta muito de dançar, então provavelmente é o que vamos fazer pelo resto da madrugada, mas...

- Vem! - Ele me interrompeu segurando a minha mão e começando a andar. - Só vamos avisar aos meus amigos e vamos até a sua amiga que está lá te esperando!

Ahhhhh, esse conto é quase que uma cena de filme daquelas que a gente se apaixona pelo cara, né?!

Mais alguém apaixonada aí por esse crush?

E lá vem alerta importante de novo: Sempre que acontecer uma situação assim, busquem logo ajuda, ok? A gente só deve conversar e ficar com quem nós temos vontade!

Deixe sua estrelinha e comentem!

Até o próximo conto!

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