Clima-tempo parte 2

16 de fevereiro

21:06 da noite

Sinorrim: Bar do Smith

Thomas estava sentado no fundo do bar, escondido pelas sombras, especialmente por causa das roupas escuras que estava usando e de seu cabelo preto, apenas esperando ouvir a informação que precisava. O Bar do Smith era um lugar conhecido por ser o ponto preferido para os criminosos relaxarem. Era muito fácil alguém deixar algo escapar.

Claro que muitas vezes ele precisaria interagir com as pessoas, principalmente se elas perceberem sua presença no local e reconhecerem quem ele for.

O bar estava até que estava mais vazio do que o normal em plena segunda-feira, das várias cadeiras na frente do balcão, apenas uma estava ocupada, isso estava acontecendo com muita frequência recentemente, parecia que a cidade estava aos poucos morrendo. Muitas pessoas estavam se mudando para Solina, uma cidade vizinha que estava se destacando no quesito da tecnologia, com a ajuda de alguns financiamentos de grandes empresas de Sinorrim. Alguns criminosos também estavam migrando para outro município, Surem, que sofria ainda mais com o crime do que nós sofremos.

Uma moça loira entrou no bar, chamando a atenção do bartender. Ela se sentou na cadeira mais próxima da parede.

"O de sempre." Lina falou para o homem que estava servindo.

 Thomas se aproximou para ouvir melhor a conversa, indo para a mesa à sua frente.

"Lina, você foi descuidada, a polícia já tem a sua descrição." falou o homem enquanto pegava uma vodka de um dos dois freezers.

"Não foi uma descrição muito exata pelo que vi. Não tem nada com o que me preocupar, se a polícia vier atrás de mim, vai ser pior para eles."

"E se aquela garota vier atrás de você?"

"Ouvi falar que ela não vai atrás de simples roubos, e sim de gangues. E se ela vier, os seu poderes não vão ser nenhuma vantagem, nós vamos estar de igual para igual."

"Procurando alguma coisa, Thomas?" disse Vincent, um membro dos Cobras Vermelhas que tinha cabelo e olhos castanhos, metade da cabeça raspada e uma cicatriz em seu braço.

O homem se sentou na mesa em que o menino estava.

"Talvez sim, talvez não. Pode ser que eu esteja só procurando uma gangue para me juntar."

"Você não acha que já está em gangues suficientes."

"Sempre dá para estar em mais."

"Você não é bem-vindo nos Cobras Vermelhas, e sem chance que As Medusas te deixariam entrar. E o Caos quer membros ativos, o que não é o seu caso. É melhor que você não tenha vindo aqui procurar informações dos Cobras Vermelhas."

"Sabe, a sua gangue não é a única aqui na cidade." Nem perto disso. "E eu realmente estou interessado entrar em um grupo novo, talvez de traficantes de armas."

"Estou de olho em você."  

Faltava alguns minutos até que ele tivesse que ir para Os Fantasmas, o garoto só precisava que alguém da Quadrilha do Norte chegasse.

Ele poderia até ir lá, conseguir a informação, mas se passasse mais tempo em uma gangue do que em outras, isso poderia lhe causar problemas, não seria bom irritar nenhum dos grupos de criminosos.

Thomas se levantou e foi em direção a porta quando se deparou com Cláudio, um homem alto, com cabelo louro e olhos castanhos.

'Perfeito', pensou o mais jovem.

Cláudio ainda estava devendo um favor para o menino, que talvez nem precisasse usar, pois este deixava várias informações escaparem facilmente.

"Cláudio, você não sabe como é bom te ver."

"Oi Thomas, por quê? Aconteceu algo?"

"Eu estava querendo entrar em mais alguma gangue sabe, e andei pensando naqueles caras, com quem vocês fazem o acordo de armas."

"Não sei se eles realmente te deixariam entrar."

"Tenho que tentar, talvez usar o meu charme." O homem olhou para ele com uma cara estranha.

"Ok..."

"Você não sabe onde eu conseguiria encontrá-los?"

"Tem uma fábrica, que fica no leste da cidade, perto do mar. É aquela fábrica de madeira, que faliu depois do surgimento da ConstruZona."

"Acho que sei, obrigado pela ajuda, agora tenho que ir."

17 de fevereiro

07:06 da manhã

Sinorrim: Escola Amanhã

Faltava quatro minutos para o sinal da Escola Amanhã, ia ser o primeiro dia de aula. Os alunos do colégio já estavam acostumados as suas férias terminarem depois que a dos outros,  em compensação as mesmas começavam em dezembro.

O portão preto estava aberto, permitindo que os alunos entrassem, alguns deles acompanhado de seus pais.

Thomas estava na frente do muro, o qual estava meio pichado e descascando. Ele estava com uma mochila verde musgo simples nas costas, seu uniforme parecia ser novo, ao contrário de sua bolsa. O seu cabelo estava bagunçado, como normalmente, e seus olhos castanhos estavam com olheiras mais acentuadas por ter que acordar mais cedo do que antes, o colégio de Daniel era mais perto de sua casa do que  a Escola Amanhã (não que pudesse chamar o lugar onde dormia de casa).

'Cadê a Nicole, daqui alguns minutos eu vou ter que ir para aula', pensou o menino.

Como se fosse combinado Nicole chega e se aproxima do garoto.

"Eu preciso saber sobre a pessoa que roubou o Banco Hora Extra."

"Nossa, parece que o destino ouviu suas preces. Eu vi ela ontem."

"Você tem algo revelante para me contar?"

"O nome dela é... Lina? Lina, pelo que me lembro. E, mais importante, ela é que nem você."

"Em que sentido?"

"As duas tem poderes."

"Que poderes?"

"Isso eu não sei. Eu posso tentar descobrir o nome dela, mas não prometo nada."

"Então fale logo o favor que vai precisar."

'Não quero perder tempo da próxima vez que me encontrar com ele', pensou Nicole.

"Hmmmm... Eu não preciso de nada no momento. Sei lá... Talvez roupas novas."

'Algo que eu deveria ter pedido à mesma pessoa que comprou meu uniforme, para já tirar isso do caminho'.

"Eu não pediria isso para você antes, mas já que é amiga do próprio Daniel Watkins não deve ser difícil fazer isso sem ter que roubar nenhuma loj..."

"Qual o seu tamanho."

"Nossa, achei que você ia comigo na loja depois da aula." Nicole continuou encarando ele, sem mudar sua expressão. "Eu estou zoando." O sinal tocou. " Meu número é 14, 16, por aí." disse enquanto ia em direção ao portão.

Ele parou de repente, se lembrando de algo.

"Mais uma coisa, a Lina estava frequentando o Bar do Smith e parece conhecer um dos bartenders de lá."

17 de fevereiro

16:00 da tarde

Sinorrim: Hospital Rubens de Oliveira

Não havia muitas pessoas saindo ou entrando do Hospital Rubens de Oliveira, que normalmente era bem movimentado. Porém esse era um dia atípico,  o criminoso que sobreviveu da explosão, Clóvis, estava internado lá. A população estava preocupada com um possível ataque, então muitos pacientes foram transferidos.

Isso facilitava o trabalho de Samuel e seu parceiro, que estavam de olho para ver se havia alguma movimentação estranha.

Eles estavam dentro de uma viatura branca, no estacionamento do hospital, que estava meio vazio.

Samuel não gostava de estar vigiando com Albert (seu colega), ele não precisava de ninguém o ajudando. O problema não era quem estava o acompanhado, o policial apenas não era fã do trabalho em equipe, preferindo ficar sozinho.

O barulho do motor de um carro prata chamou atenção dos homens. Eles ficaram observando enquanto o veículo estacionava longe do local onde estavam.

 Eles baixaram a guarda quando viram que o motorista do automóvel era apenas outro policial.

"Nossa, por que tantos policiais assim para conter apenas uma pessoa. Parece que toda hora chega mais um." falou Albert.

"Isso se chama troca de turnos, algo que vamos ter que fazer daqui a trinta minutos... Felizmente."

'E os policiais não são para manter o bandido lá dentro, são para impedir que Noan o mate.'

 Passaram-se alguns minutos sem nenhuma movimentação, até que dois policiais saíram do hospital, passando pela porta automática. Samuel observa os seus colegas pelo retrovisor da viatura, suspeitando de algo.

"Aquele não é o mesmo cara que tinha acabado de chegar?" perguntou para si mesmo.

"Ahn..." Seu parceiro olhou para trás para ver os oficiais. "Parece que sim, mas não posso afirmar com certeza." Enquanto dizia isto Samuel saía do veículo e ia em direção aos homens, que andavam rapidamente até o carro.

Ao se aproximar dos seus supostos colegas, ele pode reconhecer um deles como Clóvis, que devia estar preso no hospital.

O policial pegou a arma que estava em seu cinto e começou a correr atrás dos criminosos.

"Parados aí!!" Alertados por sua voz, os bandidos começaram a correr.

Clóvis e seu comparsa conseguem chegar ao carro antes que Samuel os alcance, dando partida e indo para fora do estacionamento.

"Droga!!" gritou frustado.

"Vamos, temos que impedir que eles escapem." Albert parou a viatura ao lado de seus parceiro.

Logo que entrou no automóvel, o que estava no volante acelerou em direção aos fugitivos. Seus olhos castanhos estavam totalmente focados no seu alvo.

Samuel pega o rádio do veículo e pede reforços.

"Nós temos um fugitivo, na rua 15 de março, umas dez quadras descendo o Hospital Rubens de Oliveira! Precisamos de reforços!"

"Houve um emergência no hospital, um ataque, vocês vão ter que ficar por conta própria." disse a voz do lado da linha, rapidamente, respirando pesadamente, ao fundo era possível ouvir gritos, sons de tiros e o que pareciam ser explosões.

Aparentemente a sorte não estava do lado deles, eles não conseguiriam nenhum reforço e lentamente estavam se distanciando dos criminosos, que faziam curvas fechadas cada vez mais arriscadas e ultrapassagens perigosas.

Por mais que Albert estivesse se esforçando ao máximo para não perdê-los de vista e manter o ritmo, não poderia arriscar causar um acidente de trânsito, que machucaria os civis, algo que obviamente os criminosos não pareciam se importar, tendo uma boa vantagem sobre eles.

O trânsito não estava muito problemático, raramente havia um veículo atrapalhando no meio da fuga.

O carro dos criminosos virou a rua, uma quadra a frente dos oficiais.

"Vire a rua agora!" mandou Samuel.

"Ok, qual o seu plano?" falou virando o automóvel uma rua antes da do que os criminosos tinham ido.

"Desligue as sirenes e mantenha a velocidade."

Chegando no cruzamento seguinte, era possível ver a traseira do veículo de fuga, que continuava no mesmo ritmo.

"E agora?"

"Eu vou tentar fazê-los pensar que não estão mais sendo perseguidos, e quando diminuírem a velocidade, nós os alcançaremos."

"Ótimo plano!"

No mesmo momento que Albert disse isso, ao longe, apareceram alguns carros indo na direção deles. Aparentemente, os motoristas perceberam a presença dos policiais, que estavam dirigindo na contra mão, e diminuíram a velocidade, ficando de um só lado da rua, abrindo caminho para os policiais passarem.

"Da onde surgiram tantos carros?" perguntou o homem que estava no volante.

De repente, o som de uma sirene começou a soar.

"Seu idiota! Por que você ligou as sirenes?!" perguntou Samuel.

"Não fui eu, achei que tinha sido você."

Como resposta para a pergunta deles, uma ambulância virou a rua indo na direção deles, mais a frente. Eles ainda não tinham chegado na fila de carros, mas uma vez que chegassem não seriam capazes de desviar da ambulância.

A fileira, apesar de continuar de um lado da rua, estava avançando, até que o primeiro veículo do nada parou.

"Encosta, se não a ambulância não vai conseguir passar." ordenou Samuel.

Em vez de diminuir a velocidade, Albert acelerou, chegando nos automóveis.

"Dá tempo de passar."

"Você está louco!"

A ambulância estava perto de chegar no final do alinhamento, mas quando viu que a viatura estava se aproximando, começou a desacelerar.

A viatura estava prestes a colidir quando chegaram no fim da fila e saíram do caminho da ambulância.

"Você perdeu a cabeça, nós poderíamos ter morrido!" repreendeu o que estava no banco do passageiro.

"Não tinha nenhum motivo para ter medo, relaxa Samuel. Mesmo que não conseguíssemos passar a tempo, a ambulância ia frear, ou só ficar atrás da fileira de carros."

"Você poderia ter causado um aci... Vira!" disse Samuel, não vendo mais o veículo que estavam perseguindo quando passaram pela rua.

Albert obedeceu o colega e rapidamente levou a viatura até o cruzamento em que eles perderam os fugitivos. 

"Eles estão à direita." o carro tinha dado ré e virado para o outro lado.

O policial fez uma curva fechada e acelerou na direção do outro automóvel, que havia perdido a vantagem de estar uma quadra à frente. Dessa vez parecia que a perseguição tinha virado a favor dos policiais, cada vez mais diminuindo a distância entre os veículos.

Depois de alguns minutos, os criminosos começaram a diminuir o ritmo, até que eles pararam o carro de lado, obstruindo a rua. Os policiais já se preparam para o tiroteio, usando a porta como proteção.

"Desçam do carro agora!" gritou Samuel.

Clóvis desceu do carro, com as mãos para o alto, porém seu colega, que saiu pelo lado oposto do que os oficiais estavam, começou a correr.

"Deixa que eu vou atrás dele." avisou Albert, enquanto o outro se aproximava do criminoso que havia se rendido.

"Se ajoelhe e coloca as mãos na cabeça!" ordenou Samuel.

O bandido obedeceu, enquanto o policial o algemava e o revistava para ver se ele não tinha nenhuma arma.

"Você tem o direito de ficar calado. Tudo o que disser pode e será usado contra você no tribunal."

Enquanto isso, Albert pulou o carro que estava no meio do caminho e continuou a correr atrás do comparsa, que estava muito a frente dele, porém, lentamente, o policial estava conseguindo se aproximar.

O fugitivo virou à direita, fazendo com que Albert perdesse o de vista por alguns segundos, mas nada que preocupasse o homem com a possibilidade de ser despistado.

Quando o oficial chegou na mesma rua que seu alvo, o mesmo estava prestes a virar mais uma vez. Ele acelerou ainda mais o passo, para não perdê-lo.

Ele estava tão focado nisso, que nem ouviu o portão de uma das casas abrindo.

De repente, sem nenhum aviso, foi ouvido um som estrondoso, que pôde ser ouvido pelo próprio Samuel, que estava a quadras de distância de seu colega.

Entretanto, o som não era nada como o que Albert estava sentindo, a pontada de dor, que nos primeiros segundos estava concentrada só em seu ombro, logo se espalhou por todo seu corpo, não conseguindo conter um grito arrepiante.

A pessoa que estava perseguindo já havia ido embora, no entanto esta não era a autora do tiro. Ele se virou de costas para ver que o responsável por isso era o cúmplice de Clóvis.

'Mas... Ele estava na minha frente a um segundo atrás?', pensou enquanto erguia a arma (apesar da dor que isso o causava), para apontá-la para o atirador.

Infelizmente, o bandido foi mais rápido e deu mais dois tiros, um acertou a mão do braço que estava segurando a arma, fazendo com que derrubasse-a, e  o outro foi em sua perna, um pouco acima do joelho.

De dor, o policial acabou se  curvando, manchas pretas invadiam sua visão, mas ele tentava continuar consciente.

"Mãos para cima!" disse o homem, enquanto apontava a arma na sua direção.

Albert fez o que ele mandou, esperando uma oportunidade de desarmá-lo.

O homem, a uma boa distância do ferido e sempre apontando a arma para ele, foi até suas costas. O criminoso baixou a arma e foi com a mão em direção a seu cinto, para desarmar o policial, porém este foi mais rápido e, numa explosão de adrenalina, atacou o bandido.

O comparsa de Clóvis ficou surpreso com a reação repentina do outro e não reagiu rápido o suficiente.

Albert bateu com força na arma que estava sendo segurada frouxamente pela mão do outro que havia baixado a guarda, fazendo com que esta fosse jogada para longe.

Em seguida, ele pegou o taser que estava no seu cinto e avançou contra o bandido, ativando a arma, porém este já tinha se preparado para o ataque do outro, depois da perplexidade inicial, desviou do policial e segurou seu braço, puxando-o contra o corpo de Albert, fazendo com que ele levasse o choque e acabasse desmaiando.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top