Capítulo Um
Capítulo Um: O início de tudo
Janeiro de 1999
Por Fernanda
Minha família e eu estávamos em Búzios passando o final de semana. Tia Adriele e o tio Joaquim tinham acabado de comprar uma casa e chamaram toda a família para conhecer. Tipo, todo mundo mesmo, meus primos, tias e tios, aí já viu, a bagunça estava feita. A casa era realmente linda, no térreo, nas cores verde-claro e azul-claro, com uma sacada linda de madeira. Tinha cinco quartos, uma sala grande de jantar, uma sala de jogos imensa, um jardim com grama verde, árvores frutíferas e muitas flores, além de uma piscina enorme. Não ficava exatamente na praia, mas ficava bem próxima e dava para ir caminhando.
A melhor parte desse fim de semana era ficar com o Rafa, meu primo, filho da minha tia Marta, irmã do meu pai, com meu tio Carlos. Apesar de ele ser quatro anos mais velho do que eu, e mesmo com as nossas "brigas" diárias, acabávamos sempre fazendo as pazes e indo para a praia juntos, tomando banho na piscina ou ficando no sofá da sala de jogos, eu sempre com a cabeça no colo dele enquanto ele acariciava meus cabelos. Era uma sensação muito boa e adorava quando ele fazia isso, nós dois sempre fomos assim, muito próximos, brigávamos e depois estávamos juntos de novo. Era uma tarde de preguiça, o sol não estava muito quente e estávamos no início do verão, um daqueles dias que você só quer sentar na sombra e ler um livro, ou simplesmente não fazer nada.
― Sério que vocês vão fazer isso? ― Eu estava sentada na espreguiçadeira lendo, quando o Rafa e o Bento vieram com as bombinhas nas mãos para estourá-las justo onde o tio Joaquim estava deitado. ― Vocês não têm medo de morrer? Quando o tio se recuperar do susto, vai pegar vocês dois, e aí eu não vou querer estar nem perto pra ver.
― Não vai acontecer nada ― disse o meu irmão Bento, preparando as bombinhas antes de levá-las para debaixo da rede, onde nosso tio estava ressonando.
― Ah é? E o que te faz pensar que o tio vai deixar por isso mesmo, hein sabichão? ― perguntei a ele, levantando-me da espreguiçadeira.
― Muito simples, ele não vai saber quem foi. ― Quem respondeu antes mesmo do Bento abrir a boca foi o Rafa. Ele estava lindo como sempre, de bermuda branca e sem camisa.
― Depois a criança sou eu... Bom, pelo menos avisei ― falei, me levantando e saindo.
― Ei Nanda! ― o Rafa me chamou.
― Oi.
― Ele só vai saber se você falar. E se você abrir a boca, eu te pego ― falou com um ar de riso, mas dei de ombros e saí. Aqueles dois parecem crianças, até parece que eu sou a mais velha, eu hein.
Entrando em casa, encontrei minha prima Layanara assistindo um desenho das Meninas Super Poderosas. Amanhã é seu aniversário de 10 anos.
― Onde o Rafa e o Be estão? ― perguntou ela com voz de sono, devia ter despertado há pouco tempo.
― Aprontando com o tio Quim, como sempre, eles não têm o que fazer ― falei, sentando-me perto dela no sofá.
― E a Mel, você a viu? Quando eu acordei, não a encontrei em lugar nenhum.
― Ela saiu com a tia Dri, foram até o mercado comprar os ingredientes que estavam faltando para fazer o seu bolo de aniversário. ― Nem terminei de falar a última palavra e os barulhos das explosões começaram, seguidos dos risos abafados daqueles dois. Lay e eu nos levantamos e fomos até a sala principal olhar pela janela. Não demorou muito, e assim que os sons cessaram, o tio Quim entrou todo alterado.
― Quem foi o engraçadinho? ― disse ele resfolegando.
― Quem o senhor acha que foi, tio Quim? ― falou Lay, dedurando os primos ― Quem são as duas pestes que fariam esse tipo de brincadeira?
― O Rafael e o Bento, onde eles estão? ― perguntou, procurando os dois na sala.
― Nanda, você os viu?
― Não, tio.
― Aqueles dois me pagam. ― Saiu resmungando palavras ininteligíveis e batendo o pé irritado.
― Você tinha que falar que foram os dois? ― falei, me virando para Lay.
― Como se ele não fosse descobrir cedo ou tarde ― disse, dando de ombros.
No fim da tarde, Lay, Mel e eu estávamos deitadas no sofá da sala de jogos assistindo Querida, encolhi as crianças pela milésima vez, quando o Be e o Rafa entraram com uma cara de poucos amigos.
― Que caras são essas? Quem morreu? ― Mel perguntou aos dois.
― O tio Quim confiscou nossas pranchas de surf e só vai devolver quando terminar o final de semana ― disse Bento, fazendo careta.
― Foi por causa da brincadeira de hoje de manhã? ― Mel perguntou.
― É, foi. ― Quem respondeu foi o Rafa. ― Como você sabe?
― O Be me disse ― Mel respondeu. Lay e eu nos entreolhamos.
― Só queria saber como foi que ele descobriu que fomos nós que fizemos a brincadeira ― disse Rafa, pensativo.
― É, deve ter sido muito difícil para ele descobrir... Qual é, Rafa? Os únicos que aprontam com ele são vocês dois, era só somar um mais um. ― Lay era muito sínica mesmo.
― Ele poderia ter achado que foram os vizinhos ou, sei lá, vocês.
― Até parece, nenhuma de nós nunca fez algo parecido e você sabe muito bem disso. ― Lay disse. Rafa e Be se sentaram no outro sofá ainda emburrados. Ficamos o resto da tarde assistindo TV.
Durante o jantar, todos conversavam animadamente sobre como foi o dia, o que cada um fez e os planos para a comemoração do aniversário da Lay. A minha mãe, tia Marta e Denise, a mulher do papai e minha boadrasta, como eu gostava de chamá-la, falavam sobre a comemoração do meu aniversário que seria em dois messes, em março eu iria fazer 12 anos. Foi quando o assunto das pranchas confiscadas surgiu.
― Por que você ta com essa cara, filho? ― perguntou meu pai ao Bento, que ainda estava inconformado por ter tido a prancha de surf confiscada. Rafa tentava sinalizar para o primo não falar nada sobre o que houve, porém ele estava tão chateado que nem percebeu.
― O tio Quim confiscou minha prancha e a do Rafa ― disse de cabeça baixa, enquanto brincava com a comida.
― Mesmo? E por que exatamente ele fez isso? ― E foi nesse momento que o Bento percebeu que tinha falado mais do que devia e olhou para o pai com olhos arregalados. Mas quem respondeu a pergunta foi o tio Quim.
― Os dois espertinhos me pregaram uma peça hoje de manhã, quando eu estava tirando um cochilo na rede. Eles colocaram bombinhas embaixo dela e explodiram, quase que eu tenho um infarto aos vinte e nove anos ― disse, olhando para a cara de ambos. ― Por isso confisquei as pranchas até acabar o final de semana. ― O tio Carlos, que estava ao lado do tio Quim, olhou para o primeiro e ambos riram.
― E como foi que você descobriu que tinham sido eles, querido? Poderiam ter sido as meninas ou os filhos dos Souza, eles adoram fazer esse tipo de coisa com os vizinhos ― comentou tia Dri rindo. Todos estavam rindo na verdade, menos Rafa, Bento, Lay e eu.
― Quando me recuperei do susto e entrei na sala procurando por quem tinha feito ou se alguém tinha visto alguma coisa, já que não tinha ninguém lá fora, encontrei a Nanda e a Lay, que me falaram que tinham sido esses engraçadinhos. ― Foi quase que de imediato, assim que o tio terminou de falar, o Rafa e o Be olharam para mim e para Lay e falaram juntos.
― Foram vocês, suas fofoqueiras? ― Eles se levantaram das cadeiras e nós também, e saíram correndo atrás da gente. O Rafa veio atrás de mim e o Bento foi da Lay, e todo mundo ficou na mesa rindo, achando graça. Eu corri tanto que fiquei sem fôlego e com uma dor horrível do lado das costelas, e mesmo assim o Rafa me pegou e me derrubou na grama do jardim.
― Agora você vai ver o que eu faço com fofoqueira ― disse, pegando meus braços acima da cabeça, prendendo meus pulsos.
― Foi a Lay que disse ao tio Quim, não eu ― falei, tentando me soltar da prisão do seu toque, porém ele foi se aproximando de mim e ficou bem perto. Ele nunca tinha ficado assim tão perto e senti um frio na espinha, mas não por ele estar achando que fui eu quem o entregou para o tio, e sim pela proximidade que nós estávamos.
― Então não foi você, foi a Lay? ― Balancei a cabeça dizendo sim. ― Mas você também não desmentiu, não foi? ― disse que sim, e nessa hora acho que fiquei pálida. ― Ou seja, você fez fofoca por omissão, o que é praticamente a mesma coisa, mas diminui um pouco a sua culpa, então já sei qual vai ser seu castigo. ― Ele começou a fazer cócegas em mim e eu implorei para ele parar, mas não adiantou.
Ele ficou realmente em cima de mim, e de repente interrompeu as cócegas e olhou nos meus olhos de uma forma estranha. Eu ainda tinha lágrimas nos olhos de tanto que ri, foi aí que ele se aproximou mais e seus lábios tocaram nos meus. Eu nunca tinha beijado ninguém antes, tinha só 11 anos, quase 12, mas nunca nenhum garoto tinha me beijado, era uma sensação ótima ter os lábios dele tão macios e suaves nos meus. Meu Deus, eu estava beijando meu primo! Quando as coisas começaram a fica intenças de verdade, escutamos vozes e paramos na mesma hora, nosso olhares se cruzaram e naquele momento eu soube que entre nós dois nunca mais seria a mesma coisa.
Novembro de 2002
Saí da escola mais cedo pra me encontrar com o Rafa, pedi para a Laís, minha melhor amiga, e minha prima/cunhadinha Mel para me darem cobertura. As aulas estavam quase no fim. Eu não o via há três dias e esse tempo no nosso mundo era uma eternidade, eu estava morrendo de saudades. Combinamos de nos encontrar no Forte de São Matheus, que é um ponto histórico e turístico da cidade com um visual que adoro, é lindo, mas um pouco distante da escola onde estudo, porém, vale a pena, qualquer coisa vale a pena para ficar perto dele. Peguei um táxi para chegar mais rápido. Desde o fim de semana na praia de Búzios, quando éramos mais jovens e nós nos beijamos pela primeira vez, nunca mais foi igual entre a gente, ainda brigávamos e fazíamos as pazes, e ele ficava me roubando beijos sempre que tinha oportunidade. Mas só começamos a ficar juntos de verdade quando ele parou de ficar com as outras meninas e ficou só comigo.
Ele e eu chamávamos isso de namoro, mas nossos pais chamavam de infantilidade. Eles nunca concordaram com o nosso relacionamento e às vezes era tão difícil que dava vontade de fugir para um lugar bem longe, e é claro que eu não iria sem o Rafa, porém o próprio sempre dizia que nunca faria isso, que não estava cometendo nenhum crime e que cedo ou tarde eles iriam ter que entender que nós nos amávamos. Só que o problema não era esse, nossa família, e eu digo nossa porque era realmente uma unidade, não aceitava casamentos consanguíneos. Sempre foi assim, o meu pai Theo e a tia Marta, a mãe do Rafa, são irmãos e eles ficavam no nosso pé o tempo todo, desde que nós dois fomos pegos pela minha mãe, isso há um ano.
Namoramos escondido por quase dois anos e ninguém nunca desconfiou, até a minha mãe ver nós dois no maior amasso em uma das exposições dela. Ela é uma talentosíssima artista plástica aqui de Cabo Frio, uma cidade litorânea a Oeste do Rio de Janeiro, e eu não falo por ela ser minha mãe não, são os jornais que falam, só estou usando as palavras deles. Quando a família descobriu que estávamos de "criancice", como eles gostam de enfatizar sempre, disseram que não ia dar certo, que eu era muito nova e que o Rafa era velho demais, que ele estava indo pra faculdade, que nós éramos primos quase como irmãos pelo fato de termos crescido juntos e que o relacionamento poderia afetar a família. Enfim, tentaram de todas as formas nos separar, usando argumentos muitas vezes absurdos.
Discutir com o meu pai se tornou algo natural e todos os dias ele martelava a mesma tecla, já tinha virado algo rotineiro, e com os pais dele não foi muito diferente. As únicas pessoas que "apoiaram" nosso relacionamento foram os meus tios Adriele e o Quim, e mesmo assim eles preferiram ser conciliadores a tomar partidos, além de nossa prima Layanara, Melissa, irmã do Rafa, e de meu irmão. Tirando essas pessoas, todas as outras eram do contra por inveja, despeito, implicância, preconceitos e pensamentos arcaicos, sempre havia algum motivo, e até minha mãe, que era a pessoa mais sensata que eu conhecia, concordava com meu pai.
Cheguei ao Forte uns trinta minutos depois. Ele já estava lá, lindo como sempre, com aqueles olhos penetrantes que quando me olhavam, pareciam que estavam vendo através de mim. Aos vinte anos, ele tinha mudado bastante e não era mais aquele menino de quinze que me derrubou na grama e me roubou um beijo. Já era um homem, forte, alto e com seus quase 1,90m, seus cabelos estavam cortados um pouco mais curtos do que o de costume, mas ainda dava para cravar os dedos neles. Sua pele estava bronzeada pelo sol numa tonalidade de dourado muito linda, isso porque ele passava o tempo de lazer que tinha na praia surfando, seu passatempo favorito, depois de mim, é claro.
Só de olhar pra ele, meu corpo todo ficava em alerta. Ainda não tinha rolado nada entre a gente, só uns amassos mais ousados e umas mãos bobas aqui e ali. Não que eu não quisesse, eu queria e muito, e tinhamos uma intimidade tão grande que eu ficava de lingerie e ele de cueca na frente um do outro, conversávamos sobre tudo e falar sobre sexo era normal entre nós dois. Sempre me perguntava por que ainda não tinha rolado nada, só que achava que o momento certo ainda não tinha chegado, se é que existe esse momento. Essas coisas quando têm que acontecer, acontecem, e não tem que ter um planejamento prévio, mas ele também ficava com um pé atrás por eu ser um pouco mais nova, porém pegávamos fogo sempre que ficávamos a sós.
― Ei Leãozinho, você demorou ― disse, me dando um beijo e um abraço apertado. ― Tava morrendo de saudades, doido pra te abraçar e nunca mais largar. Você está linda ― falou, me beijando de novo.
― Eu também estava morrendo de saudade de você, doida pra te beijar. ― Mesmo nos falando todos os dias por telefone, não era a mesma coisa de tocar, sentir e cheirar, era muito bom ter ele assim perto de mim.
― Você vai ficar comigo hoje à noite? ― Às vezes, quando dava, eu conseguia fugir para dormir com ele no apartamento que dividia com Bento, Caio e Alam.
― Consegui inventar uma desculpa pra minha mãe, disse que ia dormir na casa da Laís, que era melhor porque nós íamos para uma festa hoje à noite, e a Lay e a sua irmã iriam me dar cobertura, eu disse que elas também iriam. ― Ele me olhou daquele jeito e deu aquele meio sorriso que me deixavam doida. ― O que foi? Você que disse que estava com saudade de dormir sentindo meu cheiro, então pode parar de fazer essa cara, essa aí ― eu disse, enlaçando seu pescoço e o enchendo de beijos.
― Vocês quatro são um perigo juntas ― ele disse, agarrando-me pela cintura. ― E eu não estava com saudades de dormir sentindo seu cheiro, eu estou com saudades de dormir sentindo o seu cheiro, só para esclarecer. ― Comecei a sorrir, ele era um bobo mesmo e eu o amava. ― É melhor irmos logo, pois já ta ficando tarde. Você trouxe só a mochila?
― Sim, só ― falei, enquanto ele a pegava e a levava até o carro. ― Eu vou ficar só uma noite, não o fim de semana todo ― disse, sorrindo para ele. ― Os meninos estão em casa?
― Na verdade não, o Bento foi dormir na casa da Patrícia, o Caio viajou pra uma festa na casa de um colega dele da faculdade e o Alam, bem, você o conhece, detesta ficar sozinho segurando vela, palavras dele ― falou, enquanto se preparava para dar partida no carro.
― Então o apartamento é só nosso? ― perguntei a ele com uma cara bem safada. ― Vou fazer maldades com você hoje ― falei com ar de riso.
― Para de me olhar assim, você quer que eu bata com o carro? ― Ele começou a rir também. ― E sim, o apartamento hoje é só nosso.
Entramos no apartamento vinte e cinco minutos depois. Fui direto tomar um banho e o Rafa foi fazer alguma coisa para a gente comer. Já tinha passado das 13h30min e eu estava faminta, saí do banho e fui me vestir, colocando um vestidinho florido de alças finas que usava para ficar em casa. Eu não tinha esses costumes que geralmente as garotas da minha idade têm de sempre estarem arrumadas na frente dos namorados, porque como crescemos juntos, o Rafa já me viu de todas as maneiras prováveis. Fui até a cozinha e fiquei o vendo terminando de fazer o jantar, o cheiro estava de matar de tão bom e perguntei se queria ajuda, mas ele disse que não e que já estava terminando, então fui lavar a louça. Quando terminamos, o Rafa foi tomar banho e fui organizar o balcão para jantarmos assim que ele saísse do banho.
― Anda amor, eu to morrendo de fome, falta muito?
― Estou terminando de me vestir, dois minutos.
Por Rafael
Estou no terceiro período de Arquitetura, o semestre está sendo muito complicado e os professores estão cobrando muito, sem falar na construtora a qual estou trabalhando como estagiário. O salário não é lá essas coisas, mas dá pra pagar as contas e são apenas seis horas, então é perfeito para mim. Por esse motivo, Nanda e eu estamos nos encontrando com menos frequência. O fato dos nossos pais não concordarem com o nosso relacionamento também não ajuda muito.
Fazia três dias que eu não a via, minha "menina mulher". Depois que resolvi parar de roubar beijos dela e de sair com as outras meninas, isso há pouco mais de dois anos, começamos a namorar, só que sem os nossos pais saberem. Dizendo assim parece ser infantil, mas o problema é que a nossa família, ou melhor, os nossos pais, não aceitam nosso relacionamento, eles acham que se evoluir para algo a mais, e se chegarmos a ter filhos, as crianças podem nascer com algum problema genético, o que não deixa de ser verdade até certo ponto, e também tem o fator familiar, tipo "se não der em nada e houver brigas por causa dessas criancices", e como todos nós sempre fomos muito unidos, esse é o maior problema.
Nanda e eu estávamos juntos e eles sabiam, mas não apoiavam. Além disso, quase não nos víamos por causa da minha faculdade e o estágio, ela estava terminando o ensino médio e fazendo o cursinho. Seu maior objetivo era prestar vestibular para medicina e estava realmente se dedicando para passar. Saí do quarto e ela já tinha organizado o balcão que ficava entre a cozinha e a sala, eu estava faminto, pois tinha saído da faculdade e ido direto buscá-la.
― Até que enfim, estou com fome. ― Ela estava muito linda.
Nos últimos anos, Nanda tinha se tornado uma mulher, pelo menos fisicamente falando, algumas atitudes dela ainda eram infantis e às vezes eu tinha que ter muita paciência. Mas olhando para ela agora, vendo suas curvas tão bem desenhadas, vejo o quanto mudou, pois quando era criança, parecia uma Olivia Palito. Seus cabelos são de um castanho-escuro, ondulados e que vão até o meio da coluna, eu amo os cabelos dela, os seios médios, olhos de um verde azulado muito profundo e sua pele bronzeada do sol, perfeita. Quando eu ia pegar onda, ela quase sempre vinha junto. Tinha a convicção de que quando fosse rolar, iria rolar, sem ter que pressioná-la, só que a cada dia ficava mais difícil.
― Vai ficar aí me olhando com essa cara ou vai colocar sua comida? Você não ta achando que eu vou colocar, né? ― falou como uma metralhadora.
― Você vai comer tudo isso? ― falei, apontando para o prato dela.
― Sim, e qual é o problema? ― Olhou para mim com aquele olhar matador, que dizia "é melhor você ter cuidado com o que vai dizer". ― Vai ficar regulando o que eu como agora, engraçadinho? ― Só dei um meio sorriso e balancei a cabeça, coloquei meu almoço e sentei de frente para ela.
― Então, quando sai o resultado do vestibular? ― Ela demorou um pouco para responder. Estava com a boca cheia de comida e não se importava de comer igual a um boi na minha frente, eu adorava isso nela, sempre fomos assim, íntimos em tudo.
— Provavelmente do meio para o final do mês de abril.
― Você prestou para a UFRJ ou para a PUC? Esqueci de perguntar. ― Ela sempre foi meio CDF e Bento e eu sempre rimos dela por isso. Aos 16 anos Nanda já estava no último ano do ensino médio.
― Sim, fiz para as duas e para a USP também. ― Quando disse USP, desviei a atenção da comida e olhei para ela.
― São Paulo, sério? Pensei que nós já havíamos conversado sobre isso, Nanda. São sete anos de graduação e mais três de especialização, vamos ficar dez anos longe um do outro? ― Ela sabia que eu queria estar estruturado em dez anos, e morarmos juntos se encaixava nos meus planos.
― Só porque prestei vestibular para a USP, não significa que eu vá. Quero apenas ter mais opções, só isso, provavelmente eu faça na UFRJ mesmo. Também não quero ficar dez anos longe de você, dos meus pais e do resto da família, mesmo que eles me enlouqueçam às vezes. Eu os amo muito pra ficar tanto tempo longe ― disse sorrindo, aquele riso aberto que eu tanto amo. ― Além de que em dez anos vamos estar casados, então eu não estou cogitando a possibilidade de deixar você solto no mercado. ― Não consegui segurar o riso e dei uma gargalhada, enquanto ela olhava para mim bem séria.
― Não sei qual é a graça. Se o senhor acha que vai ficar dez anos me enrolando, está muito enganado ― disse, enquanto se levantava, levando os pratos até a pia. Levantei-me, a abracei pro trás e beijei seu pescoço. Ela adorava quando fazia isso e ficava toda arrepiada. Dei outro beijo e um meio sorriso, e senti quando ela começou a sorrir.
― Eu jamais, sequer, pensaria em te enrolar por tanto tempo, o Rio pra mim já é longe e nós vamos nos ver bem menos, imagina só São Paulo? ― A abracei mais forte.
― Eu sei, só vou fazer para ter mais opções, só isso. ― Dei um último beijo nela e comecei a ajudá-la a lavar a louça. Amanhã é sábado, então é dia de irmos para a Praia das Dunas surfar, ou melhor, eu vou surfar e ela vai ler, é o que sempre fizemos.
Fomos assistir a um filme que estava passando na TV, era uma comedia romântica e ela sempre me fazia ver esses filmes desde a adolescência. No fim, acabei aprendendo a gostar. Estávamos abraçados no sofá, até que ela se levantou e foi até a cozinha pegar chocolate no armário, sempre comia um depois do almoço e depois da janta, era uma viciada. Mas aquele vestido dela estava tirando meu juízo e me perguntava se ela estava fazendo aquilo de propósito só para me provocar. Eu já estava no meu limite, quase dois anos só de amassos, estava subindo pelas paredes. Quando ela ficou na ponta dos pés, o que é um velho hábito que tinha pelo tempo em que fez balé, e o vestido dela subiu um pouco, não aguentei e fui até ela.
― Você vai acabar me enlouquecendo. Sério, esse vestido te deixa muito gostosa. ― Ela deu um meio sorriso e jogou a cabeça pra trás, se esfregando em mim. Tentei me afastar porque já estava duro, mas ela não deixou. ― Nanda, sério, se a gente não parar agora, eu não respondo por mim. ― Ela se virou bem devagar e me olhou, o seu olhar me dizia tudo, o quanto ela me queria.
Segurei-me durante muito tempo, não só por ela ser mais nova, mas também porque ela não estava pronta. Quando rolasse, não ia ter mais volta e seríamos um do outro para sempre. Só que naquele momento eu soube que tínhamos nos segurado por tempo demais e que não dava para continuar segurando, era latente a atração que tínhamos um pelo outro.
Quando nossos olhares se encontraram, tive a certeza de que era ela quem eu queria para o resto da minha vida. Peguei sua mão, coloquei no meu quadril, me aproximei e comecei a beijá-la, no início bem lentamente, só com os lábios, mas ela mergulhou as mãos nos meus cabelos e aprofundou o nosso beijo, enviando sua língua na minha boca, e simplesmente nos perdemos. Me separei um pouco só para poder respirar, colando nossas testas ofegantes.
― Você me enlouquece e tira o meu fôlego, literalmente. ― Ela começou a rir com os olhos fechados, e quando os abriu, vi apenas fogo dentro deles. ― Olha o meu estado, Leãozinho ― digo com ar de riso, sussurrando em seu ouvido.
― Você me entorpece também, eu quero você Rafa, quero ser sua mulher. ― Fiquei meio sem acreditar no que estava ouvindo.
― Tem certeza? ― Olhei nos seus olhos para ter certeza da sua resposta.
― Sim ― Foi tudo o que ela disse, tudo o que eu precisava ouvir. Separamo-nos e ela pegou minha mão, me levando até o meu quarto e olhando dentro dos meus olhos. Foi abrindo os botões um por um, mas eu é que queria fazer isso, então segurei suas mãos no caminho para o segundo botão.
― Não me tire o prazer de tirar suas roupas. ― Ela me olhou e deu um meio sorriso, então abocanhei seus lábios mais uma vez e nos devoramos.
Passei as mãos pelo seu corpo que já conhecia muito bem. Minha excitação estava de um modo que era difícil de controlar, então me lembrei que era a sua primeira vez e tentei segurar a onda. Comecei a abrir os botões do seu vestido sem parar de beijá-la, a deixando apenas de calcinha. Seus seios médios de mamilos rosados são perfeitos, comecei os acariciando e em seguida os devorando, ela soltou um gemido de prazer e continuei saboreando seus seios um por vez, dando atenção aos dois. Ajudei-a a puxar minha camisa e retirei sua calcinha, deixando-a completamente nua, ela tentou tirar minha bermuda, mas eu não a deixei.
― Ainda não Leãozinho, senão vai acabar rápido demais, e hoje eu só quero adorar e dar prazer a cada centímetro do seu corpo. ― A deitei na minha cama e comecei a beijar, lamber, chupar e morder cada pedacinho do seu corpo gostoso. Ela tem um corpo lindo, delicioso, magro e cheio de curvas que me deixa doido, uma bunda linda que sempre tive vontade de morder e que agora iria realizar minha fantasia.
Por Fernanda
Parecia que o meu corpo todo estava pegando fogo, uma sensação maravilhosa e única. O Rafa estava sendo muito malvado comigo, me excitando, me deixando louca, e quando ele colocou a mão em minha vagina, separando os lábios e começando a estimular meu clitóris com os dedos, eu fiquei completamente descontrolada. Eu queria mais, muito mais, e pedi por isso.
― Rafa, por favor ― falei quase sem fôlego.
― Diz pra mim, o que você quer? ― ele disse baixinho, sussurrando no meu ouvido, mordendo e chupando minha orelha, ainda me provocando, e eu nesse momento já estava completamente entregue e entorpecida. ― Tão molhada, eu estou louco pra sentir seu sabor. Fala pra mim o que você quer, amor. É só pedir que eu te dou. ― Eu já estava com um tesão incontrolável.
― Quero que me faça sua. ― Não precisei falar de novo, ele lentamente desceu e ficou no meio das minhas pernas, sem parar de estimular meu clitóris. Oh isso é tão gostoso! Dei um grito quando ele aumentou a pressão.
― Vou te chupar até você gozar na minha boca e continuarei até você não aguentar mais, só então te farei minha mulher. Vou penetrar tão fundo dentro de você que essa noite vai ficar marcada nas suas lembranças para sempre.
Nossa, como ele estava sendo intenso! Nunca tinha visto o Rafa assim, mas eu estava adorando e fiquei ainda mais excitada. Ele começou a me chupar e eu estava delirando, como era bom ter a boca dele no meio das minhas pernas, minha vagina pulsava por isso. De repente uma dormência começou a subir pelas minhas pernas, chegando ao meu ventre, parecia que o meu corpo ia explodir em milhões de pedaços e foi exatamente isso o que aconteceu, parecia uma morte e um renascimento, eu nunca tinha sentido nada como essa sensação antes, líquidos jorravam de dentro de mim, mas ele não parou e parecia que meu gozo só tinha dado mais fome nele. Quando minha excitação começou a crescer de novo dentro de mim, e nem sei como isso era possível, já que acabado de gozar, ele veio subindo lentamente até chegar perto do meu ouvido.
― Amor, eu tenho que te fazer minha, não estou aguentando mais.
― Então me faça sua. ― Ele virou para a mezinha de cabeceira, abriu a gaveta e pegou um preservativo, então desabotoei sua bermuda, libertando seu pênis. Ele era grande, grosso, gostoso na medida certa e fiquei pensando se caberia dentro de mim enquanto o acariciava. Era duro, mas também macio, e quando ia prová-lo, ele não deixou.
― Depois. Se você me tocar agora, eu vou gozar. ― Ele estava realmente excitado e saber que era por mim, me deixava doida. Colocou a camisinha, olhando para mim e percebendo que estava apreensiva. ― Você também vai dilatar, só precisa relaxar. ― Apenas fiz que sim com a cabeça, então ele abriu minhas pernas ainda mais, colocando-as encima dos seus braços, e começou a me penetrar, colocando só a cabeça e forçando um pouco mais. Eu resfoleguei, pois doía um pouco, mas ele colocou as mãos entre nós dois e começou a estimular meu clitóris e chupar meus mamilos, fiquei excitada quase que de imediato, então ele empurrou e eu soltei um grito meio alto.
― Relaxa meu amor, para você se acostumar com meu tamanho. Só vou me mexer de novo quando você estiver confortável ― disse, continuando a chupar meus seios e a estimular meu clitóris. Eu mesma comecei a me mexer e a me movimentar, e quando ele percebeu, começou a fazer um vai e vem bem lento e foi aumentando aos poucos, ardia um pouco, mas era muito gostoso.
― Rafa... Ai... Isso, assim... ― comecei a falar e a gemer novamente, acompanhando seus movimentos, quando outra explosão tomou conta de mim.
― Isso amor, goza pra mim... Linda, goza mais, vai... Isso amor... ― disse, colocando mais pressão, indo cada vez mais rápido, prolongando meu prazer, então seu gozo se rompeu como uma barreira e ele desabou em cima de mim.
Eu estava completamente dormente, dolorida e anestesiada, tudo ao mesmo tempo, se é que isso era possível. Se eu soubesse que era tão bom, teria feito há mais tempo, pensei com um sorriso entre os lábios.
― O que foi? Por que ta rindo assim? ― perguntou ainda dentro de mim. E quando percebeu que seu peso estava me esmagando, saiu lentamente e ardeu só um pouco, tirou a camisinha e a jogou no cesto de lixo que ficava no quarto.
― Estava só pensando que se soubesse que era tão bom assim, não teria esperado tanto, e que você é muito mandão durante o sexo. ― Ele jogou a cabeça para traz e soltou uma gargalhada.
― Eu sei, sou mesmo, mas eu peguei leve dessa vez com você. ― Ele era muito sínico mesmo, mas eu o amava exatamente por ser assim.
― É mesmo? Pegou leve, foi? ― Estreitei meus olhos pra ele e comecei a acariciar meu novo brinquedo. Ele me olhava com cara de safado. ― Você disse depois, agora já é depois. ― Ele abriu um sorriso safado. ― Quero te explorar, assim como você fez comigo. ― Deu um sorriso que faria qualquer mulher enlouquecer.
― Não está dolorida? ― Fiz que não com a cabeça. ― Pode vir então, fique a vontade, sou todo seu.
Nos amamos quase a noite toda, eu estava tão cansada e dolorida que apaguei, só acordei quando o sol já estava batendo no meu rosto, atravessando as persianas do quarto.
Levantei-me e senti um cheiro incrível vindo da cozinha, mas antes de sair, fui ao banheiro tomar um banho, meus músculos estavam gritando. Tomei um relaxante muscular e peguei um biquíni na minha mochila, vesti com uma saída de praia, que parecia com um vestidinho curto, e fui até a cozinha, eu estava morta de fome. Nossa, como sexo dá fome!
― Ei, bom dia Leãozinho. ― Às vezes ele me chamava pelos apelidos que eu tinha na infância, alguns o próprio havia colocado em mim. ― Você está bem? Está dolorida? ― perguntou com um tom preocupado. Coloquei meus braços envolta do seu pescoço e ataquei sua boca, ele correspondeu da mesma forma e ficamos ali uns minutos, um perdido no outro.
― Bom dia, e sim, estou um pouco dolorida, mas já tomei remédio e um belo banho e estou melhor. Na verdade, estou ótima ― eu disse, ainda o abraçando. Encostamos nossas testas e ficamos assim por um segundo. Quando nos separamos, meu estômago roncou, eu estava morta de fome e o Rafa começou a rir de mim.
― Vem, vou te alimentar. ― Depois de um café da manhã com tudo o que eu tinha direito, fomos para a praia, no caminho o Rafa ficou meio pensativo, como se tivesse algo o preocupando.
― O que foi? De repente você ficou tão sério... ― Ele se virou para mim e era visível que alguma coisa estava o deixando com caraminholas na cabeça. ― O que foi, amor?
― Tava pensando nos nossos pais, nessa situação absurda que eles impuseram a gente, até quando vamos ter que ficar inventando desculpas para podermos ficar juntos? Sério, já está ficando ridículo. Se você fosse maior de idade, viria morar comigo para acabar com essa palhaçada. ― Parecia realmente incomodado hoje com o fato dos nossos pais não aceitarem nosso namoro. ― Só quero poder ficar com você sem que isso pareça um crime. ― É, realmente ele estava chateado.
― Eles vão aceitar um dia, quando eles perceberem o quanto vamos ser felizes juntos ― tentei mudar de assunto. Geralmente era eu quem ficava chateada com a situação, não ele. ― Os meninos vão encontrar com agente na praia? ― Esperava que sim, pois estava com saudades do meu irmão, aquele desnaturado, não o via desde domingo. O Bento apoiava o que sentíamos, ele era o melhor amigo do Rafa e nunca tinha visto os dois brigarem.
― Vão sim, os três. ― Dez minutos depois, chegamos à Praia das Dunas.
Era um lugar realmente lindo, um ponto turístico para os turistas e um refúgio para nós, vínhamos para cá desde crianças. As meninas ficaram de encontrar com a gente aqui, não demorou muito e as vi com Bento e Caio.
― Oi! ― Nos abraçamos e fomos procurar uma sombra onde poderíamos nos sentar, os meninos vieram atrás da gente. Lay, Mel e eu não somos apenas primas, somos como irmãs e crescemos juntas. Já a Laís foi adotada por nós, quatro loucas inseparáveis, eu as amo e somos como "alma-irmãs".
Quando estávamos deitadas em uma sombra, enquanto os meninos estavam surfando, contei para elas tudo o que rolou ontem, e foi aquela euforia, todas querendo falar ao mesmo tempo. O Alam chegou, mal cumprimentou a gente e saiu logo de perto. Ele já sabia como éramos quando estávamos juntas. Quando finalmente elas se acalmaram, a Laís falou.
― Eu sempre me perguntei o que tanto você esperava pra fazer sexo gostoso com o priminho, já que estão juntos há mais de dois anos ― falou cheia de humor sarcástico.
― Sem sarcasmo, tá? E eu sempre achei que quando rolasse, ia ser porque tinha que rolar, e aconteceu que eu estava certa no final das contas, foi muito bom. Gente, sério, agora eu entendo o porquê das pessoas fazerem tanta euforia sobre o assunto, é realmente muito bom. ― As meninas começaram a rir, Laís e Lay me perguntaram um monte de coisas e a Mel, apesar de meio maluquinha e de querer ser sempre matura, só escutava.
Ela era a mais nova, tinha apenas 14 anos, mas sabia muito bem das coisas. Passamos a tarde toda na praia e já passava das 15h30min quando os meninos levaram minhas primas e a Laís pra casa, o Rafa e eu ficamos um pouco mais pra ver o pôr do sol. Estávamos sentados na areia, eu estava entre suas pernas e ele me abraçava, estava muito silencioso, mas era um silêncio confortavelmente bom.
― Eu te amo, leãozinho. ― Aquelas palavras foram fundo dentro de mim e eu nunca, jamais, enquanto vivesse, esqueceria esse dia e aquele momento. O Rafa era meu presente, passado e futuro. Eu o amo, sempre amei e isso nunca mudaria, não importa o que o tempo nos reservasse.
― Eu também te amo. ― Me virei e dei um beijo nele. ― Vamos pro seu apartamento? ― Ele se levantou e depois me ajudou a levantar, então entrelaçamos nossas mãos e fomos para casa.
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