2.Tenho dois problemas

Um burburinho se formava naquela pequena enfermaria, Ban, Guila e Gustaf continuavam encarando a porta.
Guila analisava as situações ao seu redor era no mínimo estranho ver dois extremos se importando com a mesma pessoa e enquanto Gustaf se via preocupado sem entender o que acontecia com Jericho,  Ban não entendia porque estava ali se preocupando, só tinha a certeza de que não sairia dali sem respostas.

— Guila o que esse cara faz aqui? — Gustaf sussurrou.

— Ele deve estar preocupado. — A morena desconversou.

— Se está preocupado é por que deve conhecer minha irmã, mas... Não me recordo da Jericho tendo contato com alguém mais velho do que ela e claramente indiferente.

Dessa vez foi Ban a arquear a sobrancelha enquanto mantinha os braços cruzados.

— Se tem alguma coisa pra falar seja homem o suficiente pra olhar na minha cara. — As palavras do prateado ecoaram deixando Gustaf levemente constrangido.

— Nada, só quero saber de onde conhece minha irmã.

Ban emitiu o costumeiro hunf antes de sorrir de maneira cafajeste como se recordasse de algo e é claro que se lembrava.

— Isso não te interessa, espera a sua irmãzinha sair da sala e pergunta. — O silêncio novamente se abateu na pequena sala de espera e Gustaf só conseguia pensar em como o tal do Lincourt é grosso e ignorante fora a preocupação com Jericho e dentro da enfermaria a garota continuava desesperada se segurava a todo custo para não chorar enquanto mentia sobre o mal estar, dizendo coisas do tipo não me alimentei direito até o famigerado foi muita emoção ao rever meu irmão depois de tanto tempo. Como tudo estava em ordem acabou por convencer a mulher que a liberou após exigir um exame de sangue completo, Jericho suspirou encostando de leve sobre a maçaneta e tremendo no processo, não queria passar por isso, não queria ter que revelar a gravidez tão rapidamente e respirando fundo içou a maçaneta abrindo a porta cuidadosamente, os olhos vacilaram ao ver as três cabeças ali, duas um tanto quanto confusas. Por mais que Ban parecesse indiferente ela o conhecia e só esse fato era o suficiente para deixá-la em combustão.

— Jericho o que aconteceu? — A voz de Gustaf ecoou tirando-a dos pensamentos enquanto o próprio a envolvia nos braços cuidadosamente.

— Eu-eu, não me alimentei direito desculpe. — Desviou o olhar para o prateado que continuava sentado observando a cena de soslaio.

— Jericho você precisa ser mais responsável! Vou te levar pra casa, ficarei na capital o fim de semana inteiro e não aceitou uma recusa sua.

— Vá com calma Gustaf, acho que Jericho precisa descansar um pouco. — Guila descansou a destra sobre o ombro tentando acalmá-lo, apesar de responsável Gustaf sempre colocava a costumeira indiferença de lado ao ver Jericho passando mal ou até mesmo chateada, como se esforçasse mais do que o necessário para que ela entendesse que estava ali para todos os momentos e sacudindo a cabeça retornou a si:

— Ah claro Guila, vou levá-la para tomar café e depois quero saber de tudo o que aconteceu estou realmente preocupado com ela e...

— Você fala demais sabia? Vai sufocar a garota se não calar essa boca, bom — se levantou ajeitando a camisa de manga longa que delineava perfeitamente seus músculos — tenho um reserva fixa no King's e então você vem ou vai continuar aí com essa cara estranha? — Já de costas o prateado a olhou uma última vez, Jericho balançou a cabeça enquanto Guila fazia sinais de que deveria andar logo com isso e contar a verdade.
Apesar de vacilante a garota dos fios lilases pediu licença e desculpas ao irmão e seguiu o prateado, Gustaf tentou segui-la, mas os braços de Guila adornando o dele e puxando em direção oposta dificultava tudo.

...

O silêncio pelo caminho tornava o momento constrangedor, os olhos em tom de dourado vez ou outra se pegavam presos na aparência impecável dele que chamava atenção com facilidade, não pode deixar de imaginar como Ban reagiria a tal notícia e por esse simples motivo parou de caminhar já haviam atravessado a maior parte do pátio e na prática faltavam uns doze passos médios para chegar no estacionamento.

— Obrigada por me ajudar. — Sussurrou desviando o olhar.

— Não sei do que você está falando, apenas esqueça. — Mesmo que não aparentasse olhava para ela de soslaio, Jericho estava abatida com os cabelos levemente desgrenhados, até o famigerado rubor de vergonha parecia ter sumido e isso sim é preocupante. Não leve-o a mal, mas Ban Lincourt conhecia a garota com quem transava casualmente, simplesmente por Jericho ser fácil de ler. Uma vez que sustentava na face todas as expressões que sentia e tentava guardar para si.
A lilás sorriu de leve tentando passar confiança:

— Tudo bem — se virou em direção ao campus na intenção de ir embora, não queria ou iria decidir o que fazer de cabeça quente e nessa tentativa falha de se afastar teve o braço segurado.

— Vamos comer, você está pálida feito um fantasma. — Afirmou

— Não precisa se preocupar eu já disse que não com... — foi surpreendida pelos braços que a tiraram do chão e não pode evitar de ficar sem graça. — Me coloca no chão Ban!

— Claro, assim que chegarmos no carro. — Ele não se importava, não ligava se iriam olhar aquela cena e especular, se Jericho queria ficar sozinha ou qualquer outra coisa, como dito antes: na cabeça de Ban, ela não estava bem e claramente precisava descansar e tal cena era um mico sem tamanho. O  pátio não estava vazio e claramente a vergonha aos poucos lhe consumia, Ban só parou quando estavam em frente a pick up em tom vinho e depois que entraram ela só queria sumir da vista de todos.

— Não precisava dessa palhaçada toda tá legal?! — Ainda virada para a janela conferia a paisagem urbana fora do campus.

— Claro que não, quer uma chupeta e um cobertozinho também? — Ironizou colocando os óculos escuros e endurecendo a garota no processo.

— Vai se ferrar Ban!

Ele sorriu, sabia que Jericho não reclamaria de mais nada até chegarem ao destino e apesar de não querer assumir para si estava satisfeita de estar ali, afinal de contas tinha dois problemas para lidar: uma gravidez relâmpago e um irmão inclinado a interrogá-la sem precedentes e no fim das contas é bom poder se livrar de um.

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